Fanfics Brasil - Capítulo Único Treze horas no outono

Fanfic: Treze horas no outono | Tema: Aluno, Colegial, Crônica Erótica, Estudante, Faculdade, Gay, Homoerótico, Homoerotismo, LGBTQ+, Prof


Capítulo: Capítulo Único

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Provavelmente essa foi a situação mais espetacularmente inimaginável que já me aconteceu. Correndo os olhos pelo painel do elevador, vendo os números se modificando até as vibrantes luzes douradas formarem um nove, o sonoro bipe mecânico ecoando pelo corredor e as portas se abrindo, suas costas deixando de ser o quadro que meus olhos admiravam e passando a integrarem, junto de tudo que ele levava consigo, apenas a memória de um afeto impronunciável.


Mas tenho por mim que o mais sensato a fazer primeiro é retomar ao começo dessas treze horas, de como minha ascensão aos céus fora em repleto ardor, e, a minha queda ao inferno, de puro prazer.


Quarta-feira, um ameno dia de outono de Junho, últimas semanas antes do inverno, daqueles onde o vento já não distingue mais sua função da de uma flauta, mas seus acordes, tão afinados quanto do instrumento, não trazem apenas o som, mas toda uma gélida sensação de precaução e cuidado, como se a situação de perigo fosse constante e real, e não subentendida e ignorada como a é nos contatos do dia a dia. Esperava em meu apartamento pelo chegar da noite, entediado, mas não menos atarefado de atribuições dispendiosas que a nenhuma delas queria dispensar meu esforço. Esquentava em uma chaleira a água para o café e observava o bolo que fizera assar no forno.


Acho que seria bom, antes de mais nada, situar, no tempo, no espaço e na história, os detalhes que trago. Esse apartamento do qual falava, era meu apartamento. Eu, um jovem homem, um rapaz ainda não certo de ser adulto, alguém que, a meses de completar seus vinte e quatro anos, conserva as utopias da juventude, mas não o ânimo e disposição dos tenros anos. Da vida, expectativas não realizadas e aquelas onde o medo já colocava o medo de não realizá-las, na prática, um estudante diluído em um mar de tantos outros, onde o ensino superior passa a ser mera etapa, e toda a empolgação da aprovação de anos atrás não disfarça mais a farsa do diploma. Engenheiro, médico, advogado, o que importa? Para mim, nada. Mas mesmo assim não era nada que fazia, estudava e gostava de falar que sim, que me dedicava a ilusões construtivas de uma arte concreta, urbana ou rural, arquitetava o discurso do quase arquiteto.


E esse eu, era um eu sozinho, estudante, em seu último semestre da graduação de arquitetura e urbanismo, abençoado por uma dádiva que a muito tornara-se trivial. Dinheiro. Dinheiro para morar sozinho, dinheiro para morar sozinho em um apartamento na área nobre da cidade, dinheiro suficiente para morar sozinho na área nobre da cidade e não ser reconhecido por ninguém, não ser taxado ou enxergado por ele, a ponto de se encontrar, pelos corredores da faculdade, ou de qualquer lugar, como apenas mais um, que logo que saia, não fará falta sua subtração.


Mas é importante destacar esse apartamento, e esse morar sozinho. Era uma espécie de vida órfã, a qual não cabe explicar os porquês, mas apenas ressaltar que não menos impregnada de possibilidades que se conformavam com o mero desejo, tão simples que o querer se tornava ter sem nenhuma dificuldade. E assim pude morar sozinho nesse apartamento, amplo, rústico ou moderno, tanto faz, mas com escadas e tantos quartos quanto um castelo, espaços abertos para a imaginação que o pudesse decorar, onde cada personalidade podia enfeitá-los de um modo ímpar.


Combinava elementos destoantes, que ao passo que comportava chamas aprisionadas em uma lareira na sala com largos e profundos sofás rebaixados ao piso, ondulava os sons do mar por uma longa piscina de cobertura, uma espécie de quintal a céu aberto, no último andar de um prédio de nove andares, escondida no concreto, mas abrindo um cenário inimaginável na sólida construção voltada aos céus.


Nesse cenário de espaços amplos, conceitos indistintos e uma única voz, era de se ressaltar que a solidão que o cercava não era de vida, não, haviam múltiplas, orgânicas, respirando, plantas e animalescas, nessas, não apenas a minha, mas uma criatura de quatro patas vinda da ponta do pacífico com orelhas pontiagudas e rabo enrolado, pelos em tom de neve e fogo, que me dividia a companhia, mas apenas telepática, pois nossas conversas eram muito mais íntimas que as que a voz pudesse expressar.


E assim, esperando um bolo assar no forno e passando a água quente do café no filtro que coava o pó, aguardava o fim do dia sem qualquer expectativa. Até que o chamar incessante de um celular tocando atraiu minha atenção em sua  busca, antes que parasse de tocar e eu perdesse sua localização.


Não era de toda uma surpresa, mas também não era esperada. Uma ligação dessas, ao fim da tarde, quatro e meia marcava o relógio, não esperava, e não queria, que a esse horário me viessem obrigações maiores do que as que eu relegava.


- Alô? – Respondi após breves segundos de silêncio.


- Aurélio, oi! Tudo bem?


- Professor, tudo bem sim. E com o senhor? – O meu desânimo era tão bem mascarado em cortesia e educação, que eu mesmo me encantava em como era atencioso em todos meus contatos.


- Tudo ótimo! Aurélio, seguinte, analisei o conteúdo que você me enviou do seu projeto, gostaria de saber de você se podemos nos encontrar para conversarmos alguns pontos sobre.


- Claro, professor! Podemos sim. O senhor prefere como?


- Eu estou saindo de uma reunião no centro de convenções da cidade, acho que ficaria meio fora de mão se nos encontrássemos no prédio da faculdade. Será que conseguimos em algum lugar aqui por perto? Um café, talvez.


- Podemos, mas o senhor ainda está no centro de convenções? Que se estiver, está bem perto de onde moro, se o senhor quiser vir até aqui, podemos fazer essa reunião aqui em casa. Se não se importar.


- Bom, eu não me importo, se estiver tranquilo para você, posso sim. Então me mande o endereço por mensagem, que eu só vou abastecer e sigo para sua casa.


- Combinado, professor! Vou encaminhar ao senhor a localização, mas qualquer coisa pode me ligar que eu oriento o senhor, é um prédio escondido, mas não é difícil de chegar não.


Eu conseguia me espantar comigo mesmo, tudo que não queria naquele momento era ter qualquer responsabilidade, mas eis que então estava convidando meu orientador para ir até meu apartamento para conversarmos sobre meu projeto de conclusão de curso, que certamente ele estava muito mais empolgado que eu.


Acho que a educação dele, e o fato de ter sido quem me socorreu para que eu pudesse formar, contavam muito para minha disposição para com ele. Ainda, o fato de ser um professor doutorando, ter a idade mais próxima da minha, e não um dos centenários históricos que lecionavam na faculdade desde os primórdios, ajudavam na relação de orientador e orientando que tínhamos.


Endereço enviado, deixei o porteiro avisado e pedi que informasse ao vigia do estacionamento que um homem chamado Guilherme estacionaria em uma de minhas vagas, e que após isso, subiria até meu apartamento, para que liberassem sua entrada.


Não sei porque, mas perdi completamente o apetite. Terminei de passar o café e retirei o bolo do forno, finalizei-o com a cobertura e o deixei descansando guardado na boleira, mas sequer passei a colher com calda na boca para experimentar. A vontade de comer sumira.


Cinco em ponto e recebo o telefonema da portaria me informando que ele estava subindo pelo elevador. Só então percebi que estava de pijamas, e nem ao menos sei desde quando, pois tinha certeza que tinha trocado de roupa quando levantei. Era um conjunto de seda, um azul petróleo fosco, solto no corpo, com botões pretos na camisa, mangas compridas e a calça voando em minhas pernas com todo aquele excesso de pano. Ainda estava coberto com o robe por cima, completamente do lar, um robe também de seda, alguns centímetros maior ainda que eu, cobrindo-me por inteiro, um tom tão claro que chegava próximo ao branco, mas não o era, o brilho da seda o clareava ainda mais. E para completar, pantufas e meus óculos dourados completamente arredondados, com uma armação tão fina que as lentes pareciam encaixar em meu rosto.


Não daria tempo de trocar de roupa, e estava completamente limpo, tomava um dos meus banhos diários havia poucas horas, não me deixei influenciar pelo impulso ansioso de correr para me trocar. Fiquei o esperando à porta, e tão logo o elevador se abriu, acenei com os olhos o convidando para dentro.


Creio que ele não ficou surpreso de me ver em tais trajes, mas igualmente não era o que esperava, e ainda, a sua reação ao ver a pequena sapateira ao hall de entrada, logo após passar por uma porta pivotante de madeira de pouco mais de quatro metros, e ver que ali o esperava tirar os sapatos e calçar uma das pantufas, também não seria nada que pudesse ser chamada de usual.


- Foi tranquilo achar o endereço, professor?


- Olha. – Deu ele sua típica risadinha camarada. – Não foi difícil, mas fácil não foi não.


- O importante é que chegou, então. – Retribui a risada animada.


Olhar para ele era um misto de sensações que me embriagavam a compreensão. Não era velho, se tivesse chegado aos seus vinte e nove era muito, mas não passava o ar de colega de classe, acho que por o enxergar enquanto professor, alguém em autoridade e hierarquia superiores a mim, envolvia-se de uma certa aura que alguns homens ao se aproximarem de seus quarenta atingem. Seu rosto ainda era de rapaz, encurvado e arredondado, mas a barba que deixara crescer para trazer um ar formal mais sóbrio não o fazia parecer tão entregue à juventude assim, apesar de apenas reforçar ainda mais a pouca idade em se tratando de um professor doutorando.


Os cabelos e os olhos negros eram chamativos, aqueles, aparados, mas bagunçadamente penteados, e este, resplandecentes, como se fossem lentes, o traziam uma moldura intrigante. O rosto era delineado, mas não em traços reforçados, linhas definidas na maçã do rosto ou qualquer coisa do tipo, era um pouco afofado, mas não excessivamente avolumado. Ainda, o nariz, minimamente chamativo, mas não despercebido, o davam todo o toque do comum em uma beleza chamativa que faziam os olhos acompanharem.


