Fanfic: Se você quiser | Tema: Romance, faculdade, universidade, hot, professor, aluna
Mais um dia enfadonho na faculdade, mais um dia de “mais do mesmo”. E estávamos apenas no 2º período, já não aguentávamos mais a rotina pesada de uma universidade, mas enfrentávamos com toda a nossa energia. E com essa energia, após o almoço, às Segundas, subíamos vários lances de escadas para assistir à aula de Patologia Geral no 3º andar do prédio de Ciências das Saúde. Sempre chegávamos cansadas e eu, particularmente, arfando e suando muito. Era a última Segunda-feira do mês, nos aproximávamos da primeira prova a ser aplicada da cadeira, apenas mais duas semanas. Paramos perto da entrada do Departamento de Patologia para retomar o fôlego que nos faltava, eu encostada na parede com minha mochila aos pés, minhas amigas ao meu redor arrumando cadernos e bolsas.
“Vamo?” – disse Beatriz, que estava mais próxima a mim.
“Pera, deixa eu voltar à vida aqui.” – disse eu, ainda arfando.
“Cadê preparo físico, menina?”
“Tem não. Ficou lá embaixo.”
Ficamos mais uns minutos do lado de fora e quando entramos, fomos com um grupo de mais 5 garotas da nossa sala que tinham acabado de chegar. Adentramos o departamento em direção à nossa sala de aula, a última do corredor, à direita. Antes chamei Beatriz pra me acompanhar à sala dos professores, queria falar com nossa professora sobre uma dúvida no último assunto dado em aula.
“Bia, vamo comigo falar com Patrícia? Sobre aquele negócio do leucócito.”
“Ah, sim. Bora lá. Será que ela tá na sala?”
“Espero que sim, quero falar com ela antes de ela ir dar aula, senão só depois do horário.”
“É mesmo. Olha, acho que é ela lá dentro.”
“Onde?” – me estiquei pra ver melhor, pois do meu ângulo eu só via parte da sala da professora Patrícia. – “ela tá lá dentro mesmo?”
“Só pode ser ela ué. Tem outra pessoa lá dentro.”
“Ah, não. Alguém chegou antes de mim!”
“Acho que não é aluno, é meio velho pra aluno. Eu acho.”
“É um cara? Ih, vai que é crush dela.”
“E lá vai você atrapalhar os esquemas da professora.”
Me coloquei na frente de Bia e tive melhor visão de dentro da sala. Eu só via metade da professora, sentada atrás de sua mesa, e na sua frente um rapaz falava com ela, de costas pra gente. Pareciam conversar sobre algum documento nas mãos dele, ela prestava atenção no que ele falava enquanto ele explicava algo sobre “aulas da semana”. Será que era um professor do departamento?
“E aí, vai entrar?” - Bia perguntou.
“Vou, mas melhor bater.” - Bati de leve na porta aberta da sala da professora, fazendo tanto ela quanto o rapaz olharem pra nós. - “Com licença, professora, a gente pode tirar uma dúvida quando a senhora puder?”
“Entrem e fechem a porta, já falo com vocês.” - disse apontando com a caneta na mão dela para a porta.
Entramos na sala e achamos uns banquinhos no canto, provavelmente destinados a alunos que queriam falar com ela, como nós. Sentei ao lado de Bia e aconcheguei minha mochila no colo. Desde que havia batido na porta até agora não tinha olhado direito para o homem na sala, então assim que sentei, o observei. Ele era um pouco mais alto que o padrão, talvez 1,80m. Magro, branco, cabelos castanhos escuros curtos, tinha uma voz grave bonita mas sem peculiaridades. Um sujeito normal, nada demais. Ficamos sentadas em silêncio mexendo no celular por uns minutos, quando notamos pelos tons de voz que a conversa provavelmente havia terminado. Olhei pra eles enquanto se despediam, e meu olhar se demorou um pouco nele quando ele se virou para ir embora, cruzando brevemente com os olhos dele. Ele deu um leve sorriso e aceno de cabeça e saiu pela porta. Notei que ele tinha olhos claros. Não deu pra perceber direito se eram verdes ou azuis, mas eram claros. E bonitos. Aliás, o conjunto todo era bonito, rosto e corpo. Nada excepcional, mas agradável aos olhos. Bia se levantou ao meu lado e eu a segui quando a professora nos chamou para nos sentarmos ao birô dela.
