Fanfics Brasil - Sangramos juntas Até que o Amor nos Separe (Faberry)

Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee


Capítulo: Sangramos juntas

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Será que ela sabe que nós sangramos da mesma forma?


Não quero chorar, mas me quebro assim


 


O que era para ser simples se transformou em um próprio pandemônio.


Todos estavam comentando sobre o casamento, as revistas queriam fotos, os membros da alta sociedade as convidavam para todo tipo de jantar e os membros da família Berry que não foram convidados para comparecer a cerimonia ligavam insensivelmente a Hiram implorando por um convite.


Então Hiram ofereceu uma festa de noivado, cinco dias antes do casamento, reunindo grande parte da família Berry e deixando para Quinn a parte de chamar os Fabrays. Nem Quinn, nem Rachel queria aquele jantar, mas Rachel sabia que era inútil discutir com o pai e seria melhor reunir a família toda ali em vez de ter que encara–lós no dia do casamento.  


O problema era que teria fotógrafos, colunistas de revistas...Isso deixava Quinn e Rachel muito nervosas.


—Não era para ser assim –comentou Quinn ajeitando sua gravata pela decima vez.


—Tinha como ser diferente? –Rachel ajeitou a postura. –Você é a mulher mais cobiçada da América.


—Só me interessa ser cobiçada por uma pessoa –Quinn deu um olhar sugestivo a Rachel.


Rachel deixou escapar uma risada. Quinn era mestre em flertar, e naquele mês o seu grande alvo era Rachel.


Rachel não podia negar que não gostava daquela atenção. Era bom ter os constantes toques de Quinn, a atenção, as pequenas conversas que tinham. Custava admitir que ter Quinn em sua vida era uma chama que se ascendia em sua rotina cinza. Nunca sabia o que esperar ao lado da loira, e surpreendentemente, não queria se afastar como antes.


Mas não estava confundindo aquilo com algo romântico. Rachel apenas gostava da presença de Quinn. Só isso.


E naquela noite, seria praticamente a última noite eu Rachel seria uma Berry.


As duas foram recebidas com palmas e felicitações pelos convidados.


Rachel e Quinn conversaram com todos os Berrys primeiro. E os elogios a Quinn eram além do exagerado. Rachel se forçava muito para não revirar os olhos para cada familiar. Ao menos agradeceu que Noah não estava ali, e ficou triste por não ver Santana. Apesar de já adivinhar que ela não compareceria.


Quando chegaram na parte da família Fabray, Rachel não deixou de reparar que havia só uma mesa. Lá estavam Frannie, irmã mais velha de Quinn, com sua esposa Cassandra e seu pequeno filho Theo. O menino quando viu Quinn saltou do colo da mãe e correu até a tia. Quinn o pegou nos braços e encheu de beijos.


Rachel sorriu com a cena. Nunca tinha visto esse lado tão derretido com criança antes. Na verdade elas nunca se encontravam fora da agenda contratual, que as obrigava a comparecerem juntas a eventos. O que Rachel sabia da família de Quinn era que ela tinha uma irmã mais velha que não tinha interesse nenhum na Lux, que os Fabrays era uma família pequena e que a mãe de Quinn – Judy – havia morrido em um acidente de carro há quinze anos. Eram informações ditas pelo pai de Rachel, nunca por Quinn.


A Berry lamentou antes nunca ter tido interesse na família da noiva antes. Era estranho pensar que adotaria o sobrenome deles sem nem ao menos conhece–los.


—Theo, essa é a minha noiva Rachel –apresentou Quinn ao garotinho. –Ela será sua nova tia.


Rachel deu um sorriso brilhante. O amor da vida dela era crianças. Apesar de não haver primos mais novos que o Noah em sua família, descobriu esse amor quando os primeiros alunos chegaram no Instituto.


—Oi Theo, –cumprimentou Rachel. –Você é o garoto mais lindo que eu já vi.


As bochechas do Theo ficaram vermelhas, e o garoto sussurrou alguma coisa no ouvido da tia que fez Quinn sorrir.


—Eu concordo –respondeu Quinn ao menino.