Maya então resolveu vir cumprimentá-lo, ele ficou admirado com a aproximação meiga e amigável dela com um desconhecido que chegava. Colocou-se logo a cheirá-lo e, após, deitou no chão pedindo por um afago em sua barriga.


- Uma akita? – Indagou-me. Respondi que sim com a cabeça, mas tão logo ele se levantou do carinho que fazia nela deitada no chão, ela se pôs a correr por entre os cômodos e corredores e se isolou novamente. Ele então, com a pantufa calçada e colocando seu blazer sobre o gancho do cabideiro do hall de entrada, pareceu mais calmo do que a turbidez vermelha em seu rosto apontava.


Pouco antes dele chegar, havia desistido de tomar meu café, mas uma vontade por uma taça de vinho me tomara o paladar. Peguei-a sobre a mesa de apoio que a coloquei e o chamei para me acompanhar até a sala de estar, perguntei se ele aceitava algo para beber, e, vendo eu segurar a minha taça, disse que não rejeitaria um pouco de vinho. Enquanto o servia, percebi que ele reparava o apartamento um tanto quanto incrédulo, não se associando ao local, ou melhor, não me associando àquele espaço.


- Eu não imaginava que você morava em um apartamento tão... tão...


- Tão...? – Instiguei-o.


- Acho que me falta até o adjetivo. Mas tão... bem situado, acho que essa a ideia.


- Dinheiro. O senhor não achou que eu teria, digamos, tanto.


- Nunca pensei no quanto teria, não consigo dizer só por olhar o seu apartamento. Mas sim, não imaginei que fosse um dos alunos extremamente abastados da faculdade, ao menos, não é a imagem que você faz questão de demonstrar. Creio que até já o vi pegando ônibus no campus, acho que o julguei por isso. Mas eu não quis ser sem educação de forma alguma, Aurélio. Peço perdão se fui inconveniente.


- Não diga isso, professor. O senhor não seria sem educação nem se quisesse. Pode ficar tranquilo que não vejo nada demais em falar sobre coisa alguma, pode ter isso bem claro em sua mente. – Entreguei então a taça de vinho para ele e o convidei a se acomodar no sofá.


- E um gosto um tanto quanto acentuado para detalhes, não? O sofá rebaixado, o piso em pedra lisa, bloco único, tenho certeza que seus colegas da arquitetura devem usar seu apartamento de inspiração para muitas ideias. Foram escolhas suas ou dos seus pais?


- Meus pais? – Ri um pouco o questionando. – Não, professor, foram minhas. Moro sozinho.


- Sozinho? – Seu ar estava mais questionador ainda, acho que em momento algum, naquela sequência de situações inesperadas, essa pudesse ser, sequer, combinada com o ritmo que ele se impactava com o imprevisível.


- Sim, sim. Desde que comecei a faculdade. Longa história, mas minha família não é daqui, e nem de perto. Em um determinado momento, pareceu certo, para mim, ter esse apartamento.


Ele não entendeu a fundo tudo que tinha dito, mas, por ter conseguido compreender a ideia, ou apenas por não querer se manter em uma posição de indagações, preferiu apenas acenar com o rosto e seguir a outro foco.


- Certo, Aurélio! Pois bem, passamos ao trabalho?


- O que posso fazer se o dever me chama? – Sorri em um sorriso levemente tomado pelo álcool. Busquei meu laptop e começamos a conversar sobre o projeto.


Ele era um homem comunicativo, de palavras certas, mas não tão sérias, ou cômicas demais, uma perfeita mistura de alguém que ainda se aproximava dos anos de estudante, mas que já se afeiçoava ao ritmo adulto de uma vida de trabalho, responsabilidades para com terceiros e obrigações não tão hipotéticas como no âmbito acadêmico.


Passamos pouco mais de uma hora revisando dados. Apesar de ser um projeto de conclusão para o curso de Arquitetura e Urbanismo, e Guilherme ser professor do curso, ele era formado em Engenharia Civil, voltava-se completamente à áreas matemáticas de concretização e estabilidade das obras, e dava disciplinas todas voltadas a cálculos e estudo de plantas. Enquanto a maioria dos alunos tinha verdadeiro horror a essas matérias, me sentia um tanto quanto atraído à filosofia matemática de meus projetos, tanto que tinha chamado ele para ser meu orientador.


E de fato ele não tinha a forma da arquitetura, mas sua alma habitava, em muito, as conversas temáticas da arquitetura e do urbanismo, bem mais que da engenharia. Analisava detidamente todos os cálculos que tinha feito, ao mesmo tempo que se admirava com os elementos estilísticos que eu tinha abordado em meu projeto. Soltava comentários que não sabia se eram elogios para mim, ou impressões maravilhadas com o resultado do que estávamos fazendo.


Perto das seis e meia da noite, estávamos longe de acabar, mas acho que ele já estava um tanto quanto cansado, e acabamos parando um pouco. Creio que ele queria continuar para não me desapontar, mas eu não seria capaz de exigir nada dele naquele momento, eu mesmo já estava exausto de olhar tantos detalhes, recalcular fórmulas e equações, conferir informações do projeto. Tínhamos acabado com a garrafa de vinho, e o álcool parecia não ter nos dado nada além de sono, nem ao menos a menor embriaguez pareceu ter apontado em nenhum de nós dois.


- Professor, acho que o senhor quer chamar o fim por hoje, não?


- Perdão, Aurélio, eu me comprometi a revisarmos o projeto inteiro hoje, mas tive tantos problemas profissionais, alguns até pessoais, para resolver, que estou um pouco exausto. Mas acho que se pararmos apenas por uns instantes, podemos tentar continuar. – Ele era cortês demais para dizer que não aguentava mais e encerrar.


- Até parece, nada disso. Vamos encerrar por hoje, o senhor não precisa se preocupar em revisarmos tudo agora.


Ele olhou para mim com a feição de quem quer saber se estou certo do que digo, mas expressava em seus olhos a gratidão por compreender seu cansaço.


- Acho então que vou indo, queria dormir, mas ainda preciso resolver algumas coisas. Se eu conseguir terminar logo, durmo mais cedo e amanhã podemos continuar.


- O senhor não quer comer algo antes? Deve estar com fome, não comeu nada. Eu preparo um lanche para o senhor antes de ir, é o mínimo que posso fazer pela atenção que tem tido comigo. – A figura do bom anfitrião era uma ambição pessoal minha, e eu não resistia a me colocar em uma posição extremamente convidativa perto dele, acho que pela educação e disposição que ele sempre teve comigo, mas, talvez, apenas por gostar da sensação de proximidade entre nós dois.


- Eu não quero lhe dar trabalho, Aurélio.


- Trabalho algum, professor! Eu fiz um bolo hoje à tarde, passei um café antes do senhor chegar, mas o tempo está tão frio, que posso preparar um cappuccino para nós e alguns petiscos.


- Então eu não vou recusar, porque realmente minha barriga está um pouco vazia. – O álcool nos atingiu quando nos pusemos a levantar do sofá. Ambos rimos como duas crianças, mas entre os sorriso convergentes, uma sensação estranha em nossos olhares, ou, melhor, na forma como reparei o olhar afetuoso dele, me deixou desconectado da realidade ao meu redor.


Fomos até a cozinha, e percebi que, pelo caminho, ele estava atento a todos os detalhes do apartamento. Os cômodos amplos que se interconectavam abertamente, os corredores que cruzavam em paisagismos e esculturas os grandes eixos daquele andar. Cada pintura, cada móvel, a pressão do pincel na parede e a tinta fixada, tudo era motivo de destaque a seus olhos.


- Acho que, antes de comermos algo, vou mostrar ao senhor o restante do apartamento. Se o senhor quiser, claro. – Não quis justificar para ele o porquê, não queria que se incomodasse com o fato de ter percebido ele reparando nos detalhes da decoração, como também não queria passar a imagem da pessoa que justifica humildade dizendo que não o faz para se autopromover. Apenas o convidei e deixei que ele tirasse quaisquer conclusões, ou nenhuma, da forma que achasse cabível.


- Eu adoraria. – Consentiu ele com o jovial e desportivo sorriso no rosto.


Caminhamos, então, da cozinha para a sala de jantar. Como aquele primeiro eixo do arquitetura do primeiro andar era todo aberto, dali podíamos ver o panorama da sala de estar, da sala de jantar à frente da cozinha onde estávamos, da varanda lateral e do paredão de vidro que a separava do interior do apartamento, do corredor ao fundo que levava ao outro eixo do primeiro andar e do saguão após a recepção do hall de entrada.


Ele observava bem a tudo. Algumas coisas me perguntava, de onde era tal estátua, quem tinha pintado aquela pintura, como eu tinha conseguido achar uma tapeçaria tão bem feita para ocupar a parede oposta à parede de vidro da varanda. Outras coisas, ele apenas analisava calado, e acho que em suas ideias, procurava as respostas que precisasse.


Seguimos para o lado oposto, onde ficava uma outra sala, com estantes repletas de livros e artefatos de viagens, um jardim de inverno ao centro e uma pequena fonte diagramada em múltiplas quedas de água na parede que, desse lado, fazia oposição à varanda externa, igualmente acompanhada pela parede de vidro, similar ao lado esquerdo de onde vínhamos. Já com mais corredores e paredes em oposição à sala aberta, ele se admirou com a adega que se vinculava perpendicularmente ao corredor para a cozinha, cortando ambos os eixos. Fiz questão de levar a ele alguns vinhos e licores para que degustasse, e as expressões que fazia para cada sabor demonstravam claramente que algo de jovem impetuoso ainda estava presente por debaixo dos trajes formais e da barba aparada.


Ainda no primeiro andar, Maya passou e fugiu de nós algumas vezes. Levei Guilherme pela dispensa, área de serviço, e de volta a cozinha. Seguimos então pelas escadas, mas, subindo os degraus, talvez alguns efeitos ébrios já se faziam presentes, ele tentou se apoiar sobre o corrimão para não perder o compasse pelas quebras de direção da escada, e, aquele zigue-zague de viradas quadriculadas entre os lances talvez tenha dificultado ainda mais a tarefa.


