Fanfic: Namorado Por Acaso - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Boa Tardeeeee!

Christopher

— Você apareceu com o cabelo molhado anteontem, tarde da noite, na festa do meu casamento. E sabe o que é engraçado? A Dul também. Esperei um dia para conseguir dizer isso, o que é bem chato, já que todo mundo sumiu ontem — Annie jogou verde, bebendo um gole de suco de laranja.

— Não aconteceu nada — respondi. Meu corpo inteiro estava insaciado pelo que começamos.

— Nada? — Annie tentou de novo. — Vocês se beijaram. Dançaram como se estivessem fazendo sexo. A química estava visível, Christopher. Então, o que está faltando?

— Acho que a gente tem medo de confundir as coisas. Tenho medo de foder com tudo, e Dulce... acho que ela ainda não entende o tipo de homem que eu sou. No mais, seria só sexo, certo? Você sabe que não gosto de começar as coisas sabendo que vão chegar ao fim. E o fim é em breve. Contando com hoje, falta pouco para irmos embora.

— E precisa ter fim? — rebateu. Ri.

— Você acredita no para sempre?

Como resposta, ela balançou os dedos da mão esquerda, a aliança de ouro brilhando em seu anelar.

— Não sei por que perguntei — resmunguei.

— Só acho que você está dormindo no ponto. Dulce mora em Nova York, Christopher. Nova York. Você conheceu ela aqui, entrou nessa coisa de namoro falso e a atração existe. Precisa parar de acreditar que as coisas vão dar errado. Larga de ser pessimista.

— Você está falando como se só dependesse de mim.

Annie se inclinou na mesa, apoiando os cotovelos, a omelete intocada no seu prato. Tínhamos combinado de jogar tênis pela manhã, mas a real é que todo mundo estava esgotado depois do casamento, ainda que já tivesse passado um dia. Annie quis que, pelo menos, tomássemos o café da manhã juntos. Poncho não desceu porque estava exausto e, no fim, só restamos Annie e eu. Dulce também ainda estava dormindo, ela não desceu, por mais que eu tivesse batido em sua porta e ligado para o seu telefone.

Ontem foi um dia morto. Vi Dulce brevemente, porque ela trabalhou o tempo inteiro no resort, e eu aproveitei para ir a uma clínica e me certificar de que estava bem. Quero dizer, a noite insana, da qual eu não lembrava de nada, me fez ter dúvidas quanto às doenças sexualmente transmissíveis. Imprudente pra caralho, eu sei. Coisa que nunca fui. Agora, só estava esperando o resultado dos exames.

O resto do meu dia?

Passei no quarto mesmo. Eu estava sentindo tudo tão profundamente que... era bom dar um tempo. Só que, cara... eu senti falta de Dulce. O medo também de Dul se afastar de mim logo agora estava foda de lidar, por mais que não fizesse sentido.

— Talvez não dependa mesmo, Christopher. A Dulce me parece bem realista. E acho que a profissão dela deve pesar bastante antes de tomar qualquer decisão. Mas, converse com ela. Entenda o que está acontecendo e, a partir daí, mostre o homem que você é.

— Annie colocou a mão em meu coração e abriu um sorriso doce. — Eu te vi planejar surpresas para a maldita da Belinda. Te vi entregar um caso para o seu irmão só porque queria surpreender a sua ex-noiva. Eu vi você se apaixonar, sofrer, beber todas e acreditar que o amor não existe mais. E isso, sinto informar, só acontece com pessoas que têm algo de bom dentro delas. Dulce, eventualmente, vai enxergar isso também.

— Dulce vai enxergar o quê? — Belinda puxou a cadeira e se sentou ao meu lado. Ela enfiou a mão no meu prato, pegando o bacon e levando à boca. — Isso aqui está uma delícia.

— Annie, eu perdi o apetite — avisei minha cunhada, e dei um beijo em sua testa. — Prometo que vou pensar.

