Fanfic: Apenas existindo | Tema: Depressão
Mais uma madrugada em claro, nem lembrava mais de quando havia ficado assim, apenas que estava… não sentia alegria, nem tristeza. Não sentia nada.
Sempre há um momento em nossas vidas em que nos perguntamos o que fizemos e como fizemos… mas a verdade é que quando se chega aos vinte e cinco anos sem nenhuma expectativa de vida, suas cobranças deixam de ser internas e passam a ser externas.
Costumam dizer que a família é a base de tudo, o que de certa forma é verdade já que uma família estruturada onde todos se apoiam a tendência é evoluir. Mas o que fazer quando se vive em uma situação totalmente oposta?
Minha mãe tem o péssimo hábito de sempre tirar conclusões antes de saber o que exatamente o que tinha acontecido, isso junto ao fato dela sempre querer estar certa a tornavam uma pessoa extremamente difícil de lidar quando o assunto era relacionado a questões pessoais.
Não me entendam errado, eu amo minha mãe e meus irmãos, mas eles não eram as pessoas mais confiáveis do mundo quando se tratavam de tais assuntos. O que chegava a ser irônico levando em conta que qualquer um de meus irmãos daria a vida por mim.
Tudo isso juntado a um relacionamento extremamente complicado que minha mãe vive com meu pai me fez entender que se eu quisesse algo teria que conseguir por conta própria, não importa qual fosse o problema.
— Inácio vem tomar café. — gritou minha mãe do andar de baixo.
Nem me dei conta que o céu já estava claro, para minha sorte eu só iria trabalhar mais tarde e isso não estava nem garantido, afinal não lhe disseram nada quando cumpriu sua jornada de trabalho no dia anterior.
Ajudava o marido de minha irmã em sua loja, não ganhava bem mas dava pra ajudar minha mãe e manter meus gastos que se resumiam em recarga para celular, transporte e motel.
Mas as coisas chegaram em um nível em que nem mesmo o sexo me animava… não lê vem a mal eu adoro sexo, tanto que tive um belo final feliz no encontro que tive na noite anterior com uma coroa que conheci em um desses aplicativos de namoro.
Estratégia perigosa eu sei… mas não sinto mais a mesma vontade de antes para interagir com outras pessoas, nestes aplicativos as pessoas já entram sabendo o que querem, o que facilita tudo.
Apenas peguei meu celular e verifiquei as mensagens, como sempre meus amigos estavam fazendo planos de uma reunião que como nas outras vezes eu arrumaria uma desculpa para não ir.
Os conhecia desde a quinta série, passamos por tudo o que pode imaginar, desde fugir da escola para jogar bola no quintal de uma igreja a quase ser baleado por um vigilante por estarmos em local proibido.
Apenas coloquei meu celular no bolso e desci para cozinha, costumo tomar café primeiro e só depois escovar os dentes. Podem me julgar se quiser, mas é impossível apreciar um delicioso café quentinho quando o gosto da pasta de dente ainda está em sua boca.
— Você dormiu? Sua irmã vai precisar de você. — reclamou minha mãe como sempre.
— Ela não mandou mensagem, então acho que não vou trabalhar hoje.
— E o que garante que ela não vai precisar de você?
Eu apenas peguei um pão e comecei a passar manteiga enquanto minha mãe não parava de falar sobre responsabilidade e que eu deveria mudar minhas atitudes, como sempre ela nem sequer perguntava como estavam as coisas no trabalho ou como eu estava.
Não importa o que minha mãe falasse, eu não tinha mais vontade de responder ou discutir. Ela iria falar de qualquer jeito, então não faria diferença se eu ficasse calado ou não.
Foi por essa e por muitas outras atitudes dela e de minha família que procurei um psicólogo sem ninguém saber, não que eu quisesse saber o que estava acontecendo, mas era necessário.
Acreditava que eu estava passando de forma tardia pela fase sadboy que tanto falam na internet e que logo logo eu estaria de volta cometendo várias loucuras com meus amigos e chupando bem gostoso a primeira mulher que me desse bola.
Mas aí veio a única possibilidade que eu descartei era a correta, eu estava com depressão… a doença mais famosa da internet que sempre tem um babaca romantizando.
Lógico que o doutor que eu procurei me disse todo aquele blá blá blá de que eu ficaria bem e que com o tratamento adequado eu viveria minha vida normalmente.
O foda é que eu não tinha grana nem para os medicamentos, muito menos pata as sessões de terapia… apenas deixei pra lá e segui minha vida acreditando que se eu levasse minha vida de boa isso passava.
A maior merda que eu fiz na minha vida, quatro anos e isso só foi piorando… antes coisas básicas como ir para casa de meu melhor amigo beber e jogar videogame ou maratonar algum anime interessante me animava.
Mas depois de um tempo nem o sexo me animava maís, fazia apenas para matar a vontade e depois sempre contava para a mesma rotina de sempre de cheguem casa, pedir benção de minha mãe e me deitar em minha rede ouvindo música.
Uma vida ótima na visão daqueles que precisavam se matar pra sobreviver e ganhar seu pão de cada dia, mas meu problema é que essa doença não liga para classe social… atacava desde as grandes estrelas de Hollywood e bilionários a até perrapados como eu.
Apenas terminei de tomar café e fui tomar banho e escovar os dentes, já que minha irmã não mandou mensagem até agora eu iria apenas deitar em minha rede e dormir.
Depois do banho apenas peguei meu celular e fui ver as mensagens, para minha surpresa havia uma mensagem de voz de Leandro, meu melhor amigo.
"Fala cuzão foi trabalhar hoje"
— Fala jovem, mano hoje eu tô de folga… vou ficar só em casa mesmo.
"Então cola aqui caray, bora bater uma bola. O Júnior e o Gabriel vão vir de noite"
— Beleza mano, de noite eu tô aí.
"Mas vem mesmo pow, tu é só papo"
— Relaxa pow, dessa vez eu sim.
"Beleza então, falou…"
Eu não tinha nada pra fazer mesmo, porque não gostar o tempo me movimentando um pouco, mas a verdade é que isso não faria diferença.
No fim do dia eu chegaria em casa, pediria benção de minha mãe, tomaria banho, iria deitar em minha rede para ouvir música até a fome chegar ou cair no sono.
No fim das contas, tudo era sempre igual.
Autor(a): lucasdarcry666
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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