Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
Rachel só tinha uma coisa em mente: ela iria matar Quinn.
Tudo bem, ela tinha pedido pra descer, mas não se abandona alguém no meio da estrada deserta, sem celular e com aqueles saltos ridículos. Rachel arrancou os sapatos e colocou na sacola que estava seu vestido manchado. Começou a caminhar, mesmo sem saber pra onde ia.
Rachel tentou pensar positivo, talvez a estrada levasse a algum ponto de ônibus. Ela trocaria aquele sapato por uma passagem, mesmo que ele valesse cinquenta passagens. E com o pensamento positivo ela caminhou, determinada a encontrar uma escapatória para sua situação.
O que ela não previa é que tudo iria piorar quando naquele momento começou uma chuva torrencial. Olhou pra si mesma, parada e descalça, com um vestido curto e perdida na droga de uma estrada que não sabia onde dava.
—Maldita Quinn Fabray! –começou a gritar a plenos pulmões. –maldita Quinn Fabray e a hora que eu me casei com ela! Maldito contrato!
E então Rachel tapou a própria boca. Estava sozinha, completamente sozinha, e era uma mulher. Não tinha como não temer por sua vida em um mundo tão injusto com mulheres, e entregar sua localização de bandeja a qualquer pessoa má intencionada que fosse era um perigo.
Foi ai que uma luz surgiu no fim do túnel no, caso dela a luz no fim da estrada.
Rachel quase deu um sorriso esperançoso. Quinn tinha voltado para salvá-la. Claro que estava errada desde o principio em deixa-la ali, mas tinha voltado...
Conforme o carro se aproximava Rachel percebeu que não era o carro de Quinn e o panico começou a surgir. Era um serial killer, um serial killer...
Em uma medida desesperada Rachel pegou seu sapato, pronta para se defender. Claro que perderia, mas iria cair lutando.
O carro parou do seu lado e o vidro desceu.
—Você vai assaltar alguém com um sapato? –questionou Lauren olhando para Rachel como se fosse louca.
—Lauren?!
—Não, Madre Teresa –Lauren revirou os olhos. –Me pediram pra resgatar uma doida que saltou de um carro pra ficar sozinha em uma estrada. Acho que deve ser você.
Rachel abriu a porta com raiva. Aquela descrição só pode ter vindo da sua "digníssima" esposa!
—Sua chefe é uma estupida -resmungou Rachel descansando no banco.
—Concordamos, Sra. Fabray – Lauren a olhou dos pés a cabeça.
Lauren respirou fundo. Quinn era uma babaca, ela sabia disso desde que a conheceu no internato. A loira maldita tinha um humor terrível e odiava ser contestada ou confrontada. Lauren já vira Quinn destruir a carreira de alguém com obstinação e mesmo que não fossem mais amigas Lauren faria de tudo para não tornar Quinn Fabray inimiga.
Porque ela sabia ser cruel.
O que foi inesperado era vê-la agir assim com Rachel. Por mais que não fosse o casamento dos sonhos para ambas ao menos acreditou que se dariam bem.
Era obvio que algo tinha acontecido aquela noite.
Lauren pegou seu casaco e jogou para Rachel. A morena aceitou de bom grado e não disse nada. Jagueri sentiu o telefone vibrar pela decima após sua saída de casa. Atendeu sem nem mesmo ver o visor, já sabendo quem era.
—Então? – perguntou Quinn com a voz aflita.
—Achei ela –Lauren respondeu frívola. –Tremendo como um pinscher e parecendo um animal atropelado na estrada.
Rachel arregalou os olhos, ofendida com a descrição.
Bem, Lauren não estava no melhor humor também. Afinal tinha sido tirada de seu sonho erótico com Camila para ir buscar a mulher de sua amiga.
—Ótimo, traga-a pra casa – Ordenou Fabray.
—Quer saber? Acho que não – Lauren respondeu com deboche.
—O que?!
—A chuva está aumentando e eu estou morrendo de sono –Lauren bocejou para confirmar sua história. –Vou parar em um restaurante que vi e depois vamos.
—Lauren... –começou Quinn.
