Fanfics Brasil - Segunda parte TEMPO PERDIDO

Fanfic: TEMPO PERDIDO | Tema: Suspense, ação, família


Capítulo: Segunda parte

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Segunda parte:


Havia sido um jantar e tanto para o jovem casal Nascimento, Eduardo contou a sua esposa sobre a promoção no trabalho e como isso seria bom para seu futuro ainda promissor dentro da empresa de seguros. A garrafa de vinho já estava pela metade e a noite prometia para os dois amantes, quando sua filha de sete anos gritou no quarto. Mônica saltou da mesa e correu para ver o que acontecera seguida de perto pelo seu esposo. No quarto, a menina estava assustada, não tirava os olhos da janela e apontando com o dedo, dizia com voz trêmula que tinha visto um homem com um capuz do lado de fora. Eduardo se assustou e olhou para fora, porém não viu ninguém. Podia ter sido apenas uma imaginação de sua pequena filha, considerou ele, mas ficou temendo a presença de algum ladrão em volta da casa querendo algo. Ele se certificou que a janela do quarto estivesse bem fechada, puxou as cortinas e disse para Mônica acalentar sua filha, Clarisse, enquanto ele iria averiguar pelo lado de fora. Ele correu para a estante da sala, pegou seu molho de chave, selecionou uma das chaves e abriu uma gaveta da onde tirou a arma que havia comprado ainda esta semana, pois não tinha sido a primeira vez que percebia a presença de um estranho rondando sua casa.


Do lado de fora de sua bela casa, com a arma na mão, Eduardo sentiu mais coragem de fazer uma ronda e finalmente encontrar o intruso para prendê-lo ou mesmo afugentá-lo, a qual ele achava a melhor opção. Quando finalmente deu a volta na casa, ele se voltou para a floresta no quintal. Estava tudo escuro, ele não conseguia ver nada muito além, se havia alguém na janela do quarto da sua filha, com certeza correu para a mata e de lá podia estar se escondendo e o observando de longe. Eduardo não quis se arriscar e caminhando um pouco em direção das árvores, gritou: 


- Vá embora! Eu tenho uma arma! Não tenho medo de usá-la. Da próxima vez você não terá tanta sorte assim!


Tentou ser convincente ao máximo e não demonstrar seu medo. Ao acreditar que aquilo tinha sido suficiente, entrou na casa e trancou bem a porta. Fez uma verdadeira vistoria em todos os acessos da casa e voltou para sala onde sua esposa o aguardava com as taças de vinho nas mãos.


Mônica estava radiante, cabelos longos e negros caindo pelos ombros. O vestido vermelho cintilante combinava com o batom nos seus lábios carnudos. Eduardo passou a mão pelos seus cabelos negros e admirou a beleza da sua esposa. Eles fizeram amor durante toda a noite. O marido estava empolgado e sua performance foi maravilhosa, Mônica aprovou o desempenho de seu parceiro. Fazia tempo que eles não se relacionavam desta forma. Ele estava frio há algumas semanas, não a procurava. E ela até chegou a imaginar que ele tinha outra mulher. Mas agora ela não podia ter esses pensamentos. Seu marido estava ali dando seu melhor para ela. Talvez era a preocupação no trabalho que o atormentava, pensou ela.


No dia seguinte eles foram passear em família pelo parque da cidade. Clarisse se divertiu bastante e não queria ir embora de volta pra casa. Ela queria ver os patos na lagoa e dizia que iria repetir o uso em cada um dos brinquedos do playground. Mas para a frustração da pequena criança, seu pai disse que já deveriam voltar pra casa.


Ao chegar em casa após o passeio em família, Eduardo percebeu as luzes da sala acesas. Pediu para que ficassem no carro enquanto ele entrava para ver o que estava acontecendo. Entrou e nada viu além da mesinha de centro fora do lugar. Pensou em ligar novamente para a polícia, mas eles não viriam como da primeira vez que ele percebeu a presença de um estranho em sua casa.


