Fanfic: Tus ojos - Romance/ Hot/ Suspense | Tema: Vondy

Bati na porta do senhor Lyle, ele abriu e me deu um sorriso dizendo: Bom dia Dulce. Ao menos ele parecia estar de bom humor, então presumi que o assunto não era demissão, pois sei o quanto Pablo me estima,  tenho certeza que estaria infeliz com minha saída da empresa. Retribui o sorriso e disse: Bom dia senhor Lyle, Katie disse que queria falar comigo. 

Lyle: Sim, sente-se, disse apontando a cadeira a sua frente. Eu engoli seco e me acomodei na cadeira, pelo visto o assunto era sério. Me olhou por alguns instantes, a cada segundo eu ficava mais apreensiva, pois ele era sempre direto e agora estava mudo.  Mil e uma coisas passavam pela minha cabeça, mas eu não conseguia nem imaginar o assunto da conversa. Então ele resolveu falar: Dulce, sei que perdeu seu pai a pouco tempo e assumiu a vice-presidência ontem, mas preciso de um grande favor, falou com cautela.

Dulce: Claro senhor Lyle, o que deseja?

Lyle: Na verdade eu nada, mas o senhor Uckermann me fez um pedido pessoal. Como assim aquele descarado usou a posição de chefe para satisfazer suas necessidades?, na verdade para que eu fizesse suas vontades. Não errei na minha previsão, afinal ele era um playbozinho metido sim. Quase bufei de raiva, mas me contive e me concentrei em arrumar uma desculpa, calma Dulce, pensa em algo para sair dessa furada, finja indiferença e depois recuse educadamente.

Eu abri a boca para falar, mas antes que eu emitisse algum som ele levantou a mão pedindo que eu esperasse e disse: antes que você recuse, me deixa terminar. Eu estou ficando velho,  em alguns poucos anos vou abandonar essa cadeira e preciso de alguém que a ocupe, e Dulce não há quem eu confie tanto como confio em você para o cargo. Droga senhor Lyle, isso foi golpe baixo. Senti meus olhos arderem com essa declaração, sempre soube da confiança que o senhor Lyle colocava sobre mim, mas nunca imaginei que cogitasse nem se quer a possibilidade para que eu ocupasse o seu  lugar. 

Dulce: Não sei nem o que dizer senhor Lyle, agradeço imensamente sua confiança e farei o necessário para continuar mantendo- a.

Lyle: Disso eu nao tenho dúvidas Dulce, mas vou te contar a parte da história que você não sabe. A minha esposa está querendo o divórcio. Olho para ele surpresa, ele e a senhora Lyle sempre me pareceram tão apaixonados. Ele percebendo minha confusão explica: Ela diz que eu trabalho demais e não lhe dou atenção suficiente, afirma está cansada de me esperar, reconheço que desde que meu pai morreu mergulhei no trabalho e acabei negligenciando outras partes da minha vida. A condição para ela desistir do divórcio é que eu comece a desacelerar o ritmo aqui na empresa até que me aposente definitivamente.

Penso, penso e penso um pouco mais, porém infelizmente não posso recusar um  favor ao homem que me deu um estágio, primeiro emprego depois da formatura e agora me confia a segunda posição mais importante dentro da corporação. Sem falar o suporte que me deu quando meu pai faleceu.

Lyle: O senhor Uckermann vai abrir uma filial nossa na América Latina e como depois de mim não há ninguém que conheça mais essa empresa que você... Me mexo desconfortável na cadeira e é preciso muita força de vontade da minha parte para não sair correndo dali. Mas, assim como meu terninho cinza transmite neutralidade eu faço uma cara de paisagem. Realmente torço para que ele não me mande com o senhor Uckermann para outro país, ele desperta em mim coisas que não entendo, nem conheço e isso me apavora. Se eu chegar muito perto, ele vai perceber o quanto estou afetada e isso é pouco profissional.

