Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

Ao sair do quarto Mariana me olhava com lagrima nos olhos, provavelmente tenha escutado tudo, mas àquela altura nada mais me importava. Sai do hospital procurando por ar fresco, jamais pensei que chegaria a ter aquele tipo de discussão com Annie. Porque tudo poderia ser mais simples, tudo poderia ter sido mais simples.

Fiquei na lanchonete do hospital por um bom tempo, bebericando de uns três cafés e fingindo prestar atenção no telejornal que passava. Ao voltar para o quarto, Annie já estava medicada e já estava dormindo, Mariana havia providenciado um travesseiro e um lençol. E capotei.

— Bom dia.

A voz de Mariana ao longe me fez despertar, o sol que iluminava o quarto me mostrou que já era de manhã e que havia dormido muito pouco noite passada, porque continuava com sono. Annie não me olhava, e também não conseguia olha-la.

— Acho que hoje dá para ver o sexo do bebê.

— Jura, tia?

Annie parecia animada ao juntar as mãos.

— A enfermeira vem te preparar para o exame.

— Vou tomar um café. - disse.

— Já vai? – perguntou Mariana e olhei para Annie, ela parecia curiosa pela a resposta.

— Encontro vocês na sala em dois minutos.

Sai do quarto para que a enfermeira tivesse um pouco mais de privacidade para preparar Annie para o exame e aproveitei para tomar uma enorme xícara de café para me manter acordado. Ao subir até a sala de exames que Annie estava, ela sorriu ao me ver entrar.

— Vamos lá, se mostre para sua tia.

Mariana falava com a máquina. Minhas mãos suavam frio. Meu coração congelou quando Annie segurou a minha mão discretamente na lateral da cama.

— Fala tia, vamos. – pedia Annie ansiosa, apertando a minha mão.

— É uma menina!

Mariana gritou na sala e Annie começou a chora.

— Uma menina. – disse Annie em quase sussurro olhando a tela em que tia Mariana lhe mostrava o sexo.

Minhas meninas. Impulsivamente beijei a mão de Annie e ela me olhou emocionada.

— Já sabe como ira chama-la? – perguntou Mariana.

— Maria Cecilia.

A resposta de Annie me fez ficar em transe e as lagrimas escorriam pelo meu rosto, aquele nome, fora o nome sugerido por mim semanas atrás, o nome que pesquisei significado e que quer dizer: a guardiã dos músicos. Como queria beijar aquela mulher, e tomar o seu corpo, mas me controlei por respeito a Mariana e por respeito a vontade de Anine em querer esconder todo esse sentimento.

Annie teve alta aquela tarde mesmo, esperamos por Mariana para que pudéssemos voltar todos juntos para dar a notícia a Olivia e Alfonso.

— Poncho.

Mariana me chamou impedindo-me de subir as escadas.

— Um minutinho só.

Mariana caminhou até o escritório e eu segui. Annie não entendeu nada, mas foi de encontro a Olivia na sala de estar. Era estranho ver Mariana me chamando para uma conversa particular sem Alfonso, tínhamos uma boa convivência, mas nunca conversamos muito.

— Algum problema, Mariana?

— Não, nenhum. – Mariana sentou-se no sofá e pediu que sentasse. — Você tem acompanhado toda consulta da Annie, desde que descobriu que ela estava gravida.

Continuei em silencio.

— Na verdade, foi através de uma consulta que você descobriu que ela estava gravida, o que quer dizer que antes você já estava preocupado com ela.

— Sem rodeios Mariana.

— Você e Perla começaram a namorar de uma hora para outra, nunca os vi juntos, tampouco se tratando como namorados.

— Seja direta Mariana. – a interrompi novamente.

— Você gosta mesma dessa moça, a Perla? Porque sempre os vi como amigos.

— Não, e você e toda torcida do flamengo sabe que não gosto da Perla.

Mariana sorriu ao ouvir a minha confissão, mas não parecia assustada.

— Estou com a Perla pelo simples motivo dela saber sobre a gravidez da Annie e ter ameaçado contar.

— Mas que absurdo, ela deve ser mesmo muito apaixonada por você para se sujeitar a isso.

— Perla tem em mente que esse namoro irá me fazer gostar dela. – revirei os olhos.

— Mas ninguém gosta de ninguém forçado dessa forma.

— Ninguém gosta de outro alguém, quando se é apaixonado por uma pessoa, Mariana, não adianta fingir que não sabe que sou perdidamente apaixonada pela sua sobrinha, pela a Annie.

— Tão direto quanto o Alfonso, vocês são muito parecidos.

Não queria discutir com ela, porque odiava quando me comparavam ao meu pai.

— A Annie será mãe de um filho de outro homem, que pode aparecer a qualquer momento, sabe disso.

— Sim, eu sei e nunca me importei com a ideia de criar o filho de outro homem, porque eu a amo.

— Mas vocês são muitos jovens, você só tem dezessete anos Poncho, ano que vem fará vestibular, provavelmente Alfonso irá manda-lo para fora.

— Ano que vem serei maior de idade e o papai não poderá me obrigar a nada, e tenho consciência de tudo que terei que enfrentar ao me envolver com uma mulher gravida de outro homem, Mariana, isso não me assusta, terei Cecilia como minha filha.

— Os hormônios da adolescência são mesmo emocionantes...- disse Mariana com lágrimas nos olhos.

— Por favor, sem papo médico aqui. – a interrompi, ficando de pé. — Se essas eram as dúvidas, espero que estejam devidamente tiradas.

— Não todas, mas sei que não está para muita conversa, vá descansar.

— Obrigada.