Fanfic: After Love | Tema: Ponny
O jatinho do meu pai pousa em Nova York exatamente as duas e vinte da tarde. O clima está bem quente, o que me faz ficar impaciente, não que eu já não estivesse acostumada com calor, afinal de contas nasci e cresci em Malibu, e talvez seja exatamente esse o motivo: me fez lembrar de casa.
Acompanho o meu pai e desambarcamos; ele não me dá atenção até o momento em que nos acomodamos no carro que ele contratou especificamente para nos levar até o hotel onde eu vou ficar hospedada.
-- Acho bom você se comportar, Anahí. -- Diz ele, puxando o celular do bolso do paletó. -- Sua mãe e eu conversa...
Resolvo permanecer calada, a fim de preservar o resquício de saúde mental que ainda me resta. Conecto meus airpods ao meu celular e os coloco nos ouvidos, em seguida faço "all the good girls go to hell", da Billie Eilish de trilha sonora.
Meu pai continua tagarelando, mas como não olha diretamente para mim, nem percebe que não estou lhe dando atenção. É cansativo demais tentar ser sua filhinha perfeita quando na verdade nem eu mesma sei direito o que ele quer. Fala sério, passamos umas oito horas sentados lado a a lado durante o voo e o máximo de contato que tivemos foi quando ele me pediu para levantar e pegar lenços no banheiro porque a rinite dele tinha atacado.
Toda essa situação é rídicula!
Encosto a cabeça na janela do veículo e fecho os olhos, em questão de segundos as lembraças daquela noite voltam à tona.
Lembro do quanto eu estava animada para a festa do Tyler, um surfista gatinho que fez amizade com Zen, a minha melhor amiga. Nos arrumamos na casa dela e lá mesmo já começamos a beber. Primeiro, menos da metade de uma garrafa de whisky que encontramos no escritório do pai dela - segundo ele, ganhou de uma amiga que o trouxe da Escócia, depois fomos para a Vodka, esta eu furtei do quarto do meu irmão mais velho, o Ian. Não sei ao certo como, mas de algum jeito chegamos até a casa do Tyler, um tríplex a beira mar.
-- Oi, meninas. -- Tyler abriu um sorriso ao nos encontrar.
Ele estava usando apenas uma bermuda de banho e um boné com a parte da frente virada para trás. Segurava um copo vermelho com cerveja e tinha um baseado preso na orelha.
Zen deu um beijo em seu rosto e me apresentou, logo nós dois no enturmamos e ele nos levou para dentro, onde estava tudo um caos. Haviam muitas pessoas fumando, dançado, se pegando e fazendo n coisas num espaço aparentemente pequeno. Digo, a casa era gigante, mas tinha tanta gente que se tornava um cubículo, quase claustrofóbico.
Tyler nos guiou para a área externa, local em que seus amigos estavam reunidos em uma partida de pong-beer, e eu agradeci mentalmente, pois ali ao menos estava arejado.
Os amigos de Tyler riam com vontade e vez ou outra começavam a cantarolar a música que vinha de dentro da casa, geralmente alguma do Travis Scott. Eles estavam divididos em dois grupos de três pessoas, um com duas garotas e um cara e outro com três caras.
-- Qual é, Ty, não vai participar? -- Questionou uma das meninas. Ela era bem baixinha e seus olhos azuis contrastavam com o cabelo preto.
-- Você sabe que eu não resisto a uma partida de pong-beer, Brooke, na próxima eu entro.
Ela deu um sorrisinho e lançou a bolinha que tinha em mãos, acertando um copo da segunda fileira, em seguida apontou para um dos caras do outro time, indicando que ele quem deveria beber.
Ele pegou o copo e tirou a bolinha antes de virá-lo de uma vez só goela abaixo, depois o amassou contra a sua própria cabeça e o jogou no chão.
-- Minha vez -- avisou, indo para o lugar onde Brooke estava segundos atrás. O rapaz jogou a bolinha, que quicou na mesa e caiu dentro do copo mais próximo, a ponta da pirâmide por assim dizer.
-- Isso aí, meu rei! -- comemorou um dos caras da sua equipe.
-- Esse é meu Ucker! -- berrou Tyler, dando um soquinho no ombro do amigo.
O jogo seguiu por mais um tempo e durante isso eu conheci todos do grupinho. Brooke era meia-irmã de Tyler - por parte de pai - e estava louca para pegar o Jason, o outro integrante da sua equipe. Nathalia, que também estava do lado de Brooke, era prima do Jason e estava agindo como "a ponte" entre os dois aquela noite. Do outro lado, estavam Austin, o melhor amigo de Tyler, Elliot, um convidado de Brooke e Ucker, Christopher Uckermann na verdade, filho do vice-presidente e um total galinha pelo que eu vi em trinta minutos de sua companhia.
