Fanfic: Namorado Por Acaso - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Pronto, curiosas! Volteeeei

Me valorizem hein... Eu ia ser má, só postando amanhã, Hahahaha

Caminhei sem rumo pelo aeroporto, até raciocinar que eu tinha que me dirigir ao balcão da companhia aérea. Olhei para o meu e-mail, e vi a passagem que Maddy mandou, para dali a duas horas. O check-in começava em trinta minutos. Liguei para Dulce durante todo esse tempo, e nada. Eu não conseguia aceitar que ela tinha ido para aquele hotel.

Eu concordei.

Tentando me achar no aeroporto John F. Kennedy, encontrei onde eu teria que entrar. Sem bagagem, sem nada além da roupa do corpo, alguns cartões e dinheiro, eu era um homem desesperado para chegar a Lima.

Meu celular tocou quando eu já tinha passado da área de embarque. Poncho, de novo.

— Hermano...

— Não, você vai me ouvir. Dulce pode não estar nesse hotel. Você precisa respirar fundo e pensar com coerência. Ela pode não estar, hermano.

— Ela disse que ia, porra!

— Agora você precisa acreditar que ela está bem. Precisa raciocinar antes de fazer uma loucura. Eu vou contigo.

— Eu a amo, Poncho — falei, sem ouvir uma palavra do que meu irmão disse. —Eu amo essa mujer.

 — Eu sei.

— Imagine Annie nessa situação. Você largaria tudo.

Poncho respirou fundo do outro lado da linha.

— Chegamos até aqui, hermano.

— Mierda... eu... Dulce necesita estar viva.

— Yo se. — Poncho ficou em silêncio por alguns segundos. — Estou chegando no aeroporto. Por favor, não vá até eu estar aí e ter comprado uma passagem.

— Poncho, porra... não precisa.

— Foda-se. Estou indo. — Desligou.

Procurei  um  lugar  para  me  sentar, sentindo dor em todos os músculos do meu  corpo  tenso.  Envelheci  cinquenta anos em uma hora. Meus olhos ficaram alternando do celular para o letreiro do voo, contando o tempo que se arrastava para  passar.  Faltava  menos  de  trinta minutos  para  o  avião  decolar  àquela altura. Lágrimas novas    vieram, descoordenadas, sem eu realmente senti-las.  Estalei  os  dedos,  tentando  me distrair;  a  chamada  de  Dulce  que nunca chegava me impedia de esperar qualquer outra coisa.

Talvez a mensagem nunca chegasse. “Agora você precisa acreditar que ela está bem.”

Fechei os olhos.

— Pai, mãe... — falei baixinho com eles, como há muito não fazia. — Vocês simplesmente amariam Dulce se estivessem aqui, sei disso. Mas... eu não estou preparado para perdê-la como perdi vocês. Dios os levou em um acidente; Ele não pode querer levá-la em uma tragédia, certo? Mierda, eu preciso tanto de vocês aqui...

Braços me rodearam enquanto eu ainda estava de olhos fechados. Poncho. Minha família. Uma parte da minha mãe, um pedaço do meu pai. Ele me levantou quando eu sentia que não tinha energia para ficar de pé, me puxando e me abraçando com força. Só percebi o quanto estava uma bagunça do caralho quando ele acariciou minhas costas, murmurando que tudo ia ficar bem, me prometendo algo que eu não conseguia enxergar.

—  Comprei  uma  passagem.  Vamos.— Se afastou. Suas mãos vieram para cada lado do meu rosto, como se eu fosse um moleque de dezesseis anos. — Dulce está com o celular desligado porque acabou a bateria, está me entendendo?

— Ela estava no hotel. — Pisquei, minha voz carregando toda a exaustão que sentia.

— Você tem certeza?

— Vámonos. — Ele me puxou pelo ombro, me arrastando para a fila de embarque.

Fiquei com o celular na orelha, ligando para Dulce, mas caía na caixa-postal. Mostramos nossas passagens para a atendente, e comecei a percorrer o caminho que me levaria até o avião. Poncho ao meu lado me deu uma força que eu não esperava conseguir àquela altura. Ele era o meu irmão, eu não queria que se preocupasse comigo, mas sua energia chegou até mim, me fazendo ter...

Esperança.

Meu celular tocou e eu parei de andar.

Perdi o ar.

CHAMADA DE CARIÑO

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Senti as lágrimas se formando quando o coloquei na orelha, meus olhos em Poncho.

— Alexander! — arfou. — Oh, Deus. Você está bem?

Fechei os olhos, lágrimas descendo, e o primeiro pensamento que tive foi agradecer a Deus quando senti um alívio indescritível tomar meu corpo. Respirei fundo, talvez pela primeira vez em horas. Meu corpo não aguentou. Escorreguei as costas pela parede, abri as pálpebras, e me sentei no chão da passagem, sem me importar com os olhares estranhos dos passageiros. Estava perto demais da porta do avião. Poncho se agachou para ficar na minha altura. Em seu olhar, havia um brilho; em sua boca, um sorriso de gratidão.

— Alexander? — Era ela. Era realmente a voz dela.

Você está viva.

— Dulce... — sussurrei.

 — Você está bem?

Engoli em seco e soltei todo o ar que contive nos pulmões.

— Diz meu nome mais uma vez, por favor.

— Alexander... o que houve? Eu tinha cento e cinquenta e três ligações perdidas. Estava a ponto de pegar um avião para Nova York quando vi que não conseguia completar a ligação para você. Tentei te ligar também do hotel, e simplesmente não ia. Trinta minutos de agonia e desespero. Aconteceu algo? Poncho, Annie...

