Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

Os ensaios da peça estavam acontecendo durante a manhã, todo colégio estava em pausa para o primeiro festival cultural. Os dias passavam e meu coração estava ansioso para o início do ensaio das primeiras cenas em que faria com Annie. Ao chegar a sala de ensaios, Annie já andava de um lado para o outro lendo os papeis que tinha nas mãos.

— Finalmente podemos começar. – disse a professora Xênia, a coordenadora daquele ensaio.

Xênia explicava que era para termos em mente que o teatro estaria decorado como um salão, a primeira cena era a festa na casa dos Capuletto, Xênia nos entrega as máscaras para ficar ainda mais real o ensaio, e liga a pequena JBL com uma música ambiente.

— Os santos e os devotos não têm boca?
— Sim, peregrino, só para orações.

Annie estava nervosa e sua voz saia um pouco tremula, já que ela teria que me olhar nos olhos o tempo inteiro durante a maioria das cenas.

— Deixa, então, ó santa! Que esta boca mostre o caminho certo aos corações.
— Sem se mexer, o santo exalça o voto.

Caminhava aproximando-me de Annie ainda mais, segurando a sua mão esquerda.

— Então fica quietinha: eis o devoto, em tua boca me limpo dos pecados.

Coloquei as duas mãos no rosto de Annie, que me olhava nervosa demais. meu coração acelerava, tinha que beija-la, um beijo técnico ensinado por Xênia, mas sabia que não me controlaria.

— Com licença.

Perla entra na sala arrastando um carrinho com água e alguns biscoitos. Interrompendo a cena, fazendo Annie se afastar.

— Trouxe a água que pediram.

Xênia parecia irritada com a interrupção.

— Uma pausa. – comunicou.

Annie bebericou da água e não podia deixar de perceber como suas mãos tremiam. Caminhei até a janela para respirar fundo, começo a pensar que fazer dupla com Annie não seria uma boa ideia.

— Poncho!

Xênia gritou segurando Annie que acabara de desmaiar.

— Vou chamar ajuda.

Perla saiu da sala correndo e não esperei por ajuda, aquilo estava ficando constante demais para serem apenas ensaios emotivos. Peguei Annie no braço, chamando a atenção de todo o pátio do colégio e a levei até o carro. Rodrigo e Christopher me acompanharam, já que não tinha condições de dirigir. Ao chegarmos ao hospital Mariana já estava a nossa espera e mesmo sabendo que Annie brigaria comigo mais tarde, contei a Mariana de que este era o segundo desmaio de Annie no colégio.

— Você precisa se acalmar. – pedia Christopher, ao me ver andar de um lado para o outro na sala de espera.

Mariana surge na sala de espera depois de alguns longos minutos.

— E então? Como ela está? Qual a razão desses desmaios?

— Clorofórmio. Annie inalou uma certa quantidade de clorofórmio e isso é muito perigoso, preciso que me conte exatamente tudo que aconteceu nessas últimas horas, Poncho, a escola precisa se responsabilizar.

Sai até a sala de Mariana e lhes contei tudo que havia acontecido, que o único pano que vi Annie passar no rosto e provavelmente cheiras, fora um guardanapo que Perla trouxe junto com os biscoitos e a água. E que antes disso Annie parecia bem, tirando o nervosismo normal por estarmos ensaiando juntos, mas Mariana não precisava saber desse detalhe.

— Precisamos chamar essa Perla para que ela nos dê mais informações.

— Não precisa se preocupar com isso, deixe que eu mesmo falo com Perla.

Ao sair da sala de Mariana, comecei a juntar as peças.

— Perla passou de todos os limites desta vez. – dizia Christopher.

— Ela me paga por isso.

— Poncho, o que pensa em fazer? Sabe que a Perla nunca teve juízo quando se trata de você. – perguntou Rodrigo.

— Eu vou esgana-la com as minhas próprias mãos.

