Fanfic: Namorado Por Acaso - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Por um segundo, pareceu certo. Dulce inserida entre os Uckermann, rindo do bom humor da família do meu pai, interagindo com eles como se não fosse a primeira vez que os via. Leve, Dulce sabia socializar muito bem. Me veio um pensamento na cabeça. Quando me reunia com os advogados todo ano, os fóruns e a vida social, não seria tão ruim ter uma mulher ao meu lado, parecendo se sentir confortável com qualquer grupo de pessoas, em qualquer ambiente...

Brequei a ideia, antes que fosse tarde demais.

Em seguida, foi a vez dos Herrera, o lado da minha mãe que, infelizmente, se resumia a poucas pessoas. Minha tia Mary, meu tio George e três primas. Dulce foi recebida com o mesmo carinho e com histórias de quando eu e Poncho éramos crianças e aprontávamos todas.

— Quer dizer que ele escalava árvores e desaparecia por um dia inteiro? — Dulce pareceu surpresa.

Tia Mary riu.

— Ele e Poncho me deixavam louca. Quando ele se jogava na terra, então, e vinha com os pés e o corpo inteiro sujos para casa...

 — Isso é tudo calúnia — me defendi.

— Onde estão as provas para apresentar a Dulce?

— Você nunca deixa de ser um advogado, não é, Mi Vida? — Dulce sussurrou, acariciando meu rosto, tocando a barba. Fechei os olhos por causa daquele carinho, um ou dois segundos a mais. Em seguida, Dul voltou-se para tia Mary. — Me conta mais!

Eu ia levá-la para o lado familiar de Annie, quando escutei a música reduzir e o DJ desejar boa noite para todos os convidados.

De acordo com os planos, eu teria que fazer um discurso. Então, avisei Dulce que precisava começar a me dirigir para lá. Ela aceitou minha mão e caminhou comigo enquanto o DJ Smith desejava felicidades ao casal. Já estávamos sob os holofotes quando o DJ me encarou com um sorriso.

— Vem dizer umas palavras, amigo. Agora, com vocês: Alexander Christopher Von Uckermann, padrinho e irmão do noivo!

Percebi o erro no mesmo segundo em que Smith disse meu nome completo e Dulce segurou minha mão por um segundo a mais.

Seu rosto estava em choque.

Merda.

Eu estava acostumado a ser chamado de Christopher por tempo demais, para explicar que era um nome composto. Uma coisa que, se ela realmente fosse minha namorada por cinco meses, não ficaria tão surpresa.

Até porque Dul não reparou, mas, no meu Instagram, estava Alexander Christopher.

Dulce tentou esconder seu choque e me deu um beijo na bochecha, mas pude ver os olhos de todos sobre nós naquele instante, que durou menos de um minuto, mas foi suficiente para colocar em dúvida nós dois.

Um erro grave.

Belinda chegou a dar um passo à frente, a boca entreaberta e o olhar semicerrado, como quem diz: você não está com ela de verdade.

Duas vezes merda.

Decidi puxar Dulce comigo quando subi na cabine do DJ para o discurso, talvez, assim, fosse capaz de tirar a cara de interesse de Belinda. Mas não adiantou. Ela fez um sinal para mim, como se quisesse conversar depois.

Em cima do palco do DJ, com as luzes sobre nós dois... eu só olhei para a mulher ao meu lado, que estava me ajudando sem pedir nada em troca e, ainda assim, apesar de todos os esforços, talvez não fosse adiantar.

Eu e Dulce estávamos só nos beijando na bochecha, apenas nos tocando, e isso não era uma coisa que um Uckermann faria. Belinda me conhecia o suficiente para saber que, quando estou apaixonado, eu beijo na boca e de língua independente do público.

Eu sabia que Belinda estava pensando que aquele amor todo era uma farsa. O acordo com Dulce, a única coisa que ela me pediu para não fazer... Meu coração acelerou com a possibilidade de beijá-la.

Isso era tão fodido.

