Fanfic: All That Matters - Glee St.Berry | Tema: Glee
Rachel termina de se trocar, enquanto eu ainda olho pro teto. Quando está vestida, pula na cama onde eu já estou sentado.
"Já está com sono?" – pergunto, e ela responde com um aceno de cabeça, se aninhando no meu peito no mesmo instante. Com um controle remoto, é possível apagar as luzes, então é isso que eu faço, e nós vamos dormir. Com todos os cochilos que tirei no ônibus, não consigo fechar os olhos agora, e fico acordado olhando para o teto.
Rachel adormece rápido. Fico observando sua respiração, o jeito como se mexe em cima do meu peito. Ela é linda dormindo. Por um momento, tudo para, e ela volta a ser minha melhor amiga do mundo, minha quase-irmã com quem eu divido tudo na minha vida. E então, eu começo a perceber como tudo mudou.
Ela não está usando sutiã. Seus seios estão pressionados no meu peito, seu rosto é delicado e ingênuo, o cabelo caído no rosto. Sua respiração é suave.
Ela é linda. Minha melhor amiga é, nesse momento, a garota mais linda que eu já vi na minha vida.
Ela abre os olhos lentamente, e eu torço para que o encanto se quebre, mas não acontece. Seus lábios, os lábios que um dia eu sonhei que estava beijando, se abrem lentamente.
"Oi." – ela diz, sorrindo. Esfrega os olhos, e se senta na cama.
"Você não dormiu?" – pergunta.
"Não." – digo. Ela é a menina, a garota, a mulher mais perfeita do mundo para mim, vestida num moletom do frajola que tem há quase 6 anos, com o cabelo amassado e cara de sono. E eu me encontro ali, sentimentos de melhor amigo e de homem, juntos, conectados.
"Devia tentar." – ela diz, seus olhos pesados com o sono – "Temos que estar de pé as 6 amanhã."
"Eu sei."- digo. Minha respiração está irregular, rápida. Estou confuso, e estou me odiando por isso. Não deveria deixar que essa atração, essa coisa de homem e mulher se metesse entre nós. Ela é minha melhor amiga, e isso é tudo o que eu poderia querer. É tudo o que nós podemos ser.
"Está frio aqui." – ela diz. Estico minha mão para pegar o controle do ar condicionado, mas ela se aninha mais em meus braços, procurando calor, antes que possa fazer qualquer movimento.
E então estamos dormindo assim, juntos. Os melhores amigos do mundo.
E meu coração não para de bater.
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"Jesse!" – escuto, enquanto sinto que alguém me sacode. Estou meio-acordado-meio-dormindo.
"Jesse!" – a voz insiste em me chamar. Aos poucos, começo a recuperar a consciência, e abro meus olhos. Rachel está me olhando com uma cara meio envergonhada.
"O que foi?" – pergunto. Ela aponta para baixo.
Preciso levantar o cobertor para perceber do que se trata.
Rachel dormiu da mesma forma como sempre dorme: uma das pernas levantada, na minha cintura.
E eu tive uma porcaria de um momento-de-homem.
"Está de manhã." – digo, me defendendo. Saio o mais rápido que posso da posição em que estávamos, me escondendo embaixo do edredom. Começo a perceber que agora terei que me acostumar com essa estranha tensão que se formou entre nós, que só eu pareço perceber.
"OK, que tal ignorarmos isso e apenas irmos tomar café?" – ela diz, e eu olho para ela, incrédulo. Ela está ali, com seu moletom surrado, os cabelos bagunçados, e a mesma cara de criança que tem desde sempre. Me esqueço do que aconteceu, de todas as duvidas da noite anterior. Ela é apenas minha melhor amiga, e eu a amo desse jeito estranho que há entre nós.
