Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

Bati na porta do quarto de Annie pela manhã, para chama-la para irmos juntos ao colégio, a ideia de ela estar indo a pé, correndo risco com Cecilia me assustava e pretendia mudar aquela decisão de Annie hoje mesmo. Mas ao entrar no quarto, me deparei com todas suas roupas jogadas no chão do quarto e Annie sentada na cama olhando para uma fotografia com lagrimas nos olhos.

— Sua família? – perguntei, sentando ao seu lado na cama.

— Sim, quer dizer, já nem sei mais como chama-los.

— Eles sempre serão a sua família, Annie, porque não lhes faz uma visita?

— É complicado, não quero causar problemas a minha mãe a minha irmã. – abracei ainda sentado de lado. — Meu pai me expulsou de casa, me tratou como uma qualquer, disse que eu sequer merecia ser chamada pelo nome que carregava.

— Por isso odeia tanto quando a chamo de Anahí Portilla? – franzi a sobrancelha, confuso e me sentindo um idiota.

— Sim. – Annie sorriu em meio ao choro. — Minha mãe não fez nada, nunca tentou saber como estou, nem mesmo através da tia Mariana, é como se eu nunca tivesse existido e eu os amos tanto, apesar de tudo.

— Ei. – segurei o rosto de Annie fazendo-a olhar para mim. — Precisamos dar um jeito nisso, me deixa te ajudar, me deixa cuidar de você como eu quero cuidar Annie.

Encostei as nossas testas, nossas respirações se mesclaram e estava difícil lutar para não beija-la ali, mas não queria me aproveitar desse momento frágil dela.

— O que são todas as essas roupas espalhadas? – perguntei, afastando-me.

— Roupas que não me cabem mais, a barriga está crescendo, está ficando difícil esconder e ter o que vestir.

— Podíamos...

— Não inventa, Poncho, hoje não por favor.

Consegui convence-la de irmos juntos para o colégio com a condição de que ela desceria na esquina do colégio para não correr o risco de Perla ou alguma das suas amigas a verem comigo. É claro que fiquei na porta do colégio, esperando que ela passasse por mim, garantido que ela havia chegado em segurança.

O trabalho na ONG agora depois do festival estava mais tranquilo, resolvemos dar uma folga das aulas para as crianças, então acabava que ficava só cumprindo hora ou admirando a forma como Annie amava aquele lugar.

— Vamos? – perguntei, assim que terminamos o expediente.

— Vou para a taberna.

— Te acompanho.

— Não estou indo treinar, Poncho, hoje ficarei até fechar a taberna.

— Uma festa? – cruzei os braços, controlando os ciúmes.

— Eu estou indo trabalhar, a Dulce me conseguiu um emprego no turno da noite.

Descruzei os braços passando a mão na barba rala. Annie só podia está realmente querendo me enlouquecer, me testar.

— Mas quem teve essa ideia idiota? – esbravejei, seguindo seus passos ata a calçada da ONG.

— Preciso do dinheiro, Poncho, e foi uma ótima oportunidade.

— Me fala. – disse tirando a carteira do bolso. — De quanto você precisa? É pelas roupas, pelas coisas da Cecilia? Já disse que posso ajudar.

Annie continuava caminhando em direção a taberna em silencio.

— Estou falando com você, porra. – a puxei pelo braço, fazendo parar de caminhar e pouco me importava se estávamos chamando atenção. — A Mariana sabe disso?

— Não, ela não sabe.

— É claro que ela não sabe, ela jamais permitiria que você com toda essa gravidez complicada fosse trabalhar em um bar.

— Não é um bar, é a taberna.

— Porque não buscou por outra coisa? Quer dizer, porque não me fala o que você precisa, Annie.

— Já chega Poncho, é a minha vida, e eu decido o que fazer com ela.

— Não vou permitir que continue com essa loucura.

— Você não ouse contar nada para tia Mariana, ou pode esquecer que eu existo.

Estendi os braços me rendendo, como sempre faço quando se trata de Annie. mordisquei os braços furioso, chutando o ar. Como porra a Dulce poderia ter permitido que Annie trabalhasse na taberna? Provavelmente ela não sabe que Annie está grávida, porque isso é uma loucura. Liguei para o Uckermann e pedi que ele me encontrasse na taberna, ficaria lá até que a galeria fechasse se fosse preciso, mas não permitiria que Annie voltasse tarde da noite sozinha para casa.

O que não esperava era que ao chegar na taberna, Perla também estivesse presente junto com Rodrigo.

— Não tive culpa, ela apareceu do nada. – explicou Christopher.

Sentei-me ao lado de Perla. E Annie logo chegou na nossa mesa, Christopher me olhou finalmente entendendo a razão de estar ali.

— O que vão querer? – Annie perguntou e ela estava linda com aquele uniforme e avental.

— Será que pode chamar outra garçonete para nos atender. – disse Perla, frisando o nome “garçonete”. — Você está cheirando mal.

— Perla, não precisa disso. – pediu Rodrigo. — Quero um milk-shake de chocolate.

Christopher começou a rir do pedido de Rodrigo. Uckermann fazia o pedido e Perla aproveitava para dar beijos no pescoço e mordidas no canto da boca, Annie tentava não olhar, mas já havia errado a anotação do pedido do Uckermann três vezes.

— Perla, aqui não. – pedi, empurrando-a um pouco.

— É por causa dela? ela já sabe que estamos juntos, que a fase dela passou e que ela precisa aceitar que foi só uma transada, um brinquedo que perdeu a graça.

Annie saiu andando rápido das proximidades da mesa. E levantei, empurrando a cadeira que caiu ao chão, caminhando até a área externa da galeria. Algumas pessoas que estavam ali fora fumando ou ficando com alguém, me olhavam assustadas ao me ver gritar lá fora.

— Poncho. – ouvia Christopher chamar.

— Não aguento mais. – umedecia os lábios, passando a mão nos cabelos. — Não suporto mais ter que beijar a Perla, que falar com a Perla, que toca-la, que fingir algo que não existe.

— Mas porque caralho, você não acaba logo com isso, porque porra você começou com essa palhaçada?

— Pela a Annie. – confessei, sentando na escadaria da galeria, exausto e Diego sentou-se ao meu lado. — A Annie está grávida de quatro meses de um cara que não conheço, os pais a expulsaram e ela foi morar conosco, a Perla descobriu e ameaçou contar para todo colégio caso eu não virasse seu novo namorado.

— Gravida? E onde está a barriga dela?

— Isso é o de menos, Annie sempre escondeu bem e o biótipo dela ajuda.

— Mas uma hora vai ficar aparente.

— Eu sei, e eu não vejo a hora dessa hora chegar, ou da Annie finalmente decidir não ligar para a opinião dos outros e contar para todo mundo que está grávida, para que possamos finalmente ficar juntos.

— Do que ela tem medo? E porque não conta? Ninguém deve ligar para isso.

Encarei o Christopher porque sabíamos que não era bem assim que as coisas funcionavam no colégio Anchieta.

— Quem mais sabe disso?

— Ninguém, só a minha família e você, e claro, a desgraçada da Perla.

— E está mesmo disposto a ficar com uma mulher que está grávida de outro homem?

— A Cecilia será minha filha, Uckermann, pai é o que cria, e eu acompanhei e cuidei da gravidez da Annie desde que soube, porque no início eu também não sabia, mas acabei descobrindo assim como Perla.

— Mas que barra cara, agora tudo se explica.

— Não sei o que fazer. – disse colocando a mão na cabeça. — Não sei por quanto tempo mais vou suportar tudo isso.