Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

Acordei bem cedo para não me atrasar para o primeiro dia de aula, precisava causar boa impressão não só aos meus colegas, mas a tia Mariana e ao Alfonso, eles já estão fazendo muito por mim, tudo que não posso é dar trabalho como uma garotinha.

Desci até a cozinha para o café, mas Ada me explicou que todos tomam café na mesa externa com vista para o jardim e para a piscina.

— Olha só quem já está acordada. 

Tia Mariana deu-me um beijo na testa.

— Espero que possa ensinar essa pontualidade ao Poncho. – acrescentou Alfonso. — Bom dia, Anahi.

— Bom dia. – os cumprimentei bebericando da xicara de café.

— Ada, será que você pode ir chamar o Ponch..

Antes que Alfonso pudesse concluir, Poncho surgiu sentando-se ao meu lado na mesa redonda do jardim e estava com cara de poucos amigos.

— Bom dia, não é Poncho? – disse Alfonso repreendendo o filho com o tom de voz.

— Bom dia.

A voz de Poncho saiu rouca e gutural e tentei não olhar para ele, que estava lindíssimo naquele uniforme.

— Poncho será que pode acompanhar Annie até o colégio, é o primeiro dia dela, já que irão estudar juntos, poderá apresentar o colégio para ela.

Sugeriu Mariana e por pouco não engasguei com o pão que mastigava. Poncho deu de ombros e Alfonso o chutou por baixo da mesa.

— Claro, será um prazer.

Forcei um sorriso sem mostrar os dentes buscando por um buraco para afundar depois daquela vergonha. Pedi licença ao terminar de tomar o café para que pudesse terminar de me arrumar. Tia Mariana saiu com Alfonso e me avisou que Poncho já estava à minha espera do lado de fora da casa.

Por um momento achei que iriamos caminhando para o colégio, já que Francisco havia me dito que não é tão longe quanto parece. Mas claro, o filho de papai, tinha um carro e um belo carro. Poncho procurava por algo no som dentro da SUV preta chamativa e com vidros fumês.

— Obrigada pela carona. – disse entrando no carro, colocando o cinto de segurança.

Poncho me olhou de baixo para cima.

— Não serei sua babá e não se anima muito não, pode arrumar uma outra maneira de ir para o colégio, não quero compromisso com ninguém.

Meus olhos piscavam rápido. Dulce já havia me dito que ele não era um poço de gentileza, mas precisava dessa grosseria? Pensei em responder, mas não tinha uma resposta pronta em mente. Poncho deu partida no carro ouvindo um reggae desconhecido por mim.

No caminho para o colégio passamos para buscar três pessoas, deduzindo que sejam amigos de Poncho que também estudam no Anchieta. A garota loira dos olhos azuis não ficou muito feliz ao me ver sentada no banco da frente, mas como Poncho não pediu que saísse, continuei sentada ali mesmo.

— Iae brother. – um dos garotos cumprimento Poncho. — Como foram as...

Silenciou ao me olhar nos olhos e desviei o olhar cabisbaixa.

— Oi meu amor. – cumprimentou a menina com um selinho rápido no Poncho e senti vontade de me esconder, será que era namorada dele?

O outro entrou com a boca cheia e apenas apertou a mão do Poncho. Fiquei na espera que Poncho me apresentasse aos seus amigos. E como se estivesse lendo os meus pensamentos, o amigo dele, o primeiro que entrou resolveu abrir a boca.

— Como sei que o Poncho não vai dizer quem é a gatinha, meu nome é Christopher, ou só Ucker.

Tentei associar o apelido ao nome, mas preferi não ser tão curiosa.

— Annie. – sorri de canto.

— Essa é a Perla, e esse outro mané é o Rodrigo.

— Pode deixar que me apresento cara, não preciso de intercessores. – disse Rodrigo terminando de comer um sanduíche. — Sou Rodrigo, o mais bonito da turma.