Lyle: ... ele quer que você seja sua consultora, algumas poucas reuniões por semana e dúvidas por e-mail. 

Dulce: E-mail?

Lyle: Sim, o senhor Uckermann viajou e só volta daqui a dois meses para NY. Os encontros serão por videoconferência, quase solto um suspiro de alívio. Ele não pode me afetar se eu o olhar pela tela do computador, ou pode? Sinceramente não sei e nem estou tentada a descobrir. Mas como não tenho alternativa, eu murmuro a contragosto: eu aceito. 

O senhor Lyle abre um enorme sorriso e diz: Não sabe o peso que me tirou das costas, não poderia assumir esse compromisso, pois ocuparia mais ainda meu tempo e ao invés de reduzi-lo eu iria aumentar as horas no escritório. Te agradeço de verdade Dulce, acabou de salvar meu casamento. Não posso me arrepender de ter aceitado a proposta diante dessa declaração.

Dulce: Por nada, o que o Senhor precisar, falei piscando para ele. Quando eu ia sair de sua sala ele me chamou: Dulce, peça a Katie o contato do senhor Uckermann para que marquem as reuniões o mais rápido possível. E eu pensando que ia ter pelo menos hoje para digerir a ideia, sem opção eu respondi: Claro. 

Sai da sala do senhor Lyle e fui para a minha, me sentei e exalei o ar que estava preso em meus pulmões. Dei um gemido de frustração, Ai Deus, porque fui aceitar essa proposta? Como vou trabalhar com esse homem e não ficar afetada? Foi só ficarmos juntos no mesmo ambiente e em menos de meia hora estávamos envoltos em faíscas. Sem querer pensar muito no assunto resolvi começar o meu trabalho, passado algumas horas meu celular toca, é Mai, com certeza para perguntar se nossa noite de filmes pelo Skype ainda está de pé, fazemos isso toda terça-feira.

Mai: Oii Dul, estou ligando para saber se tem problema eu desmarcar nossa noite de filmes hoje.

Dulce: Não tem problema Mai, acho que hoje eu também não poderia. Tenho muita coisa do trabalho para por em dia e agora tenho que prestar consultoria para uma filial que vai abrir na América Latina, então até em casa vou ter que trabalhar. Mas me conta, porque você não vai poder assistir o filme hoje?

Mai: Ela demora a responder mas acaba confessando, eu tenho um encontro. Uau minha amiga vai sair com alguém, fazia um ano que não tinha um encontro, tem que ser um cara decente para fazer ela sair com ele, pois desde que minha amiga pegou seu noivo Guido e sua prima Charlote na sua cama, enquanto ela o esperava no altar ela se fechou para o mundo. Desde esse dia Mai só arrumava encontros de uma noite nas boates de Londres.

Dulce: Pode me dar o relatório completo dona Maite, como é o nome do santo milagroso que fez você aceitar um encontro, falei gargalhando.

Mai: Não é para tanto Dul, disse ela sem graça

Dulce: É sim, faz muito tempo que você não sai com ninguém.

Mai: Olha, falou a encalhada que nem bota o pé fora de casa. Falando em encalhada... cadê o gostosão do senhor Uckermann? Só de ouvir o nome dele meu coração acelerou e pude sentir o sangue circular mais rápido no meu corpo.

Dulce: Viajou graças a Deus. Agora eu preciso ir Mai só tenho 20 minutos para almoçar, me apressei em desligar para ela não fazer mais perguntas. Se eu ficava assim só de ouvir o nome dele, imagina como vou ficar nas reuniões.

Meu telefone tocou novamente, nem vi quem era e logo eu disse: Nem vem Maite, se ligou para saber sobre mim e o senhor Uckermann não tem nada acontecendo, eu sou extremamente profissional e...

Então quando ouço do outro lado da linha aquela voz grave, reconheço imediatamente, ele diz: Oi Dulce, falando de mim pelas costas?  De repente não era Mai, era o senhor Uckermann.