Fanfics Brasil - II - O Começo de Algo Novo Sinnoh - Além dos Mitos

Fanfic: Sinnoh - Além dos Mitos | Tema: Pokémon


Capítulo: II - O Começo de Algo Novo

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O Começo de Algo Novo


 


BARRY HENDERSON


 


A MÃE ESTAVA FURIOSA. Não havia comparação, ela simplesmente estava com uma expressão de raiva que apenas Barry conhecia. Lydia Henderson estava dando um sermão o qual Barry inadvertidamente ignorava, não era sua culpa, ele tinha o foco de atenção de um Pachirisu, às vezes seu déficit de atenção funcionava assim, as vezes funcionava como se estivesse hiperfocado, às vezes ele distraía-se facilmente, como agora.


Sua mãe dizia coisas sobre como o pai tinha abandonado a família para perseguir um sonho infantil, como se ele não soubesse disso. Ele estava presente quando viu seu pai sair pela porta de mala e cuia e deixar a família, Palmer não pisava em Twinleaf fazia sete longos anos e bem, havia razões legais para isso além dos papéis do divórcio, mas isso não proibia que o homem mandasse correspondência ou comunicasse com a ex-esposa ou o filho. Havia pilhas de cartas guardadas num armário assim como pacotes jamais abertos, alguns endereçados para Barry que recusava a querer qualquer coisa do pai, era frustrante ver que o homem que deveria ser seu modelo na vida tinha-o abandonado e agora estava em algures de Sinnoh.


Seu celular notificou, mensagens haviam chegado, eram duas de Dawn. Ele pensou se deveria olhar ou se deveria continuar prestando atenção na mãe dando-lhe um sermão. Ele bufou e encarou o teto, as vigas pareciam mais interessantes que a mãe falando e falando como se não fosse parar.


— Está me ouvindo? — perguntou a mãe, interrompendo seu monólogo — É para o seu bem, Bartholomew!


— É para o meu bem ou o seu bem? — perguntou Barry, sua mãe franziu o rosto — Você sempre vem com isso de que é para o meu bem, mas nunca me perguntou como eu me sentia, se eu queria sair em jornada por mim mesmo. Porra, eu tenho quinze anos, mãe! Logo vou fazer dezesseis e vou continuar assim debaixo da sua asa? Não dá!


— Bartholomew! — censurou a mãe — Isso é jeito de falar com sua mãe? Eu sei o que é melhor para você!


— Então se sabe por quê você não quer deixar eu ir? — perguntou ele novamente — Eu não sou o papai, eu não tô te abandonando, eu vou voltar ao fim!


— E como tem certeza disso tudo? — gritou Lydia para o filho — Seu pai não voltou!


EU NÃO SOU MEU PAI — disse Barry em alto e bom som, ele apostava que os vizinhos também tinham ouvido — Se aquele homem não tem amor à própria família é problema dele, eu quero sair em jornada porque é meu sonho, mãe, e você deveria me apoiar.


— Já para o seu quarto! — disse ela sentando no sofá e esfregando os olhos, ela estava chorando.


NÃO — disse Barry ainda ali no sofá, de braços cruzados — Eu quero que você entenda, eu não estou te abandonando, eu vou voltar, eu não sou como meu pai e eu vou te convencer disso e se você não me deixar sair numa jornada eu mesmo vou fugir de casa.


— Barry, meu bem… — ela realmente estava chorando — Você não sabe o quanto é difícil para mim, seu pai foi embora por conta de uma tolice e agora você, o que quer tanto nisso tudo?


— Conhecer o mundo, eu vivo numa cidadezinha de nada onde Arceus perdeu as Plates — disse ele, sendo honesto com a mãe — Eu vivi cá a minha vida toda, vi um monte de meninos e meninas da minha idade saírem em jornada e eu fico aqui parado, a senhora já saiu em jornada, mãe?


A mulher negou com a cabeça.


— “Garotos saem em jornada, meninas ficam em casa”, era assim que seu avô dizia — disse Lydia, as mãos trêmulas sobre o avental — Eu cresci num lar conservador, Barry, é assim que fui criada, para ficar aqui enquanto os homens exploram o mundo. Eu me casei, tive você e aí seu pai, um homem já crescido, resolveu que era hora de sair e entrar mato a dentro e eu vi você crescer sem um pai e fiquei com medo disso. É difícil para mim, Bartholomew, eu não quero ver tudo que amo ir embora.


