Fanfics Brasil - Coração Solitário Até que o Amor nos Separe (Faberry)

Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee


Capítulo: Coração Solitário

24 visualizações Denunciar



Um coração tão solitário


Se você não encontrar outro motivo para ficar


Então eu sei que sempre terei um solitário, solitário, solitário, solitário


Coração


 


 


Rachel suspirou aliviada quando conseguiu se livrar de toda a turbulência do salão. Precisava de ar e principalmente, seu rosto precisava descansar de tantos sorrisos.


E do lado de fora percebeu a figura de um homem fumando, parecendo cansado. Ela se aproximou e reconheceu o Sr. Fabray. Seu sogro. Sentiu que deveria falar com o homem.


Afinal ele não tinha ido cumprimenta–las e Quinn nem mesmo o procurou para conversarem.   


—Sr. Fabray? Está tudo bem? –perguntou preocupada.


O homem foi surpreendido com a presença da jovem.


—Está, está sim minha querida. Estou só... refletindo por um momento –Russel deu um sorriso tranquilo, muito parecido com o da filha.


—Posso ficar aqui também?


—Não prefere curtir a festa do que ficar com a companhia de um velho?


—Não gosto muito de festas –Rachel sorriu e se apoiou no muro baixo que cercava a entrada.


—Você está linda. Quinn tem muita sorte –elogiou Russel olhando Rachel de cima a baixo.


O que ele pode perceber era que a herdeira de Hiram não tinha nada do temperamento calculista do pai. Nem mesmo parecia estar ansiosa para usufruir do status que teria na sociedade ao ter o nome Fabray. Russel não sabia interpretar se aquilo era um bom ou mau sinal.


—Obrigada.


—Sei que as condições do casamento não são muito... normais. Mas sei que será uma união bonita. Minha filha não aceitaria seguir com o contrato se não confiasse que você é a mulher certa para estar ao seu lado –Russel deu um longo trago em seu cigarro.


—Espero estar à altura das expectativas dela –Rachel deu um suspiro.


—Não seja tão crítica com você mesma.


—Não estou sendo criticado... Mas ela é imagem da perfeição –Não tinha outro jeito de descrever Quinn.


—Ela gosta de transparecer isso, entretanto não é assim que se sente.


—É difícil saber o que ela sente.


—Isso sempre foi um problema. Eu nunca soube interpreta–la. Até os cinco anos pensava que ela não gostava de mim –Os dois riram –A única pessoa que a entendia era a mãe. Judy foi a única pessoa com quem Quinn foi totalmente aberta.


Rachel entendeu o porquê Quinn estava tão melancólica no jantar ao pensar na mãe. De certa forma Rachel e Shelby se entendiam muito bem, e a mãe sempre foi o alicerce da família. Hiram e Rachel não conseguiam lidar com o outro e se não fosse Shelby, Rachel não se via nem mesmo conversando com o pai.


Talvez fosse a ausência da mãe que deixava o relacionamento de Quinn e Russel tão transtornado.


—Você lembra um pouco ela –disse Russel focando o olhar em Rachel. –Não a aparência, Quinn é a cópia de Judy. Digo na personalidade, no jeito sincero. Você deixa tudo claro em seu olhar, assim como minha esposa.


A dor em sua voz ao falar da esposa era nítida. A morte de Judy abalou muito a família Fabray, isso estava cada vez mais claro a Rachel. Frannie provavelmente ficou superprotetora e por isso exige tanto de Quinn, Russel pode ter se descontrolado com a bebida enquanto Quinn trancou os próprios sentimentos.


—Rachel –Chamou Camila pegando ambos de surpresa –Querem que você jogue o buque.


—Estou indo –Rachel olhou para o homem, querendo conversar mais sobre a família que agora fazia parte.


Mas aquele não era o dia certo para isso.


—Vá, minha querida –Russel indicou com a cabeça a mansão.


—Obrigada pela conversa, Russel –Rachel foi até o homem e deixou um beijo em sua bochecha.


