Fanfics Brasil - Capítulo 20 Felicidade - Vondy

Fanfic: Felicidade - Vondy | Tema: Dulce, Christopher, Romance, novela


Capítulo: Capítulo 20

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Nos dias seguintes Dulce teve de fazer um tremendo esforço para se comportar normalmente, não deixar transparecer o que sentia. Não era tarefa fácil e a tensão acabou cobrando sua taxa. Certa manhã, ela acordou com uma terrível dor de cabeça, uma sensação de um nó no peito. Consultou o relógio. Quatro e meia. Mais uma noite em que dormia mal. Não fazia sentido continuar deitada agora, pois não conseguiria adormecer. Não haveria sono reparador enquanto não descobrisse uma saída para aquele amor inútil que nutria por Christopher Uckermann.


Vestiu calça comprida, uma blusa bem quente, penteou o cabelo e colocou as botas. Em silêncio, desceu as escadas rumo à porta de trás da casa. Logo percebeu que não precisava ter se preocupado com o barulho, pois Finn já estava na cozinha, o que significava que o conde também já devia ter levantado.


— Bom dia, Finn. — Pela primeira vez Dulce surpreendia uma expressão no rosto sempre neutro de Finn, uma expressão de embaraço.


Ele estava sentado à mesa da cozinha, bebendo chá e lendo. Vestia um horrível e antiquado pijama azul, com um roupão por cima. Dulce tentou livrá-lo de mais embaraço caminhando direto para a porta que dava para fora, pois Finn havia se levantado ao vê-la, como se ela o tivesse flagrado fazendo algo errado.


Ela caminhou e caminhou, indo mais longe do que já tinha ido antes, até atingir os limites da propriedade. Porém, a amargura em seu coração impedia que aproveitasse o ar puro e fresco da manhã que nascia. Na semiescuridão, apanhou flores selvagens do chão, formando um buquê multicolorido, e então voltou para casa. Longe de ter desaparecido, sua dor de cabeça era ainda maior.


Ao se aproximar pela parte posterior do solar, notou que as luzes estavam acesas no grande salão da piscina, coberta para que pudesse ser usada também no inverno. Já tinha ido até ali antes, contudo, jamais vira alguém nadando. Lá estava o conde agora, nadando vigorosamente, vencendo cada metro com suas braçadas fortes. Dulce parou e ficou observando. Podia vê-lo perfeitamente através das grandes portas de vidro que nos meses de verão se abriam para o jardim. Mas estava longe o suficiente para que o conde não sentisse sua presença.


Quando ele saiu da água, engoliu em seco: o conde estava completamente nu! Devia ter ido embora naquele momento, saído dali antes que Finn a visse, caso olhasse pela janela da cozinha. Mas deixou-se ficar. Não se sentia embaraçada. Vendo o conde de pé ao lado da piscina, afastando com a mão os cabelos negros e úmidos que caíam sobre a testa, tudo que sentia era emoção, diante daquela fantástica beleza masculina. Com cuidado, como se admirasse uma obra de arte, sorveu cada detalhe daquele corpo escultural. Foi um prazer que se permitiu aproveitar sem culpa e sem vergonha durante preciosos minutos. Quando afinal voltou para a cozinha, Finn retirava a louça da máquina de lavar. Estava vestido agora, barbeado, com o mesmo aspecto de sempre.


— Bom dia mais uma vez, srta. Maria. A senhorita levantou cedo esta manhã.


Dulce pensou ter visto um ar de aprovação nos olhos dele, mas não estava certa, nem sentia vontade de perguntar a respeito.


— É, levantei cedo. Finn, será que poderia me arrumar um vaso, para colocar estas flores, e dois comprimidos para dor de cabeça?


Ele concordou com um gesto e Dulce deixou as flores sobre a mesa. Em seguida foi até o fogão e ligou o fogo para ferver um pouco de água.


— Pode deixar que preparo seu chá com torradas, senhorita. — Finn já lhe entregava um lindo vaso de cristal e os comprimidos que havia pedido.


— Não precisa fazer as torradas, Finn, obrigada. Só quero tomar chá aqui na cozinha mesmo.


— Interessante esses comprimidos... — Finn comentou. — Já tinha ouvido dizer que se os colocamos na água ajudam as flores a viver por mais tempo.


