Fanfic: Always You | Tema: Harry Potter
A luminosidade que vinha da grande lua se intensificava mais e mais refletindo através da ampla janela que possuía cortinas brancas livres e fitas nas cores azul e roxo dando um realce na sala de estar. Mas a escuridão que vinha do corredor indo em direção a cozinha como para a área de serviço era algo aparentemente normal.
A casa estava silenciosa demais, dava a entender que não tinha ninguém nela. Era isso que uma certa pessoa pensava ao ouvir resmungos vindo da sala. O bairro nobre do Sul da grande cidade do Rio de Janeiro, ficava localizado em Jardim Botânico, lá era um local calmo.
Era raro saber sobre assaltos ou outra coisa relacionada a criminalidade. Mesmo sendo um bairro tranquilo, as rondas policiais podiam ser vistas durante a madrugada.
Recentemente, um certo casal optou por morar naquele local. Fernanda Rodrigues Soares e Henrique Gomes Soares eram casados a três anos. Ainda não possuíam filhos, o que começou a entristecer a jovem Fernanda.
A rua Maria Angélica ficava entre as ruas movimentadas Lópes Quintas e Marques de Sabará. O bairro em si ainda não eram asfaltados então possuíam os famosos paralelepípedos, as casas antigas com muros altos e arbustos. A tecnologia trouxa ainda não estava presente, mas podia ver alguns pontos com pessoas em filas, um dos trouxas eram engolidos por uma casca, mas com tempo foi descoberto que aquilo era um “Orelhão” podia ligar para quem for, mas dependia de quantas fichas você tivesse.
Naquela noite, poucos pontos de luz se via por todo o Rio de Janeiro. A rua Maria Angélica não possuía muitos postes de luz, o que acabava facilitando a invasão de certos intrusos nas casas. Mas o homem que entrou na propriedade de dois andares, digamos, não era um ladrão, e sim apenas um curioso que veio de um mundo completamente diferente.
Ok, isso não muda o fato de ele ter entrado na casa. Ele podia ser considerado um intruso. Mas não um ladrão. Longe disso.
Em seus braços, um pequeno ser estava embrulhado num manto negro enquanto dormia tranquilamente. A criancinha que recentemente fizera quatro anos estava calma na opinião dele. Para um homem de 1,83 de altura trajando uma vestimenta que para quem o visse, diria que ele veio de algum retiro espiritual, ou, de algum manicômio. O vestido era longo em um branco acinzentado, enquanto o manto longo que o cobria era num azul-escuro. Quem chegasse mais perto e o analisasse com atenção, veria que nas pontas da veste branca estavam queimadas. O que era bem estranho de se ver.
Com todo cuidado ele andava pela casa, mas também tinha que ser rápido. Sim, ele estava ali apenas para deixar salvo a sua neta. Em sua mente, surgia em meio as chamas uma jovem que com gritos de dor, ordenava ao homem que levasse à sua neta para o mais longe. O mais distante possível…
Ele saiu de seus devaneio ao ouvir resmungos que podiam ser ouvidos novamente vindo da sala, então ele pois a sair pela entrada principal em passos largos. Já no lado de fora, ele conjurou uma cesta de junco grande por sinal, onde deitou-a. Analisou a pequenina que dormia e sugava o próprio polegar, era uma cena linda e fofa que aquele homem nunca esqueceria.
— Você ficará bem segura, minha querida. – Disse ele com a sua voz calma, para o homem que beirava seus oitenta e sete anos, esse tentava não transparecer sua preocupação, seu medo. Queria passar segurança a pequenina, pois ela ainda era um bebê. O interessante é que nessa idade eles têm uma sensibilidade de sentir quaisquer energias.
Com ela não ia ser diferente. Mesmo que algumas horas atrás ela tenha visto com seus olhos todos morrerem, o mago tinha que confortar a mesma. Ele se sentia culpado por trazer tamanha desgraça a sua família, sua esposa já estava ciente do que poderia acontecer. Até que sua mente o fez recordar de alguns acontecimentos atrás:
A guerra que acabou a trinta e dois anos atrás, possuía marcas dolorosas que ainda estavam a se cicatrizar. Todos achavam que depois da queda de Gellert Grindelwald o mundo estaria em paz novamente.
Grande engano.
Rumores de uma nova guerra se aproximava, com ele o medo aumentava e a pouca esperança de liberdade se esvaía. Oficialmente em 1970, bruxos nascido trouxas se mudavam, deixavam o mundo bruxo por assombro e indo para o mais longe possível. Se desligando de tudo que era relacionada ao mundo sobrenatural. Novos ataques, mortes, já dava indícios de que os rumores estariam certas. A guerra oficialmente declarada, ele então tinha que tomar cuidado, não só ele como também sua família. Logo ele viria atrás dele.
