Fanfic: Use-me - Vondy (Adaptada) [Terminada] | Tema: Vondy

Queria que Paco me visse com ela. Para saber que eu era o melhor porque Dulce era minha. Eu estava namorando alguém que todo mundo conhecia e não essa garota que parecia trabalhar de pé nas esquinas da vida. Tudo bem, isso pode ter sido rude, até mesmo porque eu nem conhecia a garota, mas se ela estava namorando o valentão do Ensino Médio, então todos os insultos passavam pela minha cabeça.

Observei-o olhar para ela sem nenhuma emoção. Era como se a garota tivesse sido contratada ou ele não soubesse nada sobre ela, a não ser o nome. Eu podia apostar que era algum nome estranho como Cinnamon ou uma merda assim. Então decidi fazer o que minha mãe me ensinou. Eu seria gentil.

— Sim, traga-me um Jack e Coca-Cola.

— Tudo pra você. — Ela beijou sua bochecha e só então a atenção dele voltou para mim.

— Você conhece esse cara? — perguntou Christian, indicando o polegar na direção de Paco.

Eu sorri. Sorri como se o filho da puta do Paco e eu fôssemos camaradas.

— Sim. Paco e eu voltamos ao Ensino Médio.

— Vai nos apresentar? — Perguntou Tomás.

Não. Esse pensamento nunca tinha passado pela minha cabeça. Tudo bem. Suspirei e fiz as apresentações. Todos os outros na mesa pensaram que estávamos nos conhecendo naquele momento e acabaram se cumprimentando também. Eu que não apertaria, nem fodendo, a mão do idiota sentado à minha frente.

O crupiê arrastou as cartas e distribuiu duas para cada um de nós. Par de Reis. Caralho, aí sim. Eu lentamente joguei minha mão inicial, fazendo com que um jogador pagasse a aposta. Christian, Tomás e Paco também pagaram. Os outros dobraram. O crupiê entregou três cartas: Dois de Espadas, Dez de Copas e Rei de Paus.

Não mostrei nenhuma emoção enquanto olhava as cartas, sabendo que eu tinha trinca de Reis. Ajudava o fato de que eu estava puto. Nunca imaginaria que ia esbarrar com esse idiota outra vez, e agora, em pouco mais de um mês, já dei de cara com esse merda duas vezes.

Duas vezes.

A mesa puxou a melhor aposta novamente e o resto de nós apostou. O crupiê virou o Dois de Copas. Eu tinha full house nas mãos.

Enquanto pensava em quanto apostar, Dulce entrou pela porta. Era como se tudo voltasse ao eixo. Sorrimos um ao outro à medida que nossos olhares se encontraram e então, quando eu estava pegando algumas fichas para entregar, Paco abriu a boca e virou meu mundo de cabeça para baixo com apenas uma palavra.

— Dulce?

Observei quando ela se virou ao chamado de seu nome, e parecia que uma faca havia sido enfiada no meu coração.

— Paco? — ela perguntou. Pelo jeito, ela sabia quem ele era.

Perdi o foco, não me importando mais com o jogo cuidadoso. Enquanto eu observava a conversa dos dois, sem nem ao menos ler meus oponentes, Paco sorriu e falou com Dulce como se não desse a mínima para o jogo.

— Eu não fazia ideia de que estivesse nessa festa.

A faca entrou alguns centímetros mais.

— Agora eu gostaria de não estar.

Meu olhar voltou para Dulce. Ela sempre se deu bem com todos. Além disso, por ser uma figura pública, precisava manter um sorriso no rosto, mesmo que a vontade fosse a de apunhalar alguém com os olhos. Ainda mais agora que tudo poderia ser transmitido ao vivo. De onde ela conhecia o idiota?

— Ah, não diga isso...

Paco dobrou as cartas, jogando-as no centro da mesa.

O olhar de Dulce virou-se para mim e eu perguntei:

— Você está bem? — Eu não sabia o que estava acontecendo além do fato de que ambos odiávamos o mesmo cara. Mas por que ela?

— Lembra-se da última vez em que estivemos no barco? — ela me perguntou.

Eu assenti.

 — Sim…

— Agora é minha vez de encontrar meu ex.

A faca no meu coração torceu e causou a dor mais excruciante que já senti na vida ao me dar conta de que a pessoa que eu mais odiava namorou a pessoa que eu mais amo no mundo.

Eu precisava sair dali.

Na verdade, queria pular do barco e nadar até a margem, então eu poderia ficar sozinho, mas isso não era lógico ou plausível.

Paco “filhodaputa” Álvarez era o ex dela. Ele sabia o que era tê-la nos braços. Prová-la. Ouvir seus gemidos. Ele esteve dentro dela, dentro do que é meu. Meu coração, que foi partido em dois, tentava sair do peito. A pressão foi tamanha que achei que eu pudesse cair morto no chão a qualquer momento. Eu queria morrer ao saber que alguém tão mau pôde ser amado por alguém tão doce. O que isso dizia sobre ela me amar?

Olhei para a mesa e notei que meus amigos ainda estavam dentro.

— Um de vocês cobre minha aposta.

— O quê? — perguntou Tomás.

— Vou desistir depois do river.

— O que você está fazendo? Como assim a gente aposta tudo e espera você dobrar? — perguntou Christian.

— Estou tentando dar-lhe todo meu dinheiro.

— O quê? — Tomás e Christian disseram em uníssono. Eu vi Jack ao lado de Dulce e Maite olhando para mim como se eu tivesse duas cabeças. Talvez eu tivesse, e talvez por isso ela me amava, porque tinha sido capaz de amar um demônio.

— Eu preciso sair daqui. — Meu olhar voltou para Dulce, que franziu a testa, provavelmente se perguntando por que eu estava tendo esse tipo de reação em relação ao ex. Talvez ela tenha pensado que joguei fora a chance de ganhar cinco mil dólares para que pudesse fodê-la no banheiro a fim de que esquecesse o Paco. Não era esse o caso. Eu precisava me afastar para o mais longe possível, contando o fato de que estávamos na porra de um barco.

Os rapazes se encararam enquanto minha perna subia e descia, esperando impacientemente que decidissem o que fazer. No final, Christian cobriu minha aposta e Tomás dobrou.

O crupiê entregou um Quatro de Espadas, e sem hesitação, dobrei, jogando minhas cartas no centro da mesa. Então fiquei de pé, precisando respirar. Dulce veio em minha direção, mas Paco falou, me impedindo de sair pela porta.