—Ah vai se foder, Fabray, agradeça que eu vim resgatar a esposa que você deixou na rua!
Dizendo isso Lauren desligou o celular e o jogou no banco do carro. Com certeza Quinn voltaria a ligar e sua paciência com ela tinha se esgotado.
—Você não tem medo de falar com ela assim? –perguntou Rachel complemente assustada.
—Rachel, aprenda: pra lidar com Quinn você tem aprender a ser tão vadia quanto ela.
A última frase ficou no ar e as duas seguiram até o restaurante em silencio. Rachel nem mesmo ousou dizer a Lauren que não queria ir, a morena precisava de um café e um descanso de toda aquela chuva.
O restaurante estava quase vazio e as duas escolheram bancos próximos a janela. Depois de pedirem um café bem forte, Lauren relaxou no banco e fechou os olhos.
—Obrigada por ter vindo –Agradeceu Rachel. –Você já está fazendo o que Quinn devia ter feito.
—Relaxa –Lauren balançou a mão. –E outra, a Fabray não dirige na chuva. Se ela tivesse vindo seria bem mais perigoso do que tê-la deixado naquela estrada.
—Quinn é uma pessoa complicada.
—Muito complicada!
—Será que ela teria deixado Mercedes sozinha? –murmurou Rachel cheio de amargura.
—Hum, então já descobriu sobre Mercedes –Lauren olhou com atenção a mulher a sua frente, mostrando-se interessada. –Nunca achei que Quinn traria esse assunto a tona. Ela praticamente proibiu qualquer menção a esse nome.
—Não foi ela –contou Rachel.
—Ah –Lauren mordeu os lábios. –E você confrontou Quinn sobre ela?
—Sim –Rachel abaixou a cabeça.
—Dentro do carro?
Rachel concordou com a cabeça.
—Tá explicado porque ela te expulsou do carro –Lauren deu um sorriso amargo.
—Ela não me expulsou! –Rebateu Rachel. –Fui eu quem pediu pra descer...
—Então é tão burra e teimosa quanto Quinn.
—Hey!
—Se você nem estava com o celular como é que pede pra ser deixada em uma estrada sozinha? –Lauren questionou. Rachel ficou calada, pois sabia que ela tinha razão. –Você e Quinn se merecem. Se aquela pedra de gelo pudesse amar alguém com certeza seriam o par ideal.
—Por que ela acha que não poderia me amar? –Rachel encarou Lauren com seus grandes olhos castanhos.
—Isso não é uma coisa que eu queira me envolver… –Lauren coçou a nuca. Contudo era impossível ver Rachel tão aflita por uma resposta e não lhe dizer a verdade -Mas foda-se, ela fez merda primeiro.
Lauren arrumou-se no banco antes de começar:
—Bem, o que você deve saber é que Quinn teve uma vida ferrada desde cedo. Teve a morte da mãe dela e umas coisas da escola, tem o pai dela que é um escroto muitas vezes…
—Mais que o meu?
—Ninguém consegue ser mais que o seu –balançou a cabeça em reprovação –Voltando, teve umas situações que deixaram Quinn bem fechada. Até para nos tornamos amigas foi difícil. Comigo e com Santana começou com uma briga, depois cumprimos detenções e quando vimos éramos o trio do problema.
—Consigo entender o porquê.
—E até mesmo como amiga, demorou um tempo até Quinn começar a contar como se sentia. Demorou anos pra arrancar qualquer coisa boa daquela boca nojenta.
—Não fale assim dela – o instituindo defender Quinn surgiu no mesmo momento.
—Tá louquinha pra beijar aquela boca nojenta né? –Lauren provocou-a.
—Você é sempre inconveniente?
—Só com as pessoas que eu gosto. –Lauren deu uma piscada para a morena –Me deixe voltar pra história, está bem? Tá, viramos amigas, Quinn foi pra faculdade, conheceu o grupo de herdeiros babaca com quem ela vive saindo, começou a ganhar contratos para Lux… Ah sim! Chegamos no nome que te fez perder sua carona: Mercedes.
