Fanfics Brasil - Debaixo do meu guarda-chuva Até que o Amor nos Separe (Faberry)

Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee


Capítulo: Debaixo do meu guarda-chuva

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Rachel abriu a porta em um rompante e adentrou no quarto de Quinn.


Não estava pronta, seu cabelo e maquiagem haviam sido feitos, mas aproveitou que seu vestido ainda não tinha chegado e procurou o quarto de Quinn.


Era agora ou nunca. Era sua ultima chance de sair daquela situação. A loira se virou no momento que Rachel entrou no cômodo, e Berry ficou aliviada ao ver que ela estava sozinha.


Quando viu como Quinn estava linda naquele terno preto Rachel sentiu seu coração acelerar. Os cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo, deixando apenas que o rosto de Quinn se destacasse. E só aquele rosto era capaz de enfraquecer qualquer ser humano. Ninguém negaria nada aquele rosto.


Por isso que a determinação de Rachel em não querer se casar com ela deveria ser encarada como um ato de força.


—Oi.–disse Quinn mostrando uma fileira de dentes a Rachel. A loira parecia feliz em vê–la.


—Oi. –Rachel respondeu ainda impressionada com a imagem de Quinn.


Descobriu que Quinn de terno era um de seus pontos fracos.


—Você deseja alguma coisa? –Quinn perguntou em um tom divertido.


Os olhos de Rachel estavam duas vezes maiores, e Quinn estava gostando de ser admirada daquela forma.


—Quinn, eu… –Rachel abriu e fechou a boca algumas vezes. Foi uma péssima ideia ter vindo. 


—Rachel, você sabe que pode me dizer o que quiser –Quinn sentou–se em sua cama e bateu no espaço ao lado.


Rachel aceitou o convite, sentando–se ereta. Obviamente algo estava deixando–a muito desconfortável.


—Não era pra ser assim. Eu quis tanto fugir do meu pai, fugir do que ele queria pra mim. Agora estou aqui, se casando com você. Sendo exatamente quem ele sempre quis que eu fosse –disse as palavras que estavam em sua mente.


Durante um mês tentou e preparar para aquele momento. Sabia que era inevitável. Mas estar ali, estar se preparando para se casar... Rachel sentia–se afogando lentamente em um mar de ansiedade.


—Você é mais do que ele quer –Quinn acariciou as costas da morena.


Entendia o porquê de Rachel estar tão nervosa. Há um mês ela havia pedido que Quinn desistisse do contrato. E desde então apesar de ser mais gentil com Quinn e a duas começarem a criar um clima de amizade não era o suficiente para fazer a Berry mudar de ideia e querer se casar com Quinn.


Ainda sim a escolha de Quinn continuava a mesma de um mês atrás.


—Não tem outro jeito pra você? Você realmente quer continuar com esse casamento? –Rachel encarou Quinn com os olhos cheios d’agua.


Da primeira vez o pedido não impactou tanto Quinn como foi naquele momento.


—Rachel... –Quinn não queria lhe negar seu pedido outra vez.


Quinn ficou surpresa ao perceber que o julgamento de Rachel conseguia mexer com os sentimentos dela. Quinn não queria que Rachel ficasse infeliz, ou a odiasse.


Mas não iria voltar atrás. Elas chegaram até ali. Quinn não podia dar a liberdade que Rachel tanto queria.


E a Berry entendeu isso, mesmo com Quinn não dizendo uma palavra.


—Sinto muito – disse Quinn com a voz carregada.


—Seja sincera comigo: você acha que pode se apaixonar por mim? –Rachel segurou as mãos de Quinn e procurou a verdade nos olhos da loira.


Rachel não queria ser como a mãe; estar ligada a alguém a vida inteira com alguém que não tinha sentimentos algum. Uma parte de Rachel, uma parte que escondia bem, queria amor, queria o romance, queria tudo aquilo que todos os outros casais pareciam ter, exceto alguém da família Berry.


Santana foi sortuda de encontrar isso para si com Brittany. E Rachel também queria ser sortuda.


—Não –Quinn disse sem hesitar. Aquela era a certeza de sua vida. – Eu queria que fosse diferente. Mas não posso. 


—Por que? Por que viver ao lado de alguém que nunca vai amar? Por que eu? –Rachel não conseguiu conter suas lagrimas.