Zen não parecia tão a vontade quanto eu, o que era habitual, já que eu sempre tive mais facilidade em me sozializar com desconhecidos, enquanto ela era mais reservada e custava um pouco até conseguir se soltar, mesmo estando bebâda. Então, um tempo depois, quando Tyler viu que a minha amiga não estava curtindo tanto assim ficar ali, ele deu uma desculpa qualquer aos amigos e seguiu com ela em direção a praia.
-- Huuuuum -- Austin sorriu, pegando um dos copos restantes. -- Acho que alguém se deu bem hoje.
A brincadeira já havia perdido a graça, então estavámos apenas conversando ao redor da mesa.
-- Outra pessoa também pode se dar bem... -- soltou Brooke, e eu não consegui evitar o riso.
-- Se organizar direitinho, todo mundo pode ser dar bem hoje! -- disse Ucker, abrindo um sorriso malicioso.
-- Estamos em sete, então alguém vai sobrar. -- Falei e me arrependi instantes mais tarde, pois Ucker aumentou ainda mais o sorriso, chegava a ser algo maquiavélico.
-- Você não quer ser a pessoa sobrando, quer, Anny?
-- Já ficaram tão íntimos assim? -- alfinetou Nathalia. No momento eu não soube dizer se ela estava de fato ou não incomodada, hoje em dia sei que ela teria me dado um soco no estômago se pudesse.
-- E aí, Anny?
Uma voz interior me alertava para ficar o mais longe possível de Ucker e do seu jeito galanteador, mas (Deus sabe o por quê) eu resolvi ignorá-la.
-- Acho que você está certo, não quero ficar sobrando.
Dai em diante tudo fica confuso e incoerente.
Ucker e eu fomos para dentro e bebemos mais cerveja antes de virarmos alguns shots de tequila, numa éspecie de bar improvisado que fizeram na cozinha. Dançamos um pouco na sala de estar ao volume máximo do novo álbum de Tyga, até ele me puxar para perto e beijar meu pescoço, cochichando ao pé do meu ouvido o que faria comigo quando estivéssemos a sós.
Ele me chamou de linda no primeiro lance de escadas, falou sobre o quanto estava com tesão no meu decote no segundo e quase não esperou chegarmos no fim do terceiro para puxar a cordinha do meu bíquini. Entramos num quarto qualquer e eu fiz questão de conferir duas vezes se a porta estava mesmo trancada para enfim "ir me dar bem".
Fizemos uma vez na cama e outra vez no chuveiro, e quando estavámos prestes a inaugurar a banheira, ouvimos um estrondo vindo do lado de fora. Vesti o meu bíquini e o meu short tão rápido que o Ucker ainda estava procurando a sua bermuda quando eu sai do quarto. Eu não sabia ao certo o porquê, entretanto uma coisa dentro de mim gritava que algo de muito errado tinha acontecido.
Cheguei lá embaixo toda descabelada e com cara de alguém que acabou de foder até a alma, mas eu não me importava, só queria encontrar o Tyler e a Zen e ver que os dois estavam bem. Tarefa quase impossível, afinal eu não era a única que tinha escutado o barulho, então, no auge da curiosidade, todos tentavam sair da casa ao mesmo tempo. Um burburinho se instalou e logo o pânico surgiu na feição de todos quando alguém gritou que a polícia estava a caminho. Tudo se transformou num caos e até as poucas pessoas que estavam de boa e não deram a mínina para saber o que ocorreu do lado de fora, estavam empurrando uns aos outros em direção a saída.
-- Anny!
Olhei para trás e vi Ucker parado no último degrau, só de bermuda e com uma camiseta pendurada no ombro, acenando para mim. Deixei que algumas pessoas passassem e fui até ele praticamente correndo, chegando lá bem ofegante.
-- Nossa, você não ficou assim nem quando eu te botei de quatro.
-- É sério isso?
-- Desculpa. Er, tem uma saída pela área da piscina, só que ela não dá para a praia, então vamos sair do outro lado, no caso na rua, e vamos ter que dar a volta, mas é a nossa melhor opção agora.
-- Ok, então vamos.
-- Trouxe para você -- ele estendeu a camisa na minha direção e prosseguiu: -- você está só de bíquini e deve estar fazendo frio lá fora.
-- Ah, obrigada.
