Fanfics Brasil - Eu quero você perto Até que o Amor nos Separe (Faberry)

Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee


Capítulo: Eu quero você perto

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Porque se eu te quero, eu te quero, amor
Não vou recuar, não vou pedir espaço
Porque espaço é apenas uma palavra
Inventada por alguém que tinha medo de ficar muito
Perto!


 


 


Rachel sentiu um peitoral debaixo de sua cabeça, e aproveitou para abraçar mais o corpo quente da pessoa que estava ali. O problema foi quando percebeu que não era um corpo tão conhecido assim. As poucas vezes em que ela e Finn podiam dormir juntos adorava acordar em cima de seu corpo e perceber que ele estava ali com ela.


O problema foi que começou a reconhecer que aquele não era o corpo grande e largo de Finn que sempre a deixava minúscula perto dele.  Aquele corpo tinha dois montes macios e Rachel estava com a cabeça entre eles. 


Lentamente começou a sentar– se e prendeu um grito em sua boca quando se deu conta de que a pessoa a quem estava agarrada era ninguém menos que Quinn Fabray. 


Berry deixou por um momento se encantar com a loira dormindo. Os cabelos dourados em seu rosto, uma boca rosada entreaberta e sua mão tateou seu colo como se estivesse procurando por Rachel. 


Isso fez a morena colocar– se em pé e sair dali o mais rápido possível. Precisava se situar primeiro e não queria que Quinn a visse toda desengrossada. Foi até o banheiro do quarto – seu novo quarto– e cuidou da sua higiene pessoal. Depois, colocou um vestido floral que encontrou em seu closet – provavelmente foi Camilla que comprou – e desceu novamente. 


Quinn já não estava mais na sala, provavelmente tinha ido tomar café da manhã. E andando até a sala de jantar percebeu que a mesa já estava pronta. 


—Bom dia, Sra. Fabray – disse uma senhora entrando com uma travessa de pudim. 


Levou alguns segundos até Rachel perceber que a saudação tinha sido pra ela. Seria difícil se acostumar com isso. 


—Bom dia – respondeu hesitante. 


—Sou a Sra. Flowers, governanta da casa – Se apresentou a mulher com um aceno educado. – Tudo que precisar pode chamar a mim.


—Obrigada. No momento eu só tenho uma dúvida. 


—Pode perguntar, Sra. Fabray. 


—Não precisa me chamar assim – o nome soava errado toda vez que escutava. – Só me chame de Rachel. 


—Tudo bem, só Rachel – a mulher deu um sorriso discreto. – Em que posso ser útil?


—Quinn fica muito em casa? – perguntou com medo. 


Rachel preocupava– se que a presença de Quinn pela manhã seria algo habitual. Ela ia ao instituto pela tarde. De manhã gostava de se demorar no café da manhã e depois correr. Kurt segurava as pontas de manhã e depois Rachel chegava às duas e ficava até o anoitecer. A turma da tarde era mais difícil de qualquer jeito e Rachel gostava de estar presente para arrumar qualquer problema. 


Mas com a possibilidade de ter sua falsa esposa tanto tempo no mesmo espaço Rachel cogitou a ideia de mudar seu horário no instituto. 


—Ah não. A Sra. Fabray vai trabalhar bem cedo. Hoje trata– se de um dia atípico. Creio eu por conta do casamento. 


—Ah, entendi – murmurou. 


Ela não tinha cancelado seus planos por causa do casamento. Ainda iria para o instituto a tarde. Mas se Quinn decidiu ficar em casa será que ela deveria fazer o mesmo?


O que é o "normal" em um casamento de mentira? 


—A Sra. Fabray me informou sobre seu gosto por doces. Peço perdão por não termos nada na dispensa, mas faça uma lista e Jake irá buscar para você. 


—Tudo bem – respondeu. 


Quinn já tinha falado com a mulher sobre sua crise de falta de açúcar na noite passada. Rachel não pode deixar de ficar surpresa com a velocidade que Quinn tratou de cuidar do problema. 


—Agora deveria ir para a mesa – Sra. Flowers tocou o ombro dela. – Sua esposa está te esperando para o café. 


A frase arrepiou Rachel, mesmo que não quisesse. Acordar com Quinn, tomar café com Quinn, morar com Quinn… Aquela era sua realidade. 