Aquilo o chocou. Uma doce mulher envolvida com a escuridão de Quinn.


Será que realmente poderiam fazer funcionar?


(...)


Camila levou Rachel de volta a Quinn, que estava engajada em uma conversa com a tia de Rachel, Sonia. Quinn parecia envolvida na conversa, dando sorrisos e tocando o braço da mulher. Quinn era muito charmosa, facilmente sociável, porém emocionalmente distante de todos.


Rachel sorriu ao se aproximar delas e sentir o braço de Quinn contornando sua cintura. Rachel estava pensando o quanto eram opostas, o quanto Quinn parecia estar confortável em uma conversa superficial com Sonia, enquanto Rachel estava muito mais interessada em escutar Russel compartilhar suas lembranças.


—Ai está ela! Quinn e eu estávamos falando da lua de mel! –Sonia mostrou sua fileira de dentes brancos a Rachel. –O lugar que ela escolheu...


—Não terá lua de mel –disse Rachel a interrompendo.


—Não? –questionou Quinn.


A Fabray estava planejando fazer uma viagem surpresa com Rachel. Não era para Sonia ter dito nada, mas ficou realmente chochada ao ver a rápida rejeição de Rachel.


—Não posso abandonar o Instituto. Estamos no meio de uma reforma e teremos uma apresentação em duas semanas –explicou Rachel mostrando a urgência da situação em sua voz.


—Está trocando uma viagem para cuidar de umas crianças pobres? –desdenhou Sonia.


Antes que Rachel iniciasse uma briga defendendo seu projeto, Quinn apertou sua cintura e resolveu responder pela esposa:


—Se isso é importante pra ela então adiaremos –Deu então um sorriso educado a tia de Rachel. –Com licença, querida Sonia.


As duas se afastaram da mulher, com Quinn a segurando.


—Você não me falou sobre lua de mel –comentou Rachel enquanto caminhavam lentamente pelo salão.


—Era uma surpresa. Mas está tudo bem, não precisamos ir agora.


—E o que você esperava fazer? –perguntou Rachel receosa. –Não é como se fosse uma lua de mel de verdade.


Quinn estava pensando na resposta quando Camilla as interrompeu cheia de animação.


—Vai, Rachel. Joga logo esse buque! –A assistente entregou o ramo de lírios na s mão de Rachel, e um grupo de mulheres já tinha se juntado atrás delas.


Quinn se afastou um pouco da esposa para lhe dar espaço.


—Está bem. –Rachel virou–se de costas. –1,2,3!


Ela jogou o buque e ouviu gritos empolgados e depois silencio. Virou–se curiosa para saber quem tinha pegado, mas ao ver quem era a pessoa foi obrigada a segurar o riso.


Quinn já não conseguiu fazer o mesmo.


—Meu Deus –comentou em meio as gargalhadas. Fora Lauren quem acabou ficando com o buque, mesmo que a mulher nem mesmo estivesse no grupo.


Rachel havia lançado alto demais e caiu exatamente no colo de Jaregui. Santana e Quinn riam da cara dela, como boas amigas que eram.


—Isso ai não tá certo não! –protestou Lauren se pondo de pé.


Até mesmo em um casamento arranjado pode se ter uma surpresa, pensou Rachel.


(...)


—Será estranho não ter mais em casa. Não sei como vou suportar –Shelby acariciava o rosto da filha em prantos.


Todos os convidados já tinham ido embora, sobrando apenas os pais de Rachel e a irmã de Quinn para se despedir. Russel foi embora sem dizer nenhuma palavra a Quinn, mas desejou felicidade a Rachel e partiu. Rachel ainda estava com isso na cabeça até que sua mãe veio se despedir.


As duas eram a força uma da outra para aguentar a pressão que Hiram colocava nelas.


Uma parte de Rachel estava aliviada por não ter mais que aturar o pai, porém outra lamentava profundamente pela mãe.


—Eu irei vê–la toda semana, tudo bem? – prometeu abraçando a mãe mais uma vez.