Em qualquer outra ocasião, Dulce teria sorrido diante do comentário e por perceber que, pela primeira vez, Finn parecia disposto a puxar conversa. Contudo, sorrir estava além de suas forças nessa manhã e ela simplesmente lhe explicou a razão de ter pedido os comprimidos.


— Então é por isso que saiu tão cedo para caminhar! — Finn replicou e Dulce suspirou.


— Eu não conseguia dormir. Você sempre levanta a esta hora, Finn, ainda no meio da noite?


— Bem, eu me levanto às quatro e meia todos os dias. O sr. Uckermann toma café na piscina às cinco, nada, e então come seu desjejum às seis horas. Se me dá licença, vou terminar de aprontar a comida para ele agora.


Dulce levou as flores para seu quarto e tomou um banho. Tinha que estar como sempre quando descesse para trabalhar, não queria deixar nada transparecer. Os comprimidos não serviram para muita coisa, porém. Às oito e meia sua dor de cabeça voltou com força total e teve grande dificuldade para se concentrar no trabalho. Sorriu com alívio para Finn quando ele apareceu trazendo café. Surpreendentemente, ele havia colocado mais comprimidos sobre o pires dela. Dulce pensou que Finn agira com inteligência. Não queria que Christopher soubesse que havia algo errado e agora não corria esse perigo. Finn fez um aceno de cabeça indicando o remédio, mas sua cumplicidade não chegava ao ponto de a presentear com um sorriso.


Mas Christopher não precisava ver os comprimidos sobre o pires para saber que havia algo errado. Percebera a tensão em Dulce desde o momento em que ela colocara os pés na biblioteca naquela manhã, e agora sentia falta da agradável conversa que ela sempre puxava durante os intervalos para o café. Na verdade, já fazia vários dias que ela se comportava de maneira diferente da habitual.


— O que há de errado, Dulce? — O tom preocupado do conde a surpreendeu.


— Errado?! Não há nada de errado.


— Dulce... — Aquilo parecia um aviso.


— Bem, acho que não tenho dormido muito bem, só isso. Vou descansar hoje à tarde, quem sabe dormir um pouco.


— Está doendo muito?


— Doendo muito?! Do que está falando?


— De sua dor de cabeça, naturalmente. Está doendo muito?


Dulce sorriu. Como sempre, ele ia direto ao assunto.


— Estou me sentindo bem. Não precisa se preocupar.


Ele não disse nada, mas seu silêncio demonstrava que não ficaria satisfeito nem a deixaria em paz enquanto ela não fosse sincera.


— Está bem, está bem. Minha cabeça está doendo bastante — Dulce admitiu e Christopher pareceu satisfeito.


— Termine seu café e então pode ir.


— Ir? Ir para onde?


— Para a cama, naturalmente. Você precisa descansar.


— Claro que não farei isso! Temos um prazo a cumprir. Além do mais, não podemos deixar Sharkey ferido e perdido em meio a uma selva tropical!


Christopher não se conteve e riu alto. Aquela garota era demais. Só mesmo ela era capaz de fazê-lo se sentir vivo durante quatro horas todos os dias...


— Ça va sans dire, Dulce. Sharkey vai sobreviver, sabe disso. Tem de viver para continuar contando a história... e lutar para vencer mais uma vez. Agora pare de tentar me distrair! Vá se deitar.


Relutante mas grata, Dulce foi para o quarto. Fechou as cortinas contra a luz clara da manhã e se deitou... em poucos minutos, sem nem mesmo saber por que, sentiu que as lágrimas começavam a lhe descer pela face. Não lutou, preferiu chorar até que não existissem mais lágrimas. Sim, seria bom descarregar um pouco as emoções.


Fisicamente, estava pior que nunca. Suas têmporas latejavam e as mãos tremiam quando pegou o interfone para avisar a Finn que não precisava lhe trazer o almoço. O empregado ainda protestou, argumentando que se alimentar talvez fosse bom para restabelecê-la, mas Dulce agradeceu e insistiu que não estava com apetite. Na cozinha do Solar Serena, Finn olhou o interfone, curioso. A srta. Maria tinha parecido tão estranha essa manhã...