No segundo andar, mostrei para ele a área externa, onde existia o jardim da cobertura acoplado da enorme piscina, que ocupava quase um quarto da área construída no espaço externo. Ele se admirou com a disposição de um verdadeiro quintal de fundos de uma casa no campo em pleno prédio de nove andares na capital. Ainda, a churrasqueira e a cozinha externa o chamaram a atenção, talvez, pelo estado de conservação que denunciavam o quanto eu raramente usava aquele espaço. O céu estava extremamente escuro, mas ainda era possível ver o contraste com os últimos raios de sol a sumirem no horizonte, e o sereno que se formava deixava o ambiente ainda mais distópico do que se esperava de um jardim externo com piscina e área de churrasco.


Seguimos de volta ao interior climatizado e o mostrei uma terceira sala de estar, com grandes sofás e uma estante de jogos de videogame para serem jogados na enorme televisão que ocupava o centro da parede. Ele tinha em si um lado nerd que ficou fascinado com tantos jogos e videogames, viu vários títulos nos cd’s, reconhecendo muitos e falando de quando tinha tempo para jogar em plataformas antigas de sua adolescência. Foi um pouco difícil seguir dali, mas logo que chegamos ao espaço arejado da sauna e hidromassagem, ele ficou completamente estático.


- Você tem várias espécies de retiro de férias em sua casa. Um hotel cinco estrelas, um spa, um recanto ao ar livre, até uma ida ao cinema. Eu estou sem palavras, Aurélio.


- Bom, professor, a estrutura do apartamento é a mesma de quando foi construído, a decoração e alguns detalhes que eu fui modificando ao longo dos anos, mais nesse andar. – Ele ficou abismado com o tamanho da hidromassagem, era um conceito de ofurô revisitado, elevado no piso de granito, com uma mini escada ao redor, cabia umas doze pessoas tranquilamente. Abaixou-se ao começo do granito elevado para observar de perto a estrutura e, subindo os degraus, ficou parado boquiaberto com a profundidade.


- No banheiro do meu quarto tem outra, mas lá não é elevada, na verdade, o banheiro é em dois ambientes, a banheira está em um mini segundo andar do banheiro, mas ela mesmo está rebaixada no piso.


- Não? Sério? Em um apartamento?


- Uhum. O senhor quer ver?


Eu sequer precisei terminar a frase e ele já estava ao meu lado, se soubesse a direção, teria ido sozinho. Em minha cabeça, me questionava mais se ele estava encantado com a decoração ou com a estrutura construída, e, ao olhar para ele, seus olhos me respondiam que com ambos.


Acho que por um momento, ele esqueceu que íamos ver a banheira, pois assim que abri a porta do quarto, ele ficou completamente espantado com o que viu.


- Que tamanho de cama é esse, Aurélio?


- Ahh, a cama. – Ri sem nem perceber. – Bom, é importada, aqui é difícil de achar desse tamanho, e mesmo assim foi feita por encomenda. Não sei qual seria o nome certo, mas fora é tamanho alaska king, acho que são 3 por 3.


- 3 metros por 3 metros?


- Mais ou menos isso.


- Impossível!


- Mas é! – Continuei rindo. Ele se aproximou e mediu com o olhar, incrédulo de eu ter dito a verdade. – Como é possível? E como uma cama tão grande pode combinar tão bem com essa decoração vitoriana em um quarto tão modernamente estruturado?


- A magia do design, professor. – Dei a ele o tempo que precisou para analisar tudo. Estantes, armários, escrivaninhas, se aproximando de tudo que via. O quarto realmente ocupava cerca de um terço do segundo andar, e ainda tinha anexado a ele, à esquerda, o closet, e, à direita, o banheiro.


- O senhor não queria ver a banheira da suíte? É aqui. – Abri para ele a porta do banheiro, mas fiquei o vendo admirar tudo da porta mesmo. Sua expressão era extremamente séria ao ver o banheiro dividido em dois ambientes, tendo seu próprio segundo andar para a banheira, completamente decorado por plantas. Não uma pequena selva, mas sim um ambiente cristalino energizado em tons apaziguantes para o sol que o tomava pelas claraboias no teto durante o dia.


- Aurélio, eu... não tenho palavras!


- Deixe disso, professor! – Continuei rindo com a expressão fantasiosa em sua face.


- De verdade, eu jamais podia imaginar que você fosse uma daquelas pessoas que tem um verdadeiro tesouro arquitetônico. Eu morando em um apartamento desses jamais ia querer sair, não há motivos na vida fora daqui para o tirar de dentro de casa.


Retornei para o quarto e me assentei sobre a cama. Ele, vagarosamente, ainda a atentar-se a tudo, vinha em minha direção tomado por pensamentos e sensações que eu não era nem capaz de tentar adivinhar. Quando se aproximou mais de mim, viu algo sobre a mesa de canto na diagonal do quarto que o chamou a atenção. Dirigiu-se até lá e, parado de costas para mim, vi suas mãos tomarem algo para perto de si.


- Isso aqui é uma peça de colecionador ou o álcool já está me tomando o discernimento? – Questionou-me, ou ao vento, mas não consegui ver o que ele tinha em mãos, e confesso que eu também já me sentia leve, e cada vez mais afastado de meu discernimento habitual pelos vinhos e licores que tomamos.


Com muito cuidado me levantei, tive que parar de pé por alguns minutos antes de me dirigir até ele, e, por suaves passadas, caminhei em sua direção. Antes de me aproximar completamente, reparei na figura dele parado de costas para mim. Parecia ser o álcool, mas algo em mim efervescia e me deixava a enrijecer a musculatura de uma forma estranhamento duvidosa. Sentia um pulsar que não me direcionava, mas me deixava confuso. Ele estava ali, de costas para mim, vestido com sua camisa social branca, a calça preta do conjunto do blazer sobreposta à camisa, um cinto de couro preto demarcando sua cintura, mas sem qualquer pressão, pois sequer o era necessário, seu colo daria conta de segurar a calça sem deixar caí-la. Percebi então que nada estava folgado, mas o tecido também não o comprimia, apenas era possível ver a leve pressão sobre a elasticidade do pano que sua pele exercia. Ombros, bíceps, antebraço, coxas, quadris, tudo definidamente colocado em um cenário que os harmonizava de uma forma que não era possível não reparar.


Não fui capaz de precisar a distância exata que nos distanciava, e acho que me aproximei mais do que achei que tinha me aproximado. Percebi então que ele segurava uma robusta ampulheta em suas mãos, alongando os firmes dedos sobre ela. Comecei a mencionar sobre ela, mas antes mesmo que pudesse terminar de dizer do que se tratava, o ar que saía em minha respiração tomou-lhe o pescoço e o fez virar parte do torso abruptamente para mim.


- Professor, perdão, eu... – Não queria ter o assustado, mas não fui capaz de dizer mais nenhuma palavra. Não o vi dizendo nada também. Seus olhos encararam-me e, como o encanto da górgona enfeitiçada, petrificaram-me por completo, estava incapaz de mexer a menor extensão do meu corpo. Estávamos extremamente próximos, não, estávamos colados um ao outro, com apenas aquela ampulheta segurada entre nós nos separando.


Percebi então detalhadamente os traços em seu rosto. A forma espantada, mas não tomada de medo ou susto que seus olhos me fixavam. Os lábios sobressaindo sobre a barba cuidadosamente cortada, chamavam atenção pela dimensão que tomavam em seu rosto, milimetricamente proporcionada com a estrutura completa. Fortes, vívidos, úmidos, pareciam uma fruta suculenta, daquelas onde o néctar percorre do interior para a boca e, a leve acidez faz a língua enrijecer e bravejar-se a tomar mais.


Era extremamente belo, mas uma beleza comum que de ordinária não tinha nada. Não destacava-se pela beleza sobre-humana, pois não a tinha. Mas as formas comuns de seus traços e como elas se encaixavam perfeitamente em seu todo o tornavam visivelmente admirável. E, mais que isso, desejável.


A respiração então que ofegava, tomou-se em calmaria. Não respirava mais sobre o ar do espaço, mas sobre seu rosto. Tomado em seus lábios, não era mais capaz de entender como sua boca apoiava-se sobre a minha e puxava, sedentamente de mim, a vontade de beijá-lo. Cada vez mais intensamente. Não entendi se eu que tinha o beijado, mas achava que sim, e quando dei por mim, afastei-me curtamente dele, temendo pela reação.


Novamente o silêncio oprimiu nossos olhares. Quando pensei que seria repelido, atrai então, novamente, a força bruta de seus lábios sobre os meus, abrindo-os em sua boca e sendo tomado completamente pela umidade de seus beijos, buscando em nossas línguas, a conexão tensa do desejo e da vontade estourados sem qualquer limite.


Escorei-me sobre ele e ele se apoiou na mesa atrás, onde largou a ampulheta sobre e trouxe suas mãos ao meu corpo. Senti seu toque percorrer minhas costas, apertando em pegadas firmes minha pele, amarrotando em seus dedos a seda fina do meu robe e o puxando para baixo. Quando ele foi ao chão, suas mãos se voltaram então ao meu pescoço e, afastando-me de seus lábios, seguraram meu rosto para que seus olhos me tomassem por completo. Subjugavam-me ao ímpeto de seus impulsos, onde não consegui enxergar qualquer racionalidade, mas apenas uma chama que queimava nele qualquer sentido.


Trouxe então seus lábios ao meu pescoço, percorreu-o deixando uma trilha molhada de sensações erógenas que esquentavam-me em partes inusitadas, ao passo que minha barriga gelava completamente. Senti enrijecer-me entre suas pernas que se cruzavam com as minhas, esfregando suas coxas em minha virilha e aumentando a sensibilidade de tudo que sentia. Ele então começou a empurrar seu corpo contra o meu. Aos primeiros passos, tentei empregar alguma resistência, mas tão logo cedi e deixei que me forçasse até a cama, jogando me sobre ela. Vi então a figura de um homem tomado por um puro impulso de carnalidade, observando-me como se fosse a caça acuada a espera de ser atacada.


Abriu, então, os primeiros botões de sua camisa e deitou-se sobre mim, voltando seus lábios aos meus e suas mãos apertando as minhas sobre o colchão. Seu corpo pressionado sobre o meu estimulava o contato e o pulsar de satisfação por toda minha pele. Parecia que estava prestes a ser tomado por uma monstruosa força, a qual não resistiria e acabaria sendo levado em sua pura vontade. Suas mãos então passaram a percorrer meu braço, subindo a manga de meu pijama até chegarem em meu peito, parando sobre os botões da camisa, apoiando-as, ambas, paralelas e com as palmas viradas sobre mim.


