Fanfic: Idade da pedra, mentes modernas | Tema: Dr. Stone
°•☆•° Malu: °•☆•°
O tempo parece infinito depois de ficar tanto tempo parada, e isso me machucar por ter que passar por essa tortura com uma impressão de tempo muito mais lenta graças a ansiedade.
Quanto mais tempo se passa mais histórias eu crio para preencher o silêncio e o vazio, imagino milhões de futuros e formas de ver o mundo se um dia tiver a oportunidade de ser de carne e osso outra vez.
As vezes posso sentir pequenos tremores de terra, houve uma vez que algo bateu na minha cintura.
Talvez um pedaço de madeira? Aquilo doeu, mas não me quebrou.
"Brisa? Isso foi uma brisa? Eu pude sentir? Eu posso quebrar essa barreira então?"
Foi quando comecei a tentar me mexer enquanto eu conseguia voltar a sentir meus músculos, no fim só restou uma casca que foi quebrada com um movimento.
Quando aquilo saiu dos meus ouvidos pude ouvir mais uma casca quebrando além da minha, e quando me virei dei de cara com Senkuu fazendo a mesma coisa que eu.
Senkuu: Ah! Finalmente posso me mexer novamente
Malu: Você também fica fofo acordando sabia? - Será que ele se lembra da nossa última conversa?
Senkuu: Voce ainda está aqui?
Malu: Ainda? Quanto tempo se passou?
Senkuu: Três mil e setecentos anos - Se agacha e começa a observar uma das lascas da estátua dele
"A gente tá sem roupa? Okay, se ele tiver certo não tem como as roupas durarem tanto tempo"
Me sento e começo a avaliar o meu corpo.
A pele está sensível e eu me arrepio só de passar a mão, as sensações são tão mais intensas e quase pornográficas.
Malu: Senkuu - Chamo
Senkuu: Que?
Malu: Essas marcas pretas são as rachaduras não é? Acha que elas oferecem algum risco de infecção?
Senkuu: Acho que não - Ele fica alguns segundos em silêncio, como se tivesse pensando - Essas rachaduras devem ser uma nova característica da nossa pele, como se fosse uma marca de nascença
Malu: Acha que mais pessoas estão acordando nesse momento? É uma hipótese válida
Senkuu: Acho que não, talvez só conseguimos acordar por um motivo específico que ambos estávamos sofrendo
Malu: Talvez mais pessoas estejam nessas mesma condições, sete bilhões de possibilidades não é?
Senkuu: Talvez, mas não sabemos - Ele sai do monte dele e passa a examinar os meus
Malu: Raio
Senkuu: Raio?
Malu: Nas suas costas tem uma marca que parece um raio
Senkuu: Deve ser uma das rachaduras
Malu: Você contou o tempo?
Senkuu: Fiquei contando os segundos, foi assim que pude ficar consciente... E isso!
Malu: Isso o que?
Senkuu: Você ficou consciente esse tempo todo?
Malu: Sim, talvez seja uma regra pra sair do estado de estátua
Senkuu: Na verdade é um requerimento, o cérebro humano consome cerca de 260 calorias por dia, e no tempo que passamos petrificados usamos 337.625.000 calorias... mas como conseguimos tanto sem nos alimentarmos?
Malu: Eu não senti meus músculos até agora a pouco, quando estava saindo da casca pude ouvir meus órgãos voltando a trabalhar
Senkuu: Isso não bastaria, parar as funções naturais do corpo não renderia nem metade desse valor
Malu: É se fosse o receptáculo?
Senkuu: Receptáculo?
Malu: É mais fácil que chamar de estátua direto, vamos nomear de receptáculo
Senkuu: Okay
Malu: De alguma forma ele pode ter nos proporcionado tudo que nos manteve vivos
Senkuu: Pode fazer sentido... Agora precisamos saber qual fator externo nos fez sair de dentro
Malu: Sim, mas não é prioridade no momento
Senkuu: Na verdade é sim, se soubermos ela poderemos libertar outros
Malu: Temos seis horas antes da luz do sol começar a sumir, sete se tivermos sorte e não temos nenhum preparo pra passar a noite
Senkuu: Errada
Malu: Em que ponto?