Foi para a sala de jantar e realmente encontrou Quinn já lá, com um tablet na mão e um óculos de leitura. Ela estava fofa. 


—Não sabia que usava óculos – comentou Rachel. 


A loira assustou– se com o comentário e suas bochechas ganharam um tom forte de rosa. 


Quinn acordou no momento que sentiu a ausência do peso de Rachel. E depois deste momento, sentiu sua ansiedade martelar na sua cabeça pensando que Rachel iria evita– la a todo custo. Odiando o fato que dormiram juntas. 


Ao que parecia Rachel não tinha se importando tanto, estava até mesmo lhe dando um sorriso. Isso fez Quinn relaxar um pouco. 


—Não tenho costume de usar na frente de outras pessoas – Quinn deixou o tablet de lado. – Não gosto de como fica minha aparência. 


—Não gosta de parecer uma adorável nerd? – Questionou Rachel sentando– se na cadeira ao lado dela. 


—Não gosto de parecer vulnerável – Quinn deu um sorriso envergonhado. – Ou aparentar algum defeito. 


—É tão ruim dizer ao mundo que Quinn Fabray não é perfeita em tudo? – ironizou Rachel. 


—O problema não é o meu defeito, é como usam isso contra mim– Quinn começou a servir– se de algumas frutas e Rachel a imitou. 


 Conversa estava ficando interessante. Era a primeira vez que as duas conversavam mais sobre a vida da Fabray. 


—Isso me parece frase de alguém que já sofreu bastante – Rachel deu um sorriso triste. – Pode me contar o que aconteceu?


—Não gosto de falar sobre o que é passado – Quinn mastigou um pedaço de mamão. – Dizer o que aconteceu é como deixar que isso me magoe de novo. 


— Só deixa de te magoar quando você perdoa.


—Está muito cedo pra termos conversas tão sentimentais.  –Quinn desviou-se do assunto – Dormiu bem?


—Dormi. Você é macia –elogiou Rachel sentindo suas bochechas esquentarem.


—Quando quiser ficar em cima de mim estou à disposição –flertou Quinn adorando o rubor de suas bochechas.


—Sabe, eu achava que não era atraente pra você –Rachel confessou tentando parecer indiferente ao assunto.


—Como pode pensar tal coisa? –Quinn ficou ofendida.


—Você nunca me tratou como seus casos.


—Porque você me agrediria se eu fizesse isso.


Rachel concordou com a cabeça. Provavelmente não teria uma reação positiva se Quinn tivesse flertado com ela antes. Na maioria das vezes que estavam juntas Rachel arrumava um jeito de fugir rapidamente de Quinn.


—Quer que eu mostre como sou atraída por você? –Quinn deixou os talheres no prato e levantou.


Rachel assistiu sua esposa caminhar em sua direção em passos lentos. Como uma predadora. Parando em sua frente, Fabray girou sua cadeira para que as duas pudessem se encarar, e seus olhos verdes observavam Rachel de cima a baixo, saboreando a imagem de finalmente ter Rachel para si.


Rachel apenas conseguiu engolir seco quando Quinn a ergueu pelos quadris e a fez sentar na mesa. Não estava acostumada com aquele tipo de atitude, e ficou chocada ao perceber que seu corpo reagia bem aquilo, já que sua mente estava em choque com a mudança brusca de comportamento de sua esposa.


Quinn a encarou por um bom tempo, lendo os pensamentos que Rachel não dizia. Apesar do susto, ela não tinha rejeitado o toque de Quinn. E escondido atrás do olhar assustado, estava uma curiosidade, uma tensão, que fazia Rachel estar ali, esperando o próximo passo.


E Quinn deu o próximo passo.


Com uma mão, ela segurou o cabelo espesso de Rachel e juntou seus rostos, tocando a boca dela com a sua. Da primeira vez na festa Rachel não tinha dado abertura no inicio, mas agora já não conseguia esconder que também queria aquele beijo. As mãos de Rachel foram para a cintura de Quinn, juntando mais seus corpos, e passando suas pernas ao redor da loira.


Quinn segurou a coxa direita de Rachel e o que estava próximo agora estava colado.