Tomamos banhos. Quer dizer, não juntos. Ela toma banho primeiro, e eu vou depois...Depois dos 57 minutos que ela leva. E esse é o seu banho rápido. Visto uma blusa vermelha e uma bermuda xadrez. Rachel veste calça e blusa brancas. Descemos para o café da manhã, junto com a equipe de produção, e então estamos rindo e brincando de novo, e nada do que aconteceu importa, por que eu sei que nós sempre vamos ser desse jeito, sempre seremos melhores amigos.
Estamos no ônibus, indo em direção à fazenda onde a matéria será gravada. Estou sentado ao lado dela. Estamos nos olhando, nossas cabeças encostadas nos bancos, mas muito próximas uma da outra. Há uma coisa que está me perturbando, e eu preciso falar com ela. Preciso contar a ela tudo o que acontece, como nós sempre fizemos.
"Hey, qual é o seu problema?" – ela pergunta, antes que eu tenha tempo de dizer alguma coisa. Continuo sendo extremamente transparente para ela.
"Me desculpe." – digo, respirando fundo. Me sinto como um culpado, confessando seus crimes em frente ao júri.
"Pelo que?" – me pergunta, e eu a olho com aquele jeito de olhar que nós temos, de dizer tudo ao outro sem ter que usar palavras – "Ah, você quer dizer, aquilo? Qual é Jesse, você não pode querer se desculpar por ter tido uma ereção matinal. Você é um garoto, essas coisas acontecem, eu acho." – ela diz, com a cara mais simples do mundo.
Neste momento, estou chocado.
"Sério, eu já te disse que essa sua naturalidade me assusta?" – digo, e ela está rindo. E eu percebo que, mesmo com o tempo tendo passado, com tanta coisa estando diferente, e com essa estranha atração física que eu pareço ter tido por ela, ela é, sempre foi, e sempre será a minha melhor amiga, uma das pessoas mais importantes da minha vida. E isso é o mais importante.
Descemos do ônibus. A fazenda é bem grande e bonita, e o dono nos recebe muito bem. Enquanto Shelby grava as cenas junto com a cabra mamãe - que eu fico chamando de Rachel Berry – e seus oito filhotinhos, Rachel e eu estamos correndo feito loucos pelos campos onde as cabras pastam, gritando para que elas caiam no chão, enfim, sendo nós mesmos. Quando estamos terrivelmente cansados, nos sentamos no chão, e ficamos olhando a vista.
"Acha que vai demorar?" - pergunto, me referindo à gravação das cenas.
"Acho que sim." – Rachel diz. Ela deita a cabeça no meu ombro, e ficamos um silêncio por um tempo, apenas olhando para tudo ao nosso redor.
"É bom estar de volta. Eu finalmente me sinto em casa." – Rachel diz, com a cabeça no meu peito.
"Quer dizer, no meio das cabras?" – Faço piada, e ela me dá um tapa.
"Perto de você." – diz, voltando a se deitar no meu peito.
Não sei quanto tempo ficamos ali, mas quando minha barriga começa a roncar, decidimos ir procurar Shelby e os outros. As filmagens já acabaram, e enquanto o pessoal da equipe recolhe todas as aparelhagens, Shelby nos pergunta se não queremos tirar algumas fotos da paisagem. Nós a levamos até o campo onde estávamos, e ficamos procurando uma boa pose. E eu não sei exatamente como chegamos a isso, mas quando percebo estou deitado no chão, com minhas pernas esticadas para o alto. E Rachel está em cima delas.
Depois que batemos as fotos, e depois do almoço gentilmente fornecido pelo dono da fazenda, voltamos para o ônibus. Temos que voltar ainda hoje, porque amanhã, domingo, será a cerimônia oficial para a mídia, em que Shelby será apresentada como nova âncora do jornal de Lima. E obviamente, Emma, meu pai e eu fomos convidados.
Rachel está mexendo em meu celular, e eu estou usando o seu notebook.
"Pra um cara que não canta, você tem muita música de qualidade."- ela diz, e eu reviro os olhos.