Dois anos depois, em 23 de outubro de 1972, ao anoitecer, alguns bruxos acabaram por descobrir sua localização e invadiram a casa onde ele se refugiava com sua família e começou a matança. Um por um morria, sobrando apenas ele, sua esposa, sua filha que estava em sua segunda gravidez, esta ainda segurava a mãozinhas de sua neta de quatro anos e seu genro as protegia. Logo após surgiu seus dois amigos, ajudando-o. A casa estava irreconhecível, alguns dos seguidores do novo líder estavam espalhados pela casa, mortos, como também os pais de seu genro se encontravam sem vida na escadaria. Sua esposa estava ferida mas ela pediu prioridade a sua filha e netos. O homem sabia o porquê dela dizer aquilo.
Mesmo amando um homem que morreu nas trevas, ele acabou se casando com sua melhor amiga, Judy McDown, que logo deu a luz sua filha, Karoline. Agora ela estava ali, morta em seus braços.
Na mesma noite, sua filha que estava apavorada dava sinal de que seu segundo neto vinha ao mundo, no entanto, eles tiveram que sair daquele local. Eles fugiam e mais seguidores das trevas surgiam e perseguiam. Demoraram a chegar no local indicado. Uma pousada abandonada. Só que para a surpresa deles, outros bruxos das trevas se encontravam lá. Seu genro levou sua filha e neta para o longe enquanto ele e seus dois amigos duelavam. Os três eram os melhores bruxos para o Duelo como para feitiços. Em um certo momento ele percebeu que o líder não estava mas ali, uma queimação seguido de um aperto no coração, isso o alertou.
Ele tinha que ir ao encontro de sua filha o mais rápido.
Quando avistou ao longe a camionete, ele se aproximou, seguiu até onde sua filha gemia de dores, nos estábulos estava ela e seu marido, esse que a todo momento a ajudava como também cuidava de sua filha de quatro anos. O nascimento de seu neto fora árduo.
— É para a sua segurança, minha flor. – Quase não se ouviu sua voz, ele tentou de várias maneiras salvar a vida dos demais, agora ali, sua neta estava dormindo. Sua mente agora trouxe em memória os últimos momentos em que viu sua filha ainda viva:
No momento em que ele escutou o choro de seu neto, ele pode sentir uma alegria que durou alguns segundos. Um bruxo que surgia no estábulo avançou para cima do homem de oitenta e sete anos, mas ele não se importou se fosse ferido, queria livrar o restante de seus familiares das mãos da morte.
Podia ser ouvido o choro do bebê que aos poucos começava a ficar falho, mas ao ouvir os cavalos relincharem ao mesmo tempo, ele não demorou em correr para onde sua filha se encontrava. Ele não soube explicar o que sentiu no momento quando viu um bruxo apontar a varinha em direção aos quatro, antes estava na porta de entrada e outra em uma velocidade socava a face do bruxo e ainda forçou o mesmo a ficar de joelhos, enquanto esse gargalhava freneticamente com seu rosto começando a ficar desfigurado. Parecia que ele estava prevendo a sua morte. O que se encontrava de pé, ergueu sua varinha e sem tardar, o matou. Saiu de seu transe quando ouviu um grito desesperado.
Quando ele olhou para o colo de sua filha, a respiração de seu neto estava devagar, lenta demais. Isso não podia está acontecendo, ele pensava enquanto dava passos em direção a sua filha. Viu que a mesma estava fraca, desfalecendo aos poucos por assim dizer, mas isso não a impedia de entrar em desespero.
― Ele… Meu bebê…
Uma risada ecoou no ambiente, o mago encarou seu genro e logo desviou seus olhos para uma figura de vestes negras surgir, este usava uma máscara que cobria toda sua cabeça, olhos e nariz, apenas sua boca permanecia a vista.
― Enfim o encontrei.
O sorriso daquele homem embrulhava o estômago do ancião, sendo que não deixou transparecer. Ele ficou a frente de sua família, e com toda calma ele falou concordando:
― Sim, você me encontrou. – Viu que o outro bruxo curvou seus lábios como também o olhar dele cair sobre o casal e as duas crianças atrás de si. O mago notando isso, deu um passo a frente. ― Mas o assunto é para comigo.
Gargalhou rapidamente o de vestes negras, e logo surgiu atrás de si outros bruxos. No total era quatro.