— Eu vou voltar! Já te disse — reforçou o loiro para a mãe — Eu sempre posso te ligar, te mandar cartas e eu vou estar com Dawn e quem sabe mais amigos, eu não vou estar sozinho.


— Bartholomew, não é sobre isso… — ela tocou na mão de Barry, ela estava trêmula — Não é… Eu estimo que queira ser livre, mas estamos passando por tanta coisa que nem sei dizer.


Ele abraçou a mãe, ele sabia das noites sem dormir, de como a mãe chorava no meio da madrugada, sobre como o processo do divórcio fora complicado e de como ela teve o apoio de Johanna para passar por tudo isso.


— Você vai realmente voltar para casa, não é? — perguntou a mãe enxugando o rosto.


— Se eu não voltar eu quero que me multe — disse ele, ele e a mãe tinham começado essa brincadeira por conta de uma multa de trânsito que o pai havia levado uma vez em Jubilife e reclamado com o guarda de trânsito que o multou mais ainda, havia virado uma piada interna de mãe e filho — Um milhão.


— Um milhão — a mãe deu um breve sorriso — Talvez eu realmente deva te deixar ir, uma hora você vai ter que sair de casa, você um dia vai ter que crescer e ser adulto, ter a própria vida, namorar e acho que viver sempre aqui não vai te ajudar.


Barry sorriu de leve, a mãe estava entendendo seu ponto e ele o dela.


— Mas eu quero ligações todos os dias, mocinho — disse ela — E por Arceus, não cace brigas ou confusões, não sei como você e Dawn vão sobreviver nesse mundão, vocês compartilham um único neurônio! Não conseguem dar dois passos sem arrumar encrenca.


— Pô mãe!


— Mas eu menti, Bartholomew? — perguntou Lydia, ela estava respirando fundo, tentando se acalmar — Acho que não vou poder te prender, vocês crianças crescem rápido demais, eu só… Sabe, eu não esperava isso, mas se é o que você quer eu devo deixar você ir.


Ela então levantou-se e foi para a cozinha, ela ainda estava tentando reestruturar-se, Barry sentiu uma pontada de culpa por ter que fazer isso com sua mãe, deixá-la sozinha, mas ele queria sair em jornada e não poderia se prender à Twinleaf a vida toda, ele tinha um mundo para ver e bem, uma hora todos os Starly deixavam o ninho e era hora de Barry voar, mas ele sempre poderia voltar para a casa.


Ele suspirou e subiu para o andar de cima, ele precisava de um banho depois de rodar por horas de bicicleta e de uma tarde no lago e claro, depois de ter esbarrado com aquela estranha cientista, a Miranda. Ele pegou o celular e deslizou pela tela e viu as mensagens de Dawn e respondeu a melhor amiga que estava bem, mas decidiu não falar mais, ele precisava de um banho.


O garoto puxou a toalha do gancho no banheiro e adentrou o chuveiro e debaixo da água quente que respingava e da espuma do sabonete ele lembrava de tempos antes de toda essa situação com seu pai, quando Barry tinha oito para nove anos e ele estava escondido no armário da cozinha ouvindo o pai e a mãe discutirem.


Fora horrível para Barry ter escutado tudo aquilo, ele nunca tinha ouvido os pais brigarem antes e ver o pai bater boca com a mãe sobre querer se aventurar e viver pela primeira vez, talvez Barry tenha puxado isso do pai e não sabia. Ele suspirou e esfregou bem a cara debaixo daquela água e ficou debaixo do chuveiro pelos próximos vinte e poucos minutos e pegou a toalha e se foi para o quarto trocar-se.


Ele tinha vestido uma calça de moletom folgada e uma camisa branca e desceu para o andar debaixo onde sua mãe estava tentando fazer o jantar, ela ainda estava tensa e toda a conversa, por mais que ela tivesse permitido tudo, estava piorando tudo e ele não queria ver a mãe assim abalada por ele querer sair de casa.


— Não tá chateada, né? — perguntou ele à mãe.


— Um pouco — confessou ela — Eu sei que você quer ir e que não é seu pai, mas me dói ver que você cresceu e que quer perseguir um sonho e sair pelo mundo, mas se eu te impedisse de voar seria pior.


— Mãe…


— Os filhos crescem e saem de casa — disse ela — Acho que todo pai ou mãe acaba passando por isso e eu acho que sua hora chegaria cedo ou tarde e acho que se eu não deixasse você ir eu estaria sendo uma péssima mãe.