"Hum, mensagens recebidas...." – ela diz, e eu estou esticando meu braço para pegar meu celular o mais rápido possível. Ela mantém seus braços distantes de mim, e continua lendo as mensagens, me provocando. Eu sei que não há nada de errado ou comprometedor nas minhas mensagens, mas acho que essa á a reação de qualquer pessoa quando suas mensagens são lidas por outras.
"Cadê você?" – Rachel lê, em voz alta. "Hum, mensagem da namorada! Esqueceu de avisar que vinha pra cá, é?"
Rachel sabe sobre Quinn, obviamente. Ela sabe sobre tudo relacionado à minha vida.
Quinn. De repente, me lembro que esqueci de falar com ela sobre a viagem. Aliás, nos últimos dois dias, me esqueci completamente sobre a existência dela. E isso não é uma coisa legal de se fazer com a sua namorada.
"Falei com o seu pai. Ele me disse da viagem." – Rachel lê – "Hah, alguém vai ter que se explicar quando chegar." – ela está rindo nesse momento. Já desisti de recuperar meu celular.
"Passe aqui em casa quando voltar. Comprei um su..." – Rachel para de ler. Está ficando vermelha, na verdade. Termino de ler a mensagem, e entendo o porquê.
Quinn não é exatamente do tipo ousada. Mas bem, nós já, bem, fizemos. Ela foi a minha primeira, na verdade. E apesar disso, trocar mensagens sobre roupas íntimas é o máximo de sensual que nós fazemos. E embora ela seja a minha namorada e tudo o mais, definitivamente não é nada legal ler esse tipo de mensagem no celular do seu melhor amigo.
Rachel está com a cabeça abaixada, envergonhada.
"Ela definitivamente sabe o que quer, e vai atrás disso." – Ela sussurra.
"Quinn não é... ela não é assim." – digo. Não quero que Rachel tenha uma visão errada sobre Quinn.
O caso é que o meu namoro com Quinn, bem, foi uma das coisas mais inesperadas que me aconteceu. Até hoje não consigo acreditar. Ou o meu pai. Ou todo o resto da Mckinley High School.
Quinn e eu nos conhecemos no meio do segundo ano. Ela tinha acabado de se mudar pra Lima. E a primeira vez que nos vimos, foi quando eu derrubei todos os livros dela no chão.
FLASHBACK ON
"Desculpe, de verdade." – disse, tentando pegar todas as coisas dela do chão. Ela estava abaixada também, juntando as coisas junto comigo.
Nunca havia visto ela antes. Era loira, de olhos verdes, e usava uma blusa amarela e uma calça branca, além de uma faixinha amarela nos cabelos, soltos. Tinha um sorriso lindo.
"Tudo bem, foi minha culpa também." – ela disse, mas eu sabia que não tinha sido. Fui eu quem estava distraído demais e abri a porta do meu armário praticamente na cara da menina nova, cujo armário ficava ao lado do meu, e que estava tentando me pedir ajuda quanto ao seu horário de aulas.
Terminamos de juntar suas coisas, e nos levantamos.
"Isso é tão clichê." – ela disse, guardando suas coisas no armário – "O menino e a menina se conhecem quando ele derruba todas as coisas dela no chão." - Sorriu, e não pude deixar de sorrir também.
"A propósito, meu nome é Quinn Fabray." – disse, me esticando a mão.
"Jesse St. James." – digo, apertando sua mão.
Sua próxima aula é biologia, e eu me ofereço para levá-la até o laboratório. Ela me conta que sua mãe se separou de seu pai, e por isso elas vieram morar aqui em Lima.
Nos encontramos novamente no almoço, e ela se senta na minha mesa. Costumo me sentar com Artie Abrams, o garoto de cadeira de rodas do primeiro ano, mas ele não está na escola hoje. Então acabamos sendo só eu e Quinn.
"Engraçado, se seu sobrenome não fosse St.James eu diria que você é filho do meu professor de Espanhol. Vocês são bem parecidos." – ela diz.
"Eu sou, na verdade." – digo – "St.James é o meu nome do meio."