O beijo de tímido, agora era cheio de fogo e Rachel só queria queimar mais. Quinn puxou sua cabeça para trás, e a boca dela foi ao pescoço de Rachel. A morena arfou em voz alta.


Rachel esquecia cada vez mais o receio, ou a timidez pela presença da loira. Suas mãos apertaram a bunda da esposa e ficou surpresa por perceber como era redonda e como cabia perfeitamente em suas mãos.


—Está ousada, Rachel –Quinn comentou distribuindo beijos no colo de Rachel. –Não conhecia esse seu lado.


—Você não conhece muitas coisas sobre mim –sussurrou Rachel com um sorriso orgulhoso.


—Espero conhecer em breve –Quinn afastou seu rosto bruscamente.


Rachel piscou, confusa, até que Quinn rasgou os botões de seu vestido e expos a lingerie rosa.


Antes que pudesse dizer algo Quinn tocou seu seio esquerdo, o apertando de forma tão firme que tudo que Rachel pode fazer foi jogar sua cabeça para trás e permitir– se ser tocada.


—Você em cima dessa mesa –Quinn beijou o queixo de Rachel, enquanto sua mão ainda massageava seu seio. –É como meu banquete particular.


Aquilo arrepiou Rachel. Ela gostava de como a voz de Quinn estava rouca, o quanto ela a tocava com alma e devoção. Com Finn era tudo tão rápido, escondido. O homem gostava de sempre apresar tudo, odiava qualquer preliminar que não fosse ela com o pênis dele na boca. E as únicas vezes que ele se arriscava em lhe fazer oral era rápido e mal feito. Rachel até mesmo se convenceu que não gostava daquilo.


Em pensar que os dois ficaram tantos anos juntos...


—Tire ele da sua cabeça – ordenou Quinn parando de repente.


O sorriso de Rachel morreu.


Quinn se afastou bruscamente. Rachel abriu e fechou a boca algumas vezes, mas não sabia como responder à acusação.


Desprendeu as pernas do corpo da loira e arrumou o seu vestido, ou ao menos tentou, já que Quinn o rasgou.


—Eu não estava...


—Prometeu não mentir – interrompeu Quinn lhe dando um olhar duro.


Quinn era bipolar, pensou Rachel. Como ela podia passar tão rápido de uma mulher atenciosa e sexy para aquela leoa furiosa que estava lhe comendo com os olhos (e não era no bom sentido).


—Você estava pensando nele – os olhos dourados de Quinn chisparam raiva. –Você é tão transparente em tudo, Rachel. Consigo ver como fica comovida ao falar do seu instituto. Isso lhe traz paixão no olhar. Amorosa quando fala dos amigos e até mesmo pra mim, sempre houve um misto de raiva e tesão no olhar –Rachel não conseguiu negar. –Mas quando se trata de Finn, e se está pensando nele quando está comigo, sua expressão é de culpa.


Rachel olhou pra baixo. Ela tinha razão. Quinn sabia lê– la muito bem, e seria quase estranho, no entanto Rachel conseguia sentir como Quinn estava. Talvez fosse sobrenatural, ou o fato de que as duas conversavam silenciosamente quando eram obrigadas a ficar na companhia da outra.


E naquele momento, Rachel sentiu que Quinn tinha ficado triste.


—Me desculpa – foi tudo que Rachel conseguiu dizer.


—Tudo bem –Quinn apoiou os braços ao redor de Rachel e baixou a cabeça. –É normal, ainda é cedo pra você.


—Já faz um mês... – murmurou sentindo– se terrivelmente culpada.


—Você o amava –constatou Quinn dando um sorriso amargo. –E honestamente eu não me importaria com qualquer outra mulher que eu transasse, mas meu ego está ferido por minha esposa estar pensando em outra pessoa quando está comigo.


—Não deve ser muito recorrente pra você – brincou Rachel erguendo o queixo de Quinn.


As duas se entreolharam.


— Foi um bom momento –disse Quinn por fim.


—Foi –lamentou Rachel. –Nós podemos...


—Não estou no clima, Rach –Quinn tirou a mão dela de seu ombro.


—Sra. Fabray – Sra. Flowers surgiu na sala. –Perdão por interrompe– la.