— Obrigado — ele abraçou a mãe.


Ela sorriu.


— Quando foi que ficou tão alto? — perguntou a mãe, Barry tinha 1,73m, ele era um pouco mais alto que os meninos da sua idade, ele mesmo se surpreendia por ser um tanto mais alto quando batia a cabeça por quê as portas em casas e prédios mais tradicionais eram baixas ou tropeçava nas próprias pernas — Você cresceu tanto e acho que só agora pude perceber. Já não posso mais te chamar de rapazinho mais, já posso até ver os fios de barba no seu queixo.


Ela sorriu e voltou-se para o fogão.


— Estou fazendo missô — disse a mãe mexendo a panela de sopa — tem arroz na panela elétrica, mais tarde iremos arrumar sua mochila juntos.


— Você está levando isso muito a sério — disse Barry separando as tigelas de cerâmica e servindo arroz para si e para a mãe.


— É o que posso fazer — disse ela — Na estrada você terá que aprender a lavar sua própria roupa e fazer sua comida e bem, vai aprender a cuidar de seus Pokémon e tudo mais.


— É, eu tô fudido, não sei fazer nada disso — disse Barry — Nem Dawn, vamos morrer de fome na sarjeta.


— E é por isso que você tem que me ligar todos os dias, imagina se fosse quando já estivesse todo adulto e morando sozinho? — indagou Lydia com as mãos na cintura — Já vejo o perrengue que Johanna sofre todos os dias, eu espero muito que não sejam só os dois na estrada, tem que ter alguém com neurônios para equilibrar.


— Mãe!


— Eu estou mentindo? — perguntou ela desligando o fogão, a sopa de missô preenchendo o ar com seus aromas, Barry ficou mudo com o que a mãe disse — Viu, eu estou certa, agora vamos jantar enquanto está quente.


Mais tarde, após o jantar, a mãe e o garoto ficaram no quarto preparando a mochila do garoto, uma bolsa carteiro de couro, e colocando tudo que seria necessário para uma jornada. Lydia havia separado peças de roupa que dariam para três ou quatro dias, além do pijama e roupas íntimas extras e pilhas para a lanterna, além de colocar o carregador e os fones de ouvido do celular. Mais itens necessaŕios haviam sido colocados na bolsa do garoto como repelente, a bomba de ar para o pneu da bicicleta, só lhe faltava uma barraca, um saco de dormir ou colchão de ar.


— Bem, não costumamos acampar muito, mas acredito que em Sandgem deve haver uma loja de camping — disse a mãe terminando de auxiliar Barry com o preparo da bolsa — Vamos fazer o seguinte, eu vou te dar dinheiro para comprar a barraca e o que precisar para acampar, entendeu?


— Okay, mãe — disse ele.


— E lembre-se, você tem que acordar cedo se quiser chegar à Sandgem cedo de manhã — continuou a mãe — Então melhor dormir cedo, entendeu, Bartholomew?


— Tá bom, mãe! — disse Barry.


E ele havia dormido, não tão cedo como a mãe queria, ele tinha ficado até tarde no celular conversando com a melhor amiga o que dificultou que acordasse cedo de manhã, mas se não fosse pela mãe ele nunca teria acordado às cinco em ponto para tomar café, escovar os dentes e se arrumar. O loiro havia vestido sua blusa listrada de mangas longas e seus jeans, assim como os sapatos e posto seu característico cachecol verde e antes de sair de casa ele deu um beijo de despedida na testa da mãe e foi de encontro à amiga que estava já em sua bicicleta.


Dawn estava usando a touca e o cachecol brancos de ontem e um casaco caban vermelho por cima da roupa, as botas rosa também destacavam-se no conjunto com as meias compridas que iam até o joelho. Ela sorriu para Barry que sorriu de volta e disse:


— Pronta, Deedee?


— Pronta é meu apelido — disse começando a pedalar — Sandgem lá vamos nós!


— Irrá! — ele empinou a bicicleta e depois seguiu pedalando a toda velocidade atrás da amiga.


Ele olhou para trás e viu sua mãe acenar ao longe ao lado da mãe de Dawn e seu Glameow. Barry não seria como seu pai, ele iria voltar para casa.



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Autor(a): koscheii

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).