—O que ele disse?


—Que você é linda feito uma princesa –Quinn deu um sorriso orgulhoso ao menino. –Esse aqui vai ser esperto pra mulher igual a tia.


—Torcemos que não –Disse Frannie já mais próximas dela, acompanhada de Cassandra. –É bom finalmente conhece–lá, Rachel. Sou Frannie, irmã de Quinn e essa é minha esposa Cassandra.


Rachel deu um sorriso amarelo ao cumprimentar as duas. Estava claro que Frannie não gostou de encontrar com a noiva da irmã dias antes do casamento. E ao contrario de Quinn que sempre inibia suas emoções, Frannie deixava tudo transparecer. Quinn deve ter percebido a aversão da irmã pois sua mão livre encontrou a cintura de Rachel e deixou seus corpos mais próximos.


—Eu tenho que dizer Rachel, que sou grande fã do seu projeto! –disse Cassandra com um brilho nos olhos. –Você está realmente mudando vidas.


Isso pegou Rachel de surpresa. Ninguém da alta sociedade se importava com o Instituto Berry, nem mesmo conheciam. Na verdade até o pai vendia a imagem de Rachel como uma herdeira riquinha e mimada para não parecer estranho alguém com tanto dinheiro empenhado em uma causa beneficiaria. Ter a cunhada de Quinn a elogiando era a melhor coisa que aquela noite poderia lhe trazer.


—Obrigada –agradeceu emocionada.


—Uma das crianças estava concorrendo na disputa de dança que fui jurada –contou Cassandra com empolgação. –E ela foi maravilhosa. Ganhou, sem nenhuma dúvida, e dedicou o prêmio a você. O tom dela era quase de adoração, disse que salvou a vida dela.


Meggie, Rachel adivinhou. Ela não tinha conseguido ir a competição pois tinha que comparecer uma festa com Quinn. Aquilo quebrou seu coração e brigou com o pai durante uma semana inteira por lhe obrigar a ir. Pensou em conversar com Quinn para que ela a liberasse, mas na época pensou que a loira se importava apenas com os interesses dela, assim como Hiram.


Agora Rachel sabia que não, sabia que Quinn teria a liberado tranquilamente. E o peso de não ter visto a apresentação fez com que os olhos de Rachel marejassem.


—Ela é uma garota maravilhosa –respondeu Rachel com a voz cheia de emoção. Não queria começar a chorar na frente de todos então pensou em uma desculpa rápida. –Licença, eu tenho que dar um pouco de atenção a minha família, mas prometo que voltaremos a conversar, está bem?


As mulheres concordaram e antes de ir Rachel acariciou a bochecha de Theo. O menino abriu um sorriso enorme.


Quinn assistiu Rachel ir não em direção a família, mas sim ao banheiro e aquilo a preocupou.


—Ela é bonita – comentou Theo sorrindo para a tia.


Mesmo que fosse apenas uma criança de sete anos, aquilo iluminou Quinn. Ela era muito restrita referente a sua família. Frannie e Quinn eram constantemente expostas quando crianças, sempre nos quadros e matérias de jornais vendendo a imagem da família perfeita. Por um tempo eles foram, apesar de Quinn e Frannie brigarem a maior parte do tempo juntas, elas amavam esse tempo. E quando o pai delas chegava após uma viagem a mãe delas sempre fazia o final de semana perfeito na cabana da família perto do lago. Quinn e a mãe compartilhavam uma paixão por canoagem e ficavam por horas no lago, apenas curtindo um tempo juntas.


E então Judy Fabray morreu e um grande buraco foi criado na família Fabray. Um buraco que Cassandra vinha com esforço tentando preencher.


—Ela é adorável, Quinn –disse Cassandra acariciando o ombro da cunhada. –Nem mesmo Theo conseguiu resistir ao seu encanto.


—Pra um casamento arranjado poderia ser pior –Frannie torceu o nariz. –Mas ainda não sabemos se ela só é uma patricinha superficial encoberta por uma boa causa.


—Jesus, Frannie! Você não consegue parar de pensar o pior das pessoas por um segundo? –Quinn deixou Theo no colo de Cassandra e se retirou dali.