Rachel saltou e estava prestes a se esconder debaixo da mesa. Quinn e a Sra. Flowers encararam Rachel com confusão. Rachel deu um sorriso embaraçado. Não era necessário aquela cena. Ela não estava com Finn, não tinha nada a esconder.


Quinn era sua esposa e estava casa dela.


Na casa delas.


—Santana Lopez está lhe aguardando na sala de reuniões – anunciou Flowers. –Ela disse que é urgente.


—Diga a ela que estou indo –respondeu Quinn.


A mulher se retirou rapidamente. E depois que o fogo da excitação foi embora, Quinn e Rachel sentiam o ar desconfortável na sala. Rachel observava os pratos jogados no chão, a mesa desarrumada.


—Não precisa ficar nervosa quando a Sra. Flowers flagrar alguma cena intima –Quinn arrumava– se. Primeiro tentou organizar os cabelos que Rachel bagunçou, e depois foi a camisa que Rachel quase desbotou toda e nem lembrava– se direito em qual momento tinha começado.


Tinha vivido o momento mais erótico de sua vida e tinha auto sabotado pensando no ex idiota. Parabéns Rachel, pensou com ironia.


Até que a frase de Quinn atiçou um pensamento em sua cabeça um pouco mais cruel que sua vergonha.


—Diz isso porque ela flagrou você antes –notou Rachel.


Quinn já estava dirigindo– se para fora da sala e parou para escutar sua esposa.


—Rachel...


—Quer saber? –Rachel indignou– se. –Eu pelo menos penso em alguém que amava. Você ao menos difere quem está na sua cama, ou melhor, na sua mesa?


Quinn a encarou ofendida. Antes as provocações de Rachel sobre as mulheres com quem já transou não era um incomodo, e adorava provocar a morena cogitando– a adiciona– la em sua lista. Mas o que tinha acontecido naquele momento não era apenas um caso, e Rachel não era só uma amante.


Era sua esposa. Quinn não iria amá– la, mas o respeito era tudo. E Quinn queria Rachel. Era um fato.


Porém não dava para explicar tudo a Rachel naquele momento enquanto Santana estava a esperando.


—Conversamos sobre isso depois – respondeu Quinn se retirando.


Rachel bateu o pé e deu as costas, saindo do cômodo também. Não sabia o que a irritava mais, ter caído na sedução de Quinn ou saber que Quinn levava mulheres ali.


Só que se fosse a segunda a opção seria muito ruim para elas.


(...)


—Como vai a lua de mel? –perguntou Santana com um sorriso irônico nos lábios depois que Quinn a serviu um copo de whisky.


—Radiante, Santana – respondeu Quinn sentando ao seu lado.


As duas resolveram conversar no terraço, onde a visão era o terreno da frente da mansão. O jardim era lindo, Quinn havia contratado um arquiteto de Paris para decorar o jardim semelhante ao de Versalhes. E apesar de não ter a opulência do castelo mais belo da França, o estilo já era belo o suficiente para querer passar muito tempo ali.


Infelizmente trabalhava demais para tal coisa. Então era bom ter a visita de Santana para aproveitar a avista.


Apesar de que naquele momento preferia estar conversando com Rachel sobre o que ela disse mais cedo.


—Minha prima não deu um de seus famosos surtos de diva? –Quinn negou com a cabeça. –Pois saiba que são muito recorrentes. Rachel é a melhor Berry, mas não deixa de ser filha única de um casal abastardo.


—Certamente você não interrompeu minha lua de mel para me ensinar como lidar com a sua prima – Quinn encarou a amiga com dureza. Não gostava de quando Santana enrolava para dizer o que tinha para dizer.


—Tudo bem –Santana arrumou– se na cadeira, ficando ereta – Seu sogro deu um golpe no contrato.


Quinn imitou Santana e se arrumou na cadeira.


—Há uma clausula, que diz que haverá uma reunião entre advogados quando o contrato completar um ano. Onde se apresentados provas que o casamento prejudicou alguma parte poderá ser realizado a anulação, e a divisão de bens fica autorizada.


—Rachel ganha parte da Lux...


—E você não ganha nada – completou Santana. – Nem mesmo o instituto está no nome dela. Tudo pertence a Hiram.


—E ele quer parte da minha empresa –Quinn fechou os punhos.