Rachel sentiu um aperto na garganta. Não conhecia Mercedes, mas só o nome dela era capaz de deixa-la irritada, mesmo que não soube explicar bem o porquê.
—Elas ficaram muito próximas. Por mais que Quinn viva andando com o grupinho dos herdeiros eu duvido que ela goste de alguém ali.
—E por que ela anda com eles?
–Sei lá, eu não sei o que se passa por aquela mente perturbada –Lauren viu Rachel abrir a boca e já disse em seguida: – E nem defenda ela nessa, ela te deixou na rua.
—Não vou defender. –Rachel ergueu as mãos –Mas então ela gostava de Mercedes…
–Gostava. Pra caramba! Nunca vi Q tão envolvida. Tudo que Mercedes queria ela comprava, tudo que Mercedes pedia ela fazia. E Mercedes era a mulher mais mimada de todas. Arrancou tanto de Quinn que até mesmo no affair antigo da Q ela fez com que terminasse -O tom de Lauren era carregado de raiva.
—Mas elas namoraram depois?
—Não. Mercedes não queria namoro, ela queria ser mimada por todos. A mesma coisa que ela fazia com Quinn, ela fazia com Sam, com Archie… Mas Quinn não via isso. Ela estava apaixonada. –Lauren esboçou um sorriso triste –E quando ela deu, deu até quase não sobrar nada Mercedes deu as costas e foi embora. Aquilo foi a gota d’agua pra Quinn. A partir dali ela prometeu que não nutriria sentimentos românticos por ninguém. Pois tem medo de ser usada com foi no passado.
—Não é justo. Ela não deveria punir ninguém pelo erro de outra pessoa. Agora ela não vai entrar em nenhum relacionamento por medo?
—Ela não tinha obrigação de estar em nenhum relacionamento antes de você. –Lauren explicou –E por mais babaca que ela tenha sido hoje, sei que está se martirizando por isso.
—Como eu posso estar com uma pessoa que não pode me amar? Que não vai nutrir sentimentos por mim?
—Hey, me escuta –Lauren segurou as mãos de Rachel –A Quinn pode não se apaixonar por você, mas isso não significa que as coisas não podem ser boas. Se puder tirar a expectativa da paixão, pode ter uma bela relação. Vai descobrir que Quinn é uma pessoa que vale a pena ter em sua vida.
—Obrigada pelos conselhos, Jagueri –Rachel deu um sorriso de agradecimento.
—De nada, Sra. Fabray –Lauren retribuiu o sorriso –Bem, como está sem dinheiro acho que eu vou ter que pagar a conta, certo?
—Exatamente.
—Você e Quinn são realmente iguaizinhas, só me dão prejuízo -Lauren suspirou alto. –Mas já que estamos aqui vamos beber pra esquecer essa confusão!
(...)
Quinn estava tão ansiosa que sua perna batia no piso de mármore furiosamente. Ela errou, errou muito. No momento que deu a largada no carro ela quis voltar, e mesmo que tivesse que jogar Rachel pelo ombro íris colocá-la naquele carro.
Mas então lembrou a forma prepotente que a morena pediu pra sair do carro. Como ela agiu como uma criança mimada quando pediu para não falarem em Mercedes. Rachel a provocou, como ninguém tinha feito, e Quinn tinha que lhe dar uma lição.
Quinn respirou mais uma vez. Sabia que Rachel pediria um Uber e talvez pela manhã elas se acertariam. Na verdade, Quinn pediria o Uber pra ela, e foi no momento que Quinn caçou seu celular pelo carro percebeu que uma carteira prateada estava no porta luvas e se ela estava ali do significava uma coisa: Rachel não tinha como chamar ninguém. E como tudo sempre pode piorar começou a cair uma chuva tremenda.
O desespero a dominou. E em um momento rápido Quinn telefonou a Lauren. Poderia ter ido buscar sua esposa, no entanto não tinha coragem em dirigir com alta velocidade. Já Lauren era piloto de fuga e chegaria duas vezes mais rápido.