Frannie criticava como Quinn regia cada área da sua vida, mas não iria escutar a irmã falar de Rachel. Porque se Frannie ofendesse Rachel de alguma forma as duas brigariam muito feio. E depois de tanto esforço para reconstruir a ligação delas não era isso que Quinn queria.


Como Rachel não havia saído do banheiro, Quinn focou em outra distração: a família dela.


E ao contrário de sua família, os Berry só tinha elogios a Quinn. Mesmo que não fossem sinceros, Quinn gostava de inflar seu ego e com uma noite tendo que lidar com Frannie ela realmente precisava de um ego super inflado.


(....)


Rachel passou a maior parte do tempo tentando balancear a atenção entre os membros da sua família, apesar de ser  uma situação sufocante. Os Berry eram tão egoístas e superficiais que os assuntos era até repetitiovo: eles mesmo.


Por isso deixou Quinn lidar com eles, já que ela parecia tão confortável entre a bajulação e o egocentrismo de sua família. Por isso ela passou a procurar a pessoa que mais lhe interessava naquela festa: Theo.


Ela sorriu ao ver o menino, mas logo percebeu que o pequeno estava encrencado ao receber broncas da vovó Berry. Como a velha estava segurando um pirulito Rachel suspeitava que era por causa do doce.


Rachel tinha que salvar o pobre garoto!


—Theo, sua mamãe Cassandra está te procurando! –Rachel piscou os olhos rapidamente para a criança.


Theo abriu um sorriso ao perceber sua careta nada sutil.


—Eu cuido desse mocinho, vovó –Rachel abraçou a senhora e roubou o pirulito da sua mão. –Acho que o papai está te procurando para falar sobre a nova campanha da empresa.


Enquanto a velha resmungava Rachel deu o doce ao Theo e piscou um olho. O menino entendendo o recado saiu correndo dali, quase saltitando. Rachel dissipou a vovó Berry depois de fingir ouvir as reclamações sobre o pai. Viu então a vovó partir em direção ao pai e quando se virou deu de cara com Frannie.


—Eu vi isso –comentou a loira.


—Desculpa pela atitude da vovó Berry. Ela proibia qualquer doces nas festas de família com medo de alguma criança ficar com cárie. Fui comer chocolate só na faculdade – Rachel sorriu embaraçada.


—Theo gostou de você. Acho que encontrou outra tia babona –Frannie deu um sorriso fraco.


—Eu adoro crianças. As minhas são a alegria da minha vida. 


—Suas? –um olhar critico encarou Rachel.


A morena estremeceu mesmo sem querer. Mesmo com os mesmos olhos da irmã, Quinn nunca tinha lhe olhado assim. Rachel agradeceu silenciosamente, não poderia conviver com Quinn caso a olhasse daquela maneira.


—Só do Instituto –respondeu com temor de dizer algo errado. – Quinn nunca te contou?


—Ah sim. Contou. 


—Me desculpe por não termos interagido tanto no noivado. –Rachel a convidou para sentarem na mesa mais próxima, e Frannie a acompanhou –Eu deveria ter te procurado para conversarmos…


—Querida, fique calma. Isso era dever da Quinn. Se ela realmente iria seguir em frente com o contrato deveria ter te integrado a nossa família –Frannie não escondia o tom de critica a irmã.


Rachel achou interessante o contraste das duas. Quinn era tão retraída as vezes que parecia não ter emoção alguma, por isso a apelidou de “Chefe–robô” no passado. Já Frannie deixava tudo bem exposto, sem medo de expor o que sentia. Rachel se perguntou como seria o relacionamento das duas irmãs já que tinham tantas diferenças.


—Desculpe, Rachel. Às vezes eu sou franca demais –Frannie deu um sorriso fraco. Tinha reconhecido que estava sendo muito rude com a Berry.


—Não me importo. –Rachel respondeu com sinceridade  –Na verdade, eu até prefiro que seja. Minha família esconde a verdade debaixo do tapete, mas eu não sou assim. 


—Você não é nada do que pensei. 