Não resisti então a apoiar minhas mãos sobre suas costas, no que me propus a sentar sobre seu colo e ele acabou me puxando por cima para que apoiasse meu rosto superior ao seu, olhando lentamente em meus braços, passando meus lábios levemente sobre os seus, tocando-os superficialmente enquanto ele tentava morde-los e mantê-los juntos aos seus. Insistentemente, a medida que tentavam me trazer, fui cedendo e parando minha boca sobre a sua, sentindo sua língua domando a minha e me trazendo mais e mais para perto dele.


Sob mim, seu colo enrijecia e sua musculatura se contraía, sua virilha se ajustava para me acomodar melhor em seu colo, e minhas pernas, naturalmente, se abriam sobre seu abdômen para melhor me ajustar sobre ele. Acabamos por cair deitados novamente no colchão, mas desse vez, o tendo sob mim, fui eu quem deu por segurar suas mãos juntas sobre sua cabeça, esticadas pelo colchão e aprisionadas em meu punho. Ele me encarou como alguém que espera uma atitude atrevida e pronta para surpreendê-lo, e, tentando não desapontá-lo, segui por escorar-me para trás sobre sua pelve e agachar meu torso em seu peitoral. Fui então caminhando de sua boca até seu pescoço, marcando sua pele com meus lábios molhados, deixando o rastro úmido de puro êxtase pelo caminho, até chegar à base de seu pescoço, onde a camisa social já estava com os dois primeiros botões desabotoados.


Abaixei meu queixo então até o topo de seu peitoral, mergulhando meu rosto dentro da abertura da camisa e sentindo o intenso cheiro que seu corpo exalava. Um perfume forte, misturado com o suor e o aroma de sua excitação, formando um cheiro cativante e excitante que me instigava a inspirá-lo mais e mais. Sua pele macia, continha poucos pelos esparsos ao topo do tórax, e lambendo bruscamente até o botão da camisa, passei a minha mão solta pelo começo de sua coxa esquerda e percebi ele se contorcer embaixo de mim.


Voltei meu rosto ao ar e o vi me olhando cativante, deliciosamente ansioso pelo meu próximo movimento, quando então sorri e voltei meus lábios para a pele já molhada, pondo minha boca no topo do seu peitoral. Abocanhei o botão ainda abotoado de sua camisa e comecei a desabotoá-lo com meus lábios. Supreendentemente, consegui com certa facilidade, ao que procedi pelos próximos dois botões, até trazer minha mão que repousava sobre a virilha dele para me ajudar a desabotoar os restantes, puxando o final da camisa para fora da calça e o despindo dela completamente até o antebraço, quando então finalmente soltei seus braços da prisão que os mantinha em minha outra mão.


Ele não quis bancar o prisioneiro reeducado e logo se pôs a me virar para debaixo dele, rolando sobre mim no colchão até me ter dominado sob sua pose de guerreiro espartano, invicto em suas investidas em território inimigo. Foi sua vez então de me despir, mas não teve a mesma paciência que eu, e pôs logo a puxar minha camisa com força, soltando todos os botões de uma vez só, me puxando, após esse voraz gesto, para montar novamente em seu colo, me carregando enquanto se agachava no colchão, segurando-me completamente em seus braços.


Senti suas mãos apertando minhas costas intensamente, ao passo que suas pernas me empurravam para mais alto em seu colo, movendo-nos, juntos, até a beirada da cama, aonde ele me assentou em seu colo e encarou-me sem qualquer receio.


Reclinei seu torso para trás com minhas mãos, deitando-o sobre o colchão e me inclinando novamente sobre seu peitoral despido, passando minhas mãos a cada lado, afundando meu rosto em seu braço esquerdo, caminhando meus lábios até sua axila, cheirando-a profundamente, trazendo toda aquela pele excitada aos meus beijos, não me importando de molhar seus pelos com minha saliva, percebendo a mistura dos sabores de seu suor perfumado com o gosto metálico do desodorante que usava. Detive-me ali por alguns minutos, operando com minha boca e meu nariz em seu ombro, bíceps e axila, enquanto minha mão direita apertava sua mão esquerda em si e minha mão direita descia até sua calça, desatando seu cinto e tentando a desabotoar.


Assim que consegui, caminhei meu rosto por sua pele, passando diagonalmente de sua costela esquerda até o centro de sua barriga. Ele tinha mencionado em alguma conversa nossa que fazia alguma arte marcial, e algumas vezes já o mandei mensagens que ele respondeu quando estava na academia. Seu corpo era forte, seus músculos tinham forma elevada e definiam-se rusticamente em todo seu corpo. Seu peitoral era extremamente belo, e, descendo pela linha central de sua barriga, as marcas do abdômen definido não eram apenas visíveis, mas igualmente perceptíveis. Busquei me seguir por esses músculos, percebendo sua pele lisa, sem qualquer pelo nessa região, descendo até seu umbigo, onde já não conseguia mais controlar a quantidade de saliva que produzia.


Beijei-o tantas vezes que, quando retornei a descer meu rosto, tinha deixado boa parte da pele de sua barriga vermelha. Cheguei então perto da entrada de sua virilha, onde alguns pelos já marcavam presença. Ainda não havia abaixado sua calça, apesar de já ter conseguido remover o cinto, desabotoá-la e abrir o zíper. Parei meu rosto ali e o envolvi, pelas laterais de seu abdômen, com meus braços. Não resisti a não cheirá-lo através do tecido leve da calça, e, instantaneamente, percebi que beijava o músculo cavernoso de seu membro, que já marcava fortemente do centro de sua pelve, diagonalmente, até o osso da esquina de seu colo.


Sentia-o pulsar embaixo da calça e sob os meus lábios, como um animal pego em uma armadilha que urge por ser solto. Sentia seu extasiante cheiro, completamente atrativo ao meu olfato, impelindo-me a tirá-lo rapidamente, mas igualmente me fazendo querer tentá-lo mais antes de o libertar. A essa altura, Guilherme não aguentava mais descontar a lascívia de sua vontade apenas apertando a colcha sobre a cama em suas mãos, então, suas mãos seguiram até minha cabeça, apoderando-se, ao topo de minha nuca, de meus cabelos, os tomando em seus punhos, e me apertando, levemente, em direção à sua virilha.


- Aurélio...


Parei então de me apoiar com o rosto voltado ao zíper aberto de sua calça e inclinei meu rosto para cima. Ele já não estava mais deitado, assentara-se na cama e passava as mãos massageando meus cabelos.


- Por favor, se você não o fizer eu não vou continuar conseguindo me controlar. – Disse ele ofegante, com a fala cortada entre a respiração, seus olhos brilhando pura excitação. Sorri indevidamente com o que tinha ouvido e apenas voltei meu rosto para perto de sua virilha.


Eu já estava agachado sobre o chão, arredei minhas pernas mais para trás, abrindo em cem graus meu corpo do chão até sua pelve. Trouxe então minhas mãos de suas coxas para me ajudarem, e comecei a puxar sua calça para baixo. Eu fiquei estático ao observá-lo. Suas coxas, musculosas, grossas e torneadas, pareciam um travesseiro mortal para meu rosto. Mas mais impressionado fiquei com o que se pôs diretamente à minha frente.


Ele usava uma cueca boxer branca, algodão puro, completamente rente à pele, e, pela elasticidade firme, devia ser extremamente nova, pois nela, seu membro estava completamente marcado. Como eu já o descrevi, ele era estranhamento classificável em vários estereótipos, nerd, atleta, cara de adulto meigo, comportamento de jovem altivo, e, em todos eles, a sensação de que teria um porte significativo entre as pernas já me parecia considerável, mas não a ponto de ser superado pela realidade. Era massivo, a forma que marcava a cueca, me fez suspirar inesperadamente, pelo tamanho, pela grossura e, principalmente, pela forma abrupta que pressionava contra o tecido.


Mal consegui puxar o elástico da aba da cueca e ela já apontou para fora. Já estava um pouco pegajoso, não tinha conseguido segurar a excitação completamente até aqui, o que o tornava ainda mais belo, brilhava em um lustre desejável, e exalava um aroma tão convidativo que não fui capaz de conter a saliva que se formava em minha boca. Aproximei-o com timidez de meu rosto, e a primeira coisa que fiz foi o encostar em minha pele, parado sobre minha boca e meu nariz. Como era bom sentir seu cheiro tão próximo, percebendo o calor da pele em meu rosto, deixando-o escorrer o líquido, que já havia o melado antes, por minha face.


Beijei-o em sua base lentamente, e, após beijá-lo, novamente o inspirei, buscando sentir seu aroma. Segui beijando por ele e pela pele coberta em pelos da virilha, passando minha mão em sua extensão até o topo molhado que pulsava calor em meus dedos. Era um instrumento belíssimo, definido, não apenas em tamanho e largura, mas em beleza estética também. Não era coberto com a pele sobressalente, e detinha uma delineada forma em seu topo, rosado, vívido, pulsante pela pele que conectava a cabeça ao corpo, ovalando-se na base de direção da virilha. Apenas a cabeça já era enorme, ocupava uma boa parte da atenção que eu o dava. Quando cheguei meus beijos até ela, pude perceber que, definitivamente, o melhor da noite estava apenas começando.


Quando beijei-a, pude perceber que ela se forçava para mim e, em minha nuca, suas mãos já começavam a me apertar. Não resisti a não beijá-la lentamente, sentir seu aroma, virando a direção de meu rosto para a do dele, olhando profundamente em seus olhos, com aquele corpo cavernoso parado à minha frente.


Seu olhar de misericórdia era inconsolável, e, à medida que me atrevi a incitá-lo, ele afrouxou as mãos em minha cabeça para, assim que o coloquei dentro de minha boca, apertá-las novamente, forçando-me em sua direção. O contato visual que mantemos fez com que, na hora em que o coloquei em contato com minha língua dentre de minha boca, ele pulsasse ininterruptamente seu corpo todo contra mim.


Comecei então a comportá-lo em minha boca, saboreava cada aspecto diferente dele em minha língua. Consumia-o em movimento contínuos, mantendo-o dentro de minha boca por alguns segundos para, assim que tirasse o beijando, voltar meus olhos a encontrarem os dele. Deliciávamos, cada um em um aspecto, das sensações que nos promovíamos. Voltei a trazê-lo novamente para dentro de minha boca, movimentando-a verticalmente pela extensão de seu membro, aproximando-me o máximo que podia da base. Apesar de sentir certa dificuldade em aprofundá-lo para mais perto de minha garganta, me sentia pessoalmente desafiado a conseguir.  