"E você o usa para evitar o Bullying por ser o filho do professor. Saquei." – diz, e estamos rindo. "Quinn é meu nome do meio, na verdade, mas não diga isso a ninguém, ok? Cansei de ser chamada de "Lucy Caboosey"."
Acabamos ficando um pouco amigos. Naquela época, eu ainda não era tão importunado por Noah-valentão-Puckerman, mas mesmo assim ainda não tinha muitos amigos. Quinn ficou falando comigo por umas duas semanas, até que se tornou líder de torcida. E como ser popular significa não andar com os perdedores, ela simplesmente deixou de falar comigo.
E então veio o terceiro ano. E o baile de boas-vindas, para o qual eu obviamente estava planejando não ir. Não convidei nenhuma garota. Não sei se aceitariam ou não, eu simplesmente não quis tentar. Estava sentado na escada, do lado de fora da escola, esperando meu pai, quando ela se sentou ao meu lado.
Quinn Fabray, a capitã das Cheerios, a garota mais popular da escola, presidente do clube do celibato, de quem todos queriam ser amigos, como quem todos queriam ficar. E de quem eu tinha sido colega por duas semanas até que o fantasma da popularidade nos afastou.
"Posso sentar aqui?" – ela perguntou.
"Não vai ser expulsa do grupo V.I.P se ficar perto de mim?" – pergunto. Tenho um pouco de mágoa dela, por que não acredito que uma garota como ela devesse perder seu tempo no grupinho dos populares. Ela não me parece desse tipo.
"Me desculpe, ok? Eu não devia ter parado de falar com você daquela maneira." – ela me diz. E eu a perdôo, por que eu não consigo ficar magoado com as pessoas. Acho que eu só precisava ouvir o seu pedido de desculpas.
"Então, Jesse, você já tem companhia pro baile?" - me pergunta, e eu apenas nego com a cabeça.
"Você poderia me levar?" – ela diz.
E foi assim que eu, Jesse St.James Schuster, acabei levando a garota mais popular da escola pro baile do terceiro ano. Ela estava linda, em um vestido verde que combinava com a cor dos seus olhos. Nós nos divertimos bastante, e quando o baile acabou, levei-a pra casa. Deixei-a na porta de sua casa, e ela me beijou.
Não houve um pedido oficial de namoro. Ela só começou a me telefonar, e então nós saímos juntos, e quando percebemos, já éramos o casal St.Fabray. E então, um dia, quando eu fui buscá-la após uma das reuniões do clube do celibato, nós percebemos que já nos considerávamos, de fato, namorados.
Quinn entrou no meu carro, calada. Não era o normal dela, já que sempre me recebia com um sorriso. Estava quieta, e aparentava estar pensativa.
"Sabe, eu vivo uma mentira." – ela disse, antes que eu tivesse tempo de ligar o carro.
"Quinn, o que..." – tento dizer, mas ela me interrompe.
"Tudo isso, de líder de torcida popular. Eu não sou assim, eu não queria ser assim. Eu não merecia ter tudo isso, sabe. Eu não sei honrar porcaria nenhuma! E nossa, eu sou a presidente do clube do celibato, a presidente!" – vejo que ela está desabafando, que precisa disso.
Espero alguns minutos, com o carro desligado. Quinn não chora, mas continua quieta, pensativa.
"Eu não sou mais virgem." – ela diz. Eu estou quieto, encarando o carro.
"Não vai dizer nada?" – ela diz, e eu a olho.
"Não. Essa é a sua vida, Quinn. Só você pode dizer o que é certo ou errado pra você. Eu não posso, e não vou te julgar." – digo, e ela me abraça.
Duas semanas depois, estamos deitados no seu quarto. Sua mãe foi para a Califórnia, onde elas moravam, acertar alguns detalhes da venda de sua antiga casa. Estamos sozinhos, e ela me olha.
"Sabe, devia ter sido você." – ela diz, e eu mexo em seu cabelo. – "O meu primeiro, devia ter sido você."