—Acho que sou forçada a aceitar – Shelby a soltou e deu um passo para trás, seus olhos cheios de lagrimas.


—Tchau, filha – foi tudo que Hiram disse. Não houve nenhum abraço, ou qualquer despedida calorosa.


—Tchau, papai. –Sussurrou a filha.


Shelby entrelaçou seu braço no do marido, e deixou–o guia–la para fora. Tentava chorar silenciosamente pois sabia que emoções irritavam Hiram, mas era difícil disfarçar a tristeza por estar deixando sua única filha.


—Pare de chorar, Shelby, ela não vai ficar aqui para sempre! –ralhou Hiram irritado.


No mesmo instante que disse isso, Hiram fez uma careta, torcendo para a esposa estar tão torpe com seus sentimentos que não tivesse o escutado. Porém Shelby ouviu e uma chama de esperança nasceu em seus olhos.


—O que quer dizer? – questionou um pouco mais animada.


—Confie em mim, estou cuidando de tudo –Hiram sinalizou para o manobrista e ele foi buscar o seu carro. –Só não comente uma palavra com Rachel, está bem?


Shelby assentiu. Ela acreditou que aquele casamento seria bom até o surto de Quinn. Agora tudo que queria era tirar sua garotinha daquela casa. E ver que o marido estava empenhado naquilo fez Shelby ter a certeza que logo Rachel estaria longe dali.


Pois a verdade do mundo é que Hiram Berry conseguia tudo que ele queria.


(...)


Rachel respirou fundo. Finalmente todos tinham ido embora. Ela estava na garagem, se despedindo da organizadora e do seu pessoal. Eles foram tão solícitos e rápidos que a casa já estava arrumada como antes. Todos ficaram gratos com a atenção de Rachel e ela os prometeu contratarem para a próxima festa no instituto.


Porém quando todos partiram na van, Rachel percebeu que ela ficara. Ela não iria mais para a mansão Berry.


Ela sequer era mais uma Berry.


Tinha que processar isso.


Porém menos de dois minutos alguém surgiu no seu campo de visão. Uma mulher loira, vestida com um vestido de gala prata. A mulher parecia mais velha que Rachel, tna faixa dos trinta.  Parecia alguém que estaria no casamento, mas Rachel não a reconheceu. 


—Oi, você está bem? –perguntou Rachel se aproximando.


—Você é ela –A mulher arregalou seus olhos, como se estivesse vendo um fantasma –Rachel Berry.


—Sou. E você quem é? –Rachel estranhou sua reação.


—Não deveria ter se casado com ela – a mulher balançou a cabeça freneticamente. Parecia estar descontrolada.


—O que?


—Ela é cruel, não tem coração. Vai te descartar, como fez comigo – A mulher apertou o vestido, angustiada.


Estava claro que a mulher não estava bem e por mais que a curiosidade sobre o que ela estava falando estivesse mexendo com Rachel, sua preocupação com a desconhecida foi maior.


—Vamos para dentro, parece com frio –Ela se aproximou da mulher, com receio de toca–la e ela reagir mal.


—Rachel? –chamou Quinn a procurando pelo estacionamento. 


—Estou aqui. –Respondeu a esposa sinalizando com o braço. Rachel virou–se em direção a mulher  –Você...


Entretendo a desconhecida havia desaparecido. Rachel a procurou em todas as direções, se questionando como ela pudesse ter sumido tão rápido. Será que era um delírio? Rachel começou a questionar se a mansão Fabray não estava assombrada.


Até que encontrou a echarpe rosa que usava no chão. O tecido rosa era uma prova que aquela cena realmente tinha acontecido.


—Está congelando –Quinn retirou seu terno e o colocou nos ombros de Rachel. – Vamos para dentro.


—Tinha alguém aqui –Rachel mostrou a echarpe.


—Quem?


—Loira, bonita, um pouco mais velha que a gente– Rachel procurou alguma expressão de reconhecimento, mas Quinn continuava normal. – Parecia estar falando de você.