“Cês pensam que é fácil ser a coordenadora do curso? Não é não.” - falou sorrindo.
“Mas a senhora é competente.” - falou Bia.
“Muito obrigada pelo elogio, mas é bem cansativo. Coordenar os professores com as turmas.”
“Mas a senhora é coordenadora de Patologia Geral ou do departamento inteiro?”
“Não, só Geral. Mas mesmo assim, são muitas turmas que pagam Patologia no início.”
“Sim, acho que todos os cursos da área 3, não?”
“Creio que sim.”
“Aquele moço era professor?” - perguntou Bia. Ainda bem que ela era mais desenrolada do que eu, pois eu estava curiosa, mas não tinha coragem.
“Sim, ele ficou com as turmas de Farmácia e Biomedicina. Ele é novo no departamento, tem ideias novas que muitas vezes não podem ser colocadas em prática. Mas o que vocês queriam comigo?”
Ficamos na sala da professora mais uns dez minutos enquanto ela explicava nossas dúvidas, então saímos para esperar o professor Alberto na sala de aula. Nossa turma já estava toda lá, juntamente com a turma de T.O, que assistia junto a nós às aulas de Patologia. Assim que sentamos, o professor entrou na sala.
“Puxa, bem que podia ser aquele professor gato, né?” - falou Bia baixinho pra mim.
“Tu achasse ele gato?”
“Oxe, tu não achou não?”
“Bom, sei lá. Normal. Só porque tem olhos claros?”
“Olhos verdes são o must, minha filha. Enfim, achei sim.”
A aula transcorreu normal a manhã inteira, indo no segundo horário para a aula prática na sala em frente. No corredor, enquanto saíamos da sala quase em filinha indiana, pois o espaço era pequeno para duas turmas, vi, em uma porta entreaberta, uma sala de aula aparentemente lotada de alunos prestando atenção ao que o professor, ou professora estava falando. Me coloquei de lado um momento para um grupo de meninas de T.O. passar, esperando uns segundos em pé perto da sala de aula com a porta entreaberta. Como qualquer grupo de adolescentes normal, sempre há um pouco de barulho na locomoção. Algumas conversas estavam um pouco mais alto do que o aceitável em um local de aulas, então o professor Alberto, já dentro da sala de aula prática, pediu silêncio a todos nós enquanto mudávamos de local. Eu estava olhando pra dentro da nossa sala esperando o momento de me mover, aguardando o fluxo de alunos, quando tomei um pequeno susto ao aparecer uma figura no espaço entreaberto da porta da sala de que estava próxima. Olhei pra silhueta e levantei a cabeça ao notar que era uma pessoa alta, bem ao meu lado, mas ainda dentro da sala. Meus olhos se depararam com os do professor que vimos mais cedo, olhando diretamente pra mim. Sim, eram verdes como Bia havia dito.
Os poucos segundos que ficamos nos encarando, antes de ele dar outro leve sorriso e fechar a porta da sala, foi o suficiente para que eu notasse que estava, naquele momento, com mais calor do que o normal. Quando me mexi e andei em direção à nossa sala de aula, toquei meu rosto com as mãos e senti minha face um pouco mais quente do que o usual.
“Nossa, isso tudo por causa do professor olhos verdes?”, pensei.
Ele não falara nada para mim, mas apenas o seu olhar e o sorriso, direcionado apenas a mim, causaram esse efeito. Mas que coisa! Não bastasse a paixonite rápida mas brutal que tive por um professor no primeiro período, agora mais uma? A cada período vou me apaixonar por um professor? Ah, sim. Que maravilha.
“Vamos fazer lâminas hoje, olha!” - falou Bia apontando para as pequenas tiras de vidro na mesa à nossa frente.
Sorri e me sentei do lado dela, me arrumando para a aula.
Foi então que pensei, e lembrei, que não havia feito nada. Só encarado o homem como uma abestalhada hipnotizada. Não retribuí o sorriso, nenhum aceno de cabeça, nada.
Bom, ele não é nosso professor, então provavelmente não vou ter que me preocupar muito em encontrá-lo outras vezes.