—Deixa eu adivinhar, pensou que eu era uma herdeira mimada que estava ansiosa para aproveitar da vida luxuosa que Quinn me daria?


—Acertou em cheio –Ambas deram risadas juntas. – Fiquei surpresa quando Lauren me contou que pediu a anulação a minha irmã. 


—Foi um momento impulso –Rachel sentiu as bochechas esquentarem.


—E Quinn não cedeu –Frannie não concordava com a desição da irmã, isso estava claro.


—É muito dinheiro a perder com a quebra –Rachel entendia os motivos de Quinn –E também tem o problema com os acionistas não  a levarem sério.


—Sim. Minha irmã sempre colocando o trabalho acima da sua felicidade pessoal. 


—Sabe, mesmo tendo muitos momentos com sua irmã nestes cinco anos eu sinto que não a conheço de verdade –As duas olharam Quinn gargalhando com um dos tios de Rachel.


—Não se sinta mal. Eu também não a conheço e olha que praticamente vi essa criatura saindo da vagina da minha mãe –Outra vez gargalharam juntas. A sinceridade de Frannie era maravilhosa.


—Como ela era quando criança? –Rachel sempre quis saber o passado de Quinn. Era terrível se imaginar casada com alguém que não conhecia praticamente nada.


—Horripilante–Frannie deu um sorriso nostálgico –Sua inteligência é de dar medo. Não tinha um desafio que a desse que ela não arrumava um jeito de ganhar. E minha mãe adorava lhe dar um mais difícil que o outro. Aos oito anos, tinha uma franquia de limonada em nosso bairro. 


—Não! –Aquilo era tão “Quinn Fabray”.


—Eu juro pra você…


Quinn observava a interação de Frannie e Rachel. Estava surpresa pelas duas estarem se dando tão bem. Não duvidada que Rachel pudesse ser agradável, porque ela já era naturalmente, mas Frannie não conversava tanto com desconhecidos. E agora pareciam ser melhores amigas.


—Sua noiva e Franie estão se dando bem –disse o pai se aproximando de Quinn.


—Devo ficar com medo? –Se Rachel se unisse a Frannie para corrigir Quinn, estaria perdida.


—Estou começando a achar, Quinn, que esse casamento pode realmente fazer bem a você.  Podera ser feliz –Russel deu um grande gole de whysky depois.


Aquilo fez Quinn endurecer. Não, não naquela noite, implorou internamente. Russel era um bom pai na maioria do tempo e os dois se davam bem em quase tudo exceto na bebida. Quinn não suportava quando ele bebia, e odiava ainda mais lidar com as consequências que vinha depois.


—Vamos ver, papai. Não exagere na bebida –Ela tentou arrancar o copo da mão dele.


—Pare, Lucy é uma festa! – O homem afastou o copo da mão da filha.


—É uma festa com os Berry –respondeu entredentes. Já estava começando a se irritar –Não arruíne tudo.


—Quinn, você precisa relaxar. Leva tudo tão sério. Vai entediar a pobre Rachel com esse seu jeito! –Russel não gostava do jeito de Quinn de sempre controlar a situação.


—E você precisa entender que há responsabilidades a serem cumpridas!


—Vem cá, Quinn. –Cassandra interviu e afastou Quinn do pai   –Acalme–se. 


—Se ele arrumar uma confusão na frente da família de Rachel…


—Não se preocupe com isso. De atenção a sua noiva.


Cassandra arrastou Quinn até Rachel e Frannie e com um sorriso brilhante a mais alta disse:


—Fran, chega de alugar os ouvidos de Rachel e venha dançar comigo. 


—Adoro quando pede com jeitinho –Frannie se levantou e levou a esposa até a pista de dança.


—Rachel… você… –começou Quinn desconfortável. Ela não gostava muito de dançar.


—Está me chamando pra dançar? –Rachel a olhou com desdem –Nem morta! 


Quinn abriu e fechou a boca. Foi inevital corar devido a vergonha da rejeição.


—É brincadeira! –Rachel levantou–se e pegou a mão da Fabray. – Vem, travadona!