Senkuu: Temos sim um lugar para passar a noite
Malu: Onde?
Senkuu: Esta vendo aquele grupo de macacos? - Aponta pra uma árvore
Malu: Anjo a quanto tempo o homem não pisa sobre a terra?
Senkuu: Exatamente, eles devem achar que somos uma espécie de macacos diferentes e poderão não nos atacar se nos aproximarmos
Malu: Senkuu, você nunca esteve em missões de campo não é?
Senkuu: Não
Malu: Então, se você não sabe que ordens dar cale a PORRA da boca E ME ESCUTA CARALHO!
Falo perdendo a paciência, só acho que a humanidade pode ter acabado e talvez eu possa me aproveitar disso pra não seguir as ordens inúteis.
Senkuu: Tenho um novo plano - Ele fala com um tom de que não tá levando a sério - Aqueles 3 macacos juntos devem ter algo parecido com o nosso peso individual, então se eles pode ficar nos galhos também podemos
Malu: Piada estúpida, mas a idéia pode ser aproveitada
Senkuu: Eu sei, precisamos encontrar logo alguma árvore que nos aguente, não sabemos se os animais do zoológico da cidade conseguiram escapar e se reproduzir
Malu: Na verdade eu tenho a noção de um lugar que pode ter coisas mais interessantes
Senkuu: E qual seria?
Malu: O antigo templo de pedra da praia
Senkuu: Espero que aquele lugar velho ainda esteja inteiro
Malu: Vamos logo
Tomo o rumo da praia com ele ao meu lado, o estado sensível da pele enviando arrepios pela minha espinha servia como um lembrete pra falta de roupas.
Malu: Como está a sua pele?
Senkuu: Estranhamente sensível
Malu: É as marcas?
Senkuu: Coçam um pouco
Malu: A minha também
Senkuu: Certo... Se importa de ir naquele lugar sozinha?
Malu: Não faça nada estúpido
Senkuu: Não sou você pra fazer isso
Malu: Se eu não odiasse ficar sozinha eu te mataria - Sigo em frente em quanto ele se vira e volta
Quando chego na praia o vento gelado me deixa arrepiada, o cheio inebriante do mar me deixa mais calma em relação ao medo de estar só.
Olho para trás, ele foi mesmo embora.
Isso me dá a aterradora sensação de medo e ansiedade.
Em poucos segundos minha respiração se descontrola e eu não consigo puxar o ar, as lágrimas caem enquanto minha mente gira num lupin sobre ser descartada novamente.
Acabo me encolhendo e sento na areia da praia, me abraço e começo a controlar a respiração me acalmando no fim de um doloroso espaço de tempo que eu não soube definir.
Já mais calma, me levanto, bato a areia do corpo e sigo em direção ao templo.
Não é difícil ver o contorno da estrutura, o surpreendente é ver árvores crescendo em meio às pedras da estrutura.
Várias árvores frutíferas habitadas por animais pequenos e de médio porte como macacos e até algumas cabras que devem ter fugido de alguma fazenda e se multiplicado.
Chego as portas do local, estavam trancadas e preservadas o suficiente pra não terem grandes danos além de pequenos pedaços faltando.
Com cuidado abro a porta após soltar a trava exterior, um pedaço enorme de madeira, e entro fechando as portas ao entrar.
Muitas folhas estavam espalhadas pelo chão, fendas no telhado permitiam que a luz do sol iluminasse o interior do local.
Não haviam insetos perigosos a vista, nenhuma cobra ou serpente o que não era de se estranhar levando em conta a temperatura gelada do lugar.
Muita madeira podre, o cheiro não era ruim e haviam alguns objetos de cerâmica à vista.
Tive tempo de explorar o lugar o que resultou num achado útil, um quarto com lâminas protegidas por vidro.