E foi. Lauren avisou que a encontrou. Quinn pode respirar aliviada. Já na mansão, Quinn esperava Rachel com uma toalha e uma xícara de chá. Se ela estava na chuva seria bom secar-se. E Quinn seria a pessoa mais prestativa aos pedidos de Rachel, pois seu remorso não a abandonava.
Só que passou uma hora e ela não tinha chegado. O percurso era de meia hora, mas Quinn deu crédito à chuva. Uma hora, e ela começou a abrir e fechar a conversa com Lauren de maneira obsessiva.
E depois de três horas Quinn ligava de dez em dez minutos porque tinha certeza que Rachel convenceu Lauren de fugir com ela para uma ilha nas Bahamas.
Quinn já estava com a mão no celular para outra ligação quando escutou a porta da sala abrir e Rachel conversar com a Sra. Flowers.
—Um banho bem quentinho –murmurava Rachel cambaleando para a escada.
—Você está bem? –perguntou Quinn quase desesperada.
Apesar da aparência molhada, Rachel tinha um sorriso bobo no rosto. Quinn identificou facilmente que ela estava bêbada e iria matar Lauren por isso.
—Você decidiu que se importa? –rebateu Rachel se apoiando no corrimão da escada.
—Me des…
—Nem começa –Rachel ergueu a mão. – Eu tive um final de noite agradável, não graças a você. Me deixe dormir sem te ter na minha cabeça, por favor.
—Lauren te levou pra beber? –questionou entredentes.
—Sim. Lauren é uma boa companhia. Ao contrário de você –Alfinetou a esposa, tirando o salto.
Quinn olhou de modo suspeito pra Rachel. Será que estava tão nervosa a ponto de lhe tacar um sapato?
—Não vou fazer isso, Quinn –Rachel respondeu deduzindo o olhar amedrontado de Quinn. –Eu só queria conversar sobre isso.
—Conversamos depois –Quinn deu as costas.
—Não quero conversar depois! Quero agora!
—Chega. Não irei falar mais sobre isso.
—Quer saber? Porra nenhuma. Eu não vou mais viver em uma casa onde eu sou silenciada pelo caprichos dos outros! –Gritou ainda mais alto.
—Rachel –Quinn virou-se em um tom de alerta.
—Essa é a linguagem que você entende não é? Do conflito. Vamos, Quinn, briga comigo!
Rachel desceu a escada e bateu seus punhos no ombro de Quinn.
—Pare com isso –Quinn fechou os olhos e trincou o queixo.
—Não quer brigar comigo, não vai me confrontar. Você não está com raiva? –Rachel perguntou espantada.
—Você não está me deixando com raiva. Está me deixando com medo –Explicou Quinn segurando seus punhos.
—E acha que você também não me deixa com medo quando quer bater em Deus e no mundo? Acha que não fiquei com medo naquela droga de estrada?
Quinn ficou em silêncio. Culpa, culpa carregava seu coração. Rachel tinha razão, ela foi uma merda como esposa.
—Você me deixou lá – a voz de Rachel era partida, decepcionada e seus olhos castanhos refletia seus sentimentos.
—Você pediu –Quinn rebateu, percebendo que aquela desculpa era terrível. Não devia ter considerado as palavras de Rachel, não devia ter deixado a discussão delas irem tão longe.
—Eu estava nervosa, você não queria falar…
—Não é porque eu não confio em você, Rachel. Esse assunto não é algo que quero trazer à tona agora –Explicou Quinn
—O que você quer fazer agora? –Rachel a desafiou.
—Vou demonstrar melhor do que falar –Quinn puxou-a pelo braço e colou suas bocas.
Não tinha gentileza, nem calma. Era fogo, de ódio e de desejo, de raiva e excitação. A mão de Quinn encontrou os cabelos de Rachel e puxou com força, fazendo a morena murmurar com indignação. Rachel retomou o controle do beijo e puxou os lábio inferior de Quinn com o dente, machucando a loira por um momento
—Rachel… –Resmungou Quinn quebrando o beijo.
–Desculpa, é que eu ainda estou com raiva –Rachel deu um sorriso inocente e avançou novamente para a esposa.
–Você vai me deixar louca –Quinn respondeu erguendo o queixo enquanto a esposa beijava seu pescoço.
