Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

Mesmo que Annie viesse a me matar depois, não me importava mais com o que ela queria ou pensava, estava cansado de ser sempre tudo do jeito dela. Ainda pela manhã contei a Mariana sobre o novo emprego de Annie, e a minha opinião sobre os perigos que ela corre ao sair da taberna tão tarde todos os dias. Como previsto, Mariana achou um absurdo, assim como eu achei, Annie resolver trabalhar com a gravidez de risco que ela tem.

Estava terminando de me arrumar para ir ao colégio, quando Annie entrou no quarto batendo palmas, chamando minha atenção.

— Meus parabéns, está feliz?

— Não, não estou.

— Mas deveria ora essa, conseguiu o que queria, tia Mariana está furiosa comigo, certamente irá pedir que me demitam. – Annie cruzou os braços e odiava aquele tom de voz que ela usava. — Você está passando dos limites Poncho.

— Eu? – ri sarcástico. — Você quem passou de todos os limites quando decidiu trabalhar em um bar.

— Lá não é bar, é restaurante e lanchonete.

— Dá no mesmo. – dei de ombros.

— Não adianta, mesmo que tia Mariana de alguma forma resolva fazer com que me demitam, eu vou arrumar um outro emprego, Poncho, e faço questão que seja há quinze quilômetros de distância daqui.

A olhei incrédulo.

— Quem sabe um emprego que possa me dar um quarto, uma quitinete só assim eu vou embora de vez desta casa.

— Não fale besteira, você não seria louca, aqui podemos te dar tudo que precisa para você e para Cecilia.

— Isso não é você que decide, mas parece que não adianta falar com você, conversar com você. – Annie balançava a cabeça em negação. — Não ouse me desafiar Poncho, você não me conhece.

Annie saiu do quarto batendo a porta com força. E a raiva que estava controlando, saiu do controle quando quebrei todos os porta-retratos do meu quarto. Mas que porra! As coisas nunca vão ficar mesmo bem? Porque ela tem que ser assim tão teimosia, tão marrenta, porque não pode ser menos orgulhosa.

Desci as escadas e Annie obviamente já havia saído para o colégio, sozinha, porque Chico estava saindo de casa agora assim como eu.

— Chico. – o chamei e ele se espantou. — Sei que tivemos nossos conflitos, mas peço desculpas por isso.

Francisco colocou o caderno sobre a cabeça e franzi o cenho confuso.

— Chuva de meteoros, melhor se proteger.

— O assunto é sério.

Francisco tirou o caderno da cabeça.

— Você precisa convencer a Annie a sair do emprego.

— Porque eu faria isso? Ela veio me contar tão animada.

Não sabia se Francisco sabia da gravidez, mas assim como Dulce, provavelmente não saiba.

— Annie tem um problema grave de saúde, você já teve provas disso no colégio, ela não se cansar desse jeito, fora que como ficaram os treinos de patinação?

— Não decidimos ainda, mas Poncho, a essa altura você já deveria perceber o quanto a Annie é teimosa e birrenta quando quer.

Sim, eu sabia muito bem!

— Só estou pedindo para tentar.

— Eu vou tentar, mas não se anima não, porque ela é muito cabeça dura.

— Valeu.

O colégio Anchieta estava animado, alguns alunos já carregavam suas barracas alugadas para o acampamento do feriado de Tiradentes. E lembrei de como estava animado ano passado, como tudo era diferente no ano passado. O quanto aprontamos nesse acampamento, a bebedeira, as meninas, e como meu desejo e objetivo de vida havia se alterado depois da chegada de Annie no colégio.

— Meu amor.

A voz estridente de Perla gritando no pátio chamava atenção, Perla pendurou-se no meu pescoço dando um beijo demorado. E suspirei impaciente.

— Você não faz ideia das surpresinhas que comprei para nós curtimos no acampamento.

Ela precisava mesmo falar disso na frente do Uckermann e do Rodrigo?

— Você vai adorar, amar, vai ser como se fosse a nossa lua de mel.

— Perla, olha, a Aurora está te chamando. – disse Rodrigo, e Perla deu um beijo rápido na boca e saiu.

— Te devo uma.

— Animação cara, é o acampamento lembra? – disse Christopher.

— Preciso que vocês me ajudem a se livrar de Perla neste acampamento, e só assim ficarei animado novamente.

— Como você quer? Podemos joga-la de um penhasco. – sugeriu Rodrigo e Christopher deu-lhe um tapa na cabeça. — Seria como um acidente?

— Um terrível acidente, né Rodrigo?

Nós rimos juntos, mesmo desejando ter Perla bem longe de mim, não a queria morta como Rodrigo sugeriu. Christian avisava no palco o horário de saída do ônibus, saíamos hoje à noite para chegarmos pela manhã no camping.

— Vocês por favor, cuidado, não saiam do meio da galera, estejam sempre atentos a animais, mosquitos. – em casa, Mariana repetia suas recomendações. — Annie, está levando repelente?

— Sim, tia, não se preocupa dará tudo certo.

— Não esqueça de beber bastante água nesse calor.

— Será que nós podemos ir? – perguntei, olhando para o relógio. — Vamos chegar atrasados.

Mariana e Alfonso nos encheram de instruções e por muito pouco não nos impediram de ir ao acampamento. Peguei a mochila de Annie antes que ela viesse bancar a orgulhosa e caramba estava bastante pesada.

— Acho melhor você me dá a mochila. – disse Annie, ao chegarmos no colégio. — A Perla pode não gostar.

— O nome da Perla na sua boca parece até um palavrão.

Ignorei completamente seu argumento idiota, e sai do carro carregando as duas mochilas até o ônibus. Perla não parecia muito feliz ao me ver chegar ajudando Annie, mas ela sabia que não estava com ela por amor e jamais a amaria, principalmente depois de tudo isso.