Rachel as arrastou para a pista de dança e juntas começaram a se mexer com a musica. Rachel guiava as duas, porque Quinn parecia estar em outro lugar.


—Está tensa, sua respiração alta –Rachel olhou para a noiva com atenção. –Está tendo um ataque de pânico?


—Sim –Foi tudo que Quinn pode responder. Ela não conseguia deixar de pensar no pai, se entupindo de bebida. Aquilo daria errado, muito errado.


—Feche os olhos.Agora! – mandou Rachel e assim Quinn o fez.


—Escute só a minha voz, foque nela. Sinta minha mão na sua. Está sentindo? –Rachel apertou os dedos da loira em sua mão.


—Sim. 


—Bom. –Rachel aproximou mais seus corpos, e passou seu braço pela cintura da loira. – É só eu e você agora, baby. 


—É muito bom –Quinn afundou seu rosto no pescoço de Rachel, aspirando seu cheiro.


—Só não se aproveita da situação, sua tarada –Rachel tentou brincar um pouco para dissipar a tensão.


—Como você sabe identificar minhas crises?


—Alguns jovens do Instituto apresenta quadro ansioso. Tento distrai–los com música. Alguns funciona outros não –Rachel deu um suspiro –Mas te indico a procurar ajuda. 


—Eu já estou bem. 


—Quinn…


—Eu disse que estou bem. Vamos mudar de assunto, por favor –Quinn a encarou com dureza.


Ela não queria falar naquele assunto. Já bastava Frannie em seu ouvido lhe dizendo o que fazer, não podia suportar Rachel também.


—Minha tia Sônia está com o vestido mais medonho já feito. –Rachel disse criando uma distração. –Olha.


As duas encararam a mulher mais velha perto delas, com um vestido longo marrom com flores laranja.


—Que estilista criou aquilo? Ele precisa ser exonerado do mundo da moda –comentou Quinn rindo da mulher.


—É do corpo dela –continuou Rachel também sorrindo.


—Você está cheirosa –Quinn cheirou Rachel mais uma vez.


—E você está se aproveitando da minha piedade.


—Tem olhos lindos, Rachel.


O elogio fez com que a morena desviasse o olhar, envergonhada.


—Por favor, não os desvie. Me deixa admira–los... –Quinn lhe fez encara–la voltando seu rosto ao dela.


—Quinn.


—Sim?


—Não precisa me bajular como as outras. Você... Nós... não irá me levar pra cama de qualquer jeito –Rachel quis deixar as coisas claras, para que Quinn não perdesse tempo lhe tratando como uma de suas conquistas. Ela não era.


—Acha que só a elogio por que quero transar com você?


—Eu observei seu método Fabray por cinco anos. E funcionou em todas as vezes.


—Funciona com você?


—Não.


—Então não funcionou todas as vezes. Além disso não tenho a intenção de te levar pra cama. Te elogio porque alguém tão lindo como você deve ser elogiada todos os dias.


—Então não quer me levar pra cama? –Rachel tentou não soar triste com a resposta, apesar de estar surpresa por estar triste.


—Não sei se está pronta para a resposta. –Quinn achou melhor mudar de assunto, aquilo não deveria ser discutido em um salão com as famílias delas –Santana foi esperta de ter recusado o convite.


—Santana faz tudo o que pode para evitar os Berrys.


—Uma manobra esperta, suponho.


—Você logo fará parte da minha família, tenha isso em mente: Os Berry se odeiam o bastante para juntarem–se em um salão para falar mal deles mesmos.


Quinn e Rachel riram juntas, apesar da frase ser totalmente verdade.


A música foi interrompida e no meio do salão Russel Fabray tentava chamar atenção de todos.


—Um momento, por favor. Gostaria de propor um brinde as noivas –Russel ergueu seu copo, e todos ao redor o imitou.


—Não é possível –disse Quinn ficando rígida.


—O que foi? –Rachel não entendeu a reação da mulher.


