Fanfic: Namorado Por Acaso - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

— Eu vi a foto — grunhi. — A intimidade toda do comentário dele. Um cliente que quer transar com você? Sério, Dulce? E você não impõe limite?

— Espera um pouco aí — Dulce me brecou, seus olhos estreitos para mim. — Quando você me viu dando intimidade para ele? Por causa de uma foto? Comentei sobre a minha profissão com você, que preciso entrar na mente dos meus clientes e entendê-los...

— Ele não quer que você entre na mente dele, ele quer entrar em você! — interrompi porque... porra!

— Eu disse que preciso conhecê-los. Eu te expliquei isso tudo. Você está mesmo falando do meu trabalho? Tá insinuando o quê, Christopher? Acha...

Não sei o que deu em mim, eu sou muito racional, e uma parte minha dizia que eu estava fazendo merda, especialmente depois de tudo o que eu e Dul conversamos, mas não quis escutá-la. Simplesmente não aguentei mais ficar ali. Deixei-a falando sozinha, abri a porta e saí. Já estava caminhando para longe, com um peso de mil toneladas de angústia no peito, quando ouvi o grito de Dulce vindo atrás de mim:

— Christopher!

Parei de andar, a ponta do meu indicador no botão do elevador, prestes chamá-lo. Estava tão irado que só fui capaz de sentir duas reações: calor e ciúme. Não me importei que havia deixado todas as minhas roupas ou que ia subir numa moto sem camisa.

— Ah, mas isso não vai ficar assim não. — A voz dela estava perto de novo. — Porque você estava gritando comigo como um homem das cavernas, tirando a roupa, e me deixando falando sozinha!

— Não foi uma boa ideia ter vindo com esse sentimento dentro de mim.

— Você vai conversar comigo agora, Christopher. As coisas não funcionam assim.

— Não importa.

Importava.

— Como não importa? Você pensa mesmo que eu durmo com meus clientes?

Respirei fundo. Acho que fiquei longos minutos ali, parado, de costas para ela, sentindo raiva por um cara que nem conhecia, tentando entender o que estava acontecendo comigo.

Me virei quando o estrago já estava feito.

Os olhos de Dulce estavam vermelhos, ela estava a ponto de chorar, magoada com o que eu disse.

Então, entendi.

Havia uma ferida dentro de mim, que já tinha cicatrizado, mas não a impedia de estar ali permanentemente: a experiência. Eu estava jogando sobre Dulce algo que eu vivi no passado, e não no presente. Dulce não era Ella. Dulce não era Belinda. Apesar de ela trazer duas inseguranças que eu soterrava até o fundo, a ausência e a traição, havia uma nova pessoa na minha frente. Uma que merecia a minha confiança. Uma que, na verdade, não tinha feito absolutamente nada para eu reagir desse jeito.

Que mierda eu fiz?

— Você ficou com ciúmes. — Duas lágrimas desceram pelo rosto de Dulce, tardias, como se só caíssem para firmar aquele momento.

Engoli em seco.

Vê-la chorar por algo que eu disse me partiu ao meio.

 — ¡Carajo, sí! Él te abrazó. Y el comentario... — Percebi que estava falando em espanhol, e precisei respirar fundo de novo. — Eu senti ciúmes.

— Está jogando brigas passadas em cima de mim, não é? Refletindo algo que já viveu. A foto foi um gatilho para você. — E, simples assim, foi como se Dulce entendesse todo o inferno dentro de mim. Ela se aproximou, sem se importar de estarmos só meio-vestidos no corredor. — Eu não sou nenhuma delas, Christopher.

Mierda, ela não era...

 — Dulce, eu...

— Não, você vai ouvir a minha explicação. Sim, eu estava abraçando um cliente que é um amigo. E, embora ele possa ser bem descarado nos comentários, eu sei impor meus limites. Eu também posto fotos com todos os meus clientes, pode olhar o meu Instagram. É uma forma de novas pessoas me conhecerem, seja por recomendação ou credibilidade. Meu Instagram é o meu cartão de visita, entende? Outra coisa importante: tenho famílias como clientes. Crianças, mulheres, idosos. Kevin é um dos poucos homens solteiros que contrata esse serviço.

— Eu vi as intenções desse cara a quilômetros de distância.