Quinn continuou inexpressiva. Acreditava ser algum ex caso que não aceitava o nosso status dela. Nada que a deixasse realmente preocupada.


—Vamos entrar. –foi tudo que disse a Rachel.


As duas voltaram a mansão em silencio,


—Acabou. Estamos casadas.


—Sim.


Rachel sentiu os olhos de Quinn em si. O que acontecia agora? Não havia nada no contrato que obrigada Rachel a dormir com Quinn. E o que conhecia de Quinn sabia que ela nunca pediria isso. Mas então o que fariam em seu tempo juntas?


E além de sua preocupação lembrou do que Quinn disse, sobre não se apaixonar. Rachel iria morar com alguém que nunca a amaria, pertencia a alguém que não a queria de verdade. Era assustador.


—Vou para o quarto. –disse em voz alta. E depois virou–se para Quinn para explicar a frase –Meu quarto.


—Claro. Fique à vontade – Quinn deu um sorriso fraco e observou Rachel quase fugir para o segundo andar.


A loira passou a mão nos cabelos. Céus, como seria a relação delas gora?


(...)


Quinn entendeu depois de revirar dez vezes em sua cama: ela não conseguiria dormir sozinha.


Pensou em passar no quarto de Rachel para ver se a mesma já tinha dormido, mas não quis invadir sua privacidade. Deveria estar sendo muito difícil pra ela estar em uma casa nova depois de ter vivido na mesma a casa a vida toda. Quinn queria acalma–la, tornar as coisas confortáveis. Mas tinha medo de forçar a barra e Rachel se afastar. Apesar da relação delas estarem muito bem antes, sentiu que a conversa antes do casamento deixou as duas distantes.


Mas Quinn tinha sido franca e não se arrependia disso. Ela não ficaria apaixonada por Rachel, e qualquer esperança de sentimento romântico que a morena pensou que aquele relacionamento teria agora sabe que é impossível.


Então as duas teriam que trabalhar uma maneira de terem um casamento sem o elemento amor.  


—Sra. Quinn, ainda não foi dormir? –questionou Martha, sua governanta, encontrando Quinn jogada no sofá da sala tentado encontrar algo bom na televisão.


—Não consigo. – Quinn deu um sorriso sem humor.


—Achei que ter uma esposa te ajudaria a dormir –A Sra. Já estava na casa dos sessenta, e esteve com Quinn desde muito nova.


Ela sabia de todo problema que Quinn tinha pra dormir. E tinha colocado suas esperanças que uma esposa acalmaria sua ansiedade noturna.


—Também achei. –Quinn suspirou em voz alta.


As duas foram interrompidas por alguém descendo as escadas com pressa. Rachel foi lentamente em direção a cozinha.


—Parece que temos uma ratinha da madrugada. Preciso ir ajuda–la...


—Não. Eu cuido disso. Vá descansar –Quinn levantou–se e caminhou até o outro cômodo.


Flagrou Rachel revirando a geladeira com uma cara nervosa. A morena estava usando um baby doll com estampa de alces e seu cabelo preso em um rabo de cavalo. Quinn achou ela tão simples e tão linda...


—Posso te ajudar? –perguntou a loira apoiando-se no armário.


Rachel pulou com o susto. Olhou para Quinn nervosa e questionou:


—Aqui tem sorvete?


—Não.


—Algum tipo de doce? –Quando a loira negou com a cabeça Rachel encenou um chilique –Meu Deus, estou no inferno.


—Faça uma lista, Martha ao mercado amanhã.


—Ainda não foi dormir? – Rachel reparou que ela nem mesmo tinha se trocado.


—Não consegui. E você?


—Também não. É estranho estar em uma casa nova. Acho que estou com algum tipo de crise de ansiedade pela mudança –Rachel deu um sorriso amarelo.


—Quer ficar comigo na sala? Podemos assistir um filme.


A morena assentiu e juntas voltaram a sala e sentaram–se no sofá. O móvel era grande o suficiente para as duas deitarem tranquilamente sem se encostarem, o problema é que havia uma coberta.