Depois do banho, Eduardo sentiu uma curiosidade de olhar pela janela, mas não viu nada. Tudo estava tranquilo, imaginou ele, mas ao passar pela porta do quarto de sua filha, a ouviu falar com outra pessoa. Pensou que a mãe estava com ela no quarto, porém viu sua esposa falar do fundo da cozinha perguntando o que queriam jantar. 


Com quem Clarisse está falando?


Ele gritou chamando por sua filha, mas seu nervosismo não o deixou abrir a porta imediatamente. Praguejou a si mesmo por ainda não ter consertado o defeito da fechadura da porta. Finalmente abriu a porta mas não viu ninguém além de sua filha sentada na cama segurando sua mochila da escola. Ele olhou para a janela aberta e perguntou com quem a menina falava, e ela respondeu que falava com seu tio.


-Tio? Que tio, Clarisse?


-Ele deve ser seu irmão, porque se parece muito com o Sr, pai! Então ele deve ser meu tio.


-Tinha um homem aqui no seu quarto filha?


-Sim pai!


Eduardo olhou para fora e não conseguiu avistar ninguém. Voltou-se para sua filha e perguntou se realmente havia alguém com ela no quarto. E novamente a criança confirmou que sim. Seu pai perguntou como o homem era e novamente, Clarisse reforçou que se parecia com o pai, só que mais velho, com barba e cabelos grisalhos. Que o homem a abraçou bem forte e foi embora.


-Ele não falou nada pra você?


Perguntou o pai, mas após olhar para baixo por alguns segundos, a menina balançou a cabeça afirmando que não, mas o pai não acreditou muito que o homem não havia dito nada. Ele trancou a janela e chamou sua esposa para falar sobre o ocorrido. Contou para Mônica que tinha um homem no quarto da filha deles, mas sua esposa apenas comentou que poderia ser uma imaginação da menina que estava assistindo muita televisão ultimamente.


No dia seguinte, pela parte da tarde, Eduardo viu um vulto caminhar por entre as árvores. Disse a si mesmo que pegaria o desgraçado. Correu gritando com a arma na mão, e pôde ver o vulto sair detrás de um tronco de árvore e sair correndo para a floresta. Eduardo o perseguiu mata a dentro, apontando a arma e ameaçando atirar. Viu o vulto correr e entrar numa barraca e se esconder alí. Eduardo chegou perto e entrou bem devagar na velha barraca, mas sentiu um baque forte no braço. Sentindo a dor no braço não percebeu que a arma caiu longe. O vulto ajuntou a arma e apontou pra ele, Eduardo se viu agora rendido e indefeso. O estranho mandou ele sentar, não atirou, mas mantinha a arma apontada para Eduardo. Sua voz, apesar da rouquidão, soava familiar.


O estranho tirou o capuz e a máscara. E Eduardo não pode acreditar na imagem que via diante dele. Com a barba grisalha e bastante rugas no rosto, mas o estranho se parecia demais com ele mesmo.


-Era você que estava no quarto da minha filha! Era como se Eduardo visse seu pai no rosto daquele estranho, ou mesmo, fosse o próprio Eduardo mais velho. Por isso a pequena Clarisse falou que o estranho era seu tio.


O estranho se sentou numa cadeira próximo da mesa de madeira mantendo a ameaça de atirar em Eduardo. Dizendo que Eduardo precisava ouvi-lo com bastante atenção. Eduardo gritava atordoado:


-Quem é você? O que quer com minha família? Por que está cercando há dias minha casa?


O que você quer?!


Apesar das várias perguntas, o estranho nada falava, apenas olhava Eduardo nos olhos. O que Eduardo não sabia, era que o que o estranho ia lhe falar lhe deixaria mais estupefato ainda.


Como Eduardo ficava cada vez mais agitado, o estranho decidiu amarrá-lo. Após certificar o nó nas mãos de seu refém sentado na cadeira de madeira, o estranho voltou a sentar no outro lado da mesa, sempre mantendo a arma apontada para seu refém.