Ela sabe que eu nunca fiz. Nunca conversamos sobre isso, mas está praticamente escrito na minha testa. Estamos nos beijando, e eu não sei muito bem o que fazer, não sei até onde posso ir.
"Quinn...." – digo, quando ela tira minha blusa – "Tem certeza?" – pergunto. Ela acena com a cabeça.
"Mas e o clube do celibato?"
"Eu larguei. Eu não queria que nada me fizesse me arrepender de ser sua nesse momento."
Voltamos a nos beijar. Tudo o que acontece é bem simples, instintivo. Quinn me mostra o que fazer para fazê-la minha, e meu próprio corpo me guia. Ela é uma bela garota, uma bela mulher, e tudo é muito simples, fácil.
Depois dessa noite, fizemos mais algumas vezes. Mas não nos tornamos os maníacos sexuais que grande parte dos adolescentes atuais são. Continuamos sendo nós mesmos, e isso foi o melhor de tudo. Não eram nossos corpos que nos comandavam, mas nossas mentes.
FLASHBACK OFF
"Me desculpe." – Rachel diz. Ficamos em silêncio por um tempo, até que acabamos dormindo outra vez, sua cabeça no meu ombro.
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"Eu tenho certeza que já está bom, Emma." - meu pai diz, batendo na porta do banheiro. Estou sentado no sofá da sala, rindo. Estamos esperando que Emma termine de se vestir.
Já estamos prontos há 40 minutos, meu pai e eu, mas como Rachel ainda não chegou, a demora de Emma não faz realmente muita diferença.
Emma finalmente sai do banheiro. Está linda, e meu pai faz uma cara de idiota quando a vê. Começo a rir outra vez.
"Está linda, Emma." – digo, e ela sorri.
"Obrigada, Jesse. Você e seu pai também estão muito lindos."
Emma é extremamente educada, portanto não sei se diz a verdade ou não. Apenas agradeço o elogio e continuo vendo TV.
Finalmente a campainha toca. É Rachel. Ficou de vir nos avisar quando sua mãe estivesse pronta. Estamos todos indo para a cerimônia de apresentação de Shelby à mídia,numa limusine paga pela emissora de TV. Levanto correndo do sofá e vou abrir a porta.
Não posso ver meu rosto, mas sei que estou com a mesma cara de idiota do meu pai.
Rachel está linda, absurdamente linda. Tudo o que eu consigo pensar é no quão linda, maravilhosa, estonteante ela está. Sorri para mim, e meche a cabeça para tirar o cabelo que caía no rosto. Continuo parado no mesmo lugar, com a mesma cara de idiota.
"Não vai me deixar entrar?" - pergunta.
"Não." – meu pai responde por mim – "Nós já estamos saindo, antes que a Emma decida modificar mais algum detalhe da maquiagem." – ele diz, e passa por nós. Saímos, descemos as escadas e entramos na limusine. Continuo com a mesmíssima cara de idiota.
Rachel e eu nos sentamos lado a lado na limusine, o que por sinal não é nenhuma novidade. Nossos pais ficam sentados de frente para nós. Fico olhando para Rachel, que está distraída observando a janela.
"Qual é, não fica me olhando assim, como se fosse a primeira vez que você está me vendo." – Rachel diz, tirando uma mecha que está caindo nos olhos. Levanto minha mão para tirar a mecha de seu rosto, mas não posso. Não posso ousar tocá-la. Ela é minha bonequinha, minha princesa, minha pequena. Minha melhor amiga. Sempre foi, e sempre será a coisa mais preciosa para mim.
"É como se fosse. É como se fosse a primeira vez que eu te visse em toda a minha vida." – digo, e ela sorri timidamente.
E eu definitivamente não posso compreender o que se passa em meu coração.
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A festa foi incrível. Levou algum tempo para que eu tirasse a minha cara de idiota do ar, mas mesmo assim, isso não me atrapalhou de curtir a festa. Shelby deu entrevistas, falou sobre suas expectativas com relação ao novo trabalho, enfim, foi uma excelente profissional, como sempre. E quanto a mim e Rachel? Bem, ficamos dançando do nosso jeito esquisito, e comendo, comendo muito na verdade. Foi tudo muito divertido, e ficamos até quase o fim.