― Em meus assuntos coloco quem eu quiser. – Disse olhando agora para o mago. Os três bruxos avançaram, a garotinha de quatro anos estava assustada e chorando, enquanto seu pai lutava para os proteger. Ela viu quando o bruxo apontou a varinha em sua direção e um jato verde saia da madeira, ela não saiu do lugar, mas pode ver claramente que alguém pulou a sua frente.
Era seu pai.
Para ela, tudo em sua volta parou. Se aproximou devagar, e como suas mãozinhas iam para o rosto pálido e frio de seu pai, acariciou levemente. ― Pa… papai… – Sussurrou para ele poder ouvi-la. Não se ouvia nada em sua volta e nem via nada, apenas aquele homem estirado no chão, com seus olhos abertos, revelando suas orbes numa coloração castanha escura mas sem brilho, sem vida. ― Papai…
Várias tochas acesas eram jogadas nos estábulos. O ancião que até agora lutava executou um feitiço para se livrar de um dos bruxos, e, virou-se para a sua filha que no momento gritava ao ver que seu marido estava morto, esta foi atingida em cheio por uma Estupefaça, o que a fez atravessar de um estábulo para o outro, junto ao seu neto, que não resistiu ao impacto.
― NÃO! – Gritou.
Correu, sendo que nem deu tempo de salvá-la, o fogo estava a consumindo mas os gritos de dor dela podiam ser ouvidos. Os olhos dela focaram aos de seu pai, os mesmos olhos azuis, outro grito de dor seguido de uma ordem antes das chamas a queimarem por completo:
― LEVE ELA PARA O LONGE! AAA-AGORA!
O que estava acontecendo naquele momento era que o fogo consumia todo os estábulos e os cavalos apavorados saíram. O teto poderia cair nas cabeças deles a qualquer momento, então o mago procurou entre toda aquela fumaça a sua neta. Enquanto isso ela se encontrava perto de seu pai, chorando para ele abrir os olhos e se levantar do chão. A fumaça estava começando a sufocá-la, aos poucos seus olhinhos se fechava, mas quando sentiu alguém a puxando e sendo posta em algum colo, apenas via tudo girando e passando rápido. Quando ela estava no lado de fora começou a se desesperar.
― Ca..Calma minha flor. É apenas eu. – Disse o mago tentando acalmar a sua neta. E foi naquele momento em que seus amigos chegaram, vendo o incêndio acontecendo perguntou um deles ao mago:
― O que aconteceu aqui?
― Você não está vendo? – Brigou o outro amigo que logo chegou perto do mago. ― Onde está Karoline e o Edward? – Ele viu que o ancião não tirava os olhos das chamas que acabava com tudo enquanto sussurrava um “Fica calma minha pequena” a sua neta. ― Albus…
― Eles morreram.
Disse dando as costas e saindo dali o mais rápido possível. Estava no automático os seus movimentos, ele logo agarrou a sua neta que acabou dormindo. Longe do local do incêndio, viu um varal com mantas. A casa estava vazia, não tinha ninguém aparentemente.
Estando parado ali, sua mente vagou. Lembrou-se de sua filha em meio aquela chamas. Seu neto que… Pelos deuses, Isso embrulhava o estômago. Ele estaria fadado a morrer sozinho? Será que todos aquele a quem ele protege morreria? Ele olhou para a garotinha:
― Estarás segura … Mas não comigo.
Ele saiu de seu transe, logo deixando seus olhos cair na pequenina que dormia. Suspirou, revistou o lado de fora da casa pois já tinha feito isso por dentro, com o intuito de deixar sua neta em segurança. Mas, ele tinha a garantia de que ninguém do lado bruxo viria atrás dela. Ninguém ousaria vim para esse outro lado, a não ser que alguém… Balançou levemente a cabeça espantando aqueles pensamentos. Os meios que ele usou para tais fins, era uma ida e uma volta.
Ele deu um meio sorriso triste quando a ponta de seus dedos deslizou pela pele alva da garotinha de quatro anos. Naquele momento ele retirou de seu pescoço um colar, para muitos poderia ser simples mas para o homem não era. Colocou o colar em sua neta que acordou logo em seguida mesmo com o cuidado do homem em não acordá-la. Os olhos azul-escuro da pequenina estavam tristes e atentas a qualquer movimento.
― Vovô…
―Estou aqui. – Beijou a testa da pequenina, essa logo deu um sorriso. Ele sorriu abertamente.