Sai caminhando rápido em direção ao carro e Rodrigo e Christopher caminhavam atrás de mim, parecia estar comigo, talvez porque nunca me viram tão furiosos como estou agora. O trajeto do hospital ao colégio nunca fora tão curto, ultrapassei todos os carros e inclusive um sinal vermelho que me renderia uma boa multa, mas não me importava. Ao chegar no colégio, Perla estava na calçada toda pomposa conversando com umas meninas.

— Você ficou louca? – a empurrei e Christopher me segurou. — Tem ideia do que os seus ciúmes idiotas poderiam ter causado a Annie?

— Mas do que você está falando, Poncho? A Annie está bem? O que houve com ela?

— Você é mesmo muito mais cínica do que imaginei, você sabe muito o que aquela maldita coisa que você colocou no guardanapo poderia ter causado a Annie.

Não só a Annie, mas ao bebê, mas não poderia falar isso, ainda era segredo.

— Dessa vez você jogou sujo, Perla. – disse Rodrigo.

— Mas de qual lado você está, Rodrigo? – esbravejou Perla, que já começou a chorar, fazendo seu bom e velho drama.

— Melhor se acalmar, Poncho, o diretor aparecerá aqui daqui a poucos minutos. – pedia Christopher.

— Sim, preferia que a Annie estivesse mesmo morta, aquela maldita garota não sai do nosso caminho. – Perla continuava a falar alto absurdos que assustavam não só a mim, mas a todos que olhavam aquela confusão.

— Você é louca, precisa se tratar. – disse, já mais calmo. — Fica longe de mim, e longe da Annie também.

Que Perla tinha uma obsessão por mim eu já sabia, não tolo a esse ponto, mas ela nunca extrapolou tanto, sim, já me meteu em algumas confusões, mas até que achava divertido ter uma maluca que animava as festas e rendia boas brigas femininas para serem assistidas. Mas isso tudo muda de figura, quando a outra garota é a Annie, e conhecia Perla a bastante tempo para saber que aquilo era só o começo dos seus planos sujos para assustar Annie e afasta-la de mim. Mas Perla precisava saber que desta vez era diferente, que Annie não era só mais uma ou meu brinquedinho, Annie era a menina por quem me apaixonei, a menina que espera um bebê que quero proteger. Depois da confusão com Perla na porta do colégio, Christopher e eu seguimos para o projeto social.

— O que pensa em fazer com Perla?

— Não sei cara, mas ela passou de todos os limites.

— Porque ficou tão preocupado, Poncho? Sinto que tem algo que ainda não me contou.

— Já disse que no momento certo, você saberá de tudo, Ucker.

Annie não foi ao projeto social aquela tarde e fiquei preocupado, porque realmente foi sério. Contava as horas para chegar em casa e vê-la, precisava de notícias e saber como ela estava, já que não a vi no hospital depois a que deixei desacordada. Ao chegar em casa, todos estavam a mesa de jantar menos Annie, então subi as escadas silenciosamente para que eles não me chamassem.

— Entra. – disse, após bater na porta do quarto.

— Como você está?

— Acho que bem agora. – sorriu.

Annie estava de pijama lendo o roteiro da peça do colégio.

— Que bom. – sorri desviando o olhar, não sabia mais o que dizer, mas estava feliz que ela estivesse realmente bem.

— Foi a Perla, não foi? A tia Mariana comentou comigo.

— Sim. – disse cabisbaixo. — Ela passou de todos os limites desta vez, mas já resolvi isso.

— Não sei qual o problema dela comigo, já falei a ela que não temos nada, que nem amigos somos.

As palavras de Annie eram como alfinetes no meu coração. Não disse nada, somente sai do quarto para evitar começar uma terrível discussão com ela, estava cansado de tudo isso, e de todo esse jogo, acho que o Christopher tem razão, preciso tomar uma atitude e uma decisão, o mais rápido possível. Ou esqueço Annie completamente, ou luto por ela.