Fanfic: Cartas Encontradas - Vondy | Tema: Vondy

- Bom dia, quem é você mesmo? - Perguntei.

- É Paloma, seu babaca - Respondeu a loira estressada.

E os dias seguintes foram assim, eu acordava todos os dias em um quarto diferente e com uma mulher diferente ao meu lado.
Assim que chegava em casa Dulce me olhava com uma cara de decepção e tristeza, mas nunca dizia nada. Ela também estava muito diferente, as vezes eu poderia jurar que aquela não era mais a mulher que chegou aqui a algum tempo atrás, ela abandonou as roupas glamourosas dando lugar para vestidos simples e floridos, o corpete que era sempre bem apertado agora não fazia mais parte de seu visual, os cabelos agora sempre presos, e também perdeu alguns quilos, aquelas belas curvas já não existiam mais. Não que ela estivesse feia, pelo contrário ela tinha uma beleza natural que nenhuma outra mulher nesse mundo poderia superar.

- Bom dia, senhor - Disse Jonny entrando no meu escritório.

- Bom dia, como estão as coisas por aqui?

- O senhor quer saber de Dulce? - Perguntou com a sombrancelha arqueada.

Sim era exatamente isso que eu queria saber, era a mesma pergunta que eu fazia todos os dias.

- Não muito bem.

- Por que?

- Ela mal toca na comida, está fraca demais, hoje cedo desmaiou.

- Raios! - Falei esfregando minhas têmporas - Prepare um prato de comida, eu mesmo irei levá-lo e lhe farei comer nem que eu tenha que enfiar dentro da boca dela.

Jonny apenas pediu licença e saiu, logo estava com uma bandeja com frutas, suco e pães em mãos. Eu a peguei e subi até o quarto dela, ela estava sentada frente a janela  observando lá fora.

- Te trouxe uma bandeja com comida e você irá come-la - Falei autoritário.

- Deixe-a aí - Respondeu sem nem olhar para minha direção.

- Você vai pegar isso e vai comer agora.

- Eu não quero.

- Eu não perguntei se você quer, eu disse que você vai pegar essa bandeja e vai comer agora - Falei impaciente.

- Você deve me deixar ir - Falou e finalmente me olhou.

- Do que você está falando?

- Eu tenho que partir, tenho que ir embora dessa casa.

- Você é minha esposa, não posso manda-la embora - O simples pensamento de perder Dulce fazia todo meu corpo estremecer.

- Ninguém precisa saber, apenas me deixe ir.

Ela estava desolada dava para ver em seus olhos.

- As coisas não são simples assim.

- Eu estou grávida.

Érica e eu sonhavamos com o dia em que ela me daria essa notícia, ser pai sempre foi um sonho que eu pensei ter morrido junto com Érica, mas um sentimento inexplicável brotou de meu peito, e logo meus olhos estavam cheios de lágrimas.

- E como você queria ir embora, não me deixar conviver com meu filho?

- Nunca saberemos quem é o pai.

Fechei os olhos com força ao ouvir aquilo, eu havia me esquecido desse "pequeno" detalhe. Agora eu também estava com raiva, aquele Herrera maldito!
Eu me sentei na cama, estava muito abalado.

- Por isso preciso partir, você não vai amar essa criança, e eu não permitirei que ela seja maltratada.

- E se for minha? Como eu simplesmente vou viver em paz sabendo que um possível filho meu está perdido no mundo?

- E ainda tem mais, como uma criança pode crescer bem nesse lar? Onde a mãe vive chorando pelos cantos e o pai vive embriagado com uma rapariga diferente por noite?

- A culpa é minha agora? - Perguntei nervoso.

- Não estou culpando ninguém, apenas estou falando a verdade.

- Eu não quero saber, mas dessa casa você não saí. E agora que é mãe acho que deveria pensar no seu filho, pegar aquela bandeja e comer - Falei irritado e saí do quarto em seguida.

Fui direto para meu escritório e me tranquei ali para que eu pudesse chorar em paz, eu não sabia o que fazer, eu não sabia o que pensar. Será que eu conseguiria aceitar uma criança que talvez não fosse minha?