Eram quase 4 da manhã quando saímos de lá. Chegamos em casa 4 e alguma coisa, e Rachel, obviamente, dormiu no meu quarto.
"Está ansiosa para amanhã?" – pergunto, e ela balança a cabeça. Não estamos com sono, embora tenhamos que estar de pé em menos de 4 horas. Será o primeiro dia de Rachel na escola, e bem, mais um pra mim. Estou um ano à frente de Rachel.
"Não sei." – Rachel diz, e pela forma como parou de falar, sei que quer me perguntar alguma coisa.
"O que foi?" – pergunto, e mesmo sem ver seu rosto, no escuro em que estamos, sei que ela rolou os olhos. Estamos abraçados, na minha cama, um de frente para o outro, o cobertor cobrindo até nossas cinturas. Rachel usa minha camisa cinza de dormir, e minha bermuda branca que encolheu na primeira lavagem. Estou sem camisa, apenas com minha bermuda preta de dormir.
"Jesse... o Finn ainda está por lá?"
Hudson. Finn Hudson. Capitão do time de basquete, Quarterback do time de futebol, líder do Glee Club, cara mais popular da escola. E um tremendo idiota.
Rachel nutre uma paixão por Finn Hudson desde que estudaram juntos, no 5º ano. Pode-se dizer que era apenas uma paixonite infantil, mas não para Rachel. Ela alimentou esse ridículo sentimento por todos esses anos, inclusive durante o tempo em que ficou no Canadá. Não que ela nunca tenha ficado com outros garotos, mas de fato, esse sentimentozinho irritante pelo Hudson nunca desapareceu completamente. Sentimento este que não costumava me incomodar tanto assim.
Respiro fundo. E então respondo.
"Está." – penso em não dizer, porque sei que isso só fará com que ela goste ainda mais dele, mas não há nenhum modo de fazer com que eu seja capaz de mentir para minha melhor amiga – "Ele é o líder do Glee Club, na verdade.".
Rachel paralisa. Sei que quando faz isso, virá com uma torrente de palavras logo em seguida.
"Agora tudo faz sentido. É por isso que esse sentimento continua aqui dentro de mim depois de todos esses anos. Finn Hudson é o capitão do Glee Club!" – Rachel diz, sua voz cheia de expectativas.
"Bom, mas e daí?" – pergunto, e sei que ela está me olhando como se eu fosse a criatura mais idiota desse planeta.
"Como assim 'mas e daí?'" – imita a minha voz, de uma forma mais idiota – "Faz TODO o sentido. O garoto e a garota de castas diferentes, ele o popular, ela a garota simples e sonhadora, unidos pelo poder da voz e pelo sonho em comum!" – Rachel está sentada, falando eloquentemente.
E eu me jogo na cama, com um travesseiro na cabeça.
Trim. Trim. Trim
"Jesse, acorda." – Emma está me sacudindo. Provavelmente está me sacudindo há uns 15 minutos. Eu desliguei o despertador, como sempre.
"Anh." – digo, abrindo os olhos. Rachel não está mais ao meu lado quando me viro.
"Ela foi pra casa uma hora atrás, se arrumar." – Emma diz, se referindo a Rachel. Me sento na cama, balanço a cabeça, e uso toda a minha força de vontade para me levantar da cama e ir em direção ao banheiro.
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Estou parado na garagem, esperando. Rachel ligou para o meu celular alguns minutos atrás, dizendo que já estava pronta, e pedindo para que eu a esperasse na garagem. Vamos no meu carro, um conversível vermelho que ganhei de Emma no meu aniversário de 18 anos. É usado, obviamente. Mas é meu, e eu o adoro muito.
Rachel está descendo as escadas nesse momento. Usa uma saia marrom e uma blusa preta, com um laçarote amarelo. Seus cabelos estão meio presos para trás.