Rachel teve que se aproximar para conseguir se cobrir. E talvez fosse a eficácia da coberta ou a aproximação que deixou o corpo de Rachel mais quente. Rachel quis fingir que era o cobertor.


Mas a verdade era que Quinn estava tão atraente com aquela camisa cinza de faculdade, com os cabelos revoltos para todo o lado. Sua pose relaxa com o braço no sofá e a concentração para acompanhar o musical.


Rachel imaginou como seria ter aqueles cabelos em seus dedos, e a boca de Quinn em seu pescoço.


Talvez devesse tentar algo físico, afinal aquela era a lua de mel delas.


E o pensamento trouxe–lhe uma curiosidade.


—Onde iriamos em nossa lua de mel? –perguntou Rachel apoiando a cabeça no encosto do sofá.


Quinn ajeitou–se para ficar de frente a Rachel e respondeu:


—Eu queria Santorini –Quinn deu um sorriso fraco. –Uma vez você me disse que gostava de praia.


Rachel não sabia que ela lembrava–se disso. Tiveram essa conversa há anos, em um evento que as duas foram obrigadas a comparecer. Quinn puxou assunto, sendo simpática, porém Rachel estava tão irritada no dia, pois detestava aqueles eventos, e simplesmente respondeu “praia. Meu lugar favorito é praia”.


Agora estava arrependida de não ter dado uma chance de Quinn a levar para Santorini. No entanto Rachel tinha um bom motivo.


—Eu pensei que você quisesse...


—Ter uma verdadeira lua de mel –Quinn completou. –Eu vi o seu olhar de medo.


—Qualquer outra não hesitaria em dormir com você –Rachel riu sem humor. Ela mesma estava pensando nisso a minutos atrás.


—E você não é qualquer uma –assegurou Quinn com tranquilidade. –Está tudo bem, Rach. Como eu disse esse casamento será como você quiser.


—Exceto por amor – lembrou Rachel.


—Exceto por isso.


Rachel concordou com a cabeça. Será que conseguiria ter um relacionamento físico com Quinn sem criar sentimentos por ela?


—Eu nunca... –Rachel respirou fundo tentando falar aquilo de uma maneira madura. –Eu já beijei outras pessoas, mas Finn foi o único com quem eu realmente dormi. Não sei se consigo fazer isso sem ter sentimentos. Entende?


Quinn assentiu lentamente. Honestamente ela não entendia muito bem. Todas suas relações foram impessoais desde o começo. Nada além de uma boa foda e depois um presente enviado por Quinn como agradecimento. Algumas corriam atrás da Quinn porque queriam se gabar de ter dormido com a milionária, já outras queriam os presentes tão famosos que Quinn enviava. E aquela relação parecia ideal a todas as mulheres.


Exceto a Rachel. Que agora tinha nas mãos todo o dinheiro de Quinn, a atenção dela, e ainda sim não era o suficiente para querer transar com ela.


O que era péssimo pois Quinn deseja Rachel com uma ardência quase incomoda.


E além do desejo carnal, Quinn tinha a urgência da companhia na cama. Algo que se Rachel não lhe ajudasse...


—Queria tanto fazer Les Miserables no instituto – comentou Rachel prestando atenção no filme.


Quinn foi retirada de seus devaneios e viu que o filme já tinha avançado bastante enquanto ela olhava para Rachel.


—Por que não faz? –Quinn virou–se para frente, para poder focar no filme. Se não se concentra–se ficaria observando Rachel a noite toda.


—Tenho que terminar as obras do teatro e depois que meu pai ver o orçamento duvido que libere fundos para cobrir os figurinos –Rachel soou decepcionada. – Talvez no ano que vem.


—Você ama o que faz, não é? –Quinn ficou tocada com o amor que Rachel demonstrava por seu Instituto.


—Não me vejo fazendo outra coisa –Rachel sentiu cada vez mais o sono chegando e recebeu que apesar do sofá ser enorme não tinha nenhuma almofada e não queria ir ao quarto ficar sozinha.