Então, respirando bem fundo, o estranho começou a falar:


-Eu sou você!


Eduardo não acreditou naquelas palavras, e seu rosto ficou mais atônito a cada palavra que o estranho pronunciava.


-Eu sou você mais velho! Quero dizer... Daqui a 20 anos. Você precisa acreditar em mim. Eu não sei como vim parar aqui, mas o que importa é que estou aqui. E nós temos a chance de impedir tudo!


-impedir tudo o quê? Você está louco! Vociferou o refém.


Mas o estranho continuou:


-Cale a boca e preste atenção! É nesta noite que tudo acontece. Depois desta noite, a minha vida, a sua vida irá mudar para sempre.


-Do quê você está falando? Eu não sou você! Que história é essa?


-Cale essa maldita boca ou eu vou atirar em você! Gritou em tom ameaçador, e tentando se acalmar, o estranho continuou sua história fora do comum:


-Como eu disse, não sei como vim parar aqui.


-Você está louco! Eu não sou você!


-Ah não? Então como explica essa cicatriz na barriga?


O estranho levantou a camisa e mostrou uma cicatriz de facada no flanco esquerdo do abdômen. Eduardo não acreditou no que estava vendo, mas ele também tinha uma cicatriz igual. Há anos, na adolescência, Eduardo se envolveu numa briga de futebol e foi esfaqueado por um dos que jogavam com ele. E o estranho sabia, por isso se aproximando dele, levantou sua camisa e mostrou a mesma cicatriz. Eram, realmente, idênticas. Mas Eduardo pensou:


-Qualquer um pode ter um ferimento a faca semelhante. Talvez você tenha feito isso antes de vim pra cá ficar cercando minha casa!


-Você não acredita ainda? Olhe bem pra mim! Veja meu rosto! Eu sou você daqui há 20 anos!


-Impossivel! Eu não estaria tão velho assim...


-20 anos na cadeia mostraria a você que é possível sim. Você definha silenciosamente. 


Agora escute:


-Foi aquela nova cadeira elétrica que trouxeram. E no momento que a ligaram, eu estava pensando nestes dias, nos últimos momentos que eu passei com a minha família. Nos últimos abraços que dei na minha Clarisse.


-Ela não é sua Clarisse! Que história é essa de cadeira elétrica? Elas não estão em desuso?


-Cale a boca e preste atenção! Nesta noite você vai matar sua esposa e sua filha com esta arma...


-O quê? Isso é impossível! Eu jamais faria mal algum a minha família!


-Foi o mesmo que pensei e isso ficou martelando em minha cabeça durante 20 anos. Eles me acusavam sempre da mesma coisa! E eu sempre neguei! Me perguntava em todas as audiências o porquê eu faria uma coisa dessas. Mas nunca obtive resposta. Mas hoje eu vou conseguir impedir que isso aconteça. Eles chegaram a quase me convencer do contrário, mas daí eu parti pra cima do promotor, quebrei seu nariz com uma cabeçada e eles mudaram minha sentença de 25 anos para cadeira elétrica.


-Mas o que aconteceu? Perguntou Eduardo vendo seu sequestrador bater a arma na cabeça como se quisesse organizar as coisas em sua mente através das batidas.


-Eu não consigo me lembrar de nada! Eu lembro de tudo! Da promoção no trabalho, do estranho rondando nossa casa, do passeio no parque, da noite de amor com Mônica, mas depois, só trevas! Nada! Um branco total! Entende?