Ela não teria a sorte de Santana. Ela seria como a mãe, infelizmente.


—Porque você sabe que nosso casamento não é baseado em uma ideia romântica –Quinn segurou o rosto dela com as duas mãos. – Escute, eu posso te dar o mundo, tudo que deseja. Posso te deixar livre do seu pai e você terá meu apoio para construir mil institutos. Só não peça amor. 


—E se amor for o que eu quero? –A voz de Rachel saiu como um sussurro.


—Então vai ter que encontrar um jeito de amar por nós duas –Quinn beijou a bochecha de Rachel, sentindo o gosto de sua lagrima salgada. Depois beijou a outa bochecha, e limpou as lagrimas da noiva.


—Por que você não quer me amar?


—Não se trata de você. Eu não quero qualquer conexão romântica. Isso torna uma pessoa… vulnerável. E eu odeio isso.


Rachel se levantou, afastando–se de Quinn. Por que Quinn e o pai temiam tanto seus próprios sentimentos? Por que não viam que sentir não iria interferir na sua imagem perante o mundo?


—Eu odeio este casamento. Não odeio você como pessoa. Mas odeio que terei que sair da minha casa, adotar seu sobrenome e ser vista apenas como a esposa de Quinn Fabray. Mesmo que você não me trate assim –Rachel soltou tudo em uma rajada.


Ela tinha que ser sincera, foi o que prometeu a Quinn na prova de vestidos.


—Eu odeio que você seja tão emocional e não veja as vantagens que terá sendo casada comigo –Quinn cruzou os braços e também foi sincera em suas palavras.


—Que vantagem? Ficar olhando para sua cara todo dia? –Se bem que aquela era uma bela vantagem, mas Rachel preferiu fingir que não era.


—Alguns diriam que esse é o melhor motivo para se casar comigo. Mas não –Quinn rebateu –Sua independência. Sua liberdade, de certo modo. Não terá que responder ao seu pai, nem a mim. Fará o que bem entender da sua vida, do seu instituto. Todos irão querer estar em suas graças, pois saberão que agradar você é um caminho para minha aceitação. Terá carros, joias, mansões… 


—Um cachorro? –sugeriu Rachel mais animada.


—Quer um cachorro? –Quinn deu risada.


—Nunca pude ter um em casa. Minha mãe não gosta


—Poderá ter até um estábulo, se quiser. 


As duas se olharam, com um sorriso no rosto ao perceber que já tinham planos. Quinn foi até Rachel e beijou sua testa. Carinhoso e lento.


—Preciso terminar de me arrumar –Rachel se afastou de Quinn e sorriu.


—E você pode me ter, se quiser –ofereceu Quinn com seu sorriso safado. – Minhas mãos, meus lábios, todo meu corpo a sua disposição. 


—Pensarei na sua proposta –Respondeu Rachel revirando os olhos.


Ela então caminhou até a porta e deu um sorriso de despedida.


—Nos vemos lá embaixo –Quinn falou.


Porém Rachel saiu sem responder. E o receio de Rachel não parecer instaurou em Quinn.


(...)


Rachel sentia até mesmo o ar mais denso, pesado, quase lhe faltando folego. Estava acontecendo, realmente iria se casar.


Sairia da casa que morou a vida toda, mudaria–se para a mansão Fabray, uma das casas mais linda que viu e moraria com a mulher mais deseja do país. Isso deveria a deixar eufórica, mas na verdade estava amedrontada.


Aquilo era um erro. De enorme proporção. Quinn já disse que não a amaria, e mesmo surpreendendo Rachel naquele mês se mostrando uma pessoa gentil e paciente, tudo poderia desmoronar no momento que finalmente fosse dona de Rachel. Poderia ser uma armação, um fingimento.


Será que Quinn faria isso? Será que estava a enganando?


—Rachel, por que essa demora toda? –perguntou Kurt entrando no quarto.


—Eu não posso, Kurt –disse desesperada. Estava tão nervosa que até mesmo a voz parecia tremula. –Não posso continuar com isso. Ela vai me prender, vai me tornar uma mulher submissa, eu estarei nas mãos dela...


—Hey –Kurt foi até ela e segurou seu rosto. –Acalme–se, Rach.


—Eu não posso, não posso fazer isso –Rachel estava aos prantos com os olhos fechados.