Mas nada que pudesse ser usado como roupa o que começou a ficar ruim depois de um tempo por conta da temperatura que não colaborava com a minha pele sensível.
Com um dos vasos de cerâmica recolhi algumas frutas em bom estado para caso de não conseguir nada até o anoitecer, explorando o terreno encontrei um rio que alimentava o mar, água provavelmente potável.
Pra ocupar a mente organizei um dos cômodos mais conservados para usarmos para dormir.
Depois avaliei as lâminas separando pra prováveis usos, mas demorei pensando em como providenciar uma fonte de luz.
Foi quando voltei pra praia e encarei a lua que nascia no horizonte como se ela tivesse todas as respostas.
Senkuu: Será que acordamos a tempo de ver a lua de sangue? - Ele se põe do meu lado
Malu: Não sei, mas talvez a fortuna esteja do nosso lado
Senkuu: Por?
Malu: O templo está cheio de coisas úteis e em conduções razoáveis de uso
Senkuu: Isso é bom, e eu descobri o que nos fez sair das estátuas
Malu: É o que foi?
Senkuu: Ácido nítrico
Malu: Vindo do guano não é?
Senkuu: Sim, parece que onde estávamos fica no meio de um curso infiltrado desse ácido
Malu: Eu só queria algo que servisse pra iluminar
Senkuu: Só se produzirmos fogo
Malu: Aceito uma solução rápida vinda de você
Senkuu: Não temos nada fácil pra produzir fogo
Malu: Então é melhor pegar o caminho do templo agora, vai escurecer totalmente daqui a pouco
Senkuu: Sim
Me dirijo ao templo com os olhos voltados para frente, meu corpo arrepiando a cada vez que o vento bate.
Posso ouvir as ondas batendo contra a areia, algumas aves marinhas sobrevoam o oceano voltando para os ninhos em outra parte da praia.
Gostaria de saber o que aconteceu com aqueles dois, por mais doloroso que seja o fato de terem me usado como trampolim e feito uma mágoa descontrolada sobre o meu próprio corpo ter origem.
Amor de verdade não existe não é? Nem amizades sinceras.
Senkuu: Como está o lugar?
Malu: Conservado o bastante pra passar algum tempo
Senkuu: Algo lá?
Malu: Árvores frutíferas, animais pequenos, objetos de cerâmica, lâminas conservadas e esteiras de dormir
Ele não me responde, apenas se opõe ao meu lado.
Em pouco tempo estávamos a porta do templo.
Malu: Me ajude a abrir
Senkuu: Você conseguiu abrir isso sozinha
Malu: Vai ser mais fácil se você ajudar
Senkuu: Certo... - Ele começa a empurrar a porta junto comigo
Conseguimos entrar e fechamos a porta em seguida, havia um pouco de iluminação o que facilitou a locomoção até um dos cômodos onde eu havia colocado a água e a comida.
Senkuu: Vou dormir
Malu: Beba água antes ao menos
Senkuu: Sem sede
Malu: Sede é um aviso de desidratação crítica no corpo, não um lembrete pra beber água
Senkuu: Não precisa se preocupar comigo
Malu: Sim, preciso, você é estúpido demais pra tomar cuidado
Senkuu: Já chega de elogios
Malu: Beba água
Senkuu: Depois
Malu: Não, agora
Senkuu: Depois
Malu: Se você acordar no meio da noite por não tomar água e eu descobrir vou te bater tão forte que tu vai ficar roxo
Senkuu: Não tenho medo de apanhar
Malu: Não é uma ameaça
Senkuu: Eu não estava brincando
Malu: Nem eu
Senkuu: Por isso falei aquilo - Ele procura o lugar que tem as esteiras
Malu: Terceiro cômodo a esquerda
Ele não fala nada só some da minha frente.
Respiro duas vezes e como algumas frutas, em seguida bebo um pouco de água e vou me deitar.
Ele já estava deitado virado para uma parede, faço a mesma coisa e logo sinto a inconsciência chegar depois de 3700 anos sem parar de pensar.
Autor(a): dango_pontes
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).