Mas eu estava errada.
Eu o encontrei várias vezes depois dessa. Nada excepcional, normalmente apenas passagens pelos corredores, troca de olhares por portas entreabertas ou até nas escadas.
Naquele mesmo dia, assim que terminou a nossa aula prática e o professor nos liberou, enquanto arrumava minha bolsa para sair, levantei o olhar para a porta aberta de nossa sala, que me dava a visão da sala bem à frente, a que ele estava dando aula mais cedo. E, pelo que observei, ele havia acabado sua aula também, pois os alunos saíam aos montes em fileiras desordenadas. Alguns, ou melhor dizendo, algumas alunas ficaram na sala para tirar dúvidas, o que era normal. Não tão normal o fato de ter ficado apenas alunas, mas tudo bem. Minhas mãos acostumadas com a tarefa de arrumar a mochila após todo término de aula, já não precisavam dos meus olhos para ajudar, então me distraí assistindo a cena, o que terminou com mais um encontro entre nossos olhares. Meio que paralisei os movimentos, ou pelo menos diminuí bastante a velocidade deles, quando senti seu olhar em mim, mesmo de longe. Ele lá, rodeado de garotas demandando atenção, e eu cá, abobalhada com as mãos já atrapalhadas e provavelmente meio boquiaberta. Dessa vez eu consegui mover meus músculos faciais e dei um sorriso. Pequeno, mas definitivamente um sorriso. E logo antes de Bia me cutucar o braço me chamando pra sair da sala, ele devolveu o sorriso com outro, dessa vez mais evidente do que os outros comedidos. E os olhos dele. O que eram aqueles olhos? Eu me sentia ao mesmo tempo muito excitada e desconfortável por ser objeto do foco deles. E algo no jeito como ele me olhava me fazia sentir em meio a águas turbulentas, mas tão perto da segurança de uma costa. Sim, distingui todos esses sentimentos em poucos segundos de troca de olhares. Gosto de saber exatamente o que sinto por uma pessoa ou situação, e isso não era uma exceção. Além do que, estava gostando da experiência.
Talvez fosse por que a cabeça dele ainda estava baixa por estar falando com as meninas ao seu redor, todas mais baixas do que ele, mas os olhos estavam direcionados a mim, e ainda com um sorriso no rosto em resposta ao meu.
Talvez fosse por que eu desejava me apaixonar perdidamente por alguém e ser amada de volta, embora algo em mim me dizia que, naquele momento, eu não estava propícia a me apaixonar. Nem por ele. Era algo primitivo, mais carnal. E, de qualquer jeito, eu estava adorando aquilo. Queria que durasse mais do que aquele dia.
Desviei o olhar do dele, seguindo Bia porta afora e me dirigindo à saída do departamento.
Pelo resto daquele dia não parei de pensar no misterioso “professor olhos verdes”, mas não de um modo desesperador como quando estamos apaixonados, e sim de um modo mais sexual.
Sim, sentia falta de sexo. Desde que havia terminado com meu ex, há quase um ano, essa necessidade era preenchida por mim mesma. Sentia falta do calor do corpo de um homem. Embora eu nunca realmente tenha estado com um homem, pois meu então namorado era um garoto, apenas um ano mais velho que eu. Tinha na época dezenove anos, e eu sempre, repito, sempre gostei de homens mais velhos. Embora eles, aparentemente, não gostem de mim. Lástima!
Pelo decorrer da semana não vi mais o professor olhos verdes, e pra falar a verdade, após alguns dias eu meio que esqueci dele. Só tínhamos aula de Patologia uma vez na semana, apenas nas segundas-feiras, então de qualquer jeito seria difícil vê-lo aleatoriamente pelo campus.
No Domingo de noite fui a um bar perto de casa com uma amiga de infância. Bebemos um pouco demais e passei um pouco mal quando cheguei em casa. Ainda bem que não iria ter prova no dia seguinte.