Tentei soltar toda minha respiração apenas pelo nariz, e, quando consegui finalizá-la, evitei de inspirar, tentando manter minha garganta completamente aberta para ele, quando então ousei aprofundar-me em sua extensão ainda mais. Ao sentir que ele já estava quase todo dentro de minha boca, passando a encostar na minha garganta, tentei me manter calmo, sem me preocupar em expulsá-lo dali. Mas, acho que ele entendeu que eu queria que ele entrasse ainda mais fundo em minha garganta e começou a afundar suas mãos em minha cabeça, obrigando-a a chegar até a base de seu membro. Quando ele estava todo para dentro, percebi que ele pressionava-me para mantê-lo ali. Segurei por alguns instantes, mas logo percebi que não seria mais capaz de mantê-lo todo dentro de minha boca, e me repeli para trás.


Assim que consegui respirar, ele me olhou curioso, como quem buscava aprovação, e, vendo que em nada ofereci qualquer desconforto com sua atitude, riu convencido de que tentaríamos novamente, e, não estando errado, assim continuamos. Chupei toda saliva que juntava com o líquido que ele expelia e logo o pus novamente em minha boca. Com uma das mãos, subi meus dedos até seu abdômen e o empurrei para trás, deitando-o sobre a cama, fazendo com que ele ficasse ainda mais ereto em minha boca. E o mantive tomado em meus lábios, bocas e gargantas, por um bom tempo, até que, quando as pulsações se tornaram mais intensas, ele apossou suas mãos sobre a base de minha nuca e puxou meu rosto diretamente até o dele, me trazendo por inteiro sobre ele, me beijando ardorosamente, me deixando sentir seu membro latejando sob mim.


- Hora de retribuir o favor. – Ele me disse mordendo a ponta de meu ouvido esquerdo. Virou-me então na cama, rolando sobre mim e abaixando-se até a minha cintura. Ele também beijou minha barriga despida, mas, não demorou para puxar a calça do meu pijama para baixo.


Estávamos ambos controlados por intensas sensações erógenas e tomados pelo álcool que nos embriagara, mas, antes que ele pudesse me despir completamente, forcei meu corpo sobre o dele até que assentasse novamente em seu colo. Ele me beijou sem entender, e, antes que ele pudesse me perguntar qualquer coisa, eu me aproximei de seus ouvidos, beijando aquela região de seu pescoço.


- Eu prefiro que o senhor me retribua de outra forma, professor. – Sussurrei ao pé de seu ouvido, abaixando minha mão direito ao seu colo para pegar seu membro e o massagear em meus dedos. Ele olhou para mim com a expressão de quem está sendo confrontado, e, retribuindo-me os beijos e sorrisos atrevidos, deitou-me sob ele e ajoelhou-se por cima de minhas pernas.


Lambeu então um de seus dedos e o enfiou em minha boca, passando sua outra mão por seu membro e o tocando sem tirar os olhos de mim. Assim que puxou seu dedo para fora de meus lábios, levou suas mãos até minha cintura e virou-me de costas, trazendo meu quadril a uma posição elevada em sua direção. Passou suas mãos então por minhas costas, trazendo seus dedos até minha cueca e a abaixando completamente.


Percebi então que um dedo molhado passeava em meu quadril, buscando acariciá-lo em sua abertura, ameaçando invadi-lo, mas sem completamente chegar a penetrá-lo. Parou então e a sensação gélida foi tomada por algo mais molhado. Seus lábios beijavam-me por trás, do começo da nuca e desciam até meus quadris, suas mãos apertando-os e sua boca lambendo a base de minhas costas, trazendo sua língua salivante até o meio de minhas nádegas.


Sua língua então era quem ameaçava invadir-me, lambia completamente a entrada e eu jamais podia imaginar a sensação que senti naquele momento. Não era capaz de a colocar em palavras. Gemi e gemi cada vez mais intensamente, até me envergonhar um pouco e tentar controlar meus ruídos orais com os dentes cerrados. Mas a cada vez que eu deixava um gemido escapar, ele forçava sua língua em mim com mais intensidade como se fosse realmente abocanhar-me.


Logo ele parou e voltou a brincar com seus dedos ao redor dos meus quadris. A sensação era confusa, pois os sentia tão perto que, por dentro, e meu corpo assim demonstrava, o pedia para entrar. E assim ele o fez, senti então que um dedo me tomava, invadindo-me tão delicadamente que sequer podia chamar aquilo de invasão. Mas logo a sensação de ter algo estranho me tomando ficou confortável. Confortável até demais, que comecei a exalar um novo tipo de gemido, um que pedia por mais.


- Professor... por favor...


- Você quer, Aurélio?


- S...sim – Dizia quase sem ar.


- Então me peça. – O atrevimento em sua voz me deixava embaraçado, mas acho que a minha timidez me contraía e o deixava ainda mais disposto a me incitar a submeter-me a sua vontade.


- Por... favor...


- Peça direito, Aurélio. Peça para mim.


- Por favor, professor. Eu preciso.


- Do que você precisa, Aurélio?


- Do senhor... eu preciso do senhor... dentro de mim... por favor...


- Diga o meu nome!


- Guilherme, me coma!


Ele sorriu e seu riso foi audível. Ouvir ele rindo e respirando intensamente excitou-me por completo.


Senti então seu membro esfregando-se contra meus quadris, passando por entre eles, parando antes de entrar e sendo chocado repetidas vezes naquela direção. Eu me arredei para trás e, sem perceber, inclinava-me ainda mais em sua direção. Suas mãos, que se apoderavam conjuntamente de minha cintura, apertaram-me, soltando uma delas para posicioná-lo.


- Eu vou te ensinar algo diferente essa noite, Aurélio. – Disse ele forçando sua entrada em mim. A dor inicial fora absurda, mas, por mais que tive um primeiro ímpeto de jogar-me para frente a fim de tirá-lo, controlei-me para não o fazer. Mordi então a colcha da cama e apenas deixei-me segurar meus grunhidos internamente. Ele não desanimou, sem qualquer desespero, mas com a firme convicção, manteve-se dentro de mim, buscando seu caminho para entrar ainda mais.


Ele não gemia, mas sua respiração tinha um certo barulho, um ar não ofegante, mas tomado por uma resposta de seu corpo que me deixava ainda mais desejando-o. Ele continuou a ingressá-lo em mim ainda mais, e eu apenas forcei meus dentes com mais força na colcha. Doía, mas era uma inexplicável dor que me fazia a querer senti-la mais e mais. Quando sua intensidade aumentou a um nível que irradiava aquele tremor por todo meu corpo, pude sentir que ele tinha entrado por completo. Parou então dentro de mim e, quando percebi, estava abaixado a minhas costas, beijando me atrás e, apoiando firmemente suas mãos em meus quadris, começou a movimentar-se em movimentos contínuos que, a cada fragmento de retorno, voltava com mais intensidade.


A dor então aumentou, mas junto dela, a minha vontade por a sentir toda vez que ele se movia ao meu encontro aumentara também. E, quanto mais a sentia, mais ela parecia perder o caráter de dor e transformar-se em prazer mais e mais abundante. Quando ele tomou um ritmo de aceleração constante, uma de suas mãos me tomou pela pelve e a outra, envolvendo meu tórax, me trouxe para junto de si. Apertou-me em um forte abraço que, pelo suor que escorria de nós dois, colava nossas peles uma na outra a toda vez que ele se movimentava a encostar em mim. O ritmo de seus movimento se tornou tão centralizado em meu quadril que, quando dei por mim, de sua cintura para cima, ele estava completamente agregado a mim.


- Professor... – Não conseguia formular nenhuma frase, não era capaz de trazer pensamentos concretos à minha voz. Apenas o queria, e o queria mais, mais forte, mais intenso, mais dentro de mim.


- O que você quer, Aurélio?


- O senhor. Por... favor...


- Não me excite assim, Aurélio, eu já estou me movendo sem qualquer controle.


Ele socava em mim todo seu corpo a medida que seu membro entrava mais e mais em mim. E como essa sensação se tornou puramente erógena. Eu apenas sentia o prazer de o ter dentro de mim, e, em mim, a ambição de senti-lo ainda mais ardente.


Suas pernas forçavam-se contra as minhas, roçando suas coxas em meus quadris e, quanto mais ele se jogava para dentro de mim, mais eu subia para o seu colo, até que, acho que ambos de nós tivemos um ímpeto tão extremo que ele caiu deitado sobre mim no colchão, mas sem retirar-se de dentro de mim. Passou suas mãos então pelo meu pescoço e peito e, apertando-me fortemente em seus braços, tomou ainda mais vigor para movimentar seu membro dentro em meu interior. Ele o metia ali com toda a intensidade de sua força, e eu o queria ali para sempre.


Quando nos aproximamos, ambos, de um clímax em nossa excitação, ele parou sobre mim, buscando meu rosto junto ao seu e meu beijou com tanta vontade que, ali, eu já sentia que não seria capaz de segurar-me por muito mais tempo.


- Aurélio, eu o quero mais! – Ele disse com seus lábios sobre os meus.


- O senhor não precisa me pedir. – Virei-me para ele e, esfregando ambos um ao outro, o envolvi em meus braços, beijando-o incansavelmente. – Eu quero o pau do senhor dentro de mim, e que o senhor goze dentro de mim também, professor! Por favor!


Ele riu em meus lábios e continuou a me beijar, mas suas mãos desceram até perto de minha virilha e percebi ele acariciando-me junto a ele, apoiando ambos em seu punho, movimentando-os, esfregando um ao outro. Eu tentei ao máximo focar minha atenção em nosso beijo, mordendo seus lábios intensamente, pois, se não, não conseguiria me segurar. Ele então soltou-os e, pegando o seu, apoiou-o empurrando para baixo, buscando o aproximar novamente de meus quadris.


Ele já sabia o caminho, e assim que o fez entrar, envolvi sua cintura e coxas em um abraço com minhas pernas, apertando-o fortemente nas costas com minhas mãos. Ele não queria perder um segundo que fosse e, tão logo dentro, começou a movimentar-se em uma força tão intensa que eu acabei por o arranhar todo, era o ápice de todo o prazer que eu já tinha sentido em toda minha vida.