—Me escuta, olha pra mim –Kurt insistiu fazendo–a abrir os olhos. –Você é maior que isso. Você é a mulher que abriu um instituo para levar arte a crianças que precisam dela, que salva a vida delas. Você está aqui, vestida de noiva, porque confia tanto nisso que se dedica ao máximo. Ninguém pode prender uma mulher dessa. Ninguém pode parar você.


Rachel assentiu, sentindo–se reconfortada pelas palavras dele. As crianças, o sorriso delas, era por isso que estava ali.


—E também não acredito que Quinn seja um monstro –Kurt limpou o rosto da amiga. –Você é a melhor em transformar uma situação ruim em boa. Tenho certeza que vai tirar esse casamento de letra.


—O que seria minha vida sem você? –Rachel abraçou o amigo com força.


—Não saberemos, minha querida –Kurt beijou a testa da mulher. –Agora me deixe concertar esse rosto. Não queremos que todo mundo pense que você é a noiva cadáver.


Rachel gargalhou e o rosto de Kurt também se iluminou.


—Esse é o sorriso que eu sempre quero ver em seu rosto.


Rachel teve a certeza de enquanto fosse amiga de Kurt sempre teria aquele sorriso no rosto.


...


Quinn estava nervosa e cada minuto que Rachel atrasava sentia o nervosismo aumentar.


—Será que ela fugiu? –perguntou Brittany ao  lado de Santana.


—Chegar até aqui para fugir no dia do casamento... Nada poderia ser mais Rachel Berry –respondeu Santana.


Quinn encarou as duas, deixando claro que não estava para brincadeiras.


—Acalme–se Fabray –sussurrou Lauren da primeira fileta. –Eu coloquei dois seguranças na saída dos fundos como precaução.


—Ela não vai fugir –assegurou Santana percebendo que o nervosismo de Quinn estava quase transparecendo. –Os Berry sempre mantem sua palavra.


Quinn respirou fundo e se agarrou a isso. Quinn tinha certeza que Rachel cumpriria sua promessa, até a conversa mais cedo. A morena parecia tão desolada quando saiu do quarto, ela não respondeu que a encontraria.


Menos de um minuto depois a pequena orquestra que foi contratada começou a tocar a música que Quinn escolheu.


Quinn fez questão de Umbrella da Rihanna porque nada definia mais a situação das duas. Elas não estavam se casando do modo convencional, nem pelos motivos que fazem os casais comum se casarem. Mas também aquilo não era uma prisão, por mais que parecesse. Quinn não queria sobrepujar Rachel, ela queria protege–la. Ela queria deixa–la debaixo de seu guarda–chuva.


Desejou que Rachel entendesse seu recado através daquela música.


Mas Rachel estava nervosa demais para pensar. Com os convidados olhando para ela, e mal conseguindo enxergar através daquele véu. Sua boca tremia levemente, e apertou forte o braço do pai.


—Calma, querida –Hiram acariciou sua mão. –Hoje você cumpre o seu destino. Hoje você se torna o meu maior orgulho.


As palavras deveriam aquecer seu coração, pois era isso que Rachel buscou a vida toda. Ser o orgulho dele. Mas o preço para aquilo era grande demais. Ele tomou seu direito de escolha de como viver a própria vida, ele a vendeu para os Fabray. Como poderia sentir–se mais aliviada sendo só o “orgulho” dele?


Hiram deu um passo em direção a sala, e Rachel o seguiu com cautela. A decoração estava linda. A sala principal estava repleta de copos de leite, e as poucas cadeiras eram de ouro e estavam separadas pelo tapete branco que se estendia até Quinn e o juiz de paz.  Era simples, porém fino e com certeza caro. Rachel ficou ainda mais nervosa com a opulência da decoração.


De repente a música invadiu seus ouvidos e foi nisso que Rachel se concentrou. Na música.


A música a salvou anos atrás, e ela usava a música para salvar suas crianças das drogas e perigos da rua. Ela precisava usar a música como um colete salva a vidas.


Por isso começou a cantar:


Porque


Quando o sol brilhar, nós brilharemos juntos


Te disse que estaria aqui para sempre


Disse que sempre seria sua amiga


E o que eu jurei eu vou cumprir até o fim


Agora que está chovendo mais do que nunca


Saiba que ainda teremos um ao outro


Você pode ficar debaixo do meu guarda–chuva


Você pode ficar debaixo do meu guarda–chuva


 


Seu pai tirou a mão dela de seu braço e colocou na mão erguida de Quinn. Não houve nenhum beijo de despedida do pai, ele só a entregou sem hesitar. Ele vendeu o produto.


