Fanfic: Namorado Por Acaso - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Dulce

Eu teria que deixá-lo por três meses.

Então, o abracei forte enquanto estávamos na moto a caminho do aeroporto e não parei de abraçá-lo quando entramos lá. Me rendi às burocracias de um voo internacional e depois, já livre, ficamos juntos. Ele me pôs em seu colo enquanto eu esperava o voo, acariciando minha cintura, inspirando alguma parte da minha pele, os poucos sinais que ele me deu de que também sentiria minha falta.

Além de, claro, o bilhete que escrevi de manhã, e coloquei no bolso interno do seu paletó. Porque ele se esforçou para não tornar o adeus difícil demais.

Ele me beijou e riu das besteiras que eu disse. Me deu o endereço do seu escritório, para que eu pudesse enviar os postais dos países que fosse visitar. Perguntou o que eu sabia sobre o Peru, a Bolívia e o Brasil. Eu perguntei se o doutor estava tentado a comprar uma passagem em cima da hora e ele só sorriu na minha boca, dizendo que odiava ser adulto. Ele cuidou de mim no aeroporto como se as horas não contassem.

Nós teríamos ótimas memórias para os próximos três meses, mas era difícil pensar que o tempo que ficaríamos separados era maior do que os dias que ficamos juntos.

Quando chamaram o meu voo, ele se levantou e deu a mão para mim, entrelaçando os nossos dedos, as nossas almas. A cada passo que eu dava, meu coração ficava mais apertado. A recordação de já ter vivido isso sufocava alguma parte minha. Seus braços me rodearam, sua boca me invadiu com aquela língua quente, calando todos os traços de insegurança e saudade. Alexander sorriu para mim, e nenhuma lágrima foi derramada, porque o que ele disse me fez entender que nem mil quilômetros nem mil dias nos distanciariam do que estávamos sentindo. Porque todo o sentimento estava acontecendo dentro de nós.

— Quando você voltar, estarei aqui, ainda loucamente apaixonado por você.

Ele me deu um beijo que faria qualquer um que estivesse nos assistindo corar. Depois, me envolveu em seus braços, inspirou em meus cabelos e me ouviu dizer que não importava que houvesse, entre nós, a distância e o tempo. Ainda seria loucamente apaixonada por ele. Hoje, como também daqui a noventa dias.

Nos tocamos até que não pudesse fazer nada além de me dirigir para o setor de embarque. Meus pés pareciam querer cravar no chão, mas meu coração estava leve. Ele havia encontrado o seu lugar nos olhos de Alexander, que se estreitaram, e no sorriso largo que ele me deu, antes de perdê-lo totalmente de vista.

Os reencontros, era nisso que eu precisava pensar.

Entrei no avião me sentindo meio entorpecida, e acabei dormindo durante as cinco horas de um voo de sete. Acordei quando estava longe demais de Nova York, mas com a sensação de que não havia, de fato, deixado de estar lá. Foi só quando vi o cenário indescritível de Lima, através da janela, e o aviso de que havíamos chegado no aeroporto Jorge Chavez, que entendi que estava em outro país.

E foi só quando meus pés pisaram no aeroporto, ouvindo o espanhol fluente, assim como a mistura de culturas de todos que tinham vontade de conhecer o Peru, que entendi o que se passava dentro de mim. Eu amava Alexander, e também amava a minha profissão. Estar sem um não anulava o amor pelo outro, mas uma parte minha se sentia incompleta. Era como se eu quisesse ter os dois ao mesmo tempo.

Percebi, assim que pisei do lado de fora, sentindo a brisa quente da cidade de Lima, que seria difícil fingir que a distância não me afetava.

Metade de mim ficou em Nova York. Metade de mim não queria ser tão livre assim.

*Cariño: Talvez a distância se resuma à falta que o seu beijo faz.*

Mensagem de Dulce para Christopher.