Fanfic: Metido de terno e gravata -Adaptada Laliter- | Tema: Laliter
Fui para outro vagão para não ter que olhar de novo para ―Danny‖ ou Mitch.
Para minha alegria, não estava lotado e havia um assento vazio virado para a frente. Minha pressão caiu assim que me sentei nele. Fechei os olhos por um momento e deixei o balanço do trem me acalmar.
A voz ríspida de um homem interrompeu o momento de serenidade.
— Faz a porra do seu serviço, Alan. Faz o seu trabalho. É pedir demais? Por que estou pagando seu salário, se tenho que administrar cada porcariazinha? Suas perguntas não fazem sentido! Encontre a solução, depois ligue de novo quando tiver uma resposta digna da minha atenção. Não tenho tempo para pergunta idiota. Meu cachorro teria pensado em algo mais inteligente do que o que você acabou de propor.
Que cretino.
Quando virei para dar uma olhada na cara do dono da voz, não consegui conter o riso. É claro. É claro! Não era à toa que ele achava que podia cagar em cima de todo mundo. Com uma aparência como a dele, as pessoas provavelmente ajoelhavam à sua volta o tempo todo, tanto no sentido literal quanto no figurado. Ele era lindo. Além de lindo, cheirava a poder e dinheiro. Revirei os olhos... mas não consegui desviá-los dele.
Esse cara usava uma camisa justa de listras finas que facilitava imaginar a silhueta esculpida embaixo dela. O paletó azul-marinho de aparência cara estava sobre seu colo. O sapato social preto nos pés grandes parecia ter sido engraxado recentemente. Ele era bem o tipo de homem que deixava as pessoas engraxarem seus sapatos no aeroporto e evitava fazer contato visual com elas. O acessório mais notável, porém, era o olhar furioso no rosto perfeito. Agora ele havia desligado o celular e se comportava como se alguém tivesse pisado em seu calo. Uma veia latejava em seu pescoço. Ele passou a mão pelo cabelo escuro, frustrado. Vir para este vagão certamente havia sido uma boa escolha, considerando só o colírio. O fato de ele nem notar as pessoas que o cercavam me permitia apreciar a paisagem tranquilamente. Ele era um gato com aquela cara brava. Alguma coisa me dizia que estava sempre bravo. Era como um leão, o tipo de espécie que é melhor admirar de longe e que oferece risco de dano irreparável em caso de contato real. Suas mangas estavam erguidas, exibindo um relógio caro e enorme no pulso direito. Com aquela expressão azeda, ele olhava pela janela enquanto mexia no relógio, girando-o de um lado para o outro. Parecia um hábito nervoso, o que era irônico, levando em contra que eu tinha certeza de que ele deixava muita gente nervosa.
O celular tocou de novo. Ele atendeu.
— Que é?
A voz era o tipo de barítono rouco que sempre me atingia entre as pernas. Eu era maluca por uma voz profunda, sexy. Mas era raro a voz combinar com o homem.
Segurando o celular com a mão direita, ele usou a outra para continuar manipulando o metal do relógio.
Clique, clique, clique.
— Ele vai ter que esperar — grunhiu.
— A resposta é que eu chego aí quando chegar... Que parte disso não ficou clara, Laura?... Seu nome não é Laura? Como é, então?... Então... Linda... fala que ele pode remarcar, se quiser.
Depois de desligar, resmungou alguma coisa.
Pessoas como ele me fascinavam. Era como se fossem donas do mundo só por terem sido abençoadas pela genética ou por oportunidades que as colocavam em uma posição econômica superior. Ele não usava aliança de casamento. Aposto que ocupava o dia inteiro com atividades autocentradas. Café caro, trabalho, almoço em restaurantes elegantes, sexo sem amor... tudo de novo. Sapato brilhando e talvez uma partida de tênis entre uma coisa e outra.
Aposto que ele também era egoísta na cama. Não que eu fosse dispensá-lo, mas era. Nunca havia estado com alguém tão poderoso quanto esse homem, portanto, não tinha conhecimento prático de como isso se traduzia no quarto. A maioria dos caras com quem tinha saído era de artistas famintos, hipsters ou aqueles tipos que abraçam árvores. Minha vida estava bem longe de Sex and the City. Era mais para Sexo Meio Triste. Acho que não ia me importar de ser a Carrie para o Mr. Big por um dia, porém. Ou sr. Grande Babaca, nesse caso.
Com toda porra de certeza.
Mas havia uma falha nessa minha fantasia: eu não fazia o tipo do cara. Ele devia gostar de loiras magérrimas e submissas da alta sociedade, não latinas cheias de curvas de Bensonhurst com atitudes sarcásticas e cabelo multicolorido. Eu era quase uma mistura de Elvira e Pocahontas com uma bunda grande. Meu cabelo preto e comprido quase alcançava a cintura. As pontas eram pintadas com uma cor diferente a cada duas semanas, dependendo do meu humor. Essa semana, estavam azul-royal, o que significava que as coisas estavam bem boas para mim. Vermelho indicava que era bom ficar fora do meu caminho.
Meus pensamentos aleatórios foram interrompidos pelo guincho do freio do trem. De repente, o sr. Grande Babaca se levantou, e uma nuvem de perfume caro saturou o ar por onde ele passava. Até o cheiro do homem era tremendamente sexy, embora exagerado. Ele passou apressado pela porta, que fechou em seguida.
Foi embora. Era isso. Fim do espetáculo. Bem, foi bom enquanto durou.
Minha parada era a próxima, e eu me aproximei da mesma porta por onde ele havia saído. Meu pé bateu em alguma coisa dura e plana, e eu olhei para baixo.
Meu coração começou a bater mais depressa. O sr. Grande Babaca havia deixado parte dele para trás. Ele deixou cair o telefone.
A porra do telefone!
Tinha descido do trem tão apressado que o celular deve ter escorregado da mão dele. E eu devia estar muito ocupada apreciando o traseiro suculento dentro daquela calça para perceber. Peguei o iPhone e o senti quente na mão. O aparelho tinha o cheiro dele. Queria aproximá-lo do nariz, mas me contive.
Cobri a boca e olhei em volta. Se minha vida fosse um programa de televisão, o som das gargalhadas seria introduzido agora. Ninguém olhava para mim. Ninguém parecia se incomodar por eu estar com o telefone do sr. Calça Elegante.
O que eu ia fazer com aquilo?
Guardei dentro da minha bolsa de estampa de leopardo e, com a sensação de que carregava uma bomba, saí da estação para a ensolarada calçada de Manhattan. Sentia o telefone vibrando com a chegada de notificações, e ele
tocou uma vez, pelo menos. Eu precisava de um café antes de pegá-lo de novo.
Comprei a bebida no ambulante de costume e fui tomando enquanto percorria os dois quarteirões até o escritório. Naquele dia em particular, estava atrasada, por isso decidi adiar a investigação sobre a vida do sr. Grande Babaca para depois do almoço.
Autor(a): jucinairaespozani
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