Fanfics Brasil - Capitulo 15 Felicidade - Vondy

Fanfic: Felicidade - Vondy | Tema: Dulce, Christopher, Romance, novela


Capítulo: Capitulo 15

266 visualizações Denunciar


Phillis não estava na agência, tinha resolvido prolongar o fim de semana e só voltaria no dia seguinte. Dulce suspirou e desligou o telefone. Já não estava tão zangada porque, afinal, havia conseguido o emprego, e até agora tudo corria bem. Não havia lareira no escritório que o conde havia lhe designado para trabalhar, mas o aquecedor funcionava bem. A mobília era simples e sobre a mesa via-se uma excelente máquina de datilografia, que Dulce examinou com alívio. Ao lado da máquina estava uma pequena pilha de páginas datilografadas, as primeiras páginas daquele capítulo do romance. Um romance escrito por Jason Jordan. Dulce ficou ansiosa para ler tudo, dominar a história desde o princípio.


Quando voltou à biblioteca, impressionou-se com o aroma levemente adocicado dos cigarros do conde. Decerto, deviam ser franceses. O resto da manhã transcorreu satisfatoriamente, até que Dulce cometeu seu primeiro erro. Quando o conde avisou que haviam terminado, ela perguntou onde poderia achar os manuscritos dos dois últimos livros, dizendo que gostaria de lê-los. Com sua voz de veludo, o conde explicou onde estavam, sugerindo que ela pedisse a Finn para trazê-los. Foi então que Dulce avançou o sinal.


— Faz muito tempo que escreve, sr. conde?


Uma sombra pareceu tomar conta daquele rosto e a tranquilidade que sempre existia na voz dele sumiu completamente.


— Já escrevia antes de você ficar menstruada pela primeira vez!


Dulce apertou uma mão contra a outra, as unhas quase ferindo a própria carne. Que significava aquilo? Um teste para sua capacidade de não se chocar? Muito bem, pois então não iria reagir. Não lhe daria a satisfação de uma reação! Não pretendia vasculhar o passado do conde, só estava curiosa para saber desde quando ele escrevia com o pseudônimo de Jason Jordan.


Uma coisa era certa: jamais lhe perguntaria outra vez algo que pudesse, ainda que remotamente ser tomado por pessoal!


Os primeiros dias no Solar Serena deixaram Dulce perplexa. O conde Christopher Uckermann de Nimes era uma pessoa contraditória. Já sabia que era um homem solitário, alguém que escolhia viver a milhas dos lugares habitados para preservar o anonimato. Sempre se vestia de preto, tinha uma expressão eternamente séria no rosto e escrevia livros onde despontava a mais brutal violência. Ao contrário do que se poderia esperar, contudo, vivia numa linda casa, repleta de objetos de arte.


Na parede da escada e no primeiro andar, onde ficavam os quartos, havia mais duas das pinturas de Uckermann. Lembrava-se também da coleção de vasos de porcelana chinesa, no grande salão de estar, do magnífico lustre de cristal no hall, da estátua de bronze da biblioteca... coisas que davam prazer só de se olhar. Isso... na casa de Jason Jordan? Na casa de um homem que não podia enxergar?


Para o usufruto de quem se destinavam aquelas maravilhas? Nos quatro dias em que estivera no Solar Serena não houvera nenhuma visita, nem mesmo um telefonema. Onde estaria a esposa do conde? Era razoável presumir que ele era hoje um homem muito diferente daquele que podia enxergar. Já achava difícil trabalhar com ele, devia ser impossível experimentar uma convivência íntima. Dulce levantou e começou a caminhar pelo quarto. Gostaria de andar, andar bastante, mas estava tão frio lá fora... A neve ainda pesava nas árvores e no chão, impedindo a primavera de florescer. Contudo, não conseguiria por muito tempo. A natureza seria mais forte e dentro em pouco as plantas renasceriam sob o gelo. Acendeu as luzes e sentou, gostando de estar no quarto ao mesmo tempo que sentia vontade de sair. Talvez fosse porque se sentisse sozinha, suas noites no Solar Serena eram tão solitárias quanto costumavam ser em Londres. Pelo menos, não eram piores e a vista dos jardins cobertos de neve era mais bonita que o que podia avistar da janela de seu apartamento em Paddington.


Era tudo muito quieto também, não podia ouvir nenhum ruído na casa, nenhum movimento. O que o conde estaria fazendo agora? Descansando, ouvindo rádio, talvez? Que faria nas longas horas em que não escrevia? O que quer que fosse, era algo solitário. E isso parecia um desperdício tão grande! Agora sabia por que a tinha aceitado depois de recusar outras pessoas mandadas pela agência Morrison. Apesar de sua desastrada referência à vida passada dele, conseguira compensar esse erro demonstrando que não se deixava embaraçar pelo defeito físico que ele possuía. Sim, o conde não toleraria trabalhar com alguém que não encarasse seu problema tão bem quanto ele. Entre os dois havia um pacto tácito nesse sentido, sem palavras.