Depois da cadeira elétrica, de repente eu acordei no meio da rua, não sentia meu corpo direito, estava atordoado, confuso. Eu reconheci a vizinhança de imediato, afinal, depois dela só foi paredes e grades durante duas décadas na minha vida. Corri para encontrar o endereço que eu conhecia muito bem. Chegando aqui eu entrei e percebi que tudo estava do mesmo jeito que eu me lembrava. Tudo estava no mesmo lugar. Daí eu ouvi a maçaneta da porta e fiquei com medo do novo dono da casa me ver lá dentro e chamar a polícia. Voltar pra prisão não era o que eu queria. Então eu me escondi e vi uma coisa que eu não consegui acreditar. Eu vi você entrando na casa. Em outras palavras, eu vi eu mesmo mais novo. Não pude acreditar! Meu primeiro pensamento foi de falar com você, mas fiquei com medo de estar enganado e estar tendo alucinações e você ser um estranho e acabar chamando a polícia. Eu fugi para a floresta e fiquei a espreita. Sua semelhança comigo mais novo ficou me perturbando o tempo todo. Como isso podia ser possível? Não, eu devia ter enlouquecido, mas aí, eu as vi chegando em casa.


Eduardo se lembrou do dia que chegou do trabalho e percebeu a janela aberta e um vulto se escondendo na mata no dia em que Mônica e Clarisse chegaram da casa da avó. Os vizinhos também relataram a presença de um estranho nos arredores e por isso ele decidiu comprar a arma.


O estranho continuou relatando sua incrível história: Quando eu as vi, vivas, eu chorei de emoção. Senti um desejo incontrolável de entrar na casa e abraçá-las, mas não era possível. Eu me aproximei mais um pouco e pude ouvir você contar a ela sobre a sua promoção no trabalho e ela dizendo que isso merecia uma comemoração com vinho. Foi daí que percebi que eu estava presenciando tudo outra vez. Eu me lembrava de todo os detalhes daquele momento, pois os recriei em meus pensamentos todos os dias na prisão. Aquilo era os últimos momentos de Mônica e Clarisse com vida. De alguma forma, aquela cadeira elétrica me trouxe de volta no tempo, para os dias em que eu estava pensando no momento em que o agente ligou a chave. Então, a conclusão dos meus herméticos pensamentos me trouxeram a seguinte realidade. Deus me deu uma segunda chance. Uma chance de impedir que você cometa o maior erro da sua vida. Todos aqueles anos na prisão não foi, então, um tempo perdido.


-isso é loucura! Gritou o refém já desesperado em ver que seu algoz era um louco inventando uma história impossível de acreditar. 


Eduardo pediu pra ser solto, ofereceu dinheiro para o estranho, mas isso o deixou ainda mais irritado.


-Você acha que estou fazendo isso por dinheiro? Eu quero minha vida de volta! Você não escutou nada do que eu falei?


-Você é um perturbado! Matou sua família e agora acha que pode resolver sei lá o quê me mantendo aqui preso. Você vai voltar pra prisão, seu louco!


-Eu não sou louco! Vou impedir que você mate sua família. Eu não sei como ou porque fizemos isso, mas esta noite isso não vai acontecer. Mônica e Clarisse ficarão vivas. Vivas!


O estranho olhava para o horizonte enquanto tentava imaginar como teria sido sua vida se toda essa tragédia tivesse sido evitada. Quando Eduardo começou a falar: -Se você é realmente eu mais velho. Você não vai atirar em mim. E sabe de uma coisa? Você não mudou...


O Eduardo velho estava de costas e não entendeu direito do quê seu Eu mais novo estava falando.


-... Você continua ruim em dar nós!


Quando o Eduardo velho percebeu que sempre dava nós frágeis desde criança, se virou, mas só sentiu uma dor lancinante na cabeça e apagou.


Com seu sequestrador caído e desfalecido no chão, Eduardo pegou a arma e voltou pra casa. Iria chamar a polícia e avisar que finalmente havia encontrado o estranho que cercava sua casa. Quando ligou da primeira vez na semana passada, a polícia não acreditou muito na história dele. Mas agora as autoridades iriam acreditar e mandar esse louco de volta pra cadeia. Da onde ele jamais deveria ter saído, pensou.


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Autor(a): Mauro Celso

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • Mauro Celso Postado em 03/06/2021 - 11:40:16

    Gostaram do final? Foi surpreendente ou não?


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