Poncho continuava em silencio pressionando o volante, não parecia contente. Mas qual era o problema dele?

— Seja bem-vinda ao paraíso, deusa Annie.

Ao descer do carro de Poncho, não agradeci e nem falei com nenhum deles. Caminhei de encontro a Francisco e Dulce que já estavam na porta do colégio à minha espera.

— Me lembra de sair junto com você amanhã, por favor.

Francisco e Dulce gargalharam.

— Claro que ela fazia parte desse grupo.

Não pude deixar de ouvir o comentário grosseiro de Perla ao passarmos por nós na entrada do colégio.

— Não fica com medo, estamos aqui para te salvar. – brincou Francisco agarrando ao meu pescoço, caminhando em direção a nossa sala de aula.

O primeiro dia de aula não estava sendo tão horrível quanto pensei, a apresentação dos professores era encantadora e acolhedora. Me sentia confortável e não tanto envergonhada por já conhecer Christian, Dulce e Chico. Durante o intervalo por pouco não cuspi o suco que bebia ao longe ver Poncho dando selinho em Joana, uma colega da nossa sala.

— Ele não namora a Perla? Ela aceita a traição assim em público?

Questionei Dulce que estava sentada a minha frente e olhou sem disfarçar para Poncho e Joana com caricias no corredor. Dulce deu risada.

— Essa é só mais uma do leque de meninas idiotas que beija os pés do Poncho Herrera neste colégio.

— Então ele não namora a Perla?

— Como eu posso te explicar de maneira simples, o Poncho namora com todos deste colégio, quer dizer, menos comigo, porque ainda tenho neurônios.

— Isso é ridículo. – murmurei.

— Sim, mas todos são ridículos neste colégio, poucos se salvam por aqui.

Ri do comentário exagerado de Dulce.

— Como veio parar aqui?

Ouvi Dulce contar a sua história de como foi parar no colégio Anchieta. Fiquei admirada por ouvir que ela mora sozinha e praticamente se sustenta nesta cidade, que seus pais são do interior e por isso trabalha na taberna para diminuir as despesas.

Depois da aula, Francisco e eu seguimos para a aquarela e só depois para o treino de patinação, estava cada dia mais animada e tudo isso graças a Zack, que era um ótimo treinador e amigo.

— Onde é que você estava?

A voz da tia Mariana já não era tão doce, ela estava parada no centro da sala de estar explicitamente nervosa. Alfonso estava sentado com o telefone nas mãos e  Poncho sentado ao lado de Olivia aos risos.

— Fui a ONG e depois para o treino de patinação...

— Porque não avisou? Sabe o quanto estava preocupada com você? O bairro não é tão seguro quanto transparece Annie, na verdade, nenhum lugar é 100% seguro.

— Desculpa tia, não imaginei que fosse causar tudo isso e juro que não foi a intenção.

Poncho ria alto.

— Poncho! – Alfonso repreendia.

— Prometo que isso não acontecerá mais e bom, não tinha como avisar, preciso do número de vocês.

— Você não tem um celular? – questionou Olivia ficando de pé e neguei com a cabeça.

Tia Mariana não parecia surpresa ela sabia que na minha casa mal tínhamos condições de comprar uma televisão. O notebook que Diana tinha para estudar ela ganhou em um sorteio de uma loja do bairro e por muito pouco papai não quebrou, porque achava que aquilo era uma perdição.

— Providenciarei um. – disse tia Mariana.

— Não precisa tia, não precisa mesmo, darei um outro jeito de avisar da próxima vez.

— Não iremos discutir sobre isso, o celular é necessário.

Mariana e Alfonso saíram da sala e Poncho ficou ali me encarando com a sua risada debochada mordiscando os lábios.

Subi as escadas correndo e assim que fechei a porta o choro veio. E só consegui me acalmar ao lembrar do bebê, acariciando a minha barriga.