Quinn sabia que Hiram Berry era ambicioso. Afinal praticamente vendeu a filha para ter ações na empresa Lux. A questão era que não estava o suficiente ter algumas ações, ganhar em cima do esforço de Quinn em expandir sua marca. Hiram queria metade da empresa... E ao que parece a filha de volta.


—Mas só acontece se Rachel ou você dizer que o casamento está prejudicando –Santana tentou soar esperançosa. –Faça– a feliz e terá a Lux e sua esposa.


—Como, Santana? – questionou com desespero. –Rachel e eu parecemos falar em línguas diferentes. Ela quer romance de conto de fadas, amor... Eu quero algo pratico, sem dor de cabeça.


—Isso ai é impossível no casamento – Santana deu uma risada amarga. – Não sei aconselhar como conselheira matrimonial, mas sim como sua advogada: Não acho que Rachel pode ser manipulada pelo pai para te prejudicar, mas ela não vai mentir se não quiser estar casada com você daqui um ano. Se ela quiser se ver livre de você, vai agarrar a oportunidade.


—Acha que devo contar pra ela isso? –Quinn ainda tinha o peso de ter subornado o Finn.


Santana ponderou por alguns instantes. Seria horrível esconder algo tão grande para Rachel, ainda mais quando ela era outra parte do casamento.


—Mas se eu contar e ela não me der nem chance de mostrar que esse casamento pode ser bom? –Quinn pensou em voz alta.


Santana ficou em silêncio. Lamentava a situação toda, mas Quinn tinha razão. Se contassem a Rachel ela toleraria Quinn durante um ano e na primeira oportunidade cairia fora sem olhar pra trás.


—Outro segredo que terei que esconder –murmurou Quinn.


—Será que seu casamento sobrevive a tantas, Q? – questionou Santana com preocupação.


Quinn suspirou. Teria um ano para descobrir a resposta.


(...)


Rachel estava entediada a tarde, Quinn ainda estava no escritório com Santana e como estava de folga no Instituto não tinha nada pra fazer. Então decidiu que iria conferir como eram as coisas na mansão e foi atrás da governanta.


Encontrou Sra. Flowers na copa, terminando de organizar a prataria.


—Sra. Flowes.


—Sra. Fabray –Rachel lhe deu um olhar censurado – Perdão. Rachel.


—Posso te fazer uma pergunta? –A morena sentou em uma cadeira enquanto assistia a mulher mais velha.


—Seus doces estão na dispensa –Sra. Flowers apontou para o anexo além da copa.


—Não sobre isso. Sobre Quinn. –Rachel começou a brincar com a ponta do cabelo – Como ela é?


—Achei que conhecia sua esposa –A mulher lhe deu um olhar carregado.


—Eu– eu conheço. Mas com a convivência isso pode mudar –foi a desculpa que conseguiu arrumar.


—A Sra. Fabray é muito discreta, contratada no trabalho –explicou – Também é educada e em sua maioria gosta de ser minimamente incomodada com coisas cotidianas.


—Sobre a casa, você diz?


—Sobre tudo. –Sra. Flowers fechou a gaveta e foi para os pratos – Ela não se importa se alguns de seus amigos deem festas aqui mesmo quando ela não está, por exemplo. Gosta de deixar as pessoas ao seu redor felizes.


—Entendi –assentiu Rachel lentamente.


—Acho que ela vai te fazer a mulher mais feliz do mundo –Sra. Flowers lhe deu um sorriso amoroso.


—E as outras mulheres que Quinn costuma trazer? É rotineiro?


—Não acho que devo falar sobre isso –A mulher mais velha mordeu o lábio.


—Por favor, Sra. Flowers. O casamento... –Rachel respirou fundo e corrigiu– se – Meu casamento é muito recente e não aconteceu da maneira mais usual. Só quero saber mais sobre minha esposa.


—Sim. Quinn costuma trazer algumas mulheres –O rosto da mulher expressão uma careta de reprovação.


—Algumas? Quantas?


—Não sei lhe dizer ao certo.


—Então são bastantes para contar –Rachel alisou o rosto, um pouco nervosa.