— Está certo, Finn, muito obrigado. Fez bem em me contar. Será que poderia me servir um licor já que está aqui? — O conde estava sentado numa das confortáveis poltronas da grande sala de visitas.


Finn estava cada vez mais surpreso. Licor? A esta hora do dia? Parecia que a rotina diária havia sido definitivamente rompida.


— Não quero lhe criar problemas, sr. Uckermann — ele continuou explicando. — Mas é que a srta. Maria estava pálida demais esta manhã. Em geral ela é uma pessoa tão alegre e bem disposta e hoje...


— Está bem, Finn. Pode preparar o almoço como de costume. A srta. Maria também vai comer. Vou convidá-la para almoçar comigo.


— Com o senhor?! Quero dizer, na sala de jantar com o senhor? — Finn quase deixou cair a bandeja com o cálice dê licor.


— E onde mais senão na sala de jantar, Finn? — O conde sorriu. — Pode servir dois cálices de licor, está certo? Deixe sobre a mesa.


Finn não disse mais nada. Fez como o conde pediu e saiu em seguida, completamente confuso.


Christopher acendeu um cigarro, lutando consigo mesmo. Teria que vê-la, pois era responsável, pelo menos em parte, pela sua tensão e a consequente dor de cabeça. Ela era uma criatura sensível e fora tratada de maneira rude. Não se podia fazer isso com uma garota como Dulce...


Com os diabos, por que ela tinha de ser tão intuitiva, tão atenta? Por que não era como as outras secretárias que só falavam tolices a respeito de roupas ou viagens? Ou por que não o ignorava simplesmente? Percebia demais as coisas, não servia para aquele cargo. Jamais deveria tê-la aceitado. Mesmo seus textos estavam sendo afetados. Das outras vezes era raro fazer alterações nos manuscritos, mas agora ele vivia mudando. E Dulce nunca reclamava, sempre dizia algo encorajando... "Oh, sim, sem dúvida, desta maneira está melhor..."


Ela possuía o poder de saber exatamente quando falar e quando ficar quieta. Em sua vida passada, jamais havia se sentido tão bem em momentos de silêncio compartilhado com outra pessoa como acontecia com ela. Droga! Agora tinha nas mãos o poder de fazê-la se sentir melhor e sabia que lhe devia isso. Não queria tocá-la, não, de maneira alguma. Tocar Dulce seria conhecê-la de fato. E, se isso acontecesse, sabia que jamais poderia esquecê-la.


Mas isso era problema seu. De alguma maneira, conseguiria apagar a lembrança de Dulce quando afinal chegasse o momento de ela partir... Ah, quanto teria dado, no passado, para conhecer uma garota como ela. Agora era muito tarde, tarde demais.



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Autor(a): mjrpoke

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Dulce achou que era Finn quem batia à porta e ficou irritada. Não queria que a visse com o rosto vermelho e abatido. Mas não podia deixar de responder, não depois de tê-la ajudado de manhã. — Se trouxe o chá, Finn, pode deixar do lado de fora. Não estou vestida. A porta se abriu e uma voz de veludo a fez dar um s ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 31



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  • Vondy Forever Postado em 21/01/2021 - 19:42:33

    Cade vc? Queremos mais capitulos

  • Vondy Forever Postado em 11/01/2021 - 19:18:00

    Queremos mais cade vc?

  • lariiidevonne Postado em 08/01/2021 - 19:46:02

    Como assim não tem capítulos? :(

  • lariiidevonne Postado em 07/01/2021 - 23:33:46

    Conde danadinho haha

  • lariiidevonne Postado em 07/01/2021 - 23:33:24

    Continua

  • Vondy Forever Postado em 07/01/2021 - 19:34:17

    Vai ter mais capitulos hj?

    • mjrpoke Postado em 07/01/2021 - 19:36:22

      Vai sim, a partir das 20:40 vou postar mais dois capítulos ;)

  • Vondy Forever Postado em 07/01/2021 - 18:05:00

    Continua

  • lariiidevonne Postado em 07/01/2021 - 10:45:53

    Já temos um Ucker muito interessado na Dul haha

  • lariiidevonne Postado em 07/01/2021 - 10:45:08

    Continua

  • lariiidevonne Postado em 06/01/2021 - 20:19:08

    Posta maaaais


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