Fanfic: On The Line - Vondy | Tema: Fanfic
AVISOS
• Essa Fanfic não possui conteúdo +18.
• É FICÇÃO, qualquer semelhança com realidade não passa de coincidência.
• Possui erros ortográficos.
• É adaptação de uma outra fanfic minha (está completa)
• Atualizações ocorrerão nas quartas e sábados.
• Por favor comentem, isso serve de incentivo e também pra saber se estão gostando.
***
PRÓLOGO
Branco. Christopher nunca fora muito fã dessa cor, mas ao menos a suportava. Mas nos últimos meses passou a repudia-lá e qualquer empatia que tivesse pela mesma, não existia mais.
Paz? Ela definitivamente não lhe trazia esse sentimento, pelo contrário, sua pulsação acelerava, a ansiedade lhe consumia e qualquer resquício de paz dava lugar a medo e angústia.
Instável, Christopher se sentia instável, e a sensação de não ter controle sobre seus sentimentos e emoções lhe dava agonia. Se tinha o silêncio a seu favor ele o incomodava, pois o silêncio te leva a pensar e Christopher não vinha tendo bons pensamentos. Entretanto, o barulho também não lhe era agradável.
Ao longe, fora de seus pensamentos conflituosos, era possível ouvir crianças chorando, tosses e falatórios que tentava ignorar a todo custo. Pessoas andavam de um lado para o outro, chegando e indo, uns aliviados e outros completamente acabados. Christopher se sentia no direito de encaixar-se no título de acabado.
Egoísta. Recriminou-se. Existiam pessoas em situações muito piores que a sua, algumas noites em claro não era nada comparado aos acontecimentos que tinha presenciado ali. Ainda não havia recebido nenhuma notícia ruim, então com certeza era privilegiado. Claro, depende do que você considera ruim.
— Sr. Uckermann? — levantou-se rapidamente ao ser chamado. A expressão do doutor não era das melhores e preferiu ignorar isso.
— Como ela está? — era tudo o que queria saber e não ligou se parecia desesperado ou não. O rapaz havia trazido sua mãe as pressas há alguns dias, não havia recebido muitas notícias e as poucas que recebera não eram muito animadoras. Mas tinha que ter fé, não? Ele precisava se agarrar a qualquer esperança para não se ver na ruína, mas o fato de não poder vê-la, não o ajudava a acreditar em qualquer tipo de força maior.
— Vou ser realista Sr. Urckermann — o profissional suspirou olhando suas anotações em uma pequena prancheta que carregava, ele apresentava uma imagem impassível, provavelmente acostumado àquela situação. Christopher sentiu seu estômago revirar e não tinha certeza se era fome. — Como eu havia dito na última vez que estiveram aqui, a situação da sua mãe só está piorando, não temos mais nenhuma solução pro caso dela, já tentamos de tudo. — a cada palavra que o mais velho falava, o barulho ao redor ao invés de se extinguir, aumentara em oitavas fazendo a cabeça do mais jovem latejar — O melhor a se fazer é interná-la aqui, para que não sofra em seus últimos momentos... — O médico interrompeu sua própria fala e olhou o rapaz a sua frente, pela primeira vez de fato desde que chegara, ele respirou fundo parecendo tão casando quanto Christopher. — Eu realmente sinto muito rapaz — o médico deixou de lado aquela pose toda e prestou seus sentimentos verdadeiramente.
Christopher não sabia o que dizer, mesmo se soubesse, perdera qualquer capacidade de fala. Por ironia, tudo havia se tornado um branco. O rapaz piscava várias e várias vezes sem saber o que fazer ou como agir, o médico — que era um conhecido, amigo da família — achou melhor deixá-lo sozinho para decidir o que fazer, ele também tinha outros pacientes para atender, então antes de ir deixou claro que ele poderia ver sua mãe quando quisesse, mas Christopher não queria ficar sozinho, não queria ter de decidir nada. Apenas queria ser um bebê chorão, deitar no colo de sua mãe e exigir toda a atenção dela pra si, mas não poderia fazer isso, ele tinha de ser forte, ele precisava ser forte, por si e pela mulher que mais amava no mundo.