Quinn entrelaçou seus dedos com os de Rachel e deu um sorriso discreto. Rachel encenou seu melhor sorriso, lembrando–se que estavam sendo assistidas e que tinha que transparecer felicidade em seu próprio casamento.


Todo o resto da cerimonia passou rapidamente. O juiz de paz não usou nenhum discurso supérfluo, nem usou de alguma frase religiosa. No momento da confirmação Quinn ecoou um “sim” confiante, enquanto Rachel murmurou algo por trás do véu. Se o juiz escutou ou não pouco importava, Rachel não teria outra escolha a não ser aceitar.


Rachel murmurou os votos sem animo, repetindo o que o homem dizia. Já na vez de Quinn ela não precisou repetir e disse de uma vez só:


— Eu Lucy Quinn fabray recebo a ti, Rachel Barbra Berry, como minha legítima esposa. Prometo ser fiel, respeitar-te sempre –Rachel percebeu que ela alterou a parte do “amar” –Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da nossa vida, até que a morte nos separe


Bem, partindo da primícia que você não quer me amar deveria ter dito: até que o amor nos separe. Pensou Rachel cheia de ironia.


—Então vos declaro, Sra. E Sra. Fabray – disse o homem audivelmente.


Quinn tomou a iniciativa, tirando o véu do rosto de Rachel e alisando a bochecha da esposa. Rachel Berry, falante, determinada e teimosa, agora era sua esposa. E seria um desafio, talvez o mais difícil de sua vida, mas Quinn estava confiante de que funcionaria.


Aquele casamento seria um casamento feliz.


E com essa confiança Quinn beijou Rachel. Foi como o da boate, seus lábios estavam unidos, mas não houve nenhum toque ousado, nenhum avanço. Rachel parecia mais à vontade daquela segunda vez, talvez porque já aguardava por isso, e como resposta segurou o cotovelo de Quinn. Escutaram os convidados vibrarem e isso as fez separarem.


Sorrindo uma para outra, sussurraram ao mesmo tempo:


—Estamos casadas.


 Sem nenhum tempo de assimilar a frase, as duas já foram atumultuada com abraço e felicitações. Abraçavam e sorriam, sempre cortes.


Mas quando chegou a vez de Santana e Brittany o sorriso foi verdadeiro.


O casal estava lindo, Santana com um vestido vermelho longo e Britt com um azul florido, que entrava em um contraste bonito com seu cabelo loiro.


A família Berry não havia recebido muito bem Brittany quando Santana a apresentou pela primeira vez. E Rachel podia sentir seus olhares julgadores na mulher que julgavam ter tirado Santana do seio familiar.


Mas Rachel ficava feliz por ver a prima tão radiante ao lado da esposa. E além da felicidade de prima, Brit era uma pessoa gentil e muito amável. Rachel estava realmente feliz por tê–las como madrinhas.


—Parabéns, Rach! Parabéns, Quinn –Brittany abraçou as duas.  –Sei que serão um casal muito feliz.


—Obrigada – Agradeceram em conjunto.


—Cuide bem da minha prima, Fabray – O tom brincalhão de Santana tinha um pingo de ameaça, que Quinn sabia que era realmente serio.


As duas ainda estavam estremecida desde o evento com Finn na festa. Se antes Santana estava confiante que Quinn seria uma boa influencia a Rachel, agora estava com um pé atrás referente ao modo de Quinn guiar o relacionamento.


Quinn entendia o receio de Santana, e quando voltasse ao trabalho iria conversar com a amiga.


—Pode deixar – garantiu com um aceno.


O casal se retirou e em seguida veio Frannie e Cassandra, trazendo o pequeno Theo nos braços.


—Estão lindas. Amei o contraste das roupas, parecem até yin e yang –comentou Cassandra apontando para as duas.


Rachel observou que ela tinha razão. O terno preto de Quinn e seu vestido branco eram um belo contraste, e talvez até mesmo uma descrição das duas.


—Obrigada, Cassie –Agradeceu Quinn.


—Acho que vou roubar o Theo de vocês! –Rachel apertou a bochecha do menino e ele deu um sorriso a nova tia.