Então olhou para Quinn. Bem, elas eram esposas agora. E amigas. Seria normal um pouco de afeto.


— Eu posso deitar no seu colo? –Rachel piscou de maneira fofa.


—Claro – Quinn se ajeitou e deixou Rachel apoiar a cabeça em suas pernas.


Quase ninguém tinha feito isso com Quinn, bem talvez o Theo, e Quinn ficou surpresa ao ver que gostou de ter Rachel tão próxima sem que fosse de forma sexual. Passou a acariciar a cabeça da morena, penteando levemente seu cabelo. Rachel tinha o cabelo mais bonito que Quinn já tinha visto.


—Quando vamos procurar nosso cachorro? –perguntou Rachel bocejando.


—Quando você quiser.


—Tem que ser pequeno. Apesar desse lugar ser quase um castelo eu não me vejo cuidando de um cachorro grande –Os olhos delas pesaram e ela os fechou.


—Não será tão complicado. A gente divide o trabalho –Quinn esperou a resposta dela até que percebeu que Rachel já ressonava em seu colo, e a aliança de diamante que tinha lhe dado mais cedo reluzia em sua mão.


Sua esposa. Rachel Berry Fabray.


—Boa noite, Rach. –Quinn beijou a bochecha da esposa, desligou a TV. E se acomodou no sofá.


Sentindo que agora, com Rachel ali, finalmente poderia dormir.


(...)


—Você mora aqui? – perguntou Lauren nas escadas do prédio.


Camilla observou o edifício que chamava de casa. Era velho e parecia que iria desabar a qualquer momento. Mas ainda sim era melhor do que a vida que sua família levava em Cuba, e o fato de poder morar ali e poder mandar um pouco de dinheiro a sua vó compensava a falta de benefícios em viver num lugar como aquele.


—Moro, é perto do trabalho, da pra ir andando até o instituto –explicou Camila escondendo todos os outros motivos.


Lauren olhou ao redor. Kurt tinha ido embora com Santana, já que ambos moravam na parte nobre da cidade. Ao ver Camila fazendo careta ao olhar o preço do Uber, Lauren prontamente se ofereceu para levar a morena para casa.


O que não sabia era que Camila morava no pior bairro de Ohio. Lauren não quis transparecer, mas já estava com medo do seu carro ser roubado.


—Parece perigoso –comentou Lauren olhando ao redor.


—Que nada! Só fui assaltada duas vezes. E da segunda, levaram meu celular falso –Camila deu uma risada com orgulho.


—Você não tem medo? –Lauren arregalou seus olhos azuis em sua direção.


—Não. Cresci em um bairro como esse. Ao contrário de Kurt que teve ajuda dos pais, e de Rachel que nasceu em berço de ouro eu só conheço lugares assim –Camila deu de ombros.


—Pois é –Suspirou Lauren. Deve ter sido difícil para Camila se fixar no país sem ajuda de ninguém. E apesar da aparência frágil, tinha que ser muito forte para enfrentar uma situação dessa.


—Lauren, apesar de dizer tudo aquilo que eu disse, acho que posso gostar de você.


—Pode? –Os olhos de Lauren iluminaram–se.


—Claro! Você parece uma ótima pessoa para ser amiga.


—Amiga? –Lauren tentou esconder o tom decepcionada.


—Sim. –Camila lhe deu um sorriso radiante  –Eu tenho que subir, como Rachel não vai trabalhar amanhã sou eu quem vai tomar conta.


—A gente pode sair pra comer amanhã? –Ofereceu Lauren antes que Camila abrisse a porta. A mulher encarou Lauren com os olhos semicerrados   –Pra fortalecer a amizade?


—Tudo bem –respondeu revirando os olhos. Pelo menos era uma programação mais digna do que maratonar novela – Me pega as 18?


—Tá ótimo –Lauren sorriu de orelha a orelha.


—Tchau, cuidado com seu carro. Não levanta o vidro e não da esmola pra ninguém.


—Tudo bem –Lauren procurou seu carro e ficou aliviada em ver que ele ainda estava ali.