Ele colocava-o para dentro em tamanha latência que meu corpo enfraquecia. Movimentava-se sobre mim, alisando seu corpo por cima do meu pênis. Eu já tinha perdido o controle de todos os meus sentidos.


- Professor, eu não vou conseguir segurar mais!


- Não segure. Goze para mim, Aurélio! Deixe que o ajudo. – Ele então pegou meu pênis em sua mão e começou a apalpá-lo. – Eu também estou perto de lambuçar você todo por dentro. – Dentro de mim, o seu membro se movimentava ainda mais vividamente. – Continue a me apertar, Aurélio, passe a mão pelo meu corpo, pode agarrar a minha bunda.


Como não o obedecer. Suas costas estavam completamente molhadas de suor, meus dedos deslizavam até seu colo. Ao alcançar seus quadris, os agarrei tão forte que o ouvi gemer em meus ouvidos, algo que me fez começar a soltar um pouco de líquido pelo meu pênis.


- Aurélio, eu vou gozar! – Ele então me puxou sobre si, trazendo-me para assentar novamente em seu colo. Intensificou tanto o ritmo com que penetrava-me que eu não fui capaz de conter os gemidos de boca fechada. Pus-me então a beijá-lo, pois nossos corpos se atraíam magneticamente para o ápice de nosso prazer. Envolvi meus braços em seu pescoço e ele pôs-se a tocar-me mais intensamente.


- Profes... Guilherme!!!!


Senti então ele explodir dentro de mim. Seu pênis expandia-se em meu interior, soltando todo aquele jato quente de esperma e tesão em mim. Ao gozar, ele não parou de se mover em mim, o fez ainda mais forte, segurando-me, com a mão que não usava para massagear o meu pênis, arduamente contra seu corpo melado. Em sua mão, eu também cheguei ao meu ápice. Ejaculei como nunca tinha feito na vida, que o esperma que saiu de mim alcançou-nos em nossos queixos. A medida que enfraquecíamos em nossos movimentos, fui percebendo que ele já não conseguia mais se manter me segurando sobre ele, e, de leve, desmoronou-se sobre mim na cama, mantendo-se inerte em cima de mim, com seu pau ainda dentro, deixando sair o resto de esperma que jorrava.


Continuamos a nos beijar, até que ele foi pousando seu rosto em meu peito, alinhando-se na esquina de meu pescoço com meu ombro esquerdo, e ali permaneceu inerte, até estar todo para fora.


Eu não era capaz de colocar em ordem meus pensamentos. Meu corpo não conseguia processar tanto prazer e tanta paixão de uma só vez, que eu ainda respirava ofegante, gemendo de leve com ele sobre mim.


Ficamos bons minutos assim, parados, ele sobre mim, quieto, sem dizer uma única palavra. Ambos, empapuçados de suor, esperma e tudo o que nos envolveu pelas quase quatro horas que ficamos imersos um no outro.


Mas tão logo o tempo fora passando, e ele quieto em si, comecei a recolher-me em mim mesmo também. Uns quinze minutos se passaram até que ele se levantou e assentou-se sobre a cama, olhando para cima, ainda sem dizer uma só palavra. Pensei em chamá-lo, mas, ao que ele olhou para baixo e encarou sua mão direita, retrai-me de volta a mim. Aos poucos, toda aquela sensação de prazer supremo que tinha sentido começou a dar espaço a uma vergonha velada que me fez puxar a coberta da cama para me cobrir. Acho que ele percebeu, pois se voltou a mim e, ainda sem dizer nada, encarava-me com um ar completamente modificado.


- Aurélio. – Respirou ao dizer meu nome, quando finalmente disse algo. – Eu... não, não é isso. Onde eu posso me limpar?


Não soube o que sentir em relação a isso. Então não o encarei, apenas olhei para o meu banheiro e, envolvido na coberta, arredei-me até a outra extremidade da cama para pegar no chão o meu robe.


- Eu vou preparar a banheira para o senhor, pode se limpar no banheiro do meu quarto. – Respondi me vestindo dentro da coberta.


- Não tem necessidade de preparar a sua banheira, eu posso tomar banho em uma ducha de um dos banheiros sociais. Não quero te incomodar.


- Não é incômodo, professor! – Disse já de pé e seguindo em direção ao banheiro, sem ser capaz de encará-lo em momento algum. – O senhor fica à vontade para se limpar no meu banheiro e, também, a banheira enche super rápido.


Ele acenou positivamente com a cabeça e eu fui preparar o banho para ele. Separei uma toalha e me certifiquei de deixar tudo novo na bandeja da banheira. As bombas de sabão já estavam nos pacotes, então peguei um vidro novo de shampoo e o coloquei ali também. Assim que passei pelo espelho, olhei-me e tentei compreender o que tinha passado e o que estava acontecendo, mas os únicos pensamentos que me vinham à cabeça me deixaram extremamente conturbado e não queria que lágrimas escorressem pelo meu rosto quando voltasse até ele, então me pus logo a sair dali.


- Prontinho. O senhor pode ir tomar o seu banho e se limpar.


Ele se levantou, não se preocupou em pegar qualquer roupa sua no chão, e apenas seguiu até o banheiro. Deixei que entrasse e ficasse à vontade, mas assim que ele entrou no banheiro, o ouvi chamar meu nome.


- Aurélio, - se virou para mim quando fui até ele ver do que se tratava. – você não quer tomar esse banho comigo?


Estático. Novamente, a súbita mudança na forma como ele agia alterava toda minha organização sentimental, não conseguia me alinhar ao que pensar, ao que conceber de suas palavras.


- Acho que não é o que senhor quer, talvez seja melhor não...


- Você também não vai saber se é o que eu quero se não vier, não é mesmo? – Ele então se pôs de costas para mim, subiu os largos degraus para o ambiente superior do banheiro, onde estava a banheira preparada para o banho, e entrou calmamente na água. Sentado de costas para mim, repousou seus braços abertos sobre o piso.


- Não vai vim mesmo?


Eu estava perplexo. Sentia um aperto horrível em meu peito, a sensação de remorso e desgosto ao vê-lo em silêncio olhando para sua mão e ignorando minha presença logo após termos nos envolvido tão intimamente. Mas ao mesmo tempo, a confusão na forma como ele me tratava, vê-lo ali, deitado na banheira poucos metros a frente de mim, com os braços esticados ressaltando a musculatura de suas costas, ainda despertava em mim o desejo, a vontade de estar junto a ele.


Aproximei-me então, subi os poucos degraus até aquele não tão alto segundo nível do banheiro, e dei a volta ao redor da banheira, indo diametralmente à oposição dele. Seus olhos acompanharam minhas pernas até parar de frente a ele, na direção oposta da banheira, quando então se fecharam e ele reclinou sua cabeça para trás, a apoiando na banheira e deixando os jatos de água massageadores molharem seus cabelos.


Desamarrei meu robe e deixei que caísse ao chão, despi-me completamente e, olhando-o fixamente, percebendo a calmaria em seu corpo repousado, entrei na água e posicionei-me igualmente reclinado na banheira.


Ele esboçou um sorriso no rosto, mas o silêncio ainda era a tensa melodia entre nós. Tentei me manter calmo, só que não conseguia dispersar os ociosos pensamentos que me corroíam. Teria ele se arrependido? Teria se sentido usado? Ao terminar, e me olhar, repleto em êxtase com seu corpo repousado sobre o meu, gozando prazer e excitação em contato com o seu, teria ele sentido repulsa de mim?


Olhei-me então, despido, e senti uma enorme vergonha de mim mesmo, de meu corpo, de tudo que me era. Abracei minhas pernas, envolvendo-as junto de meu pescoço, tentando esconder-me e camuflar tudo aquilo que me constrangia. Pensei então em me levantar, sair da água e ir me vestir em meu quarto, e nunca mais voltar a essa sensação.


- Eu não quero que você ache que eu estou arrependido, ou que fiz algo contra a minha vontade, Aurélio. – Atirou suas palavras calmamente em minha direção, com os olhos ainda cerrados e o rosto reclinado. Minha respiração então congelara e eu derretia pelo vapor ardente da água que subia. – Eu apenas estou tentando colocar tudo o que aconteceu em ordem na minha cabeça, entender melhor o que fiz...


- Se foi bom ou se valeu à pena?


- Você não precisa duvidar de si mesmo, Aurélio. – Trouxe seu olhar calmo e alegre para mim. - É óbvio que foi bom. Foi muito bom. Ou não teríamos ambos gozado simultaneamente e caído tão enfraquecidos um sobre o outro. Se valeu à pena? Creio que sim, mas para mim, e para você? Porque eu estou sendo totalmente honesto com você, Aurélio, isso para mim foi incrível, mas não acho que acontecerá de novo, então, como você fica?


Como responder seu questionamento tão direto? Ele me perguntava ou queria reafirmar para si mesmo que não aconteceria de novo? E de verdade, antes mesmo de respondê-lo, eu queria entender o porquê. E acho que minhas dúvidas ficaram claras em minha expressão.


- Eu sou noivo, Aurélio. – Antes de prosseguir, respirou profundamente e, levantando a mão direita até o rosto, ficou encarando o anel de noivado em seu dedo. – Não acho que já cheguei a te contar isso, mas eu tenho uma noiva, e estamos juntos há um bom tempo. E não, você não fez com que eu me sentisse culpado por termos feito o que fizemos. Até porque, fiz porque assim quis. Fui eu quem o beijou primeiro.


Tinha sido ele? Eu poderia ter mantido em minha mente que o impulso partira de mim, que eu tinha ultrapassado um limite do devido, amplificando uma atitude inconsequente pelo vinho e todo o álcool em meu sangue. Pensar que partira dele aquele beijo colocou tudo em uma perspectiva desorientada de como chegamos a tamanhos atos.


- E não foi apenas pelo álcool. Sim, me deu a coragem de passar a barreira do medo, mas fiz porque, te olhando naquele momento, senti uma atração tão intensa que não soube resistir. E não havia a sentido antes, ou a menos, não a tinha percebido em mim. Quando me dei conta, estava com você em meus braços, o tomando em meus lábios e apenas o desejando junto a mim.


- Você não precisa se sentir mal por isso, Aurélio. – Continuou ele, se aproximando ao meio da banheira, empurrando seu corpo até o meu. De frente para mim, pegou minhas mãos na água e as trouxe a abraçá-lo pelo abdômen. – Eu não quero ser um babaca com você, mas o que fazer se, me vindo a vontade, tive coragem de fazê-lo, e você me permitiu que o fizesse?