—Logo logo vocês poderão ter um desses também –comentou Frannie.


Quinn e Rachel encararam–se em choque. Nunca foi cogitado a ideia de terem um filho, nem mesmo tinha uma cláusula no contrato sobre isso. E Rachel nem mesmo sabia se o órgão de  Quinn realmente era reprodutor...


—Fran, elas são novas. Não as assuste desse jeito – Cassandra bateu no ombro da esposa.


—Está na hora da dança do casal –disse a organizadora interrompendo a cena no momento certo.


Quinn quase soltou um suspiro ao se livrar da conversa. Certamente Frannie insistiria no assunto e Quinn não queria que Rachel presenciasse outra briga familiar.


Ainda sobre a briga, Russel Fabray estava na cerimônia, porém afastado e silencioso, como ordenou Quinn um dia antes do evento. Era isso que a preocupava antes da hesitação de Rachel.


Agora, tudo que se passava na cabeça de Quinn era se Rachel estava realmente bem.


—Então, esposa, como está se sentindo? –perguntou Rachel tentando manter o tom leve.


—Aliviada. Pensei que fugiria –Quinn sorriu seguindo o ritmo de Rachel.


—Também pensei.


—Esse casamento vai ser bom, pra nós duas –Quinn transpareceu toda sua confiança nas palavras. – Confia em mim?


Rachel respirou fundo. Lembrou–se de Quinn listando as vantagens, dizendo que Rachel teria tudo, exceto amor.


E naquele momento, pensou que poderia superar seu lado romântico, que não importaria os sentimentos de Quinn. E por isso respondeu:


—Confio.


(...)


—Camila –disse Lauren parando na frente da mulher.


Camila estava sentada na mesma mesa que Kurt, Santana e Brittany e todos estavam encarando Lauren, a deixando mais nervosa.


—Garota maluca da festa que eu ignorei –respondeu Camila dando um grande sorriso.


Isso diminui a animação de Lauren. Na noite da festa dos amigos de Quinn, Lauren foi confiante falar com a assistente de Rachel, na esperança que seria fácil conquistar a morena. Pois assim que abriu a boca Camila desatou um discurso onde disse que conhecia o tipo de Lauren e não estava nenhum pouco afim de se envolver com “pegadoras”.


Foi um banho de água fria na Jauregui.


—Já gostei de você, Camila –comentou Santana dando um sorriso maldoso para Lauren.


—Eu achei que você estava muito bêbada naquela noite pra me dar atenção –argumentou Lauren.


—Não, eu só te ignorei mesmo. Mas você até que se deu bem com a outra garota –Camila piscou para Lauren.


Claro que ela não ficaria na mão. Depois de ter levado o pior fora da sua vida procurou qualquer mulher com quem já tinha ficado, o que não era difícil encontrar em uma festa como aquela, e fez questão de beija–la na frente de Camila.


Naquele momento Lauren percebeu que foi uma atitude infantil e só provou que o argumento de Camila estava certo.


—Pois é... –murmurou Lauren assumindo a derrota e tomando um lugar ao lado de Santana.


—Ela te deu um fora –Santana sussurrou batendo no ombro da amiga.


—Sim.


—Então pare de olha–la como seus olhos de caçadora –Santana notou.  


—Não consigo.


—Essas duas fazem um casal tão lindo. –Brittany comentou com Kurt.


Os dois observavam Quinn e Rachel dançar a terceira música, as duas abraçadas, sem dizer nada a outra, mas claramente confortável nos braços da outra.


—Se elas ao menos conseguissem reconhecer isso –comentou Kurt em um tom triste.


 –Logo irão –Brittany tinha convicção –Quinn está apaixonada por Rachel. Por mais que nunca admitira. Não acha, Santana?


—Se minha esposa disse quem sou eu para negar –respondeu Santana sem ter sequer ouvido o que Brit tinha dito antes.


O clima estava alegre até uma presença enrijecer quase todos da mesa. Hiram Berry parou na frente de todos, em sua pose implacável, e com os olhos do homem focaram em Santana.


—Sobrinha –cumprimentou.


—Tio.


—Podemos conversar? –Seu convite soou mais como uma convocação.


—Cumprimente minha esposa –retrucou Santana erguendo a sobrancelha.


Os Berry sempre faziam questão de fingir que Brittany não era esposa de Santana, mesmo que já tivesse se passado antes desde que Santana dera as costas a eles. Mas Santana não admitiria que ninguém menosprezasse Brit.


