Fanfic: Este Corazón | Tema: Rebelde Ponny

A rotina que mais temia iria começar pela manhã tia Mariana me comunicou que primeiro iria ao hospital com ela para a primeira consulta e só depois ela pagaria um táxi para que eu fosse ao colégio. Estava nervosa, não sabia se estava pronta para que a minha ficha caísse. Tudo que tinha feito era apenas um teste de farmácia. E agora estou fazendo exame de sangue e a primeira ultrassom.

— Estamos no início do seu segundo mês de gravidez.

Tia Mariana explicava aos poucos tudo que iria enfrentar, para que servia toda medicação que começaria a tomar. E as lagrimas vieram, porque não tinha como eu estar gravida aos dezessete anos de um namorado que me traiu e sequer sabe desta gravidez, do homem que jurei amar por toda eternidade.

— Precisa redobrar a atenção e seguir tudo que lhes disse direitinho, você é muito jovem, é uma mudança um tanto brusca para o seu corpo.

Respirava fundo observando aquela foto se ultrassom do meu filho nas minhas mãos. Era real, estava gravida.

— Você irá para uma nutricionista para que ela faça uma dieta equilibrada, precisamos aumentar um pouco do seu peso e de alguns nutrientes para fique tudo cem por cento bem e sem problemas.

Mariana falava sem parar e não conseguia assimilar quase nada que ela me explicava, precisava mesmo me recuperar da destruição causada por Alex. Porque tinha um outro ser humano crescendo dentro de mim, que precisava de todo meu amor e atenção. Depois de toda bateria de consultas, cheguei ao colégio no horário do intervalo.

— O que o Pollito está aprontando? – perguntei, aproximando-se de Dulce e Francisco na cantina.

Christian estava panfletando e gritando por todo pátio principal. Dulce entregou-me um dos panfletos que anunciava a primeira festa do ano, a festa de boas-vindas da volta as aulas.

— Quer ir comigo? – perguntou Francisco e vi Dulce tirar o sorriso do rosto.

— Vamos todos juntos.

— Ótimo, encontro vocês a noite então.

Francisco saiu da mesa após terminar toda sua coca. E não poderia suportar mais aquilo, precisava que Dulce me contasse tudo que sente pelo Francisco.

— Já chega disso.

— Disso? – arqueou as sobrancelhas.

— O que sente pelo Chico? E Porque simplesmente não fala para ele?

— Não consegue ver que ele não tem olhos pra mim? Antes ser amiga dele, do que tentar algo mais e afasta-lo de mim.

— Mas isso não está certo, se vocês se gostam, devem tentar ficar juntos.

— Conheço o Chico há anos, e ele nunca sequer me deu uma chance ou demonstrou quaisquer interesses como ele demonstra por você, Annie.

— Não importa. Não tenho interesse nele, e quero que vocês fiquem juntos.

— Não é tão simples assim.

— Claro que é, basta só que ele repare na menina incrível que você é.

Fiquei pensativa olhando Christian entregar os panfletos.

— E já sei quem pode me ajudar a bancar a cupido.

— Annie, o que você está pensando? Quer dizer, o que você vai aprontar?

Deixei Dulce sozinha na cantina e puxei Christian para uma conversa secreta no corredor, ele iria me ajudar a juntar Dulce e Francisco esta noite na sua festa.

Estava animada era a minha primeira festa e pelos comentários que ouvi no campus as festas do Christian eram sempre bem animadas. Lembro-me que quase nunca mamãe me deixava ir a uma festa do colégio, sem que eles fossem juntos e por isso passei a não comentar a respeito das festas e acabava não indo.

Abri guarda-roupa em busca de algo que me deixasse um pouco mais velha, mas era impossível, nem mesmo um salto alto eu tinha. Só tênis e sapatilhas. Então optei por um vestido preto e um tênis branco, maquiagem era algo que também não tinha, as vezes um gloss discreto que Diana e eu compramos escondidas. Mas nada além disso. Ao sair do quarto Poncho também saiu do seu e me olhou dos pés à cabeça.