Não era um problema com quantas mulheres Quinn tinha dormido antes. O problema estava que um casamento tão visado como o delas sempre seria foco. E se  caso Rachel negasse dormir com Quinn e ela procurasse outra mulher... Como ficaria a reputação de Rachel?


E por mais que tentasse negar, sabia que seu coração também seria prejudicado.


—Mas está casada com você agora. Com certeza a ama mais que todas –Sra. Flowers foi até Rachel e apertou suas mãos


Rachel deu um sorriso falso para acalmar a mulher, mas em seu pensamento veio a frase:


Ela não pode amar ninguém.


(...)


Rachel quase saltou da cama quando Quinn abriu a porta.


Não foi tanto pela presença de Quinn, e sim por ter quase ter sido pega em flagrante. Estava vendo vídeos no youtube sobre Quinn e suas namoradas, entrevistas, reportagens. Percebeu que tinha um padrão entre elas: todas modelos da Lux, todas altas e lindas...


Totalmente diferente de Rachel.


A televisão foi rapidamente desligada e o ponto de interrogação na cara Quinn ela não tinha visto nada.


— Rachel, posso entrar? – perguntou com metade do corpo aparecendo.


— Pode. A casa é sua. – Rachel deu de ombros.


— É nossa –corrigiu Quinn com um sorriso. –Estive pensando... Que tal irmos escolher o seu cachorro?


Rachel ficou tão animada que levantou– se em um salto.


Logo as duas foram no carro de Quinn ao petshop mais próximo, que perto do endereço de Quinn, era também no shopping mais rico da cidade.


Eram guiadas por Mandy, a vendedora do local, que exibia os cachorros disponíveis para compra.


— Bem temos aqui a sessão dos cachorros de raça – disse apontando para os cachorros quietos e presos em suas caixas de viagem.


A mulher, ruiva, mostrava tudo com a atenção focada em Quinn. E de vez em quando falava encostando no braço de Quinn. Rachel observava a cena com uma expressão raivosa. Pensando que a mulher estava realmente se fazendo de desentendida se não reparou que a aliança de Quinn e de Rachel eram as mesmas.


— Todos já treinados. Darão o mínimo de trabalho a duas amigas –outra vez, Mandy apertou o braço de Quinn.


— Ela é minha esposa  – Rachel comentou segurando a mão de Quinn.


A loira lhe olhou com surpresa. Rachel estava com ciúmes?


— Nossa. Que interessante –disse Mandy com um sorriso sem graça e dando uma desculpa para se afastar delas.


— Você não consegue parar de flertar com todo mundo? –Rachel fuzilou Quinn e apertou sua mão com força.


— Eu não estava fazendo nada! –defendeu– se Quinn. –Estou apenas prestando atenção.


Rachel respondeu revirando os olhos.


— Então gostou de algum? – voltou Mandy se referindo apenas a Quinn.


— Todos parecem muito... superficiais e caro –desdenhou Rachel olhando ao redor.


Todos eram cachorros de madame, e em seu coração sentia que não era nenhum deles.


— E isso não é bom? –perguntou Mandy estranhando a observação de Rachel.


— Não é a minha cara. Cachorro tem que dar algum trabalho.


— Nós duas somos mulheres ocupadas, é bem mais prático comprar um que nos obedeça –Quinn sussurrou para a esposa.


Ela não tinha experiências com cachorros, Rachel também não. E o que desse menos trabalho possível agradaria muito a Fabray.


— É isso que estava pensando quando aceitou casar comigo? Queria comprar uma esposa que te obedeça? –Rachel sussurrou de volta.


— Como conseguiu transformar a discussão do nosso cachorro pro nosso casamento? –Quinn encarou Rachel com dureza.


As duas travaram uma batalha silenciosa até que mandy interrompeu a troca intensa de olhares fazendo um barulho com a garganta.


— Você quer que eu te mostre outros? – Mandy deu um sorriso sedutor a Quinn.


Rachel sentiu o rosto esquentar. Que mulher cara de pau!  


— Minha esposa ainda está decidindo –Quinn respondeu alisando o braço de Rachel.


—Nenhum te agradou? –insistiu Mandy desejando desesperadamente agradar Quinn.


—Não é ela que decide –Rachel respondeu com aspereza. –  Você poderia nos levar a sessão de adoção, por favor?