—Rachel parece ser uma mulher excepcional, obviamente uma filha perfeita de Hiram Berry


Rachel sentiu aquilo como um golpe. Odiava, odiava ser reconhecida apenas como filha de Hiram. Era ainda mais horrível ter que escutar isso em um salão cheio de pessoas que só pensavam assim.


—Desculpa por isso –sussurrou Quinn.


—Tudo bem.


—Minha Quinnie precisa mesmo de alguém que seja... segura como sua esposa. Ela sempre foi difícil, sabiam? –A família de Rachel riu, mas Quinn e Frannie tinham um olhar de raiva direcionado ao pai –Antissocial, marrenta, uma vez bateu com um bastão de hóquei no colega de time porque ele a ofendeu.


—Pai – disse Frannie tentando se aproximar


—Quieta, Frannie! –a repreensão de Russel foi dura demais. –Vocês duas são minhas filhas, e eu as amo, mas todos tem defeitos. Rachel precisava saber quem Quinn é. –O homem olhou para Rachel. –Querida, espero que tenha diploma em psicologia porque minha filha é fodida da cabeça!  


Aquilo foi o suficiente para Quinn, a loira descontrolou–se e voou para cima do pai, o atingindo com socos e xingamentos. Frannie e Cassandra entraram em cena, tentando conter a loira. Russel ficou parado, chocado com a ação da filha.


Cassandra então segurou o homem e o arrastou para fora, enquanto Frannie puxava Quinn para o outro lado, a arrastando para o terraço.


Rachel olhou para os pais atordoada. Ela não sabia sobre o drama da família Fabray, e pela surpresa no olhar do pai duvidou que ele também soubesse. Por mais que Hiram fosse um ser estrategista e prático, não dava para apontar e dizer que ele não amava sua filha. Mesmo de forma grotescas ele concordou com o casamento com Quinn pois julgava sua família como uma das melhores, e Quinn como uma jovem que não só traria estabilidade financeira para Rachel como alguém cuja a reputação com mulheres era sempre a melhor. 


E depois da cena Rachel suspeitou que esse já não era o pensamento do seu pai. 


(...)


Quando Quinn voltou a si e retornou ao salão todos os Berrys tinham partido, sobrando apenas Rachel e os pais. Quinn respirou fundo, ela tinha ferrado com tudo.  A família de Rachel a odiava agora. E Rachel... Céus, Quinn provavelmente tinha arruinado tudo entre elas com o seu chilique.


Quinn estava indo em direção a Rachel quando Hiram entrou em seu caminho. Quinn temeu sob o olhar do pai de sua noiva.


—Sr. Berry. 


—Quinn. –O homem disse seu nome de forma áspera  –Uma noite agitada hoje.


—Peço desculpas por isso. Foi um momento atípico.


—Assim espero. –Estava claro o desagrado do homem  –Como dois líderes acredito que devo ser franco com você.


—Claro.


—Minha filha não está empolgada com este acordo. Confesso que tive que usar uma certa coesão para lembra–lá de cumprir sua palavra, mas ainda assim não garanto que ela vá se animar com os benefícios de uma união com você. –Rachel não estava a procura de dinheiro, de estabilidade, nem de nada que faria qualquer outra pessoa querer se casar com Quinn  –Então, lhe aconselho a ser paciente e principalmente criar um ambiente seguro a ela.


—Tem minha palavra que não farei nada que prejudique sua filha.


—Ótimo. –Hiram ergueu o queixo –Não queremos complicações contratuais. Principalmente em um casal que parece ser tão promissor.


Dito isso, Hiram se retirou de perto da loira, deixando Quinn ainda mais perturbada e culpada que antes. Ela já não tinha forças para encarar Rachel. Por isso procurou uma bebida e se retirou para o canto isolado no salão, para o piano.


(...)


—Querida, tem certeza que não quer ir com a gente? –perguntou Shelby acariciando a filha. Seus olhos estavam cheios de preocupação. 


—Não, está tudo bem –assegurou Rachel com um sorriso fraco –Além disso quero conversar com Quinn. 


—Ela deve estar com muita coisa em sua cabeça –disse Hiram. –Não há o que se preocupar. 


—Ela bateu no  próprio pai –respondeu Shelby entre dentes. –Como acha que posso confiar minha filha a ela?


