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Fanfic: Ciao | Tema: Carreira Musical


Capítulo: Ciao

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          Há 64 anos, um adolescente fascinado por música notou que, no andar térreo do prédio onde morava, um placar exibia a cada manhã um poster modestíssimo para a entrada de novos futuros músicos na carreira musical. Não teve dúvida. Entrou e ofereceu os seus serviços ao diretor, que era, sozinho, todo o pessoal da edição homem olhou-o, cético, e perguntou:


– Sobre o que pretende cantar?


– Sobre tudo. Sertanejo, forró,pagode,samba,coisas desse país e de qualquer região dele. 


          O diretor, ao perceber que alguém tão jovem,se dispunha a fazer parte de sua empresa, praticamente de graça, topou. Nasceu aí, no velho Rio Grande do Sul nos anos 80, um cantor e compositor que ainda hoje, com a graça de Deus e com suas letras instigantes,comete os seus cantos.


          Comete é tempo errado de verbo. Melhor dizer: cometia. Pois chegou o momento deste contumaz repositor de letras pendurar as chuteiras (que na prática jamais calçou) e dizer ao público um ciao-adeus sem melancolia, mas oportuno.


          Creio que ele pode gabar-se de possuir um título que poucos tem:o maior cantor e compositor de seu estado.Assistiu em pé e cantando,o público de 5 mil pessoas,a maioria pagantes,sem contar a felicidade nos olhos do público.Antes ele assistia de longe,mas de coração afante,o show de The Feveres, acompanhou a Jovem Guarda,os sucessos da banda JM,as idas e voltas de Raul Seixas que trouxe ideias polêmicas e que mudou a música,viajou internacionalmente,viu,Pink Floyd,The Beatles,a luta da música contra a ditadura militar;as pequenas alegrias do cotidiano,abertas a qualquer um,que são certamente as mulheres.


          Viu tudo isso, ora sorrindo ora emocionado, pois o choro  tem seu lugar mesmo nos temperamentos mais aguados. Procurou extrair de cada show,não músicas tristes,mas músicas que alegrassem ou chamassem o público,se não da música,se não da letra,pelo menos das pessoas alegres que às vezes é uma razão para sorrir,um sorriso irônico. 


          Música tem essa vantagem: não obriga a pessoa a rir da música;faz com que as emoções tomem conta do interior de suas lembranças;não exige de quem a faz o nervosismo saltitante do cantor,responsável por passar o verdadeiro sentido da música;dispensa anos em uma universidade de língua portuguesa,política nacional e internacional,letras e o mais que imaginar se possa.Sei bem que existem o cantor clássico,o sambista,o rockeiro,o sertanejo etc.,mas a música de que estou falando é aquela que não precisa entender de nada ao cantar de tudo.Não se exige do canto geral a realidade ou comentários precisos que cobramos dos outros. O que lhe pedimos é uma espécie de transmição de sentimentos,como seu jeito e desperte em nossa realidade da letra,o sentimento por trás da música.Não se compreende ou não compreendo cantor sem sentimentos,pois a música é território livre de expressão,podendo retratar acontecimentos e sentimentos do dia.


           Com esse espírito,a tarefa do cantor é retratar que como no tempo de Raul Seixas(algum de vocês já teria nascido nos a.C de 1970?duvido)”Só há amor quando não existe nenhuma autoridade”,ou seja expressar-se liberalmente.A liberdade de expressão dá a vida as músicas,com suas melodias,forma e ritmo.


           Foi o que esse outrora-rapaz fez ou tentou fazer em mais de seis décadas. Em certo período,desistiu da música,porém jamais deixou de pensar nela,apreciador implacável de músicas,interessado em seguir não só o jeito de cantar,mas de expressá-las ao público que lhe chamava atenção eram as letras pensadas,a melodia,os acordes,eram para ele(e são) motivos de alegria profissional.Aos grandes show do que ele mais se orgulhava de ter ido são,o Rock in Rio,de valente memória, e ao Planeta Atlântida,pelo entusiasmo do público nos shows.Dez participações no primeiro e mas 10,atuais,no segundo,alimentaram as melhores lembranças do velho cantor.


            E é por admitir esta noção de velho, consciente e alegremente, que ele hoje se despede da música sem se despedir do gosto de viver da música, pois cantar é sua doença vital, já agora sem periodicidade e com suave preguiça. Ceda espaço aos mais novos e vá cultivar o seu jardim, pelo menos imaginário.


          Ao público,gratidão,essa palavra-tudo.



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Autor(a): caboclo

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