Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

A noite passada fora a pior noite da minha vida, quando senti aquele homem segurando os meus braços e me sacudindo com força por um momento achei que perderia tudo, inclusive o meu bebê. Entreguei a bolsa com tudo que tinha dentro, a única coisa de valor que tinha era o celular e algumas coisas do colégio, mas tudo recuperável. Menos o meu nervosismo. O excesso de raiva de Poncho me espantou, nunca o vi com tanta raiva e com razão, nada daquilo teria acontecido se eu tivesse voltado em segurança com ele.

— Onde pensa que vai? – a voz gutural de Poncho e a mão dele puxando pelo braço me espantou.

Aquela manhã decidi não tomar café, não tinha coragem de encara-lo.

— A partir de hoje, você irá e voltará comigo todos os dias do colégio e nem ouse recusar ou começar com o seu discurso ridículo, porque caso você não concorde, irei contar ao colégio inteiro sobre a sua gravidez.

— Está me ameaçando? Que merda você tem na cabeça?

Me vi nervosa demais.

— Nem queira saber as merdas que tenho na cabeça para não se assustar, mas no momento isso não é importante, e então, estamos entendidos?

Não queria que o Poncho me desse ordens, mas dei-me por vencida e caminhei com ele até o carro.

— Muito bem, boa garota.

Os olhares dos nossos colegas de sala ao me verem chegando com Poncho não foi nada agradável, principalmente das meninas que me olhavam com faíscas saindo pelos os olhos. Queria dizer ao mundo que aquilo não era opção minha, mas não adiantaria muita coisa, cada um pensa o que quer pensar. Perla me fuzilava com o olhar e senti um arrepio na coluna, depois do medo que passei ontem, não pretendia me colocar nestas situações novamente.

— O que foi? – perguntei a Dulce que me olhava aos risos segurando os livros na mão, balançando a cabeça. — Dulce, fala logo, é algo com a minha roupa?

— Você é péssima em esconder segredos.

Franzi o cenho, imaginando do que ela estava falando.

— Primeiro você chega com ele a galeria ontem, depois ele sai atrás de você e você a recusa. – a olhei espantada. — Sim, ele voltou para a mesa com os amigos furioso e por pouco não gritou com Perla que ficou extremamente enciumada, e hoje você me chega com ele no colégio. Tem algo que queira me contar?

Sim, tinham muitas coisas que precisava contar, coisas que precisava desabafar com alguém, que apenas a terapia não estava funcionando.

— Nós nos beijamos. – confessei, puxando para uma ala não muito movimentada da cantina. — Não ontem, mas algumas vezes.

— Sabia. – Dulce gritou e a repreendi com o olhar. — E você gostou? – assenti que sim. — É mesmo ele sendo um mané, ele é gatissimo.

— Dul!

— Uai, só confessei, mas me fala mais, e como se sente? – Perla passa por nós duas me encarando. — Ela sabe?

— Não, ninguém sabe, eu acho.

— Com certeza o Ucker sabe, eles não escondem nada um do outro.

O sinal tocou e nós seguimos para a sala.

— Toma cuidado com Perla, ela é possessiva com ele, e acho que por isso que muitas não demonstram tanto que fica com ele.

— Ele fica com várias assim?

— É o Poncho Herrera, claro que fica.

É claro que esperava ouvir outra coisa da Dulce, algo que alimentasse ainda mais a minha ilusão de que supostamente o Poncho estivesse gostando de mim, pelas suas atitudes. Mas a Dulce havia me feito lembrar de quem era Poncho Herrera o maior pegador do colégio, o mauricinho rico que tem tudo que quer, inclusive a mim. Droga Annie! antes de entrarmos na sala, nos deparamos com uma mesa que tinha alguns jornais do colégio, um outro projeto do grêmio estudantil.

— Mas que porcaria. – disse Dulce ao ler jornal.

— Viu só o que você fez? Isso é tudo culpa sua garota, com esses projetos idiotas.

Aurora a menina da notícia-fofoca que aparecia no jornal gritava comigo ali mesmo no corredor, fazendo com que se formasse uma roda de alunos.

— Vou saber o porquê publicaram aquele tipo de informação, Aurora, não é para isso que criamos o jornal.

No jornal tínhamos uma notícia nada legal e divertida sobre Aurora está insinuando-se para um colega de sala, tinha uma foto dela de top em uma posição não muito agradável e que não sei como cargas d’agua conseguiram publicar isso e não quero pensar no problema que trará.

— Ah é? Mas não adianta muita coisa, a merda já está feita, todo o colégio já viu. Eu odeio você, odeio.

Lagrimas fizeram menção de cair dos meus olhos. E senti a mão gelada na minha cintura, e olhei de lado e era Poncho.

— Aurora, não pode culpar a Annie, vamos descobrir quem enviou a notícia, o jornal é montado por todos os alunos do colégio no aplicativo. – disse Poncho.

Fiquei cabisbaixa respirando fundo para não perder o controle.

— Mas que merda é essa, Poncho? – ouvia Perla aproxima-se. — Está defendendo a caretinha agora?

— Dá no pé, Perla. – pediu Poncho rudemente.

A professora chegou para apaziguar a discussão e como previsto o jornal foi cancelado por dois dias e o diretor disse que encontraríamos através do IP quem mandou a notícia e colocou no jornal. Estava saindo da sala do diretor, quando Perla me puxou para um outro corredor.

— Parece que você esqueceu do meu recadinho. – apontava bem no fundo dos meus olhos. — Mas, como boa pessoa que sou, faço questão de lembra-la, fica longe do Poncho.

Era só o que me faltava.

— E vai por mim, você não vai querer me ver começando a destruir a sua vida neste colégio, Anahí Portilla, esse é o último aviso que lhes dou.

Perla saiu das minhas proximidades e as coisas parecia só piorar aquele dia, quer dizer, nos últimos dias. Ameaça de Perla com o aviso de Dulce a respeito dessa possessão dela, me deixavam pensativas. Mas também, era impossível me afastar do Poncho depois da chantagem idiota que me fez, era como se minha vida fosse ser sempre assim: um beco cada vez mais sem saída.