Mas não era o suficiente para Dulce. Por que sentia necessidade de se comunicar com o conde era algo que não podia responder, mas sabia que desejava isso tanto para seu próprio bem quanto para o bem dele. Mas suas tentativas de estabelecer uma conversação durante os intervalos para o café e antes e depois do ditado sempre esbarravam nas negativas do conde, demonstrando que ele não pretendia ampliar o entendimento entre os dois. Finn bateu à porta do quarto pouco depois das oito horas, trazendo a bandeja com o jantar. Sempre havia uma garrafa de vinho que às vezes Dulce bebia, outras não. Era sempre o vinho correto para acompanhar a comida e isso a fez pensar que Finn devia ter aprendido muito trabalhando para uma família francesa.


— Os pratos que prepara são sempre excelentes, Finn. Onde aprendeu a cozinhar tão bem? — ela perguntou sorrindo, enquanto Finn colocava a bandeja sobre a mesa.


— Aprender? Acho que não me lembro. Talvez tenha aprendido sozinho. Deseja tomar café depois, senhorita?


— Não, obrigada. Vou descer até a cozinha e preparar um pouco de chá.


— Está bem. Amanhã é dia de mandarmos as roupas para a lavanderia. Tem alguma coisa?


— Não, obrigada. Todas as encomendas são entregues aqui no Solar? Estou me referindo às compras e...


— Sim, todas as compras mais frequentes, pelo menos. Mas amanhã vou até o vilarejo. Quer alguma coisa?


— Não, não, eu... — Dulce suspirou. Era tão difícil conversar com Finn quanto com o conde, mas ela resolveu fazer uma pergunta direta. — Por que o conde mora aqui na Inglaterra? Eu... eu me lembro de ter lido em algum lugar que ele tinha antecedentes ingleses, mas acho que o artigo dizia que morava em Paris.


— Acho que a resposta para esta pergunta é óbvia, senhorita — Finn começou a dizer sem alterar a expressão e já caminhando para a porta. — Ele mora aqui, pois deve gostar deste lugar. Boa noite, senhorita.


Dulce sentou-se à mesa para comer pensando no que Finn tinha dito. Mas o que importava o conde gostar daquele lugar se vivia como ermitão? Nem mesmo podia enxergar as belezas do campo! E quanto a Finn? Que tipo de vida levava nas horas em que não estava trabalhando? Será que saía ou era tão prisioneiro quanto o patrão? Finn nada demonstrava quanto a isso. Obviamente era leal ao conde que, "pelo sim, pelo não", conhecia desde criança. Tudo era tão misterioso! Claro que Finn sabia as respostas do que ela gostaria de perguntar. Entretanto, seria inútil tentar arrancar dele qualquer coisa de pessoal, tanto em relação a si próprio quanto em relação ao conde.


Tinha a noite à sua frente e não sabia o que fazer. Não estava com vontade de ler, talvez pudesse tomar um longo banho e então assistir um pouco de televisão. Mas antes deveria telefonar para Alan, pois esquecera de avisá-lo de que trabalharia no sábado de manhã e só chegaria a Surrey à tarde. Alan a cumprimentou calorosamente, talvez um pouco calorosamente demais.


— Dulce! Que bom você telefonar! Tentei ligar para você, mas não consegui descobrir o nome de nenhum sr. Finn no endereço que você me deu. Não está na lista telefônica?


— É possível. — Dulce sorriu. — Mas o que há de errado? Você poderia ter conseguido o telefone daqui através da agência.


— Era o que eu ia fazer amanhã. Bem, não há nada errado a não ser que não poderemos nos encontrar neste fim de semana. Aqui em casa todos estamos com resfriados muito fortes.


Dulce sentiu algo diferente no ar, a voz de seu irmão tinha um tom estranho.


— Ora, eu não apanho resfriado com facilidade. Irei da mesma forma, porque, se as crianças estão doentes, você deve estar louco por um par de mãos para ajudar, não é mesmo?


— Ora, tolice. Não há razão para correr o risco justamente agora que acabou de começar num novo serviço. A última coisa que deve querer, é pegar um resfriado que a impeça de trabalhar! — Alan tossiu e assoou o nariz como que para comprovar o que dizia.


— Mas você precisa de ajuda, Alan. Eu poderia cozinhar e...


— Não é necessário — ele replicou com voz decidida. — A mãe de Liz virá amanhã para ficar alguns dias. Está tudo certo.


— Vai viajar desde Taunton? — Dulce não ficou muito surpresa, pois, da mesma maneira que Liz, sua mãe era uma pessoa extremamente gentil e agradável. Contudo, já tinha uma certa idade e era judiação fazê-la vir de tão longe para cuidar de crianças resfriadas.


