Fanfic: Cartas Encontradas - Vondy | Tema: Vondy

Nos dias seguintes Dulce realmente cumpriu com sua palavra e se manteve o mais distante possível de mim, chegou a trocar os horários de suas refeições para não se sentar comigo a mesa. Por algum motivo que eu não sabia a rejeição dela estava me machucando, e muito.

- Chegou essa carta para o senhor - Disse Jonny me entregando um envelope.

- Cartas, tenho até medo delas agora - Brinquei enquanto a abria - Aí não...

- O que?

- Um baile, e ainda por cima do Marquês Herrera.

- E se não ir é considerado desrespeito, ainda mais que o senhor não fez um baile para apresentar sua esposa

- Mais um problema, saber se Dulce vai me acompanhar, do jeito que ela está me tratando acho bem difícil.

Jonny apenas me lançou um sorrisinho amarelo antes de sair. Agora me restava falar com ela e rezar para todos os deuses que ela cedesse pelo menos por uma noite.

- Oi, posso entrar? - Perguntei depois de dar duas batidas na porta de seu quarto.

Ela apenas deu de ombros, então adentrei e me sentei numa cadeira perto de sua cama.

- Sei que não quer falar comigo, mas a situação se fez necessário.

- O que é?

- Fomos convidados para um baile amanhã a noite.

- Sério? Adoro bailes - Disse sorrindo.

- Então você aceita ir?

- Mais é claro.

- Pensei que não iria querer me acompanhar.

- Querer te acompanhar eu não quero mesmo, mas não perco um baile por nada, consigo até te aturar por algumas horas.

- Acredito que deve ser uma missão muito difícil.

- É mesmo.

- Bom, então era só isso - Falei me levantando, mas ela me impediu segurando minha mão. Daquele simples toque parecia ter surgido uma corrente elétrica, nossos olhares se encontraram, suas bochechas ficaram coradas e ela rapidamente afastou suas mãos de mim.

- Perdão, queria te perguntar de quem é o baile.

- Do Marquês Alfonso Herrera.

- Ok...

Ficamos ali por alguns segundos nos encarando antes de eu a puxa-la para mim em um delicioso beijo, havia algo entre nós como um ímã, que nos atraia um para o outro, não importava se eu estava bravo com ela ou vice versa queríamos estar juntos, nos tocar.
Quando o ar nos faltou fomos obrigados a nos separar.

- A gente não devia...

- Estamos casados Dulce, peço perdão por aquele dia, mas eu estava pensando, se algo realmente aconteceu entre nós dois naquela noite não há nada de errado, somos marido e mulher.

- Eu poderia me entregar sem culpa para vossa graça de corpo e alma, mas somente quando eu tivesse certeza que você de alguma forma superou sua falecida esposa, coisa que naquela manhã ficou bem claro que não aconteceu. 

- Eu amei Érica incondicionalmente, perde-la foi muito difícil e eu não estava preparado para um novo relacionamento. Quando você apareceu na minha vida foi um choque e tanto, porque eu comecei a sentir coisas que eu pensei que jamais sentiria. Eu me senti estranho, até mesmo culpado, porque por você eu sinto inclusive uma intensidade que eu nunca havia sentindo por Érica.
Eu espero de coração que você me perdoe, eu jamais deveria ter duvidado da sua integridade.

- Foi difícil saber que vossa graça pensava exatamente igual aos outros, mas eu entendi seu lado também, essa é a nossa realidade, fomos criados assim, mulheres servem homens, mulheres não trabalham, mulheres que agem diferentes são meretrizes...

- Eu te admiro Dulce, não é qualquer um que tem a coragem que você tem. No começo foi complicado de entender e aceitar, mas depois eu vi que você não quer nada demais, você só quer liberdade e igualdade.

E então ela me abraçou, pude notar que seus olhos estavam cheios de lágrimas

- Suas palavras significam muito para mim.

- Nunca desista querida, nunca.