— Não, não vá ainda. — Belinda colocou a mão na minha coxa. Olhei para aquilo sem acreditar. Segurei sua mão e tirei a porra de contato dali. Belinda sorriu. — Vi que sua namorada não está aqui. Pelo visto, não quis descer. Que falta de educação! Vocês brigaram?

Eu me aproximei dela, o rosto muito perto, mas só porque eu desejava que Belinda visse bem os meus olhos.

— Vou dizer uma vez para você. Só uma. Respeita. A. Porra. Do. Meu. Relacionamento. Eu nunca me meti no seu casamento, nunca fui lá avisar ao seu marido sobre essa palhaçada. Mas não brinca comigo, Belinda. Se você mexer com a Dulce ou continuar tentando infernizar o meu saco, eu juro por Deus que vou bater na porta do seu quarto e dizer a ele todas as merdas que você tem feito.

Belinda gargalhou.

— E você acha que o meu marido vai acreditar em quem, Christopher? No meu ex-noivo ou na esposa?

— Você é uma filha da puta.

— Eu sou a mulher que você não consegue esquecer — sussurrou, aproximando nossos rostos.

Empurrei minha cadeira para trás.

— Belinda... — Annie tentou remediar, e fechei a mão em punho. Eu sabia que a situação era delicada para a minha cunhada e não queria ferrar a vida profissional dela por causa de uma vadia egoísta.

Mãos tocaram meus ombros, descendo pelo meu peito, alcançando minha barriga. Eu estava com os nervos tão à flor da pele que dei um pulo na cadeira de susto. O perfume de jasmim e rosas denunciou quem estava atrás de mim.

— Desculpem pelo atraso. Eu peguei no sono. Oi, Mi Vida.

Dulce desceu até mim quando inclinei a cabeça para trás. De ponta-cabeça, encarei aquela mulher, sorrindo para mim. Seus cabelos caíram como uma cortina e Dulce abaixou o rosto. Umedeci meus lábios antes de Dul me beijar. Sua língua pediu espaço, que eu permiti com todo o desejo reprimido por aquela mulher e a saudade. Vinte e quatro horas, tempo demais. O mundo deixou de existir à nossa volta quando nossas línguas se tocaram. Dez segundos, talvez nem isso, antes de Dulce se afastar e selar o beijo com um selinho. O gosto de hortelã dos seus lábios incendiou a minha boca.

— Cariño.

Dulce deu a volta e se sentou no meu colo, passando as mãos por meu pescoço ficando, propositalmente, de costas para Belinda.

— Bom dia, Annie.

— Que bom que você apareceu.

— Peguei no sono profundamente depois de... — Ela olhou para trás, sobre o ombro. Seus olhos lindos caribenhos miraram em Belinda, possessos. — Ah, você está aí.

Belinda abriu um sorriso falso.

— Achei que vocês tinham brigado.

— Achou? — Dulce riu. — Eu e Alexander jamais brigamos.

— Ah, você está chamando-o de Alexander agora? Aliás, achei que esse tivesse sido o motivo da briga. Christopher nunca te contou... tão estranho — Belinda alfinetou. — Percebi que ficou bem surpresa na noite do casamento.

— Acontece que passamos muito tempo juntos, nos conhecendo de outras formas. Fui apresentada a ele como Christopher, e segui chamando-o assim. Mas Alexander é tão sexy, você não acha?

— Está no Instagram dele o primeiro nome. Que curioso você não ter percebido.

Dulce deu de ombros.

— Não uso muito as redes sociais. Alexander me contou que usa Christopher em Nova York devido à pronúncia. Mas Alexander é o primeiro nome, e ele tem que se orgulhar do lado espanhol do seu sangue. Eu quero que ele se habitue, quero que entenda o quanto eu amo que tenha duas identidades. É quase como namorar o Clark Kent.

— Você não confiou nela para dizer o seu primeiro nome? Foi uma das primeiras coisas que compartilhamos.

Belinda sorriu.

Dulce riu, sem humor algum.