—A– adoção? Mas vocês duas são tão finas, não vão querer um cachorro de rua –Mandy ficou chocada com o pedido.


Nunca ninguém tinha ido a loja pedindo para ir até o setor de adoção. Pelo menos não alguém do nível delas.


—É exatamente o que queremos. Algo que não seja “controlável” –Rachel deu um sorriso provocador a Quinn.


Quinn sacudiu a cabeça, lamentando ter sido tão boazinha em permitir que Rachel tivesse aquele pedido.


As três mulheres foram a sessão dos adotados, mais abarrotada e desorganizada que a anterior, e foi ali que Rachel se encantou com as variações de cachorros que encontrava. Ia de cachorro a cachorro alisando a cabeça deles e dando atenção a cada um.


Quinn olhava a cena encantada. O coração de Rachel era tão cheio de amor que até para cachorros renegados ela dava sua atenção e seu afago.


Quinn percebeu porque a ideia de um casamento sem amor parecia tão absurda a Rachel: porque tudo que ela fazia, desde ao instituto até cumprir um acordo que mudaria sua vida inteira era por amor.


—Sua esposa é um tanto estranha pra uma mulher rica –comentou Mandy ao lado de Quinn, observando Rachel afagar as orelhas de um cachorro.


—Ela é –Quinn não conseguiu disfarçar o sorriso encantado.


—Quinn olha esse –A morena segurou o cachorro no alto. Era um filhote marrom, peludo o suficiente para parecer um urso, mas obviamente um vira– lata  – Você é uma gracinha, seu bobão.


—Hey, rapazinho –Quinn o tomou nos braços, achando lindo a cor marrom e branca do cachorro. O filhote abanava o rabo feliz, e Quinn sorria com a cena, até que sentiu um liquido em seu braço. – Caramba, ele fez xixi em mim.


—Ele é um caso engraçado. Quando fica muito feliz ele faz xixi. Aqui ninguém mais faz carinho nele, porque sabe que terá esse problema –Mandy sem disfarçar o tom de nojo.


—Que cruel. Todo mundo merece carinho – Rachel acariciou o topo da cabeça do cachorrinho.


E Quinn sabia naquele instante qual cachorro elas levariam.


—Não diga que é ele.


—Vocês dois estão tão lindos juntos –Rachel olhou para Quinn com os olhos pidões.


—Rachel.


—Esse foi o primeiro que você se animou.


—Ele irá mijar pela casa inteira.


—Podemos contratar um treinador –Insistiu. –  Quinn, ele não vai ser adotado por mais ninguém.


Quinn sabia disso. Principalmente naquele pet shop centrado a elite. Ninguém teria o coração bondoso de Rachel Berry para querer um cachorro que o ensoparia toda vez que acariciasse.


—Não acredito que vou aceitar isso –disse em voz baixa.


—Ótimo! –Rachel deu um beijo no rosto de Quinn.  – Prepare os papeis da adoção, por favor, o mijãozinho vai ter um lar.


—Raquel, não! – Ralhou Quinn quando a esposa passou a acariciar o cachorro com animação. Novamente o filhote mijou e soltou um latido alto. –  Droga.


—Sra. Fabray, preciso que assine os papeis –disse Mandy com desanimo. A mulher tinha perdido uma boa venda com o casal escolhendo um cachorro comum.


—Vá, Sra. Fabray. Eu fico com o seu cachorro –Quinn disse a Rachel. Afinal já estava toda molhada, Rachel não precisava ficar também.


—Nosso cachorro –corrigiu Rachel antes de sair em direção ao balcão da loja. ,


—Me desculpe dizer, mas você uma mulher de sorte. Sua esposa é linda – disse Mandy quando Rachel terminou de assinar os papeis.


—Sim, sou uma mulher de sorte –Rachel deu um sorriso irônico. –Talvez um dia você seja uma também se parar de ser tão atirada.


Quinn veio atrás, e juntas saíram da loja o mais rápido possível. Rachel percebeu que além de segurar o cachorrinho, Quinn estava com duas sacolas pesadas.


—O que é tudo isso?


—O que precisamos para ter um cachorro. Foi o que o vendedor me disse.