E quando tudo acabasse, o jovem estaria sozinho, com o silêncio incômodo ao seu redor, e sua mente barulhenta.
***
O barulho da máquina que mostravam os batimentos de sua mãe era a única coisa que quebrava o silêncio dentro do quarto. Claro, a respiração dela também era algo a se levar em conta. Christopher segurava as mãos geladas da mulher com todo cuidado para não acordá-la, apesar de querer muito que ela o fizesse. Novamente se repreendeu por ser egoísta, mas ver os olhos de sua mãe pelo tempo que fosse possível era tão ruim assim? Ele tinha um tempo limitado para fazê-lo.
Sentiu dedos pressionarem os seus levemente, os olhos pelos quais sonhara minutos antes finalmente encontraram os seus. O rapaz tentou sorrir, realmente se esforçou. Tocou a bochecha da mulher tentando passar o conforto que não tinha.
— Está tudo bem agora — ele disse dando um beijo suave na mão da sua progenitora — o médico achou melhor a senhora permanecer aqui, ok? — mirou os olhos dela, mas não tinha estômago para fazer aquilo por muito tempo. Sentia que poderia chorar a qualquer momento.
— Chris? — o chamou e relutante ele a olhou — você quer conversar?
Não. Christopher não queria. Seu coração doía demais, sentia-se perdido, de mãos atadas, tendo como a única alternativa a aceitação. O rapaz, no entanto, recusava-se a aceitar, apesar de saber que era um caso perdido. Diferente dos filmes e dos livros, ele não teria um final feliz, melhor dizendo, sua mãe não teria.
— Descanse, sim? — ele desconversou — irei pra casa rapidamente só pra trocar de roupa e quando menos esperar estarei aqui de volta — deu um beijo estalado na bochecha antes farta da mulher, ela sorriu fechando os olhos o obedecendo e o sorriso que antes preenchia os lábios do rapaz foi morrendo. Ela já não o via, então ele não precisava fingir, mesmo que no fundo soubesse que nunca a enganou. Como poderia? Ela o conhecia como a palma da mão.
Saiu do quarto da cor odiada e voltou a andar pelos corredores do lugar que conhecia tão bem. Enquanto se direcionava a saída do hospital, alguns enfermeiros arrastavam uma maca, onde uma garota jovem se encontrava desacordada. Os pais dela pareciam desesperados, uma cena comum naquele ambiente. Um enfermeiro ficou para acalmá-los e pude ouvir de um dos socorristas que a garota havia tentado contra a própria vida.
Um arrepio atravessou a espinha de Christopher ao ver algum tipo de tecido ao redor dos pulsos da garota, o tecido era usado pra estancar seu sangue. Paralisado, se questionou o que havia levado-à tentar se matar. Suspirou sentindo o emaranhado de pensamentos, sem respostas.
Caminhou até o estacionamento procurando seu carro, se encontrava no hospital há vários dias, já tinha esquecido onde estacionou. Apertou o botão da chave e seu carro emitiu um alerta, carro encontrado, ele não demorou a adentra-lo e dirigir-se pra casa.
O caminho foi calmo, até demais pra cidade grande, mas Christopher agradeceu internamente por isso. Era como se o universo estivesse dando um tempo para o rapaz respirar. A calmaria antes da tempestade. Riu sem humor. Parou em qualquer vaga que tinha em sua garagem deveras grande, descendo rapidamente, não queria demorar muito. Entrou na casa, vendo alguns funcionários transitando pelo jardim, apressou o passo pelo caminho de pedrinhas até estar de fato dentro do imóvel.
Se arrastou até o próprio quarto, se atrapalhando com a fechadura que estava quebrada e aparentemente Alfonso ainda não havia mandado arrumar, tendo assim dificuldade em abrir a porta. Suspirou aliviado quando enfim conseguiu abri-la, sem perder tempo, passou a tirar a roupa enquanto se direciona ao banheiro, parou abruptamente em frente ao espelho ao se ver refletido, ter sua própria imagem olhando para si era sufocante. O Christopher que via era irreconhecível, os fios escuros se encontravam bagunçados, a testa franzida de preocupação, abaixo dos olhos tinha olheiras escuras de noites mal dormidas, os ombros curvados, visivelmente cansado.
