Fanfic: Felicidade - Vondy | Tema: Dulce, Christopher, Romance, novela

- Sou Dulce Maria, tenho vinte e três anos. Nasci e cresci no interior da Inglaterra, junto com meu irmão, que é mais velho que eu. Moro em Paddington, Londres, em meu próprio apartamento. - Dulce parou, sem saber mais o que dizer. A sala estava ficando escura, pois o fim da tarde se aproximava. Seria bom se o conde voltasse a sentar atrás da sua mesa. Aquela proximidade a perturbava e a pouca luz do aposento lhe dava uma imagem sinistra.
- Você não tocou em seu drinque, srta. Dulce. Se não relaxar um pouco, acho que não poderemos chegar a lugar algum. - Apesar do tom calmo em que o conde falava, era claro que estava irritado. - Diga-me, o que costuma fazer à noite?
- Eu gosto muito de ler - ela replicou com a esperança de que começassem a falar sobre livros. Mas o conde preferiu tocar em outro assunto.
- Você não tem compromissos, um noivo ou mesmo um namorado que vá ficar irritado com o fato de passar a semana inteira no interior, longe da cidade?
- Não.
- E quando costuma sair? Nos fins de semana? O que faz para se divertir?
- Bem, se não vou direto para a casa de meu irmão, então saio, às sextas-feiras.
- E o que faz, então?
- Vou ao teatro, de preferência, ao balé ou à ópera. Eu. bem, é o presente que dou a mim mesma depois de uma semana de trabalho.
- Presente que dá a você? Quer dizer que sai sozinha?
Dulce ficou encabulada. Não era fácil admitir que geralmente saía sozinha, pois isso implicava em confessar que além de não ter um namorado tinha poucos amigos, o que, aliás, não era bem verdade. Possuía muitas amigas, mas as via poucas vezes porque a maioria já havia se casado, com exceção de Shirley, sua melhor amiga. Conhecera Shirley na agência Morrison e desde o começo se deram muito bem. Contudo, Shirley saía muito pouco pois estava noiva e desejava economizar algum dinheiro.
Pensando nisso tudo, resolveu responder de uma maneira que pudesse conduzir a outro assunto.
- Nos fins de semana costumo visitar meu irmão, que é viúvo. Ele mora em Surrey e tem dois filhos. Para dizer a verdade, eu estava lá hoje de manhã.
-Você não gosta de dançar, de boates? - O conde insistiu. - Isso não me parece muito certo, srta. Dulce. Uma jovem que mora numa das cidades mais interessantes do mundo, independente, e não gosta de sair para se divertir?
Agora ele já começava a se tornar pessoal demais. Ou será que estava sendo deliberadamente cruel? Era fácil ver que ela não era uma mulher bonita, nem do tipo que é convidada por homens para sair.
Dulce desviou o olhar. Estava um pouco magoada com aquilo e teve certeza de que o conde podia ser cruel se quisesse. Por que não terminava de uma vez com aquela entrevista? Ela tomou um grande gole de conhaque e se engasgou, tossindo e pedindo desculpas, sentindo-se uma grande idiota.
- Por que tem tão pouca confiança em si mesma? - ele perguntou quando Dulce afinal parou de tossir. - Bem, não é preciso responder a isso. Diga-me, você fica chocada com faciliidente que ele conduzia a conversa para um rumo bastante definido, mas Dulce não conseguia compreender a razão disso. Estava confusa demais, sentia que precisava ir embora daquele lugar. Poderia dizer que havia perdido o interesse no serviço, mas não seria verdade. Agora, o trabalho propriamente dito tinha se tornado irrelevante. Seu interesse era pelo conde, como pessoa. Outros serviços não lhe faltariam, não precisava aceitar aquele se não quisesse. Mas queria! Fora capturada pelo magnetismo daquele homem incomum.
Começava a compreender melhor aquela estranha personagem. Sabia que o conde tinha uma personalidade muito rica, e havia muito a descobrir ainda. Encarou outra vez aqueles olhos escuros como a noite e compreendeu que sua única saída era ser honesta. Falaria a verdade e, se o conde não a aceitasse para o serviço, não poderia fazer nada.