—Papai tem razão, mãe –pela primeira vez Rachel se viu concordando com o pai. Isso foi motivo para que seus pais lhe olhassem estagnados –É o nervosismo do casamento. Em cinco anos que conheço Quinn ela nunca foi grossa com ninguém, nem mesmo violenta. Deve ter uma razão para isso. 


Shelby encarou Rachel com receio, mas Hiram a segurou pelos ombros e juntos foram embora. Antes de partir seu pai lhe deu um olhar quase que preocupado em deixa–la. Mesmo sem querer, isso aqueceu o coração de Rachel. No fundo o pai se importava com a sua garotinha, e se sentisse que Quinn era perigosa não permitiria aquele casamento.


No entanto Quinn não era, e Rachel não iria criar uma visão falsa de Quinn apenas para se livrar do casamento.


Rachel encontrou Quinn no piano, tocando Beethoven da forma mais melancólica que podia. Rachel sentou ao seu lado, e apoiou sua mão no ombro da loira.


—Você toca muito bem –Elogiou quando ela terminou. –Claro que poderia ser um pouco mais rítmica em algumas partes –Quinn continuou parada. Isso deixou Rachel ansiosa, ver Quinn tão silenciosa desse jeito não era normal –Como uma diretora de um instituto de artes saiba que meu elogio tem valor.


—Estudei piano a minha vida inteira e você mal se formou na faculdade de música. Acha que sua opinião me importa? –perguntou Quinn assumindo uma pose rígida, sem encara–lá.


Rachel não estava esperando sua resposta. Depois dos encontros e das suas conversas não imaginava que Quinn pudesse lhe tratar de maneira tão grosseira. Tão fria... Era quase como se tivessem voltado à estaca zero.


O que não deveria acontecer já que se casariam em dois dias.


—Tem razão –Rachel se levantou e tentou disfarçar a magoa em sua voz. –Minha opinião não vale de nada mesmo. Não devia ter perdido meu tempo sendo legal com você. 


Antes que pudesse sair Quinn segurou seu pulso e lhe olhou. Seus olhos verdes, que transbordava confiança, agora encarava Rachel cheios d’agua. Era o olhar de uma pessoa que sofria, uma pessoa quebrada.


—Me desculpe –pediu imediatamente. –Essa noite cobrou de mim mais do que eu esperava.


—Claro que não você não está bem  –Rachel voltou a sentar–se. –Mas se pensa que vou tolerar grosserias está muito enganada.


Quinn assentiu e voltou a encarar o piano. Rachel já estava incomodada com tanto silencio, e a loira não dava uma iniciativa de que iria conversar sobre o que estava a incomodando. Então Berry passou a dedilhar o piano, tentando aliviar o desconforto. Tinha um lado dela que queria levar–se e deixar Quinn lidar com seus demônios.


Mas se as duas seriam esposas, morariam sobre o mesmo teto, Rachel não poderia dar as costas sempre. Tinham que arrumar um jeito de fazer o casamento funcionar.


—Você tem realmente o dom da música –disse Quinn observando atentamente os dedos de Rachel dedilharem as teclas.


—Não foi só você que teve aulas a vida inteira –Rachel exibiu um sorriso orgulho. –E vale lembrar que minha faculdade, que fez questão de desdenhar, me ensinou a ter controle de ritmo.


—Disse isso da boca pra fora. –Quinn suavemente tocou as pontas do cabelo de Rachel. –Me desculparei quantas vezes for necessário para que me perdoe.


—Prefiro que me diga o que te deixou tão abalada –Rachel parou de tocar e se virou na direção dela.


Quinn abaixou a cabeça, mantendo os lábios selados.


—Você disse que iria tentar. Me prometeu isso! –cobrou. Com a ponta dos dedos Rachel ergueu o rosto da mulher em sua direção. –E não me parece o tipo de pessoa que não cumpre promessas.


Quinn suspirou. Rachel tinha razão. E Quinn não queria regredir tudo que tinha conquistado com Rachel até ali. Ambas estavam empenhadas em transformar o casamento em algo bom, algo além de um contrato forjado para beneficiar as empresas de suas famílias.