— Eu sei, eu sei. — Alan se antecipou ao próximo comentário da irmã. — Não fui eu que a chamei, se é isso que está pensando. Ela ligou e foi Robert que atendeu, dizendo que não tinha ido à escola porque estava doente. Depois disso, foi impossível convencê-la de que não precisava vir.


— Compreendo... Você colocou o anúncio no jornal? Tenho certeza de que não estão se alimentando direito. Só podem mesmo terminar ficando resfriados!


— Coloquei o anúncio no jornal por três dias, mas até agora não recebi nenhum telefonema.


— Então é melhor tentar um jornal de circulação mais ampla.


— Mas é muito caro, Dulce.


— Alan!


— Está bem, está bem, vou fazer isso. Me dê o seu número de telefone para que possa ligar na semana que vem.


Dulce lhe deu o número e avisou que nunca deveria ligar antes das onze horas da manhã. Depois do telefonema, passou o resto do tempo assistindo televisão. Iria para casa naquele fim de semana, mas estava decidida a não ficar dois dias em companhia da tevê, da máquina de lavar e do aspirador. Tinha chegado a um ponto em que precisava conversar com outras pessoas. Faria alguma visita ou então sairia com Shirley, desde que a amiga não tivesse outro compromisso.


Mas seu fim de semana terminou não sendo dos melhores. Sábado à noite não era um momento propício para fazer visitas sem avisar. O telefone de Shirley não atendia, uma de suas amigas casadas também estava com gripe e uma outra amiga tinha hóspedes em casa. Assim, ela teve de se contentar em ir sozinha ao cinema.


No meio da semana seguinte, porém, seu estado de espírito era bem melhor. Alan telefonou dizendo que todos haviam se recuperado e a meteorologia previra que o tempo ia esquentar um pouco. Afora tudo isso, ela se sentia mais à vontade em seu novo trabalho. Mais à vontade?! Bem, nunca se sentira mal ali. Talvez um pouco ansiosa, mas só isso.


O conde não havia mudado. Ainda continuava tão distante e quieto quanto no primeiro dia. Então, por que se sentia assim mais feliz e tranquila? A resposta para isso era estranha, mas Dulce tinha de ser sincera consigo mesma. Estava feliz porque seu trabalho lhe dava prazer. A história de Sharkey ia se desdobrando, mas, sobretudo, e apesar da distância que ele insistia em manter, havia o prazer da companhia do conde.


A cada dia ele a fascinava ainda mais. Agora Dulce era capaz de compartilhar seu silêncio quando se calava para pensar no que ditaria a seguir. Seus pensamentos não podiam ser compartilhados, naturalmente, pois ele estava preocupado com as próximas palavras e ações de Sharkey, enquanto ela se preocupava com ele próprio. Enquanto pensava nisso, Dulce olhou o quadro sobre a lareira, pintado por Uckermann, e então olhou para Jason Jordan. Não o conde, mas Jason Jordan. Como Uckermann devia ter sido diferente de Jason! Este homem havia mudado drasticamente, tanto quanto sua carreira. Ainda era um artista, mas não conseguia conciliar o romantismo, a sensibilidade de Uckermann com a rudeza e a violência que Jason Jordan exalava.  



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): mjrpoke

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Em algum lugar entre o pintor e o escritor estava o conde. Era ele quem a fascinava. Um homem que era hoje a síntese de tudo que havia passado, tudo que havia sofrido, todas as alegrias que tivera, os receios, os temores. Christopher Uckermann, o homem! No sábado da segunda semana que estava no Solar Serena, o tempo afinal melhorou e quando Dulce acordou viu o ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 31



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Vondy Forever Postado em 21/01/2021 - 19:42:33

    Cade vc? Queremos mais capitulos

  • Vondy Forever Postado em 11/01/2021 - 19:18:00

    Queremos mais cade vc?

  • lariiidevonne Postado em 08/01/2021 - 19:46:02

    Como assim não tem capítulos? :(

  • lariiidevonne Postado em 07/01/2021 - 23:33:46

    Conde danadinho haha

  • lariiidevonne Postado em 07/01/2021 - 23:33:24

    Continua

  • Vondy Forever Postado em 07/01/2021 - 19:34:17

    Vai ter mais capitulos hj?

    • mjrpoke Postado em 07/01/2021 - 19:36:22

      Vai sim, a partir das 20:40 vou postar mais dois capítulos ;)

  • Vondy Forever Postado em 07/01/2021 - 18:05:00

    Continua

  • lariiidevonne Postado em 07/01/2021 - 10:45:53

    Já temos um Ucker muito interessado na Dul haha

  • lariiidevonne Postado em 07/01/2021 - 10:45:08

    Continua

  • lariiidevonne Postado em 06/01/2021 - 20:19:08

    Posta maaaais


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais