Fanfic: MALIBU: O CÉU É O LIMITE | Tema: VONDY

DULCE

Desde que nasci nunca me interessei pela área policial ou por nenhum caso que o papai chegava animado em casa contando. Na verdade, sempre odiei essa área porque o emprego do papai sempre o afastou da nossa família. A consequência está aí: o divórcio nada amigável deles dois. O papai acha que é uma paixão passageira que quando essa missão Malibu terminar, voltaremos a Burbank e voltaremos a ser o grande exemplo de família.

Três dias se passaram desde o meu incrível aniversario e o péssimo encontro com o Christopher. Estava cansada de todos aqueles jogos, como me afirmou Maxwell não é saudável ter uma relação tão conturbada. Precisava tomar uma decisão, entender tudo que vivi e achei normal nos últimos tempos. Fugir de um tiroteio, me hospitalizar por uma quase overdose deveria ter sido o meu limite. Mas perdi a cabeça.

E não sei mais em que virtudes e princípios acredito.

— Não acredito que já vai nos deixar. – disse Zoraida, dando-me um abraço apertado dentro da loja que acabei de me demitir.

McLaren descia as escadas aos risos me olhando segurando o envelope da minha demissão.

— Esse foi o menor contrato que já fiz em todos os dias. – brincou McLaren, entregando-me o envelope. — Achei que fosse mais corajosa Dulce.

Juntei as sobrancelhas inspirando fundo sem entender. E era exatamente disso que estava cansada. De não entender as coisas que me falavam, que acontecia.

— Não pensei que fosse mais uma do harém do Uckermann. – continuou McLaren que andava pela loja. — Não achei que seguiria os caprichos dele.

— O Christopher, não tem nada a ver com a minha decisão. – garanti. — Qual é a guerra entre vocês? Uma briga adolescente?

Christian gargalhou, mas logo se conteve quando McLaren o encarou e depois voltou a em encarar.

— Questão de espaço e poder, querida Dulce. Não é possível que ainda tenha entendido, tudo se tratar de poder.

Despedi-me do Christian e Zoraida, porque eles não tinham culpa nenhuma. Afinal, cada um faz as próprias escolhas. Pensei em fazer perguntas, mas não sabia como formula-las, então decidi começar a juntar todos os meus pontos. Quem saiba não chegue ao final do mapa.

Sai do Shopping e decidi começar por algum lugar. Então, fui ate o hospital onde fiquei sabendo pelo Cal que o Daxton estava internado.

— Dulce. – disse Dolores, que estava abatida sentada no sofá da sala de visitas. — O que faz aqui?

— Vim ver como o Daxton esta. – sentei ao lado de Dolores e mesmo sem ter intimidade alguma, a abracei e ela estranhamente me correspondeu. — Como ele está?

— Estável. Mas não poderá mais surfar, estou preocupada não sei como ele vai reagir com a notícia, ninguém teve coragem de contar.

Pisquei rápido com a quantidade de informação que acabei de ouvir. Não conhecia bem o Daxton, mas tudo que conhecia em relação a ele, envolvia o surf.

— O que houve? Como foi esse ataque?

— Um assalto. Malibu está em alta temporada e infelizmente Dax foi da vez. Não sabemos se ele reagiu, ou tentou defender um amigo. Ele não consegue falar, está sempre medicado.

Fomos interrompidas quando Emília entrou na sala de visitar segurando o café e paralisa ao me ver sentada ao lado de Dolores. Aquela história não me convencia, um assalto? Malibu não era uma cidade tão perigosa a esse ponto, pelo menos achava que não. Mesmo depois da morte do filho do Governador, a explicação dada pelos jornais é de que se tratou de uma briga política. Então, o Daxton não se incluía afinal, não é filho de nenhum político. Mas, era irmão do Christopher, e faz sentido que seja valente a ponto de reagir a um suposto assalto.

— Olá Dulce Maria. – cumprimentou Emília em um tom não muito amigável, sentando-se no sofá a nossa frente. E antes que pudesse responder. — O Uckermann sabe que está aqui?

— Tentei ligar para ele, mas só cai na caixa postal. – engoli seco com aquela mentira. — Achei que ele pudesse estar aqui, no nosso último encontro, ele saiu bem preocupado com o Dax.

Emília e Dolores se encararam. E aquela era a minha deixa de que tinha algo que não sabia, para variar.

E a minha deixa de que não estava sendo bem-vinda.

Sai do hospital confusa. Nunca fiz mal ou tratei mal nenhuma daquelas pessoas, Emília estava nitidamente incomodada com a minha presença. E Dolores mudou o humor ato rápido que sequer tive coragem de continuar no hospital.

Cheguei ao Octopus em busca de Christopher, já que ele não estava no hospital. Imaginei que pudesse estar aqui. Estranhei ao entrar e encontrar somente com o Cal no balcão, balcão que era dominado pela Alexia – que estranhamente não estava presente.

— Dul. – Cal disse ao me ver se aproximar do balcão. — O que faz aqui?

— Vim ver o Christopher.

Cal parecia não entender. Estava nervoso, passava o pano em cima do balcão como se quisesse enxugar, porém o local estava seco.

— Faz mais de duas semanas que o senhor Uckermann não anda por aqui.

Mesmo estranhando que Christopher tenha abandonado o seu comercio por mais de 15 dias, não consegui deixar de perceber o quanto o Cal estava nervoso. Cal virou-se de costas mexendo nas garrafas de Gin ordenando-as por ordem alfabética.

— Cal, está tudo bem?

— Sim, sim. – balançou com a cabeça, virando-se a minha frente. — Porque não estaria?

— Não me parece bem. – o segurei pelo pulso para que finalmente parasse com a inquietação me olhando. — Porque não pede um dia de folga e passamos o dia juntos? Nunca mais fizemos isso, desde que chegamos a Malibu.

— Não-Não. – disparou ligeiro e sem pausa, se soltando do meu toque. — Preciso trabalhar, não posso.

Cal estava nitidamente ocioso e saiu em direção as mesas, segurando uma bandeja e sua mão tremia muito. A última vez que vi alguém assim, foi quando a vovó Olga deixou de fumar. 

Cal estava como alguém em abstinência.