— Tens o sorriso de Karoline. – Sentindo seus olhos marejarem novamente confessou. O frio que fazia não era tanta, mas, o homem não deixou de esquentar a sua pequena com outro manto, um manto vermelho cor de sangue para ser clara. O olhar do homem passeou pelo bairro.
O som de passos pesados vindo de dentro da casa, o alertou. Com calma, ele começou a cantar em sussurro uma canção de ninar antiga, o que não demorou muito para que a pequenina bocejasse e dormisse. Ele guardava em sua memória o rostinho de sua neta. Sendo que em meio as suas observações, acabou atraído pelos murmúrios vindos da casa, precisamente na cozinha.
— Eu já disse Henrique, estamos a mais de um ano nisso e… – O homem não pode ouvir bem, então se aproximou da janela que estava entreaberta.
— Amor, a gente poderia ir ao Oliver amanhã. Marcar uma consulta pra você.
— E se ele dizer que eu não posso ter filhos, Hen? Como ficaremos?
— Daremos um jeito. Mas não se atormente com isso Fernanda. Amor, fique calma e vamos ver o que o médico dirá a nós…
— Mas…
— Sem mas amor. Vamos dormir?
Percebeu que o casal estava saindo da cozinha, logo ele se adiantou correndo em direção a cesta de junco. Antes de sair dali ele beijou a testa da pequena delicadamente e sussurrou:
— Quando a guerra acabar, eu prometo que a buscarei… Vovô ama muito você. – Beijou pela última vez a testa de sua neta, novamente seu coração apertou enquanto ele colocava a ponta de sua varinha na temporã da garotinha:
― Isso é para sua segurança… – Lentamente puxava a ponta, trazendo-se consigo um longo fio de prata e pondo em um frasco. A menininha soltou um gemidinho de dor que com a ajuda do mago, se acalmou.
Doía? Muito. Esquecer por um momento de onde veio, nunca entender como chegou ali. Não existir mais para ela. Talvez um dia sua neta saiba de tudo e todos. Um dia ele mostraria para ela quem realmente é.
O mago bateu à porta como também tocou a campainha e saindo correndo em seguida, se cobriu com uma capa escura e se escondeu atrás de uma árvore que era mal iluminada pelo poste. Viu quando as luzes da entrada se acenderam como também o abrir da porta principal. Pode observar o quão assustado e surpreso estavam o casal. Ouviu os mesmos dizerem sobre “O que faremos?” ou “Quem é capaz de deixá-la aqui?”
Isso doía, mas ele não poderia se entregar a dor. Esse era o preço de seus atos. Mesmo tão longe, ele nunca esqueceria de sua neta.
Uma lágrima solitária escorregava em sua bochecha.
— Adeus… – Sussurrou enquanto via o casal pegando sua neta no colo e entrando com a mesma na casa. O coração do homem se apertou e logo aparatou no alto de uma montanha, onde dava para ver o local que ele deixou sua neta, pediu a que qualquer divindade proteção a sua pequena.
Ele retirou de sua bolsa umas joias, as seis pedras eram nas cores: Azul, Preta, Vermelha, Verde, Amarela e por último uma pedra cinza. Cada uma delas, possuía uma letra, juntando-as formava uma palavra “Cahuitl”. Logo um vento forte surgiu, as pedras começaram a se iluminar, então ele sussurrou a palavra formada.
Com isso o homem desapareceu junto as joias mágicas. Ele tinha a certeza de que estava fazendo o certo. Cumprindo a última vontade de sua filha.
“Você não sabe de minha dor. Nunca entenderia, sabe por que? Porque você pensa apenas em si mesmo.”
Dumbledore sabia, e como ele sabia o que era ter uma dor, uma cicatriz incurável. Agora ele entendia aquela expressão de ‘Por trás de um sorriso a uma pessoa ferida’ ele se virou para o Snape com um breve sorriso e caminhou até a sua mesa, em uma das gavetas tinha saquinhos com balas, as favoritas dele. Se afastou e ergueu a famosa bala de limão.
“Aceita essa bala para adoçar a vida?”
Severus apenas bufou, ele deu as costas e saiu da sala do diretor. Estava se controlando para não jogar o mago da janela, o velho deve está caducando, pensava Snape. Voltando para a sala do diretor, Dumbledore apenas permaneceu parado desde do momento em que o professor de poções saiu. Ele se moveu minutos depois e acabou sentando em sua cadeira, olhou para mãos e bala de limão ainda permanecia intacta.
“Adoçar a vida. Severus, um dia você me entenderá.”
Autor(a): AnaSilva_
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