Ele apenas acariciou-me com seu olhar meigo e convidativo e eu, sem conseguir reagir, permanece inerte.


- O que me deixa em conflito é justamente por causa desse anel. – Levantou sua mão direita em minha direção. – Eu não me sinto mal por termos feito, por tê-la “traído”. E quando penso se não deveria me sentir culpado, sinto que não, e isso que me deixa tenso, pois acho que deveria me sentir culpado. E mesmo assim, mesmo não me sentindo, mesmo percebendo que faria de novo e que senti com você um prazer que nunca antes fui capaz de sentir, não consigo parar de pensar nesse anel.


- Você a ama. – Respondi soltando minhas mãos de suas costas.


- Amo.


Levei minhas mãos então a seu peitoral, passando-as delicadamente por sua pele, vendo-o fechar os olhos e se atentar apenas ao sentido de meu toque. Eu não era capaz de compreender o que sentia. Não o amava, mas o queria.


- Acho que talvez seja minha hora de ir. – Disse ele trazendo seu rosto ao meu, pousando-o em meu ombro direito e cheirando minha pele molhada. Logo, seus cheiros começaram a serem seguidos por leves beijos, que caminharam por meu pescoço até meus lábios. Beijou-me levemente, deixando todo o peso em sua respiração.


Não nos olhamos, ambos fechamos os olhos e deixamos que apenas o desejo sensorial nos guiasse. O leve toque de nossos lábios deu lugar ao beijo mais voraz que já recebi em toda minha vida, nossos lábios eram desejo puro, nossas línguas, o ardor da mais pura vontade, nossa saliva tornou-se a junção de nosso querer por prazer, por afeto, por nos termos em êxtase um no outro sem qualquer preocupação com o que viria depois.


Abri os olhos e, sorrindo, ele se afastou. Virou-se de costas para mim e pediu que eu esfregasse suas costas com o sabão, encostando seus quadris em meu colo. Eu ainda estava tão sensível, mas não consegui segurar que me avolumasse em excitação ao seu contato. Enrijecia com ele esfregando suas costas em mim, propositalmente, ao passo que eu ensaboava-o e passava a bucha levemente em sua pele.


Devolvi a bucha à bandeja no chão ao lado da banheira e comecei a passar meus dedos por suas costas, envolvendo sua nuca em meus palmos, massageando seus ombros, pescoço, orelhas e o topo de sua cabeça. Ele então se aproximou ainda mais perto de mim, a ponto de deixar sua nuca a centímetros de meu nariz. Sentir seu cheiro ensaboado elevou o prazer que sentia, não resistindo mais a não passar meu rosto pelo seus ombros, sentindo-o encostado em meu rosto, beijando suas costas.


Minhas mãos caminharam pela lateral de seu corpo, envolvendo-o por inteiro, dedilhando sua pele até chegarem em seu peitoral. Espalmei meus dedos em seus músculos, sentindo-o eriçar e apontar seus mamilos vividamente em meu toque. Apalpei-os e continuei a cheirá-lo as costas. Minhas mãos então desceram-no a barriga, aproximando de sua pelve, tocando sua virilha e massageando-a inteira. Senti seu membro levantar-se em meus dedos, acariciei a ele em toda sua extensão, percebendo-o crescer em minha mão.


Com a mão direita, toquei-lhe firmemente, trazendo-o em um descontrole erógeno para mais e mais perto de mim, e, com a esquerda, passeei por sua virilha, amaciando-lhe o períneo e tocando toda a pele ao redor, detendo meus dedos em seus testículos e abaixando até bem próximo do meio de seus quadris. Voltei-a então a seu abdômen, apertando-lhe um dos mamilos e intensificando o movimento em seu pênis com minha mão direita.


Quanto mais forte o estimulava, mais intensa minha respiração fica em suas costas, e com mais descontrole ele soltava o ar e gemia repousando em mim. Gozou dentro d’água gemendo meu nome entredentes, e eu pude sentir todo o controle de seu corpo em minhas mãos. Seu ápice, dessa vez, era mais controlado, mas ainda assim repleto de um impulso animalesco a o tomar.


Deixei que a pressão dos jatos de água da banheira levassem todo esperma de minha mão. Ele se manteve inclinado sobre mim, respirando em ritmos ofegantes, até se acalmar e apertar minha mão sobre seu tórax, ao centro de seu peito, me deixando sentir as pulsações de seu coração.


Terminamos o banho e saímos da banheira para nos trocar. Ele voltou ao quarto e pegou sua roupa ao chão para se vestir. Eu me sequei no banheiro e vesti meu pijama. Disse-me então que devia ir, mas eu perguntei a ele se não iria querer comer nada antes de partir. Não sabia porque insistia, mas, sentia no fundo de meu coração que não voltaria a vê-lo e, que o quanto pudesse, gostaria de prolongar aquele momento.


- Mais do que eu já comi? – Disse olhando para mim e esboçando um riso desavergonhado. – Mas aceito, realmente, acho que preciso colocar algo no estômago.


Fomo para a cozinha e eu preparei um lanche para ele. Cortei uma fatia do bolo que tinha preparado e o servi, coloquei alguns patês e pães na bancada e o trouxe a xícara e o café. Comecei a procurar mais coisas na geladeira para o servir, e fui retirando algumas geleias e frutas.


- Aurélio, não precisa se preocupar comigo, o que você já colocou aqui está ótimo!


- Mas, professor, tem apenas merenda. Se o senhor quiser algo de mais sustância, eu posso cozinhar algo.


- Não tem necessidade. Ande, sente-se comigo e me acompanhe, se não vou ficar sem graça de comer sozinho.


Puxei um dos bancos da bancada e me assentei ao seu lado. Ele se virou para ficar posicionado mais em minha direção. Eu apenas o acompanhei na xícara de café, não tinha qualquer fome. Enquanto comia, ele começou a me dizer coisas triviais sobre sua vida e conversamos como dois colegas de bar. Sobre o trabalho de engenheiro junto com o de professor, as consultorias que prestava à empreiteiras renomadas. Falou sobre sua família e como morava na mesma casa desde sua infância, ainda com seus pais e sua irmã.


Nesse momento, Maya resolveu vir até nós e ele me disse que também tinha uma cachorrinha. Conversamos sobre a faculdade, ele me relatou algumas histórias de seus anos de estudante, de como sempre quis fazer engenharia, pois tinha um cérebro matemático, mas sua alma tinha a arquitetura em sua essência, então ele se especializou em elementos construtivos arquitetônicos, e como isso o fez chegar a dar aulas, e como amava a docência.


Em um determinado momento, falando-me de seus anos de estudante universitário, mencionou que tinha conhecido sua noiva na universidade, e acabou por falar do relacionamento entre ambos. De como estavam junto havia quase uma década, e que ele realmente pretendia se casar com ela. Mas que, desde os últimos anos, o relacionamento deles tinha ganhado uma feição de cumplicidade, amizade e suporte muito mais de grandes amigos do que amantes, o que não diminuía o amor que sentia por ela, mas apenas o fazia enxergá-lo de outra forma.


- O sexo é uma forma de arte, Aurélio, e nem sempre expressamos nossa arte da mesma forma a todos.


Eu não o entendi completamente, mas senti que ele tinha me dito que não era menos importante o sexo em sua vida quase conjugal, mas apenas tomava uma feição diversa da que tivemos entre nós, o que não o tornava menos crucial a sua vida.


- Bom, acho que agora eu realmente devo ir, já passaram das onze e eu não avisei em casa que iria chegar tão tarde. – Ele falou olhando para o relógio em seu pulso esquerdo. Tomei-lhe o prato e a xícara de suas mãos, para não deixar que se importasse em limpá-los. Levantou então e me esperou para conduzi-lo até à porta.


Por esses metros de distância, refleti sobre nossa pequena vivência sensorial de minutos atrás. Eu não tinha nada a lhe dizer, mas mesmo assim, sentia que me faltava algo em relação a ele. Por mais que não o quisesse afetivamente, nunca tinha o visto dessa forma, senti que fazia sentido ele ali, junto a mim, pensando que, talvez, já o reparasse anteriormente e até tivesse me sentido atraído por ele, mas de uma forma tão carnal que, agora, sentir sua necessidade, me deixava engasgado.


Chegamos à porta e parei ao lado dela com a mão sobre a maçaneta, mas sem abri-la. Ele se parou frente a mim e, colocando sua mão direita em meu ombro esquerdo, apertou-o ternamente e trouxe seus olhos até dentro dos meus.


- Acho que é isso, deixa eu ir indo nessa. Mas obrigado, Aurélio. Obrigado por me fazer sentir tão bem comigo mesmo de uma forma que eu não sabia ser possível sentir. E... bem, me desculpe, se o fiz sentir qualquer coisa que o fez mal de alguma forma. Eu apenas... eu lhe agradeço, por compreender.


- Não se preocupe, professor, eu não seria capaz, nem teria condições, de não compreendê-lo, ou de pedir ao senhor qualquer coisa.


Abraçou-me então e seu abraço era magnético. Ao mesmo ponto que nos atraíamos no contato, despertava em mim toda emoção e a dispersava a todos meus sentidos, eriçando a todos eles e os fazendo eletrizar meu corpo por inteiro.


Seus braços então percorreram-me, e, suas mãos, vieram-me ao rosto. Ele me encarou profundamente, cada olho seu buscava em meus olhos o lugar de ternura que me dera antes. Vi então que se aproximaria de mim, e, não sabendo o que fazer, fechei meus olhos para apenas senti-lo.


Senti então seus lábios, esfriando-me a pele e a deixando úmida. Beijava-me a testa e segurava minha nuca forte na palma de suas mãos. Abri então os olhos, quando ele retirou seu lábios de minha testa, e percebi que ele voltara a me encarar. Meu coração então batia forte, em mim, a adrenalina me tomara a respiração. Lembrei-me dele falando que fora ele quem me beijara primeiro. Não resisti em lhe retribuir o gesto.


Beijei a seus lábios com tamanha vontade que acabei por empurrar-lhe até a parede. Tamanha fora minha surpresa em o ver retribuindo e, tomando-me em seus braços, subindo-me em seu colo e me carregando pela sala. Subiu comigo em seus braços, sem tirar sua boca da minha por nenhum momento, andando firmemente pelos degraus da escada até chegarmos novamente em meu quarto.


