Fanfic: Namorado Por Acaso - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Demorei, mas cheguei!

Christopher

Estar com Dulce era perceber que o tempo corre contra nós, quando se deseja que ele nunca acabe. Passamos a terça juntos, eu a levei para passear de moto e demos uma volta por Nova York. Na quarta e na quinta ficamos separados, por nossas agendas não baterem. Dulce fez uma visita ao novo apartamento, além de se reunir com alguns clientes, e eu viajei brevemente na quarta para reuniões.

Mas, na sexta e no sábado, Dulce foi novamente toda minha. No dia anterior, conheci Maite, sua melhor amiga. Divertida, espontânea, uma menina de cabelos negros como a noite. Em um momento a sós, Maite me fez prometer que não partiria o coração de Dulce, que ela era boa demais para desacreditar no amor, como tinha feito após o último término. Garanti que faria possível para jamais machucá-la. A melhor amiga de Dulce me agradeceu com um sorriso.

Meu celular fez um barulho: a notificação da minha agenda de que hoje era o meu último dia com Dulce antes de ela viajar por três meses. Engoli em seco, silenciando o alarme. Enquanto ainda olhava para a tela, uma mensagem dela surgiu.

Cariño: Oi, você está aí?

Eu: Sim. Bom dia, Cariño.

Cariño: Bom dia, Mi Vida. Ai, tenho uma coisa chata para contar. Sei que disse que estava livre esta manhã, mas preciso me encontrar com um cliente. É o que pretende viajar para o Brasil, e ele quer mudar algumas coisas e me pedir outras antes de eu ir na segunda.  Marcamos  um  café  antes  do  almoço. Espero que não se importe.

Dios. Este era o nosso último dia juntos, mas não havia como eu atrapalhar a sua carreira por conta disso. Então, respirei fundo e digitei rapidamente:

Eu: Não tem problema. Nos vemos quando você puder. Me avise quando estiver livre.

Cariño: Ah, que bom. Tudo bem, doutor Alexander. ;) Não devo demorar mais de duas horas nesta reunião. Vou ter que passar no escritório e volto para casa. Te aviso quando tiver tomado banho e me arrumado.

Eu: Perfeito.

Pensei que eu teria um tempo de comprar uma coisa para Dulce. Uma coisa que eu queria muito encontrar. Meus olhos colaram na chave da moto e saí antes que pudesse pensar uma segunda vez.

***

— Quer embrulhado para presente, certo?

— Sim, por favor — pedi.

Eu tinha conseguido exatamente o que queria. A loja ficava a umas cinco quadras da minha casa. Google Maps sempre salvando os caras desesperados para impressionar.

Cariño: Cheguei em casa. Vou tomar um banho e aí você já pode vir. ;)

Eu: Certo. Vou levar o almoço e uma coisinha a mais.

Cariño: Você está me acostumando mal.

Sorri.

Eu: A intenção é deixá-la mal-acostumada.

Cariño: Você está fazendo certo.

Eu: É o nosso último dia antes de você viajar. Tem que ser especial.

Cariño: Ah, vai ser. <3

— Aqui, senhor. Espero que ela goste — a vendedora disse, entregando-me o pacote. Agradeci mais uma vez e saí da loja. Coloquei os óculos escuros e enfiei o capacete na cabeça. Guardei o pacote do presente de Dulce no baú, ajeitando o nosso almoço, que também estava ali.

As ruas estavam muito movimentadas. Eu morava no famoso bairro onde fica a Times Square, então, caos era a palavra ideal para descrevê-lo. O que eu gostava em Midtown Manhattan era que eu tinha tudo ao meu alcance. Desde o escritório de advocacia até as lojas que eu encontrava com facilidade. Assim que subi na moto, já pensando em tirar o descanso lateral do chão, segurei o pensamento e dei uma olhada no celular, para ver se Dulce tinha falado mais alguma coisa. Mas era Poncho que tinha me enviado fotos da lua de mel com Annie. Eles estavam aproveitando, embora não fossem ficar muito tempo. Poncho perguntou como estava com Dulce, e eu disse a verdade.

Eu: Mais perfeito, impossível.

Poncho: Ah, hermano. Eu imaginei.

Saí do aplicativo de mensagens e fui para o Instagram dar uma olhada no feed. Passei por uma foto que chamou minha atenção e deslizei o dedo para voltar a vê-la. Acho que meu coração parou de bater.

O nome usuário da... Dulce?

Sim, era ela. Dulce Saviñón. Assim como era Dulce também na imagem, abraçando um cara loiro de olhos azuis, sentada a uma mesa. O braço dele jogado sobre o ombro dela, os corpos aproximados. Mas que porra é essa? Na legenda da foto: quando juntamos trabalho e diversão. Foi ótimo te reencontrar!

