Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

O final de semana do festival demorou mais finalmente chegou, as crianças estavam animadas para a apresentação e não se preocupavam tanto e naquele instante me deu vontade de voltar a ser criança novamente. Annie estava ocupada demais com a ornamentação que não tivemos tempo de falar sobre o que houve ontem quando a beijei. Enquanto Annie cuidava da ornamentação, eu repassava tudo para as crianças.

— Nunca te vi tão dedicado com um evento que não é da banda.

— Mas esse evento é da banda de certa forma.

— Você entendeu o que quis dizer.

Christopher estava ali para atormentar meu juízo e para me ajudar a montar os instrumentos, Alfonso havia liberado a banda para tocarmos hoje no festival, e isso era motivo para a minha animação também.

— Não me importo mais. – ouvia Rodrigo dizer enquanto ajudava Christopher. — Só entendo porque ele está com a Perla e não com a Annie, não faz sentido nenhum, as vezes acho que o Poncho sofre de bipolaridade.

Ria do comentário de Rodrigo ao meu respeito. O salto alto que Christian usava aquele dia me fez colocar as mãos nos ouvidos quando ele começou a andar no palco.

— Parem de fofocar sobre a vida alheia e andem rápido com isso.

— Fica na sua Pollito, se não ajuda, também não atrapalha. – disse Rodrigo.

— Rápido! – Christian gritou provocando Rodrigo.

Ao longe vi quando Olivia, Mariana e Alfonso chegaram, caminhei de encontro a eles para cumprimenta-los e Annie chegou no mesmo instante em que eu.

— Está tudo lindo, Annie. – disse Olivia. — Meus parabéns.

— Só a Annie merece parabéns então? – perguntei, cruzando os braços.

— Você também seu bobo. – Olivia me abraçou.

— Vocês fizeram um ótimo trabalho, agradeço a você Annie por ter conseguido convencer o meu filho a continuar com esse belíssimo projeto, sei o quanto o Poncho pode ser duro na queda.

Annie e eu se entreolhamos e ela estava nitidamente envergonhada. Não sei se Mariana havia comentado com Alfonso algo sobre a nossa conversa outro dia, mas aquilo verdadeiramente não fazia diferença nenhuma.

Annie os conduziu até bons lugares e a vi chegar atrás do palco onde estava terminando de ligar os fios, Annie segurava no palco caminhando, soltei os fios e corri em sua direção.

— O que houve? Vem me deixa te ajudar. – coloquei seu braço ao redor do meu pescoço, ajudando-a chegar ate uma cadeira. — Puta merda, você está suando frio.

— Acho que minha pressão baixou.

— Vou chamar a Mariana.

— Não. – Annie me puxou. — Já já passa.

— Posso saber o que está acontecendo aqui?

A voz irritante de Perla fez Annie soltar o meu antebraço.

— Não enche o saco, Perla.

Como se percebesse o meu desespero, Christopher aproximou-se ficando ao lado de Annie.

— Deixa que cuido dela, vaza já daqui Poncho.

Até que Christopher era um bom ator. Mesmo contra a minha vontade sai das proximidades de Annie sendo puxado por Perla, que fazia questão de me apresentar para todos do bairro como seu namorado oficial, respirava fundo para não perder o controle. Era o dia do festival e não podia arrumar confusão.

Finalmente Christian começou a falar no palco, apresentando todo o projeto e falando um pouco sobre a ONG Aquarela junto com Uyara, a diretora da ONG, e nós da banda começamos a passagem de som para dar abertura ao festival. Depois de duas músicas, chegou o momento da apresentação dos pequeninos, junto com Annie que já parecia bem melhor, organizamos no palco a montagem da apresentação da minibanda.

Assim que as crianças começaram a se apresentar, Perla puxou-me para o outro lado do palco. mesmo distante, notava que Annie estava emocionada e chorava ao ver suas crianças se apresentando tão bem, mas uma cena me tocou ainda mais, Annie desceu a mão para a barriga involuntariamente e só agora me dava conta que o choro de Annie ia bem além da emoção da simples apresentação. E por um momento quis saber o que estava passando na sua cabeça naquele instante. Estávamos sorrindo um para o outro, até Perla segurar firme a minha mão e Annie desviar o olhar.

Aquela situação estava mesmo insuportável.

Christian anunciava o final das apresentações e o DJ começava a tocar, as crianças estavam com supervisores voluntários brincando no parque enquanto desmontávamos os instrumentos.

— A galera está indo para o taberna já que aqui não tem álcool, vamos? - perguntou Perla.

— É..

— Nós precisamos ficar para guardar todos instrumentos, fios, cabos, alguns são alugados não podemos correr risco de perder nada. – respondeu Christopher, me salvando.

— Mas, você pode ir, prometo encontrá-la daqui alguns minutos, não vai demorar.

— Então tá, mas não demora.

Por um segundo pensei que Perla fosse desistir de ir para a taberna e que resolvesse me esperar, mas felizmente ela saiu com a galera. Christopher e eu suspiramos aliviados.

— Acho que fizemos um bom trabalho

Annie estava organizando as crianças na van para que o motorista pudesse deixa-las em suas residências.

— Sim, nós fizemos.

Annie deu um sorriso sem mostrar os dentes não muito contente e saiu me deixando ali parado sozinho, indo ajudar todo o resto do pessoal. Mariana e Alfonso já haviam se despedido, e a praça estava praticamente vazia, só restava-nos da organização.

— Quer uma carona?

— Uyara disse que me deixa em casa, não quero correr o risco de Perla me dedurar para o colégio inteiro de maneira monstruosa.

A frieza de Annie estava acabando comigo e não sei mais por quanto tempo irei suportar toda essa situação.