Quinn beijou o queixo de Rachel, e aspirou o aroma de sua pele. Continuou descendo os beijos até o começo do seio esquerdo de Rachel quando escutou uma respiração forte. Um ronco.
Rachel tinha dormido em seus braços.
Quinn a segurou, querendo rir de sua situação. Aquela noite não poderia terminar de modo mais cômico que aquele. Ela então ergueu Rachel nos braços e a levou para o andar de cima, para o quarto da morena.
Deitou-a na cama e a cobriu. Queria ter tirado sua roupa molhada, mas não achou certo.
Eros surgiu no quarto cheio de empolgação ao vê-la, mas antes que o cachorro pudesse pular em cima do corpo desfalecido da sua esposa Quinn o pegou no colo e acariciou.
—Eros, vem. Deixa sua mamãe em paz.
Quinn saiu, carregando seu cachorro para o quarto, sob protestos e latidos. De certa forma Rachel teria sua vingança pelo que Quinn fez naquela noite, pois enquanto dormia um sono profundo no quarto seria Quinn quem ficaria acordada a madrugada toda lidando com seu cachorro carente.
Será que tal ação faria Rachel perdoa-la?
Quinn torcia que sim.
(...)
—Uau, parece que alguém caiu da cama –Disse Lauren encontrando Quinn no escritório bem antes de seu horário.
Na verdade Quinn estava fugindo da situação que estava em sua casa. Depois da noite que discutiu com Rachel as coisas andaram estranhas entre elas. Quinn quis seguir o caminho onde as duas não precisariam discutir sobre o ocorrido; tudo seguiria normalmente e mais discussões seriam evitadas. O problema era que Rachel não achava que aquele era o melhor método.
Então quando Quinn a cumprimentou no dia seguinte como fazia normalmente a morena quase saltou em seu pescoço. Com um olhar frio e lábios selados Rachel saiu para o instituto e foi assim pelo resto da semana. Foi então que Quinn decidiu ir trabalhar mais cedo, evitando o olhar assassino de Rachel.
Infelizmente ela não conseguiria evitar o julgamento de Lauren.
—Ou a Sra. Fabray finalmente te expulsou de casa assim como você fez com ela? –Lauren sentou à sua frente e bebeu seu café.
—Eu não a expulsei do carro –Quinn vociferou. –Ela pediu pra descer.
—Claro, e deixa-la em uma estrada sozinha foi um ato nobre de sua parte –Lauren encenou estar comovida. –Eu tenho uma amiga tão sensata.
—Lauren eu já tenho a fúria de Rachel pra lidar, poderia ao menos me poupar de seus comentários?
—Claro que não! Foi eu quem teve que bancar o Uber e psicólogo na mesma noite. Nem mesmo recebi um “obrigada” da sua parte.
—Obrigada, Lauren, por ser a melhor amiga que eu poderia ter –Quinn lhe deu um sorriso sarcástico. –Agora seja a melhor funcionaria e vá trabalhar.
Lauren não se mexeu. Ficou em silencio por uns instantes e Quinn agradeceu por tal dadiva, até que a amiga questionou:
—Se você só me agradeceu agora, porque eu te obriguei de fazer isso, quer dizer que não pediu desculpas a Rachel pelo que fez?
Quinn a encarou com surpresa e não respondeu.
—Porra, Quinn! Eu sei que você tem as emoções de um robô, mas não é possível que tenha dado uma mancada dessa!
—Eu pensei... –Quinn engoliu seco. –Que o ideal era não falar sobre o assunto, para não aborrece-la.
—Você deixou sua mulher sozinha! –exclamou Lauren batendo na mesa. –Ela já está aborrecida. Na verdade ela está puta com você! E já se passou uma semana sem você sequer pedir desculpas pelo que fez. Ao menos está arrependida.
—Claro que estou! Me arrependi no momento que dei partida no carro.
—Ótimo, senão já te julgaria como sociopata –Lauren balançou a cabeça, incrédula. –Você é estranha, Fabray.
—O que faço? Devo pedir desculpas?