Rachel estava ali mesmo depois de ter sido rude. O que já era uma grande mudança. Quinn devia dar um passo a essa mudança também.


—Estava pensando na minha mãe –confessou por fim, tomando as mãos de Rachel para seu colo. –Ela teria gostado da noite de hoje. Judy adorava uma festa. Inventava os motivos mais ridículos para dar uma, e meu pai nunca lhe negava um pedido.


—Acha que ela teria gostado de mim? –Rachel tentou descontrair um pouco Quinn.


—Teria te adorado –Quinn conseguiu sorrir ao pensar. –Vocês duas falariam por horas sobre a decoração e certamente ela teria muito orgulho de ter uma nora envolvida com música. Era uma grande defensora das artes.


—Judy deve ter sido uma mulher incrível. Queria ter a conhecido –a lamentação era verdadeira.


Não só porque Judy parecia ser o tipo de mulher que gostava; espirituosa e decidida. Mas porque Quinn estava sofrendo com sua ausência e de uma forma que até a surpreendeu isso mexeu com Rachel.


—Depois da cena do meu pai hoje, senti mais saudade dela do que qualquer outro dia –Uma lagrima escapou dos olhos de Quinn. –Ela me diria se estou fazendo o que é certo.


—Como assim? –perguntou Rachel confusa.


—Com você –respondeu acariciando o rosto da morena. –Não tenho mais tanta certeza se devo cumprir com esse contrato. Você merece mais. Merece alguém melhor. E vai ficar presa comigo...


—Esse é seu conflito? –questionou. –Pois eu não conheço ninguém que seja melhor que você.


Aquilo mexeu com o coração de Quinn, o fazendo acelerar dentro do seu peito.


—Pelo menos ninguém que seja melhor pra lidar com a situação que estamos –Rachel sorriu e Quinn sentiu seu coração desacelerar um pouco, a surpresa sendo substituída pela decepção. Ela esperava algo diferente, mesmo não sabendo descrever o que. –Se fosse qualquer pessoa neste contrato, me vendo claramente em desvantagem, estaria me explorando de todas as formas.


—Não me elogie por ser decente, Rachel. Isso é o mínimo que devemos esperar de todo ser–humano.


—Eu sei. Ainda sim não é todo mundo que é tão gentil quanto você. Não poderia estar mais aliviada –Rachel apoiou suas mãos no ombro de Quinn, sorrindo de orelha a orelha.


Ela é tão linda, pensou Quinn. E percebeu que conversar com Rachel a fez melhorar de seu pequeno momento depressivo. Talvez o pai tivesse tivesse razão afinal, ter Rachel por perto poderia lhe fazer bem.


Mas devia ter cuidado, lembrou–se a Fabray. A regra do amor era seu ideal fundamental e não podia perde–lo. Mesmo sendo uma tarefa árdua não sentir–se apaixonada pelo sorriso de Rachel.


—Por que está me olhando assim? –Rachel estranhou a careta de concentração que a loira estava fazendo.


—Também estou aliviada.


—Pelo que?


—Por ser tão linda. Afinal, em uma situação como essa eu poderia ser forçada a me casar com alguém muito pior, não acha? –Quinn lhe deu uma piscadela.


—Pronto, voltou a ser a canalha detestável de sempre! –Rachel levantou–se emburrada. –Deveria ter te deixado com sua música triste e sua bebida.


Quinn gargalhou. Não podia negar que vibrava ao enfurecer Rachel. Considerava aquilo um de seus hobbies favoritos até.


—Não dá pra ser sensível sempre.


—Tenho que começar a decidir se gosto da sua versão chefe–robô, canalha ou melancólica.


—Bem é melhor nem escolher –Quinn fez uma careta. –Vai ter que conviver com todas daqui a dois dias.


Rachel paralisou por um momento. Dois dias. O casamento era em dois dias.


—Agora é de verdade. Vou ser a Sra. Fabray! –deixou escapar em voz alta. –Que merda!



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Autor(a): blacksweetheart

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