Invariavelmente, na Segunda, acordei com dor de cabeça. Pensei seriamente em não ir, mas, como falei, só tínhamos aula de Patologia uma vez na semana, e era uma cadeira importante para o básico. Tomei um café mais forte que o normal, acompanhado de uns comprimidos de paracetamol, de olhos mais fechados do que abertos na pequena mesa da cozinha. Fiz um sanduíche de queijo e embrulhei em papel alumínio. Não estava com fome no momento, iria comer depois. Não era costume meu tomar banho antes de sair pra faculdade, mas nesse dia decidi tomar um banho frio pra acordar e ajudar com as pontadas de dor de cabeça que insistiam, mesmo depois do remédio.
Forrei a cama sentindo as pontadas, meu estômago revirando um pouco a xícara de café que havia tomado, e assim me arrumei e saí de casa no silêncio pra não acordar minha mãe. O caminho não ajudou muito, pois o anda e pára do ônibus só serviram pra aumentar meu enjoo. Se tomasse dramin iria ficar com sono o resto do dia, era melhor ter ficado em casa então. No meu íntimo, esperava que minha amiga estivesse igual ou pior do que eu estava. Tinha sido cerveja demais pra nós duas.
Ao chegar no campus, me dirigi à entrada do departamento sozinha. Olhei o relógio e vi que era um pouco mais cedo do que eu costumava chegar, e também do que as meninas costumavam. Não tinha problema, eu iria subir logo e sentar naquele sofá velho da sala da recepção do departamento, que devia estar ali desde a inauguração da universidade. Quando subi e o vi, me pareceu extremamente confortável, então não importava se ele tinha mais de um século de idade. Me sentei num canto e coloquei minha mochila de lado, apoiando meu braço no do sofá, e minha cabeça na minha mão. Escutei ao longe a voz de uma das meninas da minha sala, Márcia. Era uma CDF, digamos assim, então com certeza chegava mais cedo do que todos. Ela devia estar já tirando dúvidas com algum professor lá em cima nas salas de aula. No mezanino que era a recepção/secretaria do departamento de Patologia, só estavam eu e a secretária, ambas sonolentas por ser ainda antes das oito da manhã. Já havia baixado minha cabeça, apoiada em meus braços fazendo um travesseiro improvisado no braço do sofá, mexendo preguiçosamente no celular, quando escutei passos subindo a escada que dava para o mezanino. Não me dei ao trabalho de levantar a cabeça e continuei checando tweets sobre nada, quando ouvi a voz grave que me agradou na segunda-feira passada.
“Bom dia, Neide.”
“Bom dia! O sr. chegou cedo.” - ela respondeu, mal olhando pra ele.
“Papelada de provas pra ajeitar antes da aula.”
A essa altura eu já havia levantado a cabeça, mas meu rosto deveria estar terrivelmente amassado e sonolento. Decidi não olhar pra ele, não queria demonstrar tão abertamente minha atração por um homem que não sabia nem o nome. É mesmo, eu não sabia o nome dele. Isso seria fácil de descobrir, mas por algum motivo eu achava melhor não saber. Dava um tom de mistério maior à coisa toda. Sou um pouco dramática.
Continuei, então, rolando pela minha timeline, prestando atenção em nada em particular, notando que não havia som de passos, ou seja, ele não havia se movido. Com o canto do olho vi que os pés dele se encontravam a poucos metros do sofá onde eu estava. Por que ele ainda não tinha ido para a sala dele? O mezanino também era onde as salas dos professores ficavam, era um enorme corredor que ia até o fim do prédio com mais de dez salas enfileiradas, todas de um lado só. Não sabia qual era a dele, mas por que ele não se movia? Decidi então levantar a cabeça, olhando com cuidado na direção dele.
Qual foi a minha surpresa ao vê-lo olhando pra mim, segurando uma pasta enorme abarrotada de papéis, uma bolsa carteiro marrom pendurada no ombro, e aquele sorriso no rosto. Não pude evitar o meu próprio sorriso de se formar, meio atabalhoado e lentamente, no meu rosto.
“Bom dia.” - ele me falou, com uma expressão indecifrável. Meio irônica? Por que ele estaria sendo irônico?
“Bom dia.” - respondi com um sorriso.
E essa foi a nossa grande interação. Ele acenou brevemente com a cabeça após eu responder ao cumprimento, e seguiu seu caminho rumo, provavelmente, à sua sala.
