Fanfic: Felicidade - Vondy | Tema: Dulce, Christopher, Romance, novela

- Sinto muito por desviar o rumo desta conversa, mas agora que sei a respeito de Uckermann vamos esquecer isso e continuar falando sobre o trabalho. Contudo, está ficando bastante escuro aqui dentro e, apesar de isso não fazer diferença para o senhor, eu me sentiria melhor se acendesse as luzes enquanto terminamos a entrevista.
Quando o conde se virou devagar para ela, Dulce receou que tivesse ido longe demais. Ele parecia momentaneamente sem palavras, mas logo um leve sorriso apareceu em seus lábios e aos poucos tomou conta do rosto, espantando todas as sombras que o tornavam grave e austero. Dulce prendeu a respiração: era como se o sol subitamente surgisse por trás de uma nuvem, num dia claro de verão.
- A entrevista está terminada - ele disse. - O cargo é seu.

As mãos de Dulce ainda tremiam um pouco quando colocou a água quente na xícara com o chá. Tinha de telefonar Logo para Alan, avisar que não iria vê-lo. Tinha de Lavar algumas roupas, limpar o apartamento, entregar para a velha senhora do primeiro andar as flores que comprara no dia anterior. No dia seguinte se mudaria para o Solar Serena e haviam muitas coisas a acertar.
Porém, em vez de continuar com suas tarefas, ela sentou-se na sala de seu pequeno apartamento. Não podia ligar para Alan ainda, não podia fazer nada antes de ordenar um pouco os pensamentos e sentimentos que a assaltavam desde a entrevista com o conde Christopher Uckermann de Nimes, ou Jason Jordan, o escritor, ou Uckermann, o pintor.
Que personalidade extraordinária, fascinante! Dulce meneou a cabeça, ainda chocada com os acontecimentos do dia. O conde era uma pessoa com muitas faces, por enquanto não podia dizer mais que isto. Não conseguia conciliar o homem que conhecera com o artista que criara quadros tão lindos e românticos. No começo da entrevista o tinha achado insensível. não podia estar mais errada.
Seus olhos passearam até encontrar na parte da sala a cópia do último quadro que Uckermann havia pintado e que retratava os jardins do palácio de Versailles num dia brilhante de verão. Um jovem casal caminhava entre as árvores, de mãos dadas. A garota usava um vestido azul suave e em seu chapéu viam-se flores azuis. O rapaz estava todo de branco, um sorriso nos lábios, um brilho nos olhos como uma silenciosa declaração do amor que sentia por sua companheira.
Será que representava o próprio uckermann em seus dias de juventude? Uckermann e a garota com quem se casara? Sim, o conde era casado, lembrava-se de ter lido no artigo. A fotografia em que aparecia com a esposa a fez pensar, na ocasião, que casal maravilhoso os dois formavam, pois sua mulher era linda.
Conhecia o trabalho de uckermann desde cinco anos atrás, o ano em que Liz morrera. Naquele inverno, ela conseguiu persuadir Alan a acompanhá-la à primeira exposição em Londres dos quadros de um pintor francês pouco conhecido na Inglaterra. Pretendia, com esse convite, tirar o irmão da fossa em que se encontrava.
Alan havia caminhado pela galeria sem demonstrar grande interesse, mas ela se apaixonou por tudo que viu. Os quadros de uckermann eram delicados e românticos. Comprou sua reprodução lá, o original estava muito acima de suas possibilidades. Mesmo a cópia já lhe tomara quase todas as economias, mas não se importou porque ganhava bem no tribunal.
A exposição recebeu um público enorme, certamente muito superior às expectativas, por causa da notícia publicada nos jornais do acidente que acontecera um dia antes. Uckermann voava num avião particular da França para a Inglaterra, quando foi obrigado a fazer um pouso de emergência ocorrendo, então, o trágico acidente.