Jogado à cama mais uma vez, agora, o vi se despir em minha frente. Tirara a camisa e a gravata e se deitou sobre mim, não soltando meus lábios de suas mordidas pujantes, enquanto removia seu cinto e tirava a calça. Não havia tempo a perder, não havia vontade a desperdiçar. Queríamos com maior intensidade ainda, e, tão logo se despiu, pôs-se a me tirar a roupa também.


Jogou meu pijama para longe, e, assim que abaixou minha cueca, aproximou seu rosto de minha virilha. Pensei em removê-lo dali, mas, o máximo que minhas mãos conseguiram se aproximar fora de seus cabelos, pois logo chegaram até o topo de sua cabeça, e ele colocou meu pênis dentro de sua boca, lambendo-o e beijando-lhe por inteiro. Esqueci completamente do porque queria que ele não o fizesse. Acho que da primeira vez, fora por pura vergonha de meu corpo. Mas agora, já não fazia mais sentido.


Eu sentia então sua língua molhar-me por completo. Minhas mãos a apertar-lhe os cabelos, dobrando meus pés no ar de tanto prazer que sentia. O toque úmido e macio de sua boca em mim, tomando meu pênis em sua língua e massageando-me com seus beijos, chupadas e lambidas. Eu não queria me descontrolar tão rapidamente, mas estava extremamente sensível ao toque. Quando senti que estava perto de não ser mais capaz de segurar, trouxe sua cabeça até a minha e beijei-o em sua boca, trazendo todo aquele líquido e contato pegajoso em seus lábios para mim.


Nos viramos então e eu o puxei para ficar de pé sobre o chão. Ele apertou-me os quadris e eu arranhei bem na extensão do pescoço. Senti então seu membro se empurrar contra mim, tensionado em êxtase. Mantive minhas mãos em seu tórax, e me agachei até o chão, ficando de joelhos diante dele, cheirando sua virilha, que tinha seu típico cheiro excitante, mas ainda mais afrodisíaco com o aroma do sabonete do banho que tomamos.


- Aurélio, dessa vez eu não vou conseguir me segurar tanto...


- O senhor pode fazer comigo o que quiser, professor!


Aquilo foi o gatilho para apoderar suas mãos ao topo de minha nuca e empurrarem seu membro para dentro da minha boca. Eu tentei deixar minha garganta completamente aberta para ele, que movimentava sua cintura freneticamente para dentro de minha boca. Ele já jorrava um pouco de seu esperma.  Sentia a cabeça avolumando-se, parecia estar extremamente pressionada de prazer.


Ele não segurava gemer meu nome em comandos a satisfazê-lo. “Isso, Aurélio, me chupe inteiro”, “Aurélio, lambe o saco também”, “Isso, beije a cabeça, está tão sensível”. E ouvi-lo dizendo meu nome, me ordenando a satisfazê-lo, fazia com que eu reagisse vividamente em meu pênis também. Mas ele se excitava tanto que eu mal era capaz de me tocar, então apenas passava minhas mãos por seu corpo.


Senti que ele flexionou as coxas rigidamente e pensei que estaria perto do ápice. Ele então me puxou para cima, deixando me de pé frente a ele, e voltando a me beijar, puxou meus lábios em seus dentes e passou sua língua ao redor de meu pescoço, beijando minha orelha e apertando meus quadris em suas mãos.


- Eu quero você dentro de mim, Guilherme!


- Dessa vez você não precisa pedir, Aurélio!


Ele então me subiu em seus braços, carregou-me no ar, e, ainda me beijando, senti seu membro enrijecido sob mim, buscando adentrar-me. Envolvi sua cintura com minhas pernas e o deixei posicionar seu pênis entre minhas nádegas, buscando entrar sem perceber qualquer esforço.


Quando então me penetrou, novamente eu não segurei a voz em minha boca fechada, gemi muito alto com meus lábios tomados em sua boca. O fôlego que perdi foi logo tomado por sua língua a me acalmar, ou, melhor, a me excitar ainda mais. Ele então me segurou firme em seus braços e começou a me movimentar, com as mãos esticadas no alto de minhas costas, flexionando suas pernas e encurvando meu corpo em oposição ao dele. Subia-me e me voltava com seu pênis dentro de mim. Tomava-me por completo com ele em meu interior.


Fora tão intensa a movimentação que ele fez que eu logo gozei. Lambucei seu peitoral todo, atingindo até o seu pescoço. Estava tão tomado por prazer que a cada vez que ele o estocava dentro de mim, um jato ainda mais forte me escapava até ele.


- Aurélio, eu estou bem perto, eu queria... gozar na sua boca...


Eu sorri em seu ouvido, mordendo a ponta de sua orelha e posicionando-me para descer de seu colo.


Ele então se tirou de dentro de mim e começou a se tocar. Eu me ajoelhei novamente e tirei sua mão de seu pênis, o pegando em minhas mãos e, olhando-o perdidamente em tesão no fundo de seus olhos, excitando-o ainda mais, coloquei-o dentro de minha boca e o massageei com meus lábios bruscamente. Ele enrijecia-se mais e mais, e eu percebi que tão logo ele expulsaria todo seu prazer para dentro de mim. Passei alguns dedos entre suas coxas, dedilhando seu períneo e massageando seus testículos. Voltei minhas mãos a seu pênis e, segurando-lhe a base, tentei colocá-lo completamente dentro de minha boca, chegando até a minha garganta.


Assim que o fiz, percebi que ele firmou suas mãos em minha nuca e me segurou, não me deixando mover, expelindo aquele potente jato quente direto em minha garganta. Estocou uma dezena de vezes até que eu pudesse conseguir respirar novamente. Completamente empapuçado, o tirei para fora de minha boca e continuei o massageando, olhando firmemente em seus olhos.


Ele então me pegou novamente em seus braços, subindo-me até seu peitoral, e, em seu colo, caminhou comigo até a cama. Deitou-me no colchão e, deitando-se sobre mim, envolveu-me em seus beijos. Dessa vez, não parou de me beijar em momento algum, não repousou seu rosto afastado de mim, não se recolheu a si mesmo.


- Eu acho que vou ter que acabar dormindo aqui essa noite! – Disse-me ele, sem retirar seus lábios dos meus, passando suas mãos sobre meu rosto. – Será que posso?


- Claro que pode, no quarto que quiser!


- Inclusive nesse?


- Principalmente nesse! Mas nesse o senhor teria que aceitar dividir a cama...


- E desde quando eu mencionei que dormiria sozinho? – Ele riu e me puxou para si, sentando sobre o colchão comigo em seu colo.


Acariciamo-nos mutuamente. A exaustão de nossos corpos ocupava todo o lugar do prazer beligerante que nos consumira há instantes atrás. Nos limpamos com a colcha da cama de qualquer jeito e, alojados sobre o virol, deitamos abraçados. Ele me trouxe para perto de si, me puxando para deitar com o rosto sobre seu peitoral. Beijou-me calmamente, e, sem dizer nada, senti que aquilo era o começo de nossa despedida.


Não me importei. Nunca pensei em tê-lo, apenas poder desfrutar dele a me trazer tantas sensações de prazer e desejo assim já me reconfortava. Afinal de contas, a sensualidade de nosso momento juntos, ser ele único, era o que o tinha feito tão glorioso. Tentei então fechar meus olhos e reconfortar-me em seus braços, sem me preocupar em sentir nada além do conforto de tocá-lo e tê-lo junto a mim naquele momento. O depois não precisava me fazer servo.


Há pouco mais de sete horas atrás eu sequer poderia conceber a sequência de eventos a mudarem minha sensação com a vida, há pouco mais de sete hora atrás eu jamais tinha tido alguém tão intimamente junto a mim, não sabia o que era se sentir desejado e desejar que alguém colocasse seu corpo todo à minha satisfação, usando-me para excitar-se em troca. Há pouco mais de sete horas atrás eu era um garoto virgem, no signo e no sexo, e, apesar de ainda ser no primeiro, jamais poderia imaginar o quão emocionante poderia deixar de ser no segundo. E isso, mesmo se ele trancasse tudo o que acontecera entre nós em um baú ao fundo de todos os mares e nunca mais o buscando, de mim jamais seria tirado.


Adormecemos juntos. Não sonhei, pois não precisava. Não vivi um sonho, vivi a realidade impetuosa da vontade carnal, da capacidade humana em se satisfazer-se lascivamente. E isso era o suficiente para promover minha imaginação por si só.


Acordei com ele se arrumando, vestindo sua roupa assentado na beirada da cama. Olhei pela janela do quarto e nem ao menos tinha clareado. Passei rapidamente a buscar pelo relógio na mesa de canto, pouco antes das seis da manhã. Ele, percebendo que eu tinha acordado, se virou para mim e, sorrindo, passou sua mão sobre meus cabelos.


Terminou-se de vestir e me disse que precisava ir. Não justificou, não falou nada além disso, apenas que precisava ir. Assenti com a cabeça e, pegando meu robe no chão, me vesti para acompanhá-lo até a porta. Passei rapidamente no banheiro, bochechei com um flúor na boca e voltei até ele. Seguimos em silêncio pelas escadas até o hall de entrada.


Dessa vez, ele não me disse nada, não segurou minha cabeça, não me trouxe para perto de si. Beijou-me, ternamente, mas, ao contrário da noite anterior, não insisti com ele nada além daquela meiga troca de carinho entre nós. Virei a maçaneta e abri a porta pare ele. Escorado na esquina, o vi caminhar até o corredor e chamar o elevador.


Quando ele apertou o botão no painel, virou-se para mim  uma última vez e, sorrindo, acenou.


- Obrigado, Aurélio! Até!


“Até”. Até quando não saberia. Eu sabia sim que o veria de novo, mas não como, onde, ou com qual sentimento em meu peito. Apenas que o veria e não seria mais a mesma pessoa que tive comigo por essas treze horas. Seríamos os mesmos para o mundo, mas não um para o outro. E a respeito disso, eu não me permitira pensar uma só vírgula.


Vendo-o de perfil, vestido sobriamente em seu terno preto, observei o homem que se distanciava de mim entrar por entre aquelas portas metálicas. O que ele levaria consigo desse nosso íntimo contato eu não sabia, mas comigo, permaneceriam para sempre as memórias de um esplendoroso afeto impronunciável.


  


 



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Autor(a): atomic_oblivion

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