Novamente: que porra é essa?

E não havia menção de quem era esse filho da puta.

Caralho.

Ah, os comentários.

Havia cinco, mas um deles fez meu sangue circular depressa.

 kevinbanksnyc E você sempre linda, encantadora e divertida. Fico me perguntando se um dia aceitará jantar comigo. ;)

Vai se foder, Kevin Banks.

Eu vi vermelho, cara. Eu juro por Deus que uma força maior tomou conta do meu corpo. Eu sabia o que era, já havia sentido antes, mas nunca assim, dessa forma. Era como se eu não conseguisse pensar racionalmente, como se eu não conseguisse entender qualquer outra coisa a não ser a foto. Uma parte minha estava gritando: é só um cliente dela, porra! Larga de ser louco! Mas a outra... ah, a outra, que era grande parte, havia se transformado em ciúme de posse e incerteza.

Fiz a moto cantar pneu.

Pilotei pelas ruas tumultuadas, só me dando conta de onde havia parado quando vi a fachada do prédio de Dulce. Desci da moto, enfiei o capacete no guarda-volumes e peguei o presente, assim como o almoço, saindo a passos rápidos. Um morador estava passando pela portaria quando eu quis entrar, e não precisei interfonar. Aliás, se eu tivesse que parar meio segundo, talvez o ciúme fosse embora e, junto com ele, a coragem.

Bati em sua porta.

Escutei os passos do outro lado, indo para lá e para cá. A voz de Dulce ecoou quando gritou para esperar um pouquinho. Então, como se se desse conta de que não esperava ninguém tão cedo, perguntou quem era.

— Alexander — respondi, ainda puto.

Ela abriu em meio segundo, me dando um largo sorriso, os cabelos molhados do banho, uma regata preta colada em seus peitos sem sutiã, e uma calcinha da mesma cor. Pequena, rendada, quase transparente, dando para ver até a fenda suave da sua boceta. Meu sangue, que já estava acelerado pelo ciúme, começou a correr por outra coisa. Combinação perigosa.

— Mi Vida, eu não esperava você tão cedo. Mas que bom que chegou. — Dulce dançou os olhos por mim, aprovando alguma coisa. Ela esticou os braços e indicou o sofá. — Pode entrar. Vou só me trocar e já venho. Sei que temos planos para andarmos por Nova York hoje.

Dei um passo à frente e coloquei o que trouxe no aparador. Dulce virou as costas para mim e foi em direção ao quarto. Fechei a porta e observei sua bunda redonda ir para lá e para cá enquanto andava, os quadris largos, a cintura estreita, o exato ponto onde a calcinha tocava entre suas pernas, arrepiando cada parte do meu corpo.

— Dulce — rosnei.

 Ela me olhou sobre o ombro e só então percebeu que tinha alguma coisa errada comigo.

Desfiz o nó da gravata, e isso a fez estreitar os olhos e se virar completamente para mim. Joguei a gravata vermelha no sofá de qualquer jeito. Comecei a tirar o paletó do terno cinza, e também o deixei no sofá. Desfiz o primeiro botão da camisa branca. Dulce abriu a boca e fechou.

— Eu vou te fazer uma pergunta e quero que seja sincera. — Continuei tirando botão a botão da camisa até abri-la completamente. O olhar de Dulce mudou. De curiosidade e espanto para um visível desejo. Tirei a peça e fiquei ali, parado, na frente da sua porta, ainda com a calça, o cinto, os sapatos e a vontade por ela, que eu precisava controlar. — Você já dormiu com o Kevin?

Dulce piscou umas quatro vezes seguidas, tentando entender o que eu havia perguntado. Ela decidiu se aproximar, ficando a um passo de mim. Cruzou os braços na frente dos seios. Estreitou as pálpebras e inspirou fundo.

— Kevin, o cliente que eu vi hoje?

— Ele. — Minha garganta ficou seca.

— Por que me perguntou isso?

— Porque eu quero saber — exigi, rouco. — Já dormiu com o Kevin?

— Não.

— Mas ele quer.

Dulce ponderou. Ela apoiou o peso do corpo em um pé e, depois, em outro.

— Sendo sincera? Talvez, sim.

— E você vai dormir com ele? Ela abriu os lábios, chocada.

— Não! Meu Deus, o que deu em você, Christopher? Eu não durmo com meus clientes e não me lembro de ter dito o nome dele... — Certo, ela estava irritada e me chamou de Christopher.

Foda-se.