Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

O trabalho comunitário não foi tão ruim quanto pensei, logico que tive dificuldade nunca fui muito bom com crianças, a única criança com quem convivi foi com Olivia e nós crescemos juntos uma vez que temos apenas dois anos de diferença na idade. Mas o fato de poder passar o conhecimento e o amor a música para aquelas crianças foi uma maneira que encontrei para matar as saudades dos instrumentos.

— Fiquei feliz ao saber que Poncho está na aquarela. – disse Mariana, enquanto todos tomavam café da manhã. — Annie, presta serviço comunitário lá, você sabia Alfonso?

Forcei um sorriso.

— Um poderá ajudar o outro. - continuou Mariana, transparecendo todo o seu entusiasmo.

Não que tivesse sido ruim, mas também não foi nada tão animador como Mariana deve estar pensando. Ao chegar ao colégio, Christian estava divulgando a próxima festa: o carnaval da galeria, que acontecia todos os anos. Mas que infelizmente este ano, nós não seriamos a banda a tocar.

— Nosso primeiro ano longe do carnaval. – lamentou Rodrigo. — Nós que começamos essa bagaça e agora estamos fora.

— Acho que não vou poder ir.

— Podemos inventar uma desculpa para o seu pai. – disse Perla.

— Não sei se é uma boa ideia, as coisas lá em casa ainda não estão sem por cento.

— E como está o trabalho comunitário? – perguntou Rodrigo.

— Adivinha só quem é a nossa chefe? – disse Christopher animado. — A pimentinha cara, a pimentinha, tem ideia do que é trabalhar com uma gata gostosa e super gente boa? a voz dela é a voz mais doce que já ouvi.

Revirei os olhos com o comentário exagerado de Christopher a respeito de Anahí.

Estava ajudando Christian com a panfletagem do carnaval da galeria no colégio quando senti uma mão me puxando pelo braço bruscamente. Perla me empurrava contra a parede e sua respiração estava ofegante.

— Ficou doida garota? – perguntei.

— Você quem não deve estar no seu juízo perfeito. – Perla afastou-se um pouco ao notar que os alunos que passavam nos observavam. — Olha só, eu vou avisar só está vez. – apontava o dedo no meu nariz. — Não chega perto do Poncho, não conversa com ele, não caia de amores por ele, porque ele me pertence ouviu bem?

— De onde você tirou essa maluquice Perla? Nunca tive interesse nenhum no Poncho.

— Isso é o que todas me dizem, mas depois, estão caídas de amores por ele, beijando-o, e fazendo tudo que ele quer.

— Então parece que suas ameaças não têm funcionado bem. – cruzei os braços, porque aquela situação era ridícula de todas as formas.

— Não debocha garota, não estou para brincadeira.

— Não se preocupe com isso, garanto que Poncho e eu estamos longe de sermos amigos, quem dirá algo mais.

— Acho bom, acho muito bom.

Perla saiu pisando fundo com o seu salto alto pelo corredor estremecendo as paredes. Comecei a expirar e inspirar profundamente, foi um tremendo susto e a primeira vez que passos por uma situação como essas. O objetivo de não ter inimigos no colégio, parecia que não ia funcionar, não se dependesse de Perla. Não que tivesse medo de Perla, mas uma mulher apaixonada é capaz de fazer loucuras por amor, e não quero correr o risco.

À tarde, Poncho e eu nos encontramos na aquarela e sorri quando ele chegou, por um momento achei que ele desistiria.

— Não se anima não, que não tive outra opção.

Disse entrando na ala interna da ONG.

— Olha só quem voltou gente, o tio Poncho.

As crianças não pareciam muito animadas, porque Poncho não estava sendo muito receptivos com ela. Era algo monótono e sem contato nenhum, não instigava as crianças a participar da aula e ele parecia gostar daquilo, já que ficava dentro da sala de música sem fazer absolutamente nada.

— Você tem que ser mais gentil com elas. – entrei na sala de música, cruzando os braços.

— Não tenho culpa se elas não gostam de mim. – Poncho deu de ombros, girando na cadeira ergonômica.

— Claro que não, elas buscam amor e carinho, e você está longe de demonstrar isso.

Poncho continuava a me olhar fixamente de baixo para cima.

— Poncho olha só, a ONG participara do festival de música e dança do bairro para arrecadar fundos necessários para a aquarela, precisamos preparar as crianças, você poderia ser o diretor do projeto, não consigo pensar em ninguém melhor, mas você precisa aprender a relacionar-se com elas.

Poncho começou a rir ficando de pé a minha frente.

— Você falando assim parece que é fácil, são crianças Anahí.

— Não me chama de Anahí, só Annie.

Inspirei fundo para controlar a minha raiva.

— Não tenho culpa se não gosta do próprio nome. – Poncho caminhava girando ao redor do meu corpo. — Mas são pestinhas, não tenho capacidade mental de atura-los.

Poncho podia ser pior do que pensava. Como ele conseguia falar assim de crianças praticamente abandonadas.

— Poncho, você não é mais criança, e só quero lembrar-lhe do relatório, o seu relatório sou eu quem irei fazer, Uyara colocará exatamente tudo que eu disser, eu não vou ficar insistindo para que você ajude, mas acho bom você repensar as suas atitudes.

Fiz menção de sair da sala e Poncho me puxou pelo antebraço. Seu toque me causou arrepios inesperados e fechei os olhos tentando me esconder.

— Desculpa. – me soltou voltando a sentar-se na cadeira. — Me fala exatamente como é o projeto e montarei um planer para começarmos.

Virei-me encarando-o e sorri.