—Claramente ele te fez gastar mais do que devia. Mas pelo menos é com alguém que merece, não é, meu amorzinho? – Rachel beijou o topo da cabeça do cachorro.


—Qual será o nome?


—Que tal Eros?


—O deus do amor? – estranhou Quinn.


—É. Precisamos de um pouco de amor nas nossas vidas, não acha? –a voz de Rachel estava cheia de sarcasmo.


Quinn revirou os olhos.


—Tudo bem. Eros, então.


As duas chegaram ao carro e guardaram as coisas. Ao sentarem no banco da frente, Quinn no motorista e Rachel no passageiro. Quinn olhou para o cachorro em seu colo, que já havia mijado três vezes desde que saíram, e disse a Rachel:


—Vai precisar pega– ló na volta.


—Espere um pouco –Rachel remexeu na sua bolsa no banco de trás e encontrou sua blusa de frio.


Tirou Eros do colo de Quinn e enrolou na sua blusa. Era velha o suficiente para Rachel não sentir falta, e ficou encantada quando o cachorro pareceu sentir– se confortável o suficiente para fechar os olhinhos e passar a ressonar.


—Pronto. Assim você não molha a mamãe, né garotão? – Rachel acariciava lentamente.


—Poderia ter feito isso antes, não acha? – Quinn a olhou irritada. Estava com a camisa molhada e a calça também, enquanto Rachel estava completamente seca e arrumada.


—Não –Simplesmente falou.


O caminho de volta a manhã tinha um silencio confortável. Quinn as vezes parava pra assistir a ternura que Rachel demonstrava pelo cachorro. E via que a esposa ria como uma criança ao olhar sua pequena bola de pelo.


—Você deseja ter filhos? – perguntou Rachel quebrando o silencio.


Quinn freou com força no farol e algumas buzinas ressoaram do carro atrás. A pergunta de Rachel a pegou desprevenida.


—É muito cedo pra essa conversa, não acha? –Quinn rebateu sentindo a garganta seca.


—Não estou dizendo que iremos ter um filho. –Rachel riu da cara de espanto da mulher – Só estou puxando assunto.


—Já. Já pensei em ter um filho –respondeu Quinn por fim.


—Você pode ter? –Rachel lhe encarou com atenção. – Quero dizer, seu órgão...


—Sim, sou fértil, Rachel –O tom duro de Quinn demonstrava seu desconforto com o assunto.


—Uau. –A boca de Rachel formou um O – Não imaginei que pudesse... Mas afinal de contas é normal, certo? É igual a qualquer pênis?


—Se está tão curiosa, Rachel, é só abrir minha calça e conferir você mesma –Era pra soar como uma provocação dolorosa, mas Quinn não conseguiu disfarçar o interesse em suas palavras.


Ela realmente queria que Rachel visse, tocasse, coloca– se na boca....


—Não estou curiosa – murmurou Rachel voltando a encarar Eros.


—O que aconteceu hoje cedo...  – começou Quinn depois de alguns minutos de silencio desconfortável.


—Não vai se repetir –Rachel completou.  – Vamos ser amigas, lembra?


—Sim. Mas pensei que vamos ser amigas com benefícios.


—Não. Me recuso a ser mais uma pra sua lista de conquistas. – Sua voz mostrava sua determinação.


—É isso mesmo ou é por que ainda tem Finn na sua cabeça? – Quinn arqueou as sobrancelhas.


—Não tem nada haver com Finn. Isso é por mim.


—Se você diz – Quinn tentou disfarçar sua frustração.


Rachel observou a irritação de Quinn e queria explicar que o problema não era com Quinn, era como a maneira tinha escolhido viver, que não conseguia ter algo simplesmente casual.


—Que... – Quando Rachel iria começar a falar sentiu um liquido gosmento em sua barriga e percebeu que Eros tinha vomitado em seu vestido. – Eros! Que nojo!


—Eros, já gostei de você filhão –Quinn acariciou a cabeça do cachorro com orgulho.


O ponto positivo é que ambas concordavam ter Eros como filho. O ponto negativo é que com Rachel recusando– se a transar com Quinn quanto tempo iria demorar até que ela procurasse outra pessoa?


Era uma pergunta que nenhuma das duas se arriscava fazer em voz alto.



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Autor(a): blacksweetheart

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