Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

A casa Herrera nunca mais fora a mesma desde o dia em que o advogado nos comunicou o dia do julgamento. Alfonso simplesmente proibiu-me de sair de casa até o dia do julgamento e me encheu de regras a respeito do meu comportamento no colégio. Enquanto escutava as instruções de Wagner, meu advogado, não podia deixar de notar que na sala de jantar Anahí tentava acalmar Mariana que chorava desesperadamente.

— Tia vai ficar tudo bem, tenta se acalmar, senão Alfonso vai ficar ainda mais nervoso. – ouvia Anahí dizer entregando um copo com água para Mariana. — Todo esse mal-entendido será resolvido, você vai ver.

Wagner estralava os dedos para chamar minha atenção sobre tudo que deveria falar lá dentro e sobre o meu comportamento. A cena de Mariana nervosa daquele jeito me deixou triste, sabia que ela se preocupava comigo e que tinha um sentimento verdadeiro por mim. Mas vê-la daquele jeito me fez sentir culpado, por ver toda a minha família naquele estado. Anahí continuava com a mentira criada por mim e aquilo mostrava uma certa fidelidade, porque ela sabia que não tinha mal-entendido nenhum.

— Vamos, está na hora. – Alfonso surgiu na sala de estar para nos chamarmos.

Anahí não iria conosco e nem Mariana ficariam com Olivia em casa. Mariana despediu-se com um abraço apertado e não gostei nada daquilo, sentia como se tivesse algo que eles não tivessem me contado para não me deixar nervoso. Anahí sussurrou um “boa sorte!” e sorri de canto.

O julgamento terminou com a condenação de dois de anos de prisão aberta para Christopher e para mim. Alfonso chorava no tribunal e eu segurava o choro para não chorar junto. Mesmo tendo problemas com o meu pai, ele sempre me deu tudo que podia e não merecia aquilo. Ficaríamos em prisão aberta cumprindo a pena prestando serviços comunitários por sermos menor de idade, o que não sujaria tanto a nossa fixa criminal digamos assim.

— Até que não foi tão ruim. – comentou Rodrigo.

— Não foi tão ruim? Tem ideia do que é serviço comunitário? – resmungava caminhando até a ONG que prestaria serviço.

— Antes isso que ir para cadeia. – acrescentou Christopher. — Será divertido e quanto mais horas ficarmos por lá, irá diminuindo a pena.

— Não consigo ver nada de bom nisso, a Perla quem deveria estar indo no nosso lugar.

— A culpa não foi dela, eu que não deveria ter entrado na pilha. – comentou Christopher.

A ONG ficava próximo da mansão e como estava com limite do uso do carro, Ucker e eu resolvemos vir caminhando. Ao chegarmos na ONG fomos apresentados a Uyara, a diretora da ONG.

— Isso é nome de gente? – sussurrava Christopher ao meu lado, enquanto caminhávamos para conhecer o espaço da ONG. — Parece nome de bruxa de desenho animado.

— Fica quieto.

O lugar não era dos mais agradáveis, tinha criança por todos os lados. Alfonso pediu que agradecesse mentalmente por não ter sido selecionado para ir a um lar de idosos que são bem mais difíceis e complicados de lidar. Mas não tinha forma ou jeito de achar um lado bom naquela situação, e como se as coisas não pudessem piorar, ao entrarmos na sala interna...

— Fala sério, não pode ser verdade. – murmurei ao ver Annie e Chico falando com duas crianças.

— Annie, Chico. – Uyara os chamou.

Não pareciam surpresos a nossa presença. Uyara nos apresentou formalmente.

— Bom, sei que estudam no mesmo colégio, mas é só formalidade.

Anahí tinha um sorriso no rosto que não sabia de onde vinha aquela alegria dela.

— Anahí e Francisco serão seus mentores, seus subchefes, devem obedecer a tudo que eles falarem, eles informaram sobre a função de cada um de acordo com o que vocês se identifiquem melhor.

Isso só pode ser um pesadelo. Uyara nos deixou a sós com Anahí e Francisco.

— Estou com sorte de ter uma chefe tão bonita e gata assim. – comentou Christopher com os olhos fixos em Anahi.

— Um pouco mais de respeito, Ucker, qualquer bobagem que vocês fizerem irá para o relatório da justiça, que pode piorar a situação de vocês. – disse Francisco em um tom autoritário que não gostei.

Ri sarcástico.

— Se você acha vai mandar em mim. – apontava com o indicador. — Você está muito enganado, lembre-se que eu sou o seu chefe, você quem é o filho do caseiro.

— Não estamos na sua casa, Poncho.

— Já chega. – interferiu Anahí, empurrando com as mãos no peitoral Francisco. — Aqui não é o lugar e as crianças já estão olhando. – Francisco olha para as crianças e respira fundo. — Melhor você levar o Ucker para a área externa, e eu cuido do Poncho.

— Ah não, isso é vacilo. – brincou Christopher que não parecia nada incomodado com aquela situação.

Francisco saiu com Christopher me encarando, mas não tinha medo dele.

— Se você acha que vou seguir as suas regras, você está muito enganada, ninguém manda em mim. – disse entredentes.

— Bom, quando Uyara nos contou que vocês prestariam serviço comunitário na aquarela, pensei que você poderia ficar com as aulas de música. – disse Anahí, ignorando-me completamente. — Estamos sem professor e as crianças sentem falta. O que você acha?