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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • chander Postado em 23/02/2021 - 23:26:40

    Conclusão: Acho que é preciso tomar cuidado com a prolixia. Ser prolixo não é caracteristica, estilo ou "meu jeito". É muito melhor continuar e ter poucas palavras, do que correr o risco de ser chato. Eu achei esse prólogo, mil anos luz de superior, ao prólogo de Neo Johto. Preste atenção. Eu acho você um escritor incrível. Acho que seu calcanhar de Aquiles não é ortografia, não é roteiro, não é conteúdo, é #manejo . Se você manejar um bloco errado, você cai do precipício e se perde. Continua com essa essência, essa simplicidade, essa naturalidade. Acho que é essa a palavra. #NATURALIDADE que tudo vai correr bem e vai ficar leve. Nem senti a quantidade de palavras. Por que foi fluido. Excelente trabalho. Nem mecere Palmas e sim, Tocantins inteiro ^^

    • koscheii Postado em 27/02/2021 - 20:42:52

      Cara, eu nem sei por onde começar a te responder, foi um comentário gigantesco e dividido em quatro partes e uau, é bem chocante isso, sabe, não estou tão acostumado à plataforma, mas sabendo que tenho seu feedback aqui. Que bom que gostou do primeiro capítulo e dos personagens e da situação, quero te ver mais aqui ao longo da fanfic e dos capítulos que virão, amo como você é analítico e isso é tão importante quanto. Espero te ver nos próximos caps com esses comentários gigantescos divididos em 60 partes kk

  • chander Postado em 23/02/2021 - 23:22:25

    eNTÃO vem o bloco 3. Onde percebemos um nó. Um drama familiar e eu adorei. Mais um ponto de tensão que pode ser trabalhado a perder de vista. É muito interessante você dar 2 pontos de vistas e como duas famílias que podemos dizer que possuem a mesma cultura, mesma vida, pensam tão diferentes. É legal ver também que você quebra um pouco o velho prólogo de pokémon, nos dando uma protagonista não muito interessada, que não sofre de TDAH e "tantos fazes, como tanto fezes". Acho que isso é uma libertação. E parabéns por seguir em frente e lutar contra a maré. O barry que é bem barry, mas acho que ele é um personagem que funciona assim. Vê-lo diferente pra mim, seria uma violação ou um crime inafiançável, sabe? Me deixou curioso. Aquele gostinho de quero mais, onde você captura a atenção do leitor. E não é nada fácil, fazer isso comigo.

  • chander Postado em 23/02/2021 - 23:17:47

    E tem coisas que só precisam ser ditas uma vez e tá bom. Senão o texto fica cíclico, repetitivo e corre o risco de ficar chato. E aí, não adianta ter uma descrição linda digna de CSI, se você prolixo, a coisa perde todo tesão. POREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEMMMMMMM, eles saíram de casa *_____________________________* outra história. Outro traço. Outro touch. Outro leucro. A narração continuou incisiva e rica, mas movimentada. Ganhou mobilidade, profundidade, ritmo e alma. Os personagens se apresentaram de forma tangível, cheios de personalidade , como se eu estivesse observando a conversa de duas pessoas do mundo real. Até então, uma trama leve e até digna de sessão da tarde ( não é uma critica) de tão gostosa. Mas aí tivemos uma personagem que possivelmente deixou uma pinta de "ei! vocês me verão mais vezes". E você demonstrou que é bom de trama. Eu vejo vários "pontos de tensão" que serão trabalhados mais tarde. VOCÊ ACHA QUE ME ENGANA Ò.ó

  • chander Postado em 23/02/2021 - 23:08:00

    Hello, leucro. Chander - O incomentável no pedaço. Assumo que ler um capítulo seu, me deixou tenso, porque você tente se aprofundar no quantitativo de palavras. E eu fico muito preocupado, porque a chances de errar-se a mão e o texto acabar se tornando um brinde a prolixia ( se é que essa palavra existe) é MUITO grande. Pra começo de conversa, eu odeio Sinnoh kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk pra mim é a pior região, porém com os melhores iniciais. Acho o trio de protagonistas muito carismáticos, então, eu sempre tento dar uma chance a essas terras. O início não me empolgou. Acho que algo que você precisa rever em sua escrita são as constantes voltas que você dá. Acho que é automatico, um mal vício, que se veste de "estilo", sabe? Eu acho que a cena da faxina foi super explorada. Tudo para que ela achasse uma caixa de sapato, por consequência, um colar que deve ser importante para um plot futuro. Mas tipo, o restante? Acho que você mencionou por 4 vezes como ela estava entediada


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