—Me manda mensagem quando chegar, tá bom?


—Eu não tenho seu... –Antes que Lauren pudesse terminar Camila se aproximou dela e retirou o aparelho de seu bolso   –Hey!


—Desculpa, é que eu sou treinada. Tchau. –Ela devolveu o celular ao bolso de Lauren e deixou um beijo em sua bochecha.


Lauren ficou sorrindo como idiota até mesmo depois de Camila entrar. Ficou surpresa por estar ansiosa para que o outro dia chegasse rápido.


E gostou de perceber que era a primeira vez que ficava assim há muito tempo.


(...)


—Sant – chamou Brittany procurando Santana.


—Oi amor, to aqui. – respondeu Santana dentro de sua sala.


Santana nem mesmo se trocou quando chegou em casa e foi direto rever o contrato de casamento de Quinn e Rachel.


—Santana, vêm dormir tá tarde. – chamou a esposa na porta.


—Já estou indo amor, só estou terminando umas coisinhas.


Brittany lançou um beijo a esposa e fechou a porta. Sua tão compreensiva e amorosa Brit. Se não fosse por ela Santana ainda estaria naquela família maldita se escondendo e lutando para se encaixar. Apesar de não se esforçar tanto quanto Rachel, Santana queria ser aceita pelos Berry. Queria mostrar que era forte e implacável como seu pai e seu tio. No passado ela costumava vê–los como heróis.


Agora Santana tinha certeza que o estilo de vida deles era podre. Que não conseguiam viver sem humilhar alguém e o esforço em manter o controle é para que o mundo não saiba o quão fraco e patético eles são.


Por isso Hiram sempre temeu o dia que Rachel percebesse sua grandeza e se voltasse contra ele. Hiram escolheu uma esposa que não só traria benefícios ao seu negócio, como não iria retirar a Rachel da alta sociedade. E ele sempre estaria ali, rondando a filha, para que ela fosse exatamente o que ele queria.


Ela encontrou o documento e foi diretamente na clausula 48.


Ao que parecia era uma clausula que as teriam uma reunião com os advogados para a revalidação do contrato. Onde poderiam decidir se continuariam a morar juntas, seria efetuado um inventário de tudo que adquiriam naquele ano. Porém tinha um parágrafo chave:


“Caso uma das partes apresente provas conflitantes a saúde mental, psicológica ou física poderá ser requerido a anulação do contrato sem a necessidade do pagamento pela multa de quebra de contrato, com a cobertura de todos os benefícios assegurados a parte acusatória”.


Santana cobriu a mão com a boca. Significava que caso Rachel alegasse que Quinn estava lhe fazendo qualquer mal poderia solicitar o divórcio sem precisar pagar nada a Quinn. E ainda mais, tendo direito a ações e parte da empresa Fabray garantidos.


Nunca fora parte do plano deixar Rachel casada com Quinn. Ele criou aquilo sabendo que caso Quinn pedisse divorcio ela não teria nada de Rachel, pois o Instituto estava no nome de Hiram. Agora caso fosse Rachel, alegando uma acusação de que Quinn estava lhe fazendo mal de qualquer forma, a Fabray perderia grande parte do patrimônio.


Aquele era um jogo de Hiram Berry. O casamento delas fora uma armação. Rachel era apenas uma arma pra que Hiram tivesse o que é seu único objetivo: poder.


E não importava quem ele passava por cima para conseguir isso. Nem mesmo a própria filha. 


—Que grande filho da puta! 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): blacksweetheart

Este autor(a) escreve mais 5 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

  Porque se eu te quero, eu te quero, amorNão vou recuar, não vou pedir espaçoPorque espaço é apenas uma palavraInventada por alguém que tinha medo de ficar muitoPerto!     Rachel sentiu um peitoral debaixo de sua cabeça, e aproveitou para abraçar mais o corpo quente da pessoa que estava ali. O prob ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 0



Para comentar, você deve estar logado no site.


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




Nossas redes sociais