Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

Aquela noite foi a noite mais conturbada que já tive. Não consegui pregar o olho, fiquei virando de um lado para o outro na cama repassando tudo que havia feito nas últimas horas. A forma como fiquei preocupado e sai da festa para saber o que havia acontecido com Annie e a minha vontade incontrolável de beija-la ao vê-la tão linda de sereia naquela cama. Me senti um vulnerável, e não gostei nada daquilo.

Pela manhã, sai de casa cedo, não queria tomar café com a minha família. Busquei Christopher e fomos tomar café na taberna.

— Você sumiu da festa ontem cara, Perla deu maior trabalhão quando te procurou e não encontrou.

— A Perla precisa aprender a beber e me deixar em paz.

— Estava com alguma gatinha, não é sacana? – Christopher empurrou meu ombro. — Quem é a felizarda desta vez?

Fiquei em silencio e girando a colher na xicara a minha frente. Christopher e eu não tínhamos segredos, éramos melhores amigos, estávamos juntos na alegria e na tristeza, e é por essa lealdade que estamos fazendo serviço comunitário juntos, correndo risco de irmos para cadeia juntos também.

— Beijei a Annie ontem à noite. – confessei, olhando contra o sol.

Christopher fez barulho ao colocar a xicara de volta no pires.

— Sabia, sabia que a pressão do Rodrigo o instigaria a tomar uma atitude antes.

— Por/ra nenhuma, não sei o que deu em mim.

— Você sempre agarra todas as novatinhas primeiro cara, Annie não seria diferente.

— Mas ela é diferente. – disse entredentes. — Ela é sobrinha da Mariana.

— Mas não é sua prima, ela é sobrinha da sua madrasta e muito gostosinha por sinal. – Christopher deu um sorriso malicioso que não gostei, mas me controlei. — Mas e então, é boa na cama também?

— Foi só um beijo, como eu disse, não era para ter acontecido, foi só consequência.

— Consequência do que? Para de palhaçada e conta logo detalhe por detalhe.

POV ANAHÍ

Só consegui pegar no sono aquela madrugada porque os remédios que tomava para enjoo me deixava com sono. Na manhã seguinte, ao descer para tomar café, Mariana já sabia que havia passado mal na noite passada. Sinal de que as notícias correm rápido nesta casa, provavelmente, o Chico tenha falado a Ada e assim seguiu o telefone sem fio. Mariana me ordenou a faltar ao colégio e fazer uma nova bateria de exames pela manhã.

— Está proibida de ir a qualquer festinha.

Os exames detectaram uma pequena porcentagem de álcool a e mesmo garantindo a tia Mariana de que não ingeri bebidas alcoólicas de própria vontade, ela não aceitou.

— Precisa a prender a não tomar bebidas do copo dos outros Annie, não sabe o que está lá dentro, já pensou se fosse uma droga mais poderosa? Ou uma bebida com um teor de álcool maior?

Tia Mariana estava decepcionada e preocupada com a situação, e com toda razão. Sai do hospital já depois do almoço direto para a ONG, precisava de algo que tirasse a minha mente de toda aquela pressão sob responsabilidade que estava passando.

— Como você está? – a voz do Christopher me assustou.

Fiquei de pé para cumprimenta-los. E engoli seco ao sentir os olhos fixos de Poncho em mim. Sentia como se ele estivesse vendo o mais profundo do meu ser, cada osso da minha coluna, meu coração acelerou, minhas mãos se escondiam para não demonstrar o quanto estava nervosa ao vê-lo depois do beijo inesperado e quente que ele me dera noite passada.

— Estou bem. – respondi, depois de dois minutos silenciosos. Christopher riu e parecia saber o que houve. — Obrigada por perguntar.

Christopher saiu para a ala externa da aquarela e desviei o olhar de Poncho chamando as crianças para começarmos o ensaio. Não trocamos uma palavra, não nos cumprimentamos, não comentamos nada a respeito dos erros que estavam acontecendo aquele dia no ensaio. Apenas olhares, confusos e misteriosos que falavam por se si. Ao final do ensaio, quando a última criança saiu da sala de música. Poncho me puxou pelo antebraço.

— Olha só, Anahí.

— Annie. – o corrigi.

— Para de dar essa bandeira toda, finge que nada aconteceu, foi só um beijo, que eu espero que você não saia gabando-se por aí por ele, não pegaria bem, afinal somos quase primos.

Mordisquei minha boca irritada com aquele egocentrismo ridículo do Poncho, quando penso que ele é alguém melhor, que está evoluindo, ele vem e mostra que é o mesmo mauricinho de sempre. Inspirei fundo.

— Do que você está falando? – perguntei, soltando meu braço, se ele queria bancar o louco, que seja bem-vindo ao manicômio.

Poncho juntou as sobrancelhas dando passos largos para trás. E sorri vitoriosa saindo da sala de música. Não demorou muito para as lagrimas escorressem do meu rosto antes mesmo de chegar em casa aquela noite. Disse a tia Mariana que não desceria para o jantar por estar enjoada e eles foram bem compreensivos.

Era difícil estar gravida aos dezessete anos, as emoções ficavam ainda mais a flor da pele, meu coração estava cada vez mais confuso sobre esse sentimento que parece nascer por Poncho, sobre o sentimento que parece que não morreu pelo Alex. E dentre mil coisas das coisas que tenho sempre que manter o controle, por causa do bebê.