—Sim, nesse instante! –Lauren fechou o notebook da chefe. –Vá ao instituto e se ajoelhe na frente daquelas crianças se for necessário.
—Precisa disso tudo? –Quinn fez uma careta.
—Estrada. Sozinha. Com risco de ser morta por algum serial killer –Listou Lauren. – Se Rachel fosse materialista teria que comprar uma ilha pra se safar dessa.
—Eu tenho que aumentar seu salário –Quinn disse enquanto pegava suas chaves.
—Nesse ritmo eu vou ter o salário maior que o seu –Lauren deu uma piscada para amiga antes de vê-la partir.
Essas duas, Lauren pensou, vamos ver até onde conseguem fingir que não estão se apaixonado.
(...)
Rachel odiava faltar ao instituto. Por duas vezes apenas que não esteve no instituo: quando Finn sofreu um acidente de carro e ficou um dia todo cuidando dele, o mesmo teve alta no mesmo dia pois não houve ferimentos graves. E na sua lua de mel de um dia, onde permitiu-se ficar em casa já que Quinn também não fora trabalhar.
Mas naquele dia... Ela queria ter faltado.
Sua cabeça estava rodopiando, e o instituo estava uma bagunça. Todos estavam se preparando para o próximo musical e Rachel não tinha paciência alguma para cuidar de alguma coisa.
Não tinha se acertado com Quinn, e para que não brigasse com a loira pela falta de desculpas por tê-la deixado em uma estrada sozinha, ela fugia todos os dias para o trabalho.
A situação estava desgastando Rachel... Nunca pensou que um casamento pudesse mexer tanto com alguém, principalmente com ela, e principalmente um casamento falso.
Obviamente estava errada. E Rachel odiava estar errada.
—Rach –Camila apareceu com metade do corpo no vão da porta.
—Estou com dor de cabeça. Por favor, me deixe em paz –pediu choramingando.
—Você tem visita... –Camila não conseguiu terminar pois alguém empurrou-a e adentrou a sala.
Uma Marley Wilde passou pela porta, com todo o esplendor de uma modelo. Rachel piscou, surpresa.
—Rach! Estava ansiosa pelo nosso próximo encontro e por isso vim te procurar –Marley sentou-se a cadeira a frente da mesa de Rachel, com os olhos brilhando.
Rachel não soube interpretar se gostou de recebe-la. Marley tinha sido extremamente gentil na festa, mas no carro Quinn disse que as duas tiveram um envolvimento e sugeriu que Marley foi amistosa só para agradar a Fabray.
Será que Quinn estava certa? Será que Marley só tinha sido legal por que queria Quinn?
Aquilo deu embrulho ao estomago de Rachel.
–Tchau, meninos –Camilla tentava arrastar três garotos que se penduravam a porta, sorrindo como bobos para Marley.
Rachel deu um olhar censurador aos meninos e rapidamente ele saíram. Quando se tratava de ordens todos hesitavam em obedecer Camila, alguns temiam Kurt, mas todos, sem exceção, obedeciam Rachel.
Afinal ela era a pessoa com poder para destruir qualquer projeto, e até o instituto, com um estalo de dedos.
—Essas crianças… São lindas. E tem uma energia boa. –Marley deu um sorriso animado. –Deve gostar de trabalhar aqui.
–Sim, eu adoro –Rachel retribuiu o sorriso.
—Estive pensando em você… -Marley segurou a mão de Rachel.
A morena arregalou os olhos. Marley não estava flertando com ela ali, certo?
—Marley, eu sou casada...
–Não dessa maneira, bobinha! – Marley gargalhou. – Digo em sua imagem. Precisa mudar sua roupa, precisa se vestir como a esposa mais cobiçada de todas e eu tenho o nome perfeito pra isso.
Marley tirou um cartão da bolsa e entregou a Rachel.
—Blaine Anderson –Leu em voz alta. –Consultor de moda e especialista em inserir novas personalidades na alta sociedade.
—Ele me ajudou bastante. É ótimo.
—Obrigada, Marley. Direi a Quinn que me ajudou –Rachel guardou o cartão em sua gaveta.