Depois de vesti-la, o segui até a área externa na direção contrária a piscina. Avançamos pelo gramado molhado, provavelmente de cerveja, vômito e xixi, e só aí eu me dei conta de que estava descalça; fiquei tão afobada quando ouvi o estrondo que minha única preocupação foi em não sair pelada, e acabei deixando meu novo par de sandálias Prada no quarto que fiquei com Ucker.
Maldição.
-- O que foi? -- indagou Ucker quando chegamos de frente a uma porta alta e curvada de madeira.
Dei de ombros e ele não insistiu mais no assunto. A situação já estava péssima demais para eu ir me queixar por causa de sándalias.
Ele ficou na ponta dos pés e passou a mão por cima do muro, voltando com um chaveiro em forma de dado de onde pendiam três chaves. Ucker colocou a maior delas dentro da fechadura e após girá-la duas vezes, a abriu. Ele a fechou novamente depois que passamos e colocou as chaves no mesmo lugar.
-- Anny, nós temos que ser mais rápidos se quisermos chegar lá antes da polícia.
Assenti e comecei a acelerar o passo em direção ao final da rua, que estava deserta e um pouco assustadora, já que a única iluminação vinham dos postes e estes tinham uma distância considerável entre si.
Acho que levamos uns dez minutos - correndo - para chegar até a frente do tríplex. Várias pessoas ainda brotavam pela porta como um formigueiro após inundado, e haviam muitas delas reunidas em pequenos grupos pela areia da praia, fofocando. Um pouco mais ao longe podia-se ver o que restara do píer.
-- Até que enfim achamos você! -- berrou Nathalia, se jogando sobre Ucker. Junto a ela estavam Elliot, Jason e Brooke.
-- Vocês viram o Tyler e a Zen? -- indaguei, esperançosa na direção de Brooke.
-- Pensei que podiam estar com vocês.
-- Não os vimos desde que saíram mais cedo -- comentou Jason. -- O Austin também não estava com vocês?
-- Não -- Ucker negou com a cabeça, afastando-se de Nathalia. -- Nem sabia que vocês tinham se separado.
-- Elliot e eu vamos ver se o encontramos pela casa, na praia já sabemos que não está. Não vimos o Ty nem a Zen por aqui também, então devem estar na casa. -- Avisou Brooke antes de partir puxando o amigo.
Ucker abriu a boca como quem ia dizer algo, mas foi interrompido pelas sirenes da polícia, que ecoavam do outro lado do tríplex, altas o suficiente para que fossem ouvidas com clareza mesmo aqui na praia.
-- Galera, acho melhor vocês vazarem enquanto podem. -- Ele diz para os amigos, que se entreolham em dúvida.
-- Tyler e eu moramos aqui, a festa foi idéia nossa, então eu me responsabilizo por tudo. Vão logo.
Jason e Nathalia assentem e lhe dão um abraço em conjunto.
-- Quer carona, Anny? -- Jason me perguntou.
-- Não, eu vou ficar aqui até a Zen aparecer.
-- Ok, se cuida.
Ele deu um último aceno e foi embora com Nathalia, que ficou o tempo todo olhando para trás, até sumir do meu campo de visão.
Quando olhei ao redor percebi que os únicos que restaram na praia eram Ucker e eu; obviamente a polícia assustou o pessoal restante e todos foram embora. Também não havia mais ninguém se espremendo porta a fora, e pela janela ao lado, dava para ver Brooke, Austin e Elliot rindo.
Um policial fardado passou pela porta de entrada e desceu as escadas de madeira, vindo em nossa direção. Ele tinha a pele escura, barba, era alto e esbelto e possuía uma cara de poucos amigos.
-- Você mora aqui?
-- Não.
-- Conhece alguém que mora aqui?
-- Sim.
-- Pode formular uma frase ou só sabe pronunciar palavras com até três letras?
-- Não, eu não moro aqui e sim, conheço alguém que mora aqui. Satisfeito?
Ele passou por mim transbordando desdém e parou há alguns passos de distância de Ucker.
-- Você mora aqui?
-- Sim, e...
-- Acharam dois corpos boiando próximo ao píer! -- gritou um garoto tatuado e de cabelo bicolor, um lado preto e o outro verde neon. Ele vinha correndo em nossa direção, de costas para o destroços.
Autor(a): valentinauckermann
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Meu pai me abandonou instantes depois que um dos funcionários do hotel nos trouxe até o meu quarto, que na verdade deveria ser considerado mais um apartamento. Depois disso passei doze dias numa éspecie de quarentena, ia da sala de estar para a cozinha, da cozinha para o quarto no primeiro andar e daí voltava novamente para a sala. Memorizei cada ...
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