—Brittany, como sempre encantadora –o homem deu um sorriso forçado a loira.


—Obrigada, Sr. Berry –Brit murmurou. O homem sempre a amedrontava. Ela não conseguia imaginar como deve ter sido para Rachel crescer como filha dele.


—Vamos –Santana se levantou e caminhou na frente do homem, obrigando–o que a seguisse.


—Ele nem mesmo olhou pra gente –disse Camila em um tom magoada.


Camila e Kurt praticamente trabalhavam para Hiram também, já que ele era quem mantinha o instituto funcionando, e o homem já tinha visto os dois em muitas reuniões que tiveram sobre o funcionamento do instituto.


—Não somos importantes pra ele, Camila. –Kurt acariciou o ombro da amiga.


—Graças a Deus, Rachel não é nada parecida com ele –disse Camila com toda convicção do mundo.


E todos da mesa concordaram com ela silenciosamente.


(...)


—Percebi que você e Rachel reataram a amizade –disse Hiram quando Santana parou na entrada na mansão, afastada de todos.


—Nada fica desatento ao grande Hiram Berry –Ela não estava surpresa pelo tio ter reparado até mesmo um gesto de afeto entre as duas.


—Bem, isso me deixa bastante satisfeito. É sempre importante um Berry contar com o outro.


—Eu não sou uma Berry e agora Rachel também não é! –respondeu com impaciência. Aquele maldito sobrenome que era razão de orgulho de todos os membros hipócritas daquela família não fazia mais parte de quem ela era e agora nem de Rachel.


—E talvez seja do seu interesse que ela não volte a ser –Hiram a encarou sombriamente.


—O que quer dizer? –Santana perguntou com preocupação.


—Rachel nunca foi a favor desse casamento e por mais que pensem que não eu conheço bem minha filha, eu sei de suas vontades. E incentivos... –Hiram respirou fundo –Se Quinn der a Rachel total controle sobre o instituto nada impedira mais Rachel de abrir mão deste negócio.


—Mas de qualquer forma Rachel não pode pagar a multa.


—Ela não precisará pagar caso utilize os argumentos da clausula 48.


Santana piscou rapidamente. Ela tinha lido o contrato, não tinha validade, ou anulação, que não fosse pelo pagamento da multa. Aquela informação era de total surpresa.  


—E por que isso seria do meu interesse? –Santana escondeu seu choque e tentou retomar o controle. Demonstrar qualquer emoção perto de Hiram Berry era um perigo –Não vou ajudar nenhum Berry.


—Você é advogada de Quinn Fabray. Reveja o contrato e perceba que ela terá muito a perder se não fizer Rachel aceitar de vez esse casamento –Hiram deu as costas a mulher e começou a voltar para a mansão.


—Você seria capaz de trapacear o próprio diabo, Hiram –soltou Santana.


O homem não voltou a se virar, mas Santana escutou sua risada.


Santana voltou com raiva para o salão, segurando a vontade de voltar pra casa e reler aquele contrato. Mas percebeu que teria que se conter já que Rachel e Quinn estava em sua mesa, conversando com todos.


—Santana! –Exclamou Rachel com um sorriso genuíno.


Foi difícil para Santana retribuir.


—Sabe de todas as coisas que me aconteceu esse mês, estou feliz por termos voltado a ficar juntas. Me desculpe por ter sido tão cega quanto a Finn –Rachel segurou a mão de Santana e seus olhos refletiam seu arrependimento.


—Eu já posso dizer “eu te disse”?


—Não, ninguém gosta de gente que diz isso.


—Então combina porque ninguém gosta de mim –as duas gargalharam juntas.


—Eu gosto e Brit também. –rebateu Rachel e Britt balançou a cabeça, concordando.


—Eu também... em alguns momentos –disse Quinn e todos riram.


Santana precisava saber o que era a clausula 48 com urgência. Pois percebeu naquele momento que as duas pessoas que amava estava na mira de Hiram Berry.


E Hiram Berry não favorecia ninguém a não ser ele. Não era sobre a felicidade de Rachel, era sobre lucros, sobre ganhar.


Enquanto Rachel e Quinn só perderiam.


 Santana tinha até medo de descobrir o quanto poderiam perder.



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Autor(a): blacksweetheart

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