Dulce piscou e franziu a testa.

— Mas as minhas... — sua voz quebrou — você não viu.

Andei a passos lentos até ela, segurei seu rosto, e só percebi o quanto aquela discussão tinha me afetado quando me senti sufocar. Fiquei um tempo admirando cada traço daquela mulher, sequei os caminhos que suas lágrimas fizeram ao cair.

— Sinto muito. Eu fui injusto. Te magoei com as minhas palavras. Eu fui horrível. E você não merece isso, Dulce.

— Alexander...

 — Mil paranoias preencheram a minha cabeça e nenhuma delas fazem jus mulher que você é. Dios, Cariño, eu realmente sinto muito.

— Sabe, Alexander... — Ela suspirou, as palmas de suas mãos tocando meu peito, sentindo os batimentos insanos do meu coração. Então, seus olhos fixaram-se nos meus.

— Uma vez ouvi que se relacionar é como dois rios que se encontram. Já viu como funciona? Dois rios que têm caminhos diferentes se misturam numa intersecção. Leva um tempo até eles unificarem esse percurso.

— Eu sei — sussurrei.

— O começo é a adaptação de duas vidas em um terceiro caminho. Está tudo bem brigarmos, desde que possamos entender o que o outro está pensando. Não fuja mais, Alexander.

Travei o maxilar.

— Eu não vou fugir.

Andei com ela até estarmos de novo no apartamento. A briga, o ciúme, a conversa, tudo me acendeu com outra perspectiva. Fechei a porta atrás de nós e, assim que ouvi o baque, desci o rosto, minha boca dura se colando no calor e na maciez da sua. Dulce não reclamou quando minha língua escorregou para dentro da sua boca, reivindicando-a. A ponta dos seus dedos gelados na pele febril me fez rosnar no meio do beijo, e minha língua foi mais fundo. Toquei o céu áspero e doce da sua boca, no mesmo segundo em que Dulce descia a mão para minha barriga, me fazendo ondular de uma vontade nova.

Eu não vou fugir mesmo.

O cheiro da sua pele — rosas e jasmim — me atingiu como um gás liberado no ar, enquanto mudava o ritmo do beijo. A calma virou desespero, engolindo sua boca, oferecendo tudo da minha. Passei a mão na base das suas costas, por dentro da regata, subindo em linha reta até sua nuca, agarrando-a, para depois enredar os dedos nos seus cabelos ainda molhados do banho. Gotas geladas desceram pelo meu braço, nas costas de Dulce, seu perfume me enfeitiçando.

Ela ficou na meia ponta dos pés, a mão livre foi para a lateral do seu pescoço, subindo um pouco, até o meu polegar puxar seu queixo para baixo, abrindo a boca de Dulce. Devorei sua língua, sugando-a entre meus lábios, mordendo sua boca, para depois beijá-la lascivamente. Tesão pulsou do meu cérebro até as bolas, que estavam sendo beliscadas pela maldita cueca, mas não me importei. Era Dulce ali.

Não posso esperar.

Ela gemeu quando comecei a andar agarrado nela pela sala, sem nunca parar de beijá-la. Me abaixei um pouco, a boca na sua, e peguei-a pela bunda, colocando-a sem esforço sobre a mesa. Dul chiou, suas mãos impacientes vieram no meu cinto, abrindo-o e rapidamente o jogando no chão. Minhas mãos trabalharam na sua regata. Nos afastamos meio segundo para que eu pudesse puxá-la sobre sua cabeça e tirá-la dos seus braços, lançando-a em qualquer lugar. Grudei nós dois. Seus bicos pontudos se esfregaram no meu peito, seu quadril veio de encontro ao meu, na beirada da mesa. Ofegamos na boca um do outro, os dedos de Dulce ainda embaixo, na textura dos meus pelos, buscando desabotoar a calça, puxando o zíper para baixo. A calça caiu, formando um bolo nos meus pés, e eu chutei para longe os sapatos e a peça caída.

Me afastei apenas para ir e vir com o rosto, beijando, arrancando Dulce de órbita, suaves mordidas, sua língua para fora da boca, desesperada. Segurei-a com força pelos cabelos molhados, Dulce deixou o queixo cair, os olhos brilhando por trás das pálpebras pesadas.

Tonta, louca por mim.