Ela me pediu para não tocá-la dessa forma.

Peguei o microfone, incerto sobre o que fazer, e respirei fundo.

— Prezados convidados... — Fiz o  discurso um pouco aéreo, para ser sincero, mas fui capaz de colocar em palavras o que Annie e Poncho significavam para mim. Olhando-os, consegui falar com o meu coração.

Dulce se aproximou e apoiou as mãos no meu peito, fazendo com que minha mão livre do microfone fosse para suas costas. No final do discurso, ela estava agarrada a mim, talvez sentindo a mesma necessidade de mostrar que estávamos juntos.

Não vai adiantar sem um beijo, Cariño.

Finalizei e abaixei o microfone, para depois ser aplaudido. Dulce me abraçou, mas não foi um abraço encenado, veio cheio de propósito. Ela posicionou seus lábios na minha orelha, e calafrios cobriram minha pele.

— As pessoas perceberam, Alexander Christopher. Por que diabos você não me contou que seu nome era composto?

— Eu esqueci — sussurrei de volta.

— Estou tão acostumado a ser chamado de Christopher que... Alexander não é comum. Nos Estados Unidos, as pessoas não sabem falar da maneira certa, não pronunciam direito. E, para um advogado, isso é ruim, faria meus clientes esquecerem meu nome. Então, adotei Christopher.

—  Você  tinha  que  ter  me  contado. Meu Deus, que nome é esse? Alexander Christopher? Cadê as câmeras? Estou vivendo uma versão masculina de A Usurpadora? Uma novela mexicana e não me contaram? Só faltou você ter um irmão gêmeo que não sabe.

Gargalhei, não consegui me conter. Dulce se afastou para me encarar com certo humor, a sobrancelha arqueada. Esperta pra caralho. Com a minha risada e o seu sorriso, o público talvez não reparasse tanto...

— Eu sou bem melhor do que o Carlos Daniel. Diz pra mim.

— Você é.

— Eu sei. — Sorri.

— Mas, falando sério, como vamos consertar isso? — murmurou, olhando ao redor. — Temos mais dias pela frente.

Peguei sua cintura, os holofotes ainda sobre nós, e Dulce imediatamente dirigiu sua atenção para mim. Escutei alguém gritar: Besa! Em espanhol, sem dúvida, tinha que ser um dos Uckermann. Observei os olhos de Dulce, guardando-os na minha memória, o olhar turbulento dançando em intensidade. Ela entreabriu os lábios, respirando suavemente, e eu encarei sua boca.

— Tem um jeito, mas quebra a única regra que você impôs.

— Alexander... — Seu tom veio cheio de advertência, mas, lá no fundo, um toque de desejo.

Merda, ela gostou de me chamar de Alexander, e sua voz saía mais sexy, arranhada, pronunciando direito: Alexanderr. Era como se Dulce gostasse do meu lado mais espanhol, como se isso a excitasse. Calor veio líquido em minhas veias, senti descendo do umbigo até as bolas, chegando à cabeça do meu pau, queimando-me em agonia. Respirei fundo, a semi-ereção se formando conforme a trazia mais para perto.

Me chama de Alexander de novo.

Dulce desviou os olhos dos meus, encarando meus lábios. Minhas mãos estavam em suas costas nuas, a pele quente embaixo dos meus dedos, a textura do vestido dela sendo sentida pela outra mão, que estava em seu quadril.

Dulce se manteve parada, como se o mundo tivesse congelado.

Você sente os batimentos frenéticos do meu coração?

Com calma, tirei a mão do seu quadril, subindo as costas dos dedos por seu braço, arrepiando o caminho percorrido, até alcançar seu ombro e chegar ao rosto. Encaixei meus dedos ali, o polegar no canto da sua boca.

— Eu vou beijar você, Cariño. E vou fazer muito bem feito, porque essa sua boca não merece menos que isso.

— Eu não sei...

— Deixa?

Ela piscou, uma só vez, e assentiu.