Fanfic: As notas de uma canção | Tema: Clichê melhores amigos
Marina
— Eu não quero reclamar nem nada desse jantar delicioso, mas alguma coisa está errada — Minha mãe e minha “tia” arregalaram os olhos com inocência.
— Você jura Marina? Nós estamos em um dos restaurantes mais caros da cidade e você acha que não tem nada de errado? — Ironizou Miguel, levando uma cotovelada na barriga — Ai, por... — Minha “tia” o encarou feio — porcaria.
— Não tem nada de errado, eu e a Nina só queríamos contar algo pra vocês no final do jantar, mas como sempre, vocês estão com pressa.
Minha mãe comentou olhando pra mim e indicando com a cabeça pra que Nina continuasse, encarei Miguel e só com o olhar ele sabia o que eu queria dizer, a notícia não deveria ser boa.
— Bom meninos, vocês sabem que nós aplicamos para o Médico Sem Fronteiras, e recebemos a resposta — Ela fez uma pausa dramática — Nós conseguimos, iremos na próxima leva.
Eu dei um grito agudo e todos no restaurante olharam pra mim, mas eu ignorei, me levantei e dei um abraço apertado nas duas, Miguel fez o mesmo. Nós estávamos com um sorriso enorme no rosto, sabíamos que era o sonho das nossas mães e elas finalmente conseguiram. Sentei na mesa, depois que o momento de euforia passou e levantei a mão para chamar o garçom, ia pedir champagne para comemorarmos.
— Uma garrafa do champagne da casa, por favor — O garçom assentiu e saiu pra buscar, me virei para as duas mulheres na minha frente, eu estava ansiosa — Então, quando vamos?
As duas hesitaram, minha mãe fez uma careta desviando o olhar e Nina franziu a testa.
— Ok, desembuchem. O que vocês não contaram para a gente? — Miguel falou indo direto ao ponto como sempre.
— Eles responderam o e-mail positivamente, filho, e comunicaram que só havia duas vagas...
— Tá bom, e...
Minha mãe olhou pra mim seriamente e eu sabia que uma bomba estava prestes a cair no meu colo, mas, não sei se felizmente ou infelizmente, o garçom chegou interrompendo a conversa e começou a abrir o champagne e encher as taças. O clima estava tenso, eu encarava a toalha tentando imaginar o que poderia ter dado errado mas nada vinha, elas tinham sido aprovadas não? E havia 2 vagas, então qual era o problema?
Agradeci ao garçom e segurei com força a taça cheia enquanto encarava a minha mãe, que evitava meu olhar, deixando Nina falar tudo.
— O problema é que são só duas vagas gerais entendem? Não duas médicas, mas duas vagas...
Senti a mão de Miguel procurando a minha e a agarrei com força, íamos ficar sozinhos ou ela iriam desistir?
— Vamos ter que ficar aqui em São Paulo? Não me digam que desistiram por conta disso, porque podemos dar um jeito, certo Marina?
Eu ia assentir mas minha mãe me cortou falando rapidamente.
— Vocês não vão ficar aqui em São Paulo sozinhos, claro, vocês vão ficar com...
Como se tivesse ouvindo a conversa, o telefone tocou e eu derrubei a taça enquanto me levantava rapidamente sem notar nada ao meu redor, somente o nome do contato escrito na ligação. Olhei pra minha mãe com raiva.
— Você não fez isso que eu estou imaginando certo? Você não ligou pra esse.... homem, foi só uma coincidência, não é mãe, me diz que é só uma coincidência... — Eu gritei desesperada, mas minha mãe só me encarou com os olhos tristes.
Miguel se levantou e me segurou pelo braço mas eu só via o nome escrito na ligação. Quanto tempo eu fiquei agarrada no passado com o telefone da minha mãe esperando esse nome aparecer na tela? Quantos aniversários eu dormi chorando por não receber nenhum tipo de atenção?
Encarei minha mãe novamente, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, olhei pra Nina procurando algum tipo de reação, algo que me dissesse que eu estava errada mas não... Era isso, minha mãe ligou pro meu pai depois de eu ter sido ignorada por 17 anos, mesmo depois de me prometer que não tentaria mais nenhum contato.
Me virei pra Miguel que ainda me segurava pelo braço, encarei seus olhos que passavam a mensagem que eu precisava pra me acalmar. Respirei fundo e me sentei na cadeira, só agora que eu fui perceber os olhares dos outros sobre mim e meu vestido encharcado de bebida.
— Filha, você precisa entender que eu não tive escolha, não temos nenhum familiar próximo e não posso deixar vocês dois sozinhos. — Ela tentou segurar minha mão mas eu me afastei.
— E sua melhor ideia foi ligar pra ele, pra ele? Mesmo depois da promessa que fez pra mim?
— Fui eu que dei a ideia e eu que liguei — Me virei pra Nina assustada — Sua mãe sabia que era a única possibilidade que tínhamos, mas disse que não podia fazer isso, então eu fiz.
— Você não tinha esse direito — Falei entre os dentes — Não tem o direito de fazer uma mudança dessa na minha vida sem minha autorização.
— Marina Petterson Ribeiro, não fale desse jeito com ela, não foi essa a educação que eu te dei.
Já ia retrucar quando Miguel apertou minha mão e me cortou.
— Será que dá pra irmos embora? Todos estão olhando pra gente, e não é aqui que devemos ter esse tipo de conversa.
Nina e minha mãe concordaram e se levantaram pra pagar a conta enquanto eu olhava pra mesa sentindo minhas lágrimas rolarem soltas. Miguel me puxou, me fazendo levantar, e me abraçou, sussurrando em seguida no meu ouvido.
— Tá tudo bem Ma, vamos dar um jeito nisso certo? Estamos juntos nessa.
Suspirei afirmando, e me apertei mais no abraço.
— Eu e você, você e eu?
— Eu e você e você e eu, sempre.
Autor(a): amrodrigues004
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