— Você está bem? — Minha voz mal tinha força para sair. — Porra, Dulce.

— Estou! Mas você claramente não está. Me conte o que está acontecendo, por favor.

— Você ligou a TV? — Umedeci a boca, subitamente seca.

— O quê? A TV? — Ela ficou perdida. — Não, não... eu acordei, fui tomar banho, desci para o café da manhã logo em seguida, mas nenhuma TV  estava ligada e também... bem, não conversei com ninguém. Deixei o celular carregando, mas a rede aqui não funciona direito. Quando subi para o quarto, chegaram atrasadas todas as ligações que você fez.

— Cariño... você não está no W&W.

— Não, acabei não indo. Tive dor de cabeça ontem, decidi dormir onde estava mesmo e... espera, como você sabe?

— Ligue a TV. Canal de notícias.

Ela fez o que pedi. Em meio segundo, pude ouvir a voz de um repórter, dizendo em espanhol o que eu não tinha coragem de repetir. Ela soltou um suspiro de choque e disse umas mil vezes “Oh, meu Deus”. Então, quando entendeu o motivo do pânico que senti, ela desligou a TV.

— Ah, Alexander... meu Deus... eu nem sei... o que você passou. Você pensou que eu estava lá... Você pensou, né?

— Comprei uma passagem para Lima. Entrei em parafuso, Cariño.

 — Eu não fui — ela murmurou, mais para si mesma. — Por causa de uma dor de cabeça, eu não fui. Isso foi... isso foi... Alexander...

Dulce mudou a chamada para uma ligação em vídeo. Vê-la fez todos os meus medos evaporarem, e eu nunca fiquei tão agradecido por aqueles olhos lindos, cheios de vida, estarem abertos para mim. Devo ter chorado quando a vi, e escutei alguém soluçar. Porra, deve ter sido eu. Mas não me importei nem um pouco de me expor para Dulce. Ela também chorou, levou uma mão até a boca, calando um suspiro de choque ao ver o meu estado e, talvez, ao se dar conta de que... quase... merda.

Ela não foi.

Mas poderia ter ido.

E esse pânico, esse pavor, eu li tudo em seus olhos. Em li tudo em sua expressão. Ela não disse nada, apenas me olhou, com a certeza de que eu estava ali. E eu a olhei, com meu coração inteiro mais uma vez, o sangue correndo com mais calma em minhas veias.

— Alexander, eu sinto muito.

— Não peça desculpas. Sério. Eu só...

— Senhor, você vai embarcar? — uma aeromoça perguntou, com o cenho franzido.

— Não, não... — Me levantei e exalei fundo, saindo com Poncho.

— Você já está no aeroporto? — Dul perguntou do outro lado.

— Eu estava quase entrando no avião.

—  A  reunião  provavelmente  foi cancelada. Estou viajando para a Bolívia amanhã.

O medo de saber que ela estava tão longe me fez estremecer. Mas eu não podia brecar Dulce. Não podia permitir que isso a deixasse com medo de trabalhar. O meu lado racional voltou.

— Linda, você está bem.

— Eu estou, certo? Estou bem.

— Sim — garanti. — Você está.

Desviei a câmera para Poncho.

— Você deu um susto na gente, Dul.— Poncho sorriu.

— Eu mesma estou assustada agora.

— Não fique — pediu. — Pode adiantar o seu voo para a Bolívia? Seria interessante sair logo de Lima, por causa dos ataques.

— Não, sim. Eu... eu vou ver o que consigo fazer.

Virei a câmera do celular de volta para mim.

— Dulce, eu estou voltando para o meu apartamento. Mas, por favor, por Dios... nunca mais fique longe do telefone.

— Meu coração parou com medo de algo ter acontecido com você — confessou, seus olhos brilhando. Ela estava tão linda, ela estava com tanto medo. Eu só queria abraçá-la.

— E eu morri de medo de te perder.

— A distância é...

— Eu sei, Cariño.

— Tudo bem. — Ela respirou fundo.

— Volte para casa. Me ligue quando chegar. A gente conversa um pouco e... ai, Alexander. Eu sinto muito ter feito você comprar uma passagem. Nada disso teria acontecido se eu não deixasse o celular carregando no quarto.

— Não peça desculpas, por favor. Eu estou tão feliz de te ver.

Ela exalou fundo.

— E eu em te ver.

Desligamos a chamada quando eu já estava no meio do aeroporto. Assim que guardei o celular, me curvei e apoiei as mãos nos joelhos, respirando fundo, como se tivesse corrido uma maratona. Poncho bateu nas minhas costas, sempre ali, e esperou eu ficar ereto e encará-lo para dizer:

— Eu também estava com medo — confessou.

— Eu sei.

— Mas eu não... eu precisava ser forte por você.

— Eu sei.

— Essa distância, hermano. Essa distância é o maior desafio que vocês vão enfrentar. Ainda assim, vale a pena. Você realmente gosta da Dul. Não deixe que o medo seja mais forte do que o sentimento mais importante de nossas vidas, o amor.

— Não vou deixar. Eu prometo.

***

Christopher: A vida é um infinito de possibilidades. Já parou para pensar nisso? Se não tivéssemos nos encontrado no resort, a gente teria se visto em Nova York? Talvez sim. Talvez não. Mas que bom que a gente se esbarrou, Cariño. Alguns acasos precisam acontecer. Mesmo que a distância seja tão agridoce agora, me anima o fato de saber que a cada dia eu te tenho mais perto.

Mensagem de Christopher para Dulce.