Fanfic: Namorado Por Acaso - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Christopher

Receber uma carta dela, junto com um cartão postal, uma foto e uma lembrança... Cara, meu coração apertou de saudade. Dulce estava bem, provavelmente essa caixa foi a primeira coisa que ela providenciou quando chegou em Lima e, embora ela já estivesse sã e salva na Bolívia há bastante tempo, me senti aliviado ao ter uma parte dela ali, comigo.

Na foto, Dulce estava literalmente com uma lhama ao lado, o que me fez sorrir como um idiota. O cenário montanhoso e a construção ousada do monumento histórico atrás da minha mulher me fizeram suspirar. Eu queria estar com ela. E Ekeko? O cara era pequeno, com um bigode bizarro e uma boca aberta, mas era da Dulce e me traria prosperidade. Decidi colocá-lo sobre a minha mesa do escritório. A foto foi para um porta-retratos, ao lado do Ekeko.

Tirei uma foto da minha mesa e enviei para ela.

Cariño: Você me colocou na mesa do seu escritório? Meu Deus! Que lindo! Adorei o Ekeko do meu lado. ;)

Eu: Ver a sua letra, receber uma coisa sua à distância assim, me fez entender quão longe você está.

Cariño: Agora já estou na Bolívia, quase indo para o Brasil. Cada dia mais perto, lembra?

Eu: Cada dia mais perto. Vinte e oito dias, Cariño.

Aproveitei que Dulce estava online e apertei a vídeo-chamada. Ela atendeu e minha respiração ficou suspensa. Dulce estava corada, os cabelos, bagunçados, a ponta do nariz, vermelha e os olhos, mais lindos do que nunca. Dulce estava em La Paz, capital da Bolívia, e por mais que em Nova York o tempo estivesse mudando, para Dulce, ainda parecia verão. Ela abriu um largo sorriso, seus lábios clamando por atenção, pedindo a minha boca.

Depois do que passamos em relação a Lima, as ligações e chamadas por vídeo ficaram ainda mais constantes.

— Oi, Cariño.

— Você está tão lindo! — Ela dançou os olhos por toda a tela. — Para onde você vai?

— Tenho uma audiência hoje.

— Hum, parece importante. Adorei a gravata cor de mel.

— É?

Os olhos de Dulce brilharam com desejo.

— Uhum.

 Me lembrei de uma coisa que eu queria dizer e estreitei o olhar.

— Sabe, eu assisti à sua série. Outlander.

— Mentira! Eu também estou vendo Prison Break. Michael é maravilhoso, tão determinado... — Dul sorriu. — Em qual episódio você parou de Outlander?

— Você vai se surpreender. A série instiga a nossa inteligência. — Fiz uma pausa. — Bem, onde eu parei? Eles transaram pela primeira vez. Caralho, ele era virgem e ela... porra. Estou com pena da Claire por ter que lidar com um sexo de cinco minutos.

— Ah, isso vai mudar, Mi Vida.

—  Hummmm.  E  você,  Cariño?  Se você pudesse voltar no tempo, ia se enroscar no kilt de um escocês? — brinquei. — Juro que eu ia até o inferno atrás de você.

Dulce gargalhou.

— Amor, se o Jamie estivesse me esperando...

Meu sorriso morreu.

— Nem fodendo.

Dul riu de novo.

— Só quis te ver com ciúmes. — O olhar de Dulce se tornou carinhoso e o sorriso em seus lábios foi suave. — Estou a poucas horas, somente, Mi Vida, e já é uma tortura sem você. Imagina se duzentos anos nos separassem?

 — Eu realmente iria até o inferno atrás de você — repeti, meu coração apertado pelo que ela disse.

Caralho, aquela mulher...

— E eu não me enrolaria, jamais, em um kilt escocês, sabendo que Alexander Christopher me esperava no século XXI.

— Volta pra mim, Dulce — pedi, meu tom de voz quente.

Seus lábios tremeram.

— Eu vou voltar.

Dulce balançou a cabeça, como se quisesse dispersar a saudade, e eu deixei que ela levasse o assunto para o seu dia agitado. Ela fez eu me perder em algum momento enquanto olhava para aqueles olhos, para o seu rosto lindo, as pequenas sardas nas bochechas. Dul umedeceu a boca, e sorriu quando parou de falar.

— Você estará ocupada esta noite? — perguntei, rouco.

— Hum, estamos com uma diferença de apenas uma hora. Deixe-me pensar. A partir das sete? Acho que já estou livre. Por quê?

— Eu quero te ligar — sussurrei. Dul exalou fundo.

— Por que isso parece um convite sexual?

— Porque é.

Seus lábios ficaram mais vermelhos, denunciando que o sangue de Dulce começou a circular mais rápido.

— Sério?

— Eu preciso fazer isso — murmurei. — Nunca fiz, então, vamos tentar juntos.

Dulce riu.

— Somos virgens de sexo por internet. Tudo bem.

— Estamos bem.

— Uhum. — Ela me encarou por um tempo, virando o rosto para o lado. — Nossa, você consegue ser gostoso através da tela de um celular. Eu quero beijar você.

Meu corpo respondeu, se aquecendo, o tesão descendo em espiral direto para... Inspirei fundo.

— Prometo que, esta noite, vai ser como se eu estivesse aí.

— Por favor, eu também preciso disso.

Uma batida na minha porta soou e Maddy entrou, tirando-me da nuvem de desejo que Dulce me envolveu, mesmo a milhares de quilômetros de distância.

— Poncho está aqui. Ele disse que vocês precisam sair daqui a cinco minutos.

— Tudo bem, Maddy. Obrigado.

Ela sorriu e fechou a porta. Voltei os olhos para Dulce.

— Você precisa ir, né?

— Preciso — respondi pesarosamente.

— Tudo bem, eu vou te deixar ir.

— Te envio uma mensagem quando sair da audiência.

Ela assentiu e eu pisquei, sentindo algo aquecer o meu peito.

Eu queria dizer que a amava, fiquei com a frase presa na garganta por segundos inteiros. Cheguei a abrir a boca para dizer, mas a fechei. Não, eu não diria por telefone, por mais que o sentimento estivesse crescendo e me sufocando para externá-lo. Eu diria quando estivesse com Dulce em meus braços.

— Tudo bem — Dul disse, alheia ao que eu sentia.

— Um beijo, Cariño.