Acho que estou vendo coisa demais. Ele apenas foi cordial com a pobre aluna caindo de sono no sofá do lugar onde ele trabalha, nada demais.
Nada demais naquele sorriso meio enviesado, na barba por fazer adornando a mandíbula forte e um pouco quadrada dele, nem naqueles olhos verdes com um brilho tão bonito àquela hora da manhã que deveria ser proibido. Nada demais no jeito como ele simplesmente ficou parado até que eu levantasse a cabeça e olhasse pra ele, e ele me dissesse ‘bom dia’ e eu respondesse, pra que ele seguisse o caminho.
Não havia motivos pra eu ficar me sentindo tão confusa e atordoada às oito da manhã, só por causa de um ‘bom dia’. Não mesmo.
Então por que eu estava?
De qualquer jeito, atordoada ou não, melhor tirar isso da cabeça. Mesmo não sendo um homem tão bonito, pelo menos pra mim ele tinha uma aparência bem, digamos, normal. Nada que você olhasse e dissesse ‘nossa, que homem lindo!’.
Mesmo assim, eu sabia que nada podia acontecer dali.
Primeiro, ele, professor. Eu, aluna.
Segundo, ele deve ser, no mínimo, uns quinze anos mais velho. Pra mim não era problema, mas pro resto do mundo, talvez.
Terceiro, quem disse que ele estava interessado? Só por causa de uns sorrisos aleatórios? E aliás, eu nem estava realmente interessada nele. Essa era a segunda vez que via o homem na minha vida, como poderia?
Mas aquela sensação tão primitiva e conhecida que vinha do meu baixo ventre não podia me deixar negar que eu queria ele.
Super normal, aliás. E seria mais um para adicionar ao meu hall de ‘homens pelos quais me senti sexualmente atraída, mas não fiz nada a respeito’.
É um hall enorme.
Passei um tempo fingindo mexer no celular sentada no mesmo lugar, até que mais alunos começaram a chegar. Perto de oito e quinze, subi para as salas de aula antes que desse de cara com ele de novo e ficasse abestalhada mais uma vez.
Assim que subi, as meninas chegaram e entramos logo na sala, sentando em nossos lugares e arrumando os cadernos em cima do balcão que era a mesa.
Lá de dentro, vi quando ele passou para a sala ao lado da nossa. Logo após, nossa professora entra na sala e fecha a porta.
Passei a aula teórica inteira pensando naquele mísero ‘bom dia’.
Por que ele tinha se demorado ali?
Ele queria que eu olhasse pra ele ou simplesmente estava esperando outra coisa, arrumando algo na bolsa e eu não vi?
No pequeno intervalo entre as aulas teórica e prática, me demorei dentro da sala pois sentia que não estava preparada pra encontrar novamente o olhar dele. Se ficasse fora da sala a probabilidade de encontrá-lo era maior.
Segurei Bia comigo com o pretexto de me explicar melhor um assunto da aula.
Consegui chegar à sala de aula prática sem vê-lo, e não fiquei espiando pra fora.
Como a aula prática demanda mais atenção, desviei meus pensamentos dele e foquei no assunto. A professora terminou a aula com um ‘dever de casa’. Ela escreveu algumas questões no quadro para que pesquisássemos e trouxéssemos as respostas na próxima aula. Eu estava terminando de copiar uma questão, quando alguns alunos que já haviam copiado saíram da sala, escancarando a porta. Meu olhar foi atraído pelo barulho que o ranger da porta fez, e olhei na direção.
Professor olhos verdes estava saindo da sala de aula do outro lado do corredor, acompanhado de alguns alunos. Ele se deteve um pouco para segurar a porta pra que um grupo de alunos passasse, e enquanto o fazia, nossos olhares se cruzaram mais uma vez.
Eu estava com a cabeça apoiada em uma das mãos, copiando a questão do quadro um pouco apressada pra ir embora, mas, naturalmente, minha mão parou de funcionar uma vez que me vi encarando o homem de novo.
Dessa vez ele levantou as sobrancelhas, como se reconhecesse minha presença, mas não houve sorriso. Mas eu sorri.
Não pude evitar, novamente.
Ele apenas baixou a cabeça e riu como que timidamente olhando para o chão. Então saiu do meu campo de visão.
Autor(a): wehadchips
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