Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

Ao acordar já escutava a barulheira do corredor, Ada subia as escadas com uma xicara de chá e Olivia vinha logo atrás com uma sacola de remédios.

— O que houve?

— A Annie está queimando em febre. – respondeu Olivia, entrando no quarto de Annie.

Entrei no quarto depressa e Mariana já estava medicando a Annie.

— O que ela tem Mariana?

— Uma febre como reação emocional, deve ser o nervosismo para apresentação.

— Vou ligar para o colégio e cancelar, inventar qualquer coisa e dizer que não iremos nos apresentar.

— Não. – gritou Annie. — Eu consigo, só preciso me acalmar um pouco.

— Achei que já soubesse lidar com apresentações depois do campeonato. – disse Olivia.

— Também Oli, mas é diferente desta vez.

Annie me encarava no fundo dos olhos e Mariana pede alguns minutos.

— Melhor ir se arrumar Poncho, ela ficará bem.

Coloquei tudo que era necessário para a nossa apresentação no carro e fiquei impaciente na sala olhando para o relógio esperando por Annie, talvez fosse mesmo melhor cancelar tudo, não sei se eu conseguiria enfrenta-la desse jeito. Mas Annie desceu as escadas.

— Nós encontramos com vocês lá. – disse Mariana.

Ao chegarmos no teatro. Annie e eu dividíamos o mesmo camarim. Então arrumei-me primeiro e depois sai para que ela ficasse à vontade.

— Pode entrar. – respondeu, assim que bati na porta depois de alguns minutos.

— Estão querendo saber se estamos prontos. – disse, entrando no camarim.

— Será que pode me ajudar a fechar o vestido? – perguntou envergonhada.

Annie forçou um sorriso me olhando através do espelho de costas para mim. Caminhei em sua direção e só agora fechando lentamente esse vestido que percebo como sua barriga ficou aparente nele, como está bem redondinha e como ela fica linda de longo. A abracei por trás não muito certo se ela permitiria, mas Annie continuava ali parada me olhava pelo reflexo do espelho. E desci as mãos a sua barriga tocando-a pela primeira vez.

— Oh meu Deus! – Annie sussurrou. — Você viu isso?

Balançava a cabeça emocionado, a bebê que ainda não sabemos o sexo acabara de chutar ao sentir o meu toque. Annie colocou suas mãos em cima das minhas e meu corpo arrepiou de imediato com o calor dos nossos corpos tão próximos.

— Você é a gravida mais linda desse mundo, Anahí Portilla.

— Acha que alguém perceberá? Deveria ter trocado de vestido.

— Não, tenta não pensar nisso.

Continuávamos ali parados, fechei os olhos acariciando o pescoço de Annie com o nariz e ela apertava minhas mãos ainda na sua barriga. Puta merda, como desejava aquela menina, senti o rosto de Annie ficar molhado e então, abri os olhos e a virei ficando frente a frente.

— Não chora, você não faz ideia de como me parte o coração vê-la chorar.

Secava suas lagrimas.

— Annie tudo ficará bem, eu estou aqui e você se sairá bem na peça.

Mesmo achando que não era pela a peça que Annie estava chorando, era mais fácil acreditar que era. Um barulho vindo do lado de fora a festa de afastar.

— Mas que coisa feia Perla, mexericando atrás da porta

Annie me olhou com um olhar desesperado ao ver Christian abrindo a porta e Perla parada nos encarando.

— Vamos, sei que é ótimo namorar, mas não é o momento.

— Será que pode nos dar dois minutos, Pollito? – pedi.

— Tá, mas dois minutos, caso contrário volto aqui novamente.

Christian mandou dois beijos com as mãos.

— E você Perla, vem comigo. – disse Christian puxando Perla, fechando a porta.

— Acha que ela ouviu alguma coisa? Ela viu alguma coisa?

As perguntas de Annie saiam sem pausa, coloquei minhas duas mãos no seu rosto.

— Não se preocupa com isso com agora, darei um jeito em Perla, Annie.

— Mas Poncho se ela escutou alguma coisa, ela vai usar isso contra mim, e o pior o que ela poderá fazer com essa informação, ela me fez desmaiar sem saber da gravidez imagine agora que...

— Annie, por favor. – coloquei a mão na boca dela silenciando. — Você precisa se acalmar, pelo o bebê.

— Você tem razão, melhor irmos, o Pollit...

Antes que ela pudesse terminar a frase Christian entrou no camarim puxando a nós dois pelo pulso para irmos a fila de ordem de apresentação da peça. A peça começou e a cada cena, era possível notar o público chorando, inclusive Mariana e Olivia.

Annie estava deitada na cripta.

— Querida Julieta, corri de Mântua até aqui para te ver, disseram-me que tinhas morrido, e o que vejo é verdade, tomarei este veneno que comprei e te acompanhei no teu sonho de morte.

Tomo o vidrinho com suco de uva, o nosso falso veneno e caiu ao lado de Annie deitada.

— É aqui que deveria estar. – a voz de Annie levantando. — Mas agora estou livre para Romeu.

Annie me vê deitado e o veneno ao lado.

— Meu querido, não recebeste a carta de frei Lourenço? O veneno, tomaste tudo. Quem sabe sobrou um pouco em teus lábios? Ainda estão quentes.

As mãos de Annie tocando os meus lábios me deixou um tanto excitado e estava difícil controlar. Annie pega o falso punhal.

— Punhal, serei tua bainha...

E antes de atingir a si própria, Annie toca os lábios dela nos meus suicidando-se e a cortina se fecha. Antes que Annie se levantasse do seu corpo sob o meu, segurei o seu rosto e beijei com toda a minha saudade e desejo. Era possível ouvir os comentários dos nossos colegas de sala, já que tínhamos que sair dali para montagem da próxima cena, a cena final de Julieta e Romeu mortos.

— Fica comigo, Annie. – disse em sussurrando afastando-a.

Annie me olha nos olhos e nunca estive tão nervoso a espera de uma resposta em toda a minha vida. Annie balançava a cabeça.

— Fala para mim.

— Galera, vamos, não temos tempo. – Xênia gritava e parecia emocionada também, o que foi engraçado.

— Eu aceito.

Abracei Annie ficando de pé e a rodopiei no palco.