Fanfic: Felicidade - Vondy | Tema: Dulce, Christopher, Romance, novela

Ele não aceitou o cumprimento e continuou falando com sua voz neutra.
- Seu encontro não é comigo, srta. Maria. Falei com a agência em nome de meu patrão. É o monsieur conde quem deseja entrevistá-la. Queira me acompanhar, por favor.
Dulce não se moveu. Monsieur conde?! Então o homem que desejava contratá-la era francês? E um conde, ainda por cima? Estava surpresa e um pouco irritada. Agora tinha certeza de que não aceitaria o serviço. Afora a fria recepção que tivera, aquele tal conde devia ser um senhor idoso, certamente com dificuldade para ouvir e para enxergar. Devia estar escrevendo suas memórias como antigo membro da aristocracia francesa.
Quanto a Finn. quem era ele, afinal? Um velho empregado da família, Certamente, não parecia isso. Apesar da idade, era ainda muito forte e bem constituído, dando a impressão de ser um ex-boxeador ou um ex-policial.
Finn se virou e encarou Dulce, esperando que ela o seguisse.
"Deus", ela pensou, "como estou sendo estúpida permitindo que minha imaginação vá tão longe". No entanto, queria saber mais.
- Sr. Finn eu.
- Pode me chamar de Finn, por favor, somente Finn.
- Sim. Bem, Finn, eu. quero dizer, seu patrão, suponho que é escritor. Ele está escrevendo sua biografia?
- Não, senhorita, ele é novelista, escreve romances.
Romances? Dulce ficou surpresa. Estava cada vez mais curiosa.
- Você disse que é um conde. De quem se trata, exatamente?
- Monsieur conde Christopher uckermann de Nimes - foi tudo que ele disse e em seguida começou a caminhar pelo comprido corredor que saía do hall, deixando claro que não pretendia responder mais nenhuma pergunta. Dulce não teve alternativa senão segui-lo.
Conde Christopher uckermann de Nimes. Conde Christopher. Enquanto caminhava, tentava descobrir por que aquele nome lhe parecia tão familiar. Sim, era certo que já o tinha ouvido antes, mas onde? E em qual contexto? Devia ter a ver com literatura, naturalmente. Ou será que não? Agora estava curiosa e intrigada.
Finn parou de repente, abriu uma porta e fez sinal para que ela entrasse e se sentasse.
- Espere aqui, por gentileza. O conde a encontrará às três horas.
Ao ouvir isso, Dulce sorriu. Aquele conde certamente era um homem que gostava de coisas precisas. Entregou o casaco e as luvas para Finn que logo depois se retirou, fechando a porta sem fazer o menor ruído.
Foi só quando se viu sozinha que ela prestou atenção ao lugar em que estava. Em sua profissão muitas vezes já tivera oportunidade de conhecer a residência de milionários, e mesmo a casa de seus pais era muito bem decorada e elegante. Portanto, não era uma pessoa fácil de se impressionar. Mas esta casa, aquela sala, pelo menos, era algo de deslumbrar.
Não havia nada demais ou de gosto duvidoso. Os móveis eram finos e caros, mas davam uma impressão de austeridade. Sem dúvida era um local para ser aproveitado e não exibido.
No chão estava um comprido tapete chinês, certamente muito antigo, uma obra de arte. Dois sofás confortáveis ficavam em frente à lareira de mármore, onde crepitava um fogo acolhedor. Havia ainda uma enorme poltrona. Seria talvez a cadeira do conde, seu lugar preferido para sentar?
As paredes eram pintadas em tom claro e as luzes estavam acesas, pois o dia estava cinza e escuro. Entretanto, Dulce não teve mais tempo para continuar observando pois Finn abriu a porta e entrou. Obviamente, já deviam ser três horas. Enquanto ele se aproximava, ela ainda notou o lindo piano de cauda, de madeira negra e brilhante. Ao lado do piano, num pequeno pedestal, havia uma cópia da célebre escultura de Rodin. O Beijo.
"Cherchez la femme", ela pensou. Certamente, aquela não era a sala de um homem velho e que vivia sozinho. Havia um toque feminino ali, de uma mulher de extremo bom gosto e discernimento. Também havia um certo. Era difícil definir. uma certa ordem muito precisa na maneira como tudo estava disposto.
Finn estava de pé ao lado da porta.
- Srta. Maria, o sr. conde está esperando na biblioteca.