— Sabe que é uma festa e não um culto não sabe?

— Engraçadinho.

— Nem adianta me pedir carona porquê...

— Poncho, olha só. – o interrompi. — Não sei o que você tem contra mim, não sei o que te fiz já que sequer troquei mais que duas palavras com você, mas eu não gosto desse tipo de brincadeira e não preciso da sua carona, tenho duas pernas, posso usa-las, sempre as usei.

Poncho me olhava surpreso e não tirou os olhos dos meus me nenhum momento.

— Seja lá qual for o problema que você tenha comigo, é melhor chegar em mim e resolver. Porque dividimos a mesma casa, somos da mesma família.

— Você não é da minha família.

Lembrou e me senti um pouco excluída.

— Você é enteado da minha tia, moramos na mesma casa, precisamos de uma boa convivência.

Ignorando completamente todo o meu discurso. Poncho desceu as escadas sem dizer nada. Suspirei aliviada por dizer tudo que tinha pra dizer e não sei de onde surgiu toda aquela coragem.

Ao descer as escadas, Francisco já me esperava nos fundos para irmos à festa. Iriamos encontrar com Dulce na galeria mesmo.

— Vi que tem instrumento no palco, não sabia que teríamos show. – falei quase gritando no ouvido da Dulce.

— É a banda do Poncho.

— Não sabia que ele tocava.

— Ele é o cantor, apesar de ser um mauricinho mané, os caras são bons.

Francisco voltou do bar com dois coquetéis e uma água. Christian subiu no palco anunciando o início da festa, que estava lotada com todos do colégio ali. E Poncho subiu no palco em seguida, ele estava diferente de quando o vi sair de casa, vestia uma jaqueta preta e uma calça jeans, com os cabelos bagunçados ele falava coisas que não conseguia entender no microfone, mas a galera gritava muito eufórica. E o show começou.

Vi Christian descer o palco e acenei para ele, precisávamos colocar nosso plano em ação.

— Annie, preciso de ajuda na organização e...

Christian não explicou muito só me puxou pelo antebraço deixando Dulce e Francisco sozinhos se olhando. Francisco nitidamente pareceu não entender nada, mas Dulce me olhava de longe querendo me fuzilar com o olhar e fazia sinal para que ela tomasse alguma atitude.

Já tinha uma hora e meia que observava Dulce e Chico pela lateral do palco e nenhum progresso. Chico já estava no terceiro coquetel e não tinha tomado nenhuma atitude, dançava feito um louco e não sabia que ele dançava tão bem e Dulce continuava ali apenas rindo e observando-o. A mataria por isso.

— Tá, agora é de verdade, preciso que me ajude com a banda.

Christian me puxou me levando para cima do palco após as cortinas fecharem.

— Pega aqueles instrumentos, que irei ajudar os meninos com estes. – pediu Christian.

O palco não era tão grande, estava quente e muito apertado. Comecei a suar e respirei fundo para não passar mal e dar vexame. Estava carregando uns itens da iluminação quando bati em Poncho sem querer. E estranhamente ele retirou o item da minha mão e saiu caminhando me deixando sem nada nas mãos. Suspirei aliviada pela distância que se estabeleceu entre nós e desci do palco, se ficasse ali por mais um segundo desmaiaria com certeza.

O DJ já animava a galera e resolvi voltar ir até a taberna precisava respirar um pouco. De longe, observava que Poncho era realmente muito desejado por as meninas, mas ele se livrava de todas elas sem dar tanta atenção o que era estranho para um galinha pegador.

Chico e Dulce agora dançavam um pouco bêbados e aquilo já era um progresso. A festa estava perfeita e super animada, tirando meu mal-estar. Até que se abriu uma roda no centro do salão e juntei os olhos para tentar ver a confusão que se formava.

Christopher estava batendo em um dos alunos do colégio que parecia insistir em ficar com Perla. Poncho entrou na confusão empurrando Otavio, um dos nossos colegas de sala, que acabou de bater a cabeça no palco, caindo no chão desacordado.