Desnudo e debaixo do chuveiro, o rapaz o liga, sentindo a água morna acariciar sua pele. Mesmo que pouco, se sentiu relaxado, por poucos minutos não existia mais problema, não existia dor ou medo, e nem mesmo existia a possibilidade de que sua mãe partiria para nunca mais voltar. Os pingos de água que beijavam o chão eram barulhentos, Chris pensou.
***
Com uma aparência melhor, o rapaz estava sentado em uma das cadeiras desconfortáveis do hospital, já havia acabado o horário de visitas e esperaria ansiosamente pelo próximo. Estava com o coração disparado, suor começava a escorrer por suas têmporas, sua mãe piorou enquanto esteve fora, o médico havia dito. Ela agora contava com ajuda de aparelhos para respirar. Christopher sentia-se a beira de um colapso, sua perna balançava constantemente e a vontade de sair correndo era grande. Sentia o ar faltando no pulmão, uma pressão que não entendia de onde vinha, não sabia como explicar o que sentia.
Mais uma vez olhou pra parede branca antes vazia, mas agora tinha um cartaz pregado nela. Uma enfermeira minutos antes espalhou ele por todo hospital.
"Resgatando a Beleza da Vida, ONG que oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio. Se você precisa de ajuda, se precisa de alguém pra te escutar, basta ligar! Nº XXX"
O cartaz era fruto das várias entradas de pessoas que havia tentado suicídio naquele mês, era um número alarmante. Chris tentava ignorar os pensamentos ruins, ele estava bem. Acreditava nisso.
Pegou seu celular e ficou encarando o teclado sem coragem alguma de ligar, sua mão suava além do normal e os olhos ardiam. Christopher não sabia o motivo daquilo, acreditava que não precisava ligar, novamente repetia para si que estava bem.
Digitou número por número tremendo, ele precisava conversar, desabafar com alguém. Colocou o celular rente ao ouvindo enquanto a ligação chamava. A ansiedade lhe consumia quando enfim alguém atendeu.
— Olá, boa noite. Como tem passado?
Christopher suspirou sem saber o que dizer. Quem havia lhe atendido era uma mulher, sua voz era mansa e lhe trazia uma calmaria incompreensível. Estava um pouco envergonhado, o que diria? Sem resposta a voz feminina do outro lado da linha voltou a falar.
— Está tudo bem?
E Christopher não aguentou, foi como a gota d`água que faltava para transbordar o copo. Ninguém nunca perguntava se ele estava bem, era sempre o contrário e geralmente para sua mãe. Pois se a soluçar alto, suas lágrimas quentes desciam descontroladamente sobre as bochechas, a pressão no peito aumentara gradativamente, sua visão estava embaçad e mesmo que sentisse olhares sobre si, ninguém se aproximar para saber o que acontecia.
Envergonhado, escondeu o rosto com uma das mãos ouvindo a respiração do outro lado da linha, a mulher que lhe atendera não dizia nada, não invadia o seu espaço, apenas escutava seu choro sofrido pacientemente. Ficou assim por mais de meia hora, até que se acalmou. Lágrimas silenciosas ainda desciam mas com menos intensidade.
— O-obrigado... — murmurou baixinho limpando suas bochechas e olhos que com certeza estavam vermelhos.
— mas eu não fiz nada... — ela vociferou baixinho também, como se não quisesse assustá-lo ou fazer a situação piorar.
— Você... você me escutou — fungou, sentindo a pressão no peito se aliviar e sua respiração voltando ao normal. Era essa a sensação de desabafo?
A ligação ficou silenciosa e pela primeira vez em tempos sentiu-se bem com a falta de barulho.
— Você pode ligar sempre que precisar, seja lá qual for o motivo das suas lágrimas, saiba que você ficará bem. Acredite nisso. — do outro lado da linha Dulce realmente acreditava nisso e torcia pra que o rapaz também acreditasse.
Chris ouvia atentamente, era reconfortante alguém lhe dizer tais palavras, sentia-se um pouco melhor. Era grato a... Não sabia o nome, por isso.
— Sempre terá alguém disposto a te ouvir, não hesite em ligar, certo? — Chris assentiu mesmo que ela não pudesse ver e desligou.
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Autor(a): gcfanonima
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