"E ai, animada?" – pergunto.
"Manda ver!" – Rachel diz, e pula para dentro do meu carro.
"Eu mal posso esperar para ver a cara do Finn quando ver que eu voltei!" – Rachel fala, de forma confiante.
"Rach," – falo, com meu olhar inquisitivo – "Hudson não deve nem ter notado que você foi, para começo de conversa".
Finn Hudson, popular desde sempre, pegador da escola. Rachel Berry, a garotinha nerd que, embora tenha o sucesso e o reconhecimento como maiores objetivos da vida, sempre foi invisível. Imaginar um universo em que ele tenha sequer sentido a falta dela é uma coisa clichês demais para que eu chegue a tentar: não acredito muito em histórias de amor.
"Veremos, Jessinho" – Rachel pega meus óculos de sol no porta-luvas, e os coloca no rosto – "veremos!".
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Estou me sentindo ridículo. Estamos no intervalo do almoço, e eu engoli meu hambúrguer tão rapidamente que é impressionante que eu não tenha engasgado. Quinn não se sentou ao meu lado no almoço hoje, nem mesmo Rachel, e é justamente esse o motivo de eu ter devorado o meu lanche em menos de dois minutos. E de estar me sentindo ridiculamente como um aluno da quinta série, espiando os meninos mais velhos. Hoje é o dia da seleção dos novos membros do Glee Club. E eu me esgueirei até o auditório, e me escondi na última cadeira, para assistir.
Embora meu pai seja o diretor do clube, nunca senti vontade de participar. Não que Quinn não tenha tentado me fazer assistir as reuniões, mas o Glee Club nunca foi lugar para mim. E considerando o fato de que a popularidade do Sr. Willian Schuster é tão grande entre os alunos que até mesmo Noah Puckerman – o idiota de moicano – faz parte do clube, esse definitivamente não é o meu lugar. Preciso estar vivo pra cursar direito na UCLA.
Quinn é a líder do Glee Club. Junto com Santana, a amiga sebosa que me acha um otário, e Britanny, a amiga sem sal que também me acha um otário, ela canta "I say a Little Pray For You" graciosamente, vestida em seu uniforme das Cheerios para, como dito pelo meu pai "mostrar aos candidatos o que estamos procurando". Quinn tem uma voz incrível, e dança graciosamente, e queria poder dizer que ela é a razão de eu ter me esgueirado até aqui, mas a verdade é que não é. Rachel é o motivo de eu estar aqui.
A seleção dos novos membros se inicia, e meu pai pede por voluntários. Rachel logo levanta a mão, e o garoto cadeirante que também é meu colega – Artie Abrahms – vai até o piano. Rachel começa a cantar.
E meu mundo para imediatamente de girar.
Música: Own My Own – Les Miserables
Estou perdido. O mundo está quebrado, e estou perdido. O céu está desabando na minha cabeça, e estou perdido. Estou perdido, e estou me odiando porque tudo faz sentido agora, e não quero que não faça. Estou gostando do que sinto, e estou prestes a me lançar em minha própria fogueira, e não estou nem tentando evitar. Estou perdido, e estou pegando fogo, e meu coração não para de bater.
Todas as peças de quebra-cabeças do mundo começam a se encaixar. Conheço-a muito, conheço-a mais que a mim mesmo, e estou perdido em cada nota e em cada melodia da sua canção.
Rachel Barbara Corcoran Berry, minha amiga que nunca considerei como irmã. Minha melhor amiga no mundo inteiro, a que vi crescer, de quem literalmente acompanhei cada tombo e cada passo desde sempre. Rachel Berry é minha de tantas formas.
E não é minha da única forma que importa.
Autor(a): mikaahm
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
O resto do dia passou como um borrão. Não esperei Rachel terminar a música, aliás, nem seria preciso, tenho certeza de que ela foi selecionada para o Glee Club. Meu pai sempre soube do talento dela, e não é uma questão de nepotismo: Rachel é muito boa. Com relação a meus recém descobertos sentiment ...
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