Sabia que precisaria daquilo, mas no momento não queria pensar em fazer algo pra agradar Quinn.
E também lembrou o que disse sobre Marley, sobre que elas se envolveram…
—Mas não estou fazendo por ela –Marley explicou.
—Não?
—Ela te contou sobre nós, não foi? –Marley presumiu pela acidez de Rachel –Era só um passatempo. Eu amo Quinn como amiga, apesar que ela fode muito bem.
Rachel piscou, atordoada. Ela lembrou dos beijos que trocaram na cozinha, antes de desmaiar em seus braços. Sim, Quinn tinha seu magnetismo, no entanto ainda não tinha chegado aos finalmente para ter a certeza de que eram compatíveis a este nível.
Porém a curiosidade estava ali.
—Ainda não sabe disso? –Marley leu as expressões de dúvida no rosto de Rachel.
—Por que pergunta?
—Querida, qualquer mulher que tenha estado com Quinn não faz qualquer careta de dúvida. –Marley riu –Eu não entendo muito a relação de vocês. Mas uma coisa eu tenho que te dizer: Quinn se importa muito com você. Kitty já a provocou de tantas maneiras, mas só foi falar em você ela perdeu o controle.
—O que? –Rachel não tinha conhecimento da última parte.
—Não soube? Você foi o motivo da briga.
Rachel negou com a cabeça.
—Não, não foi por mim…
—Foi sim – insistiu Marley. –Kitty fez um comentário infeliz sobre você. Um comentário e Quinn quase quebra a cara dela. Imagina se soubesse do vinho.
Rachel perdeu a fala.
Então a raiva de Quinn por Kitty tinha sido por ela e então no carro em vez de deixa-la tranquilizar-se Rachel a pressionou ainda mais. Quinn não tinha agido certo em deixa-la, mas estava na hora de Rachel reconhecer que também tinha exagerado.
E que se Quinn devia um pedidos de desculpas, Rachel também tinha que engolir o orgulho e dar espaço para que Quinn se aproximasse.
Antes que dissessem mais alguma coisa outra batida na porta, e uma Camila eufórica entrou na sala:
—Desculpa te interromper, chefinha, mas você precisa ir a sala de instrumentos. Pode vir também, Marley, não vai querer perder isso!
Rachel estranhou a urgência na voz de Camila, no entanto a seguiu mesmo assim. Talvez algum prodígio tivesse se descoberto em um dos instrumentos e todos estavam assistindo.
Ao chegarem, Rachel percebeu vários pares de olhos encarando-a. E um monte de crianças estavam sentadas no chão, olhando encantada para a pessoa que estava sentada ao banco. Aquele terno chique, aquela pose ereta, o cabelo loiro penteado para trás...
Era Quinn no piano!
–Desculpe interromper a programação de vocês –Quinn dirigiu-se as crianças, era o horário de ensaio delas. –Mas nesta semana eu tive uma atitude feia.
—Você bateu em alguém? –sugeriu um dos meninos, encarando a mulher com animação.
—Não –Quinn riu do menino. –Eu não cuidei de alguém que prometi cuidar. E isso é feio. Então eu gostaria de me desculpar com essa pessoa. Vocês me ajudam?
—Sim! –gritaram os pequenos com empolgação.
Quinn começou as primeiras notas, Rachel percebeu que o começo foi de forma insegura, talvez porque nunca tivesse arriscado tocar aquela música no piano antes. Com os ouvidos treinados para música Rachel facilmente reconheceu aquela música. Era Sorry do Justin Bieber. As garotas tinham feito uma apresentação de dança com essa música no ano passado e Rachel aplaudiu como nunca. Ficou surpresa por Quinn conhecer aquela música, pois nunca demonstrou ser o tipo de mulher que dava chance ao pop.
A surpresa foi ainda maior quando ela começou a cantar:
Você tem que ir e ficar com raiva de toda a minha honestidade
Você sabe que eu tento, mas não sou bom com desculpas
Espero que eu não fique sem tempo, alguém pode convocar um juiz?
Porque eu só preciso de mais uma chance de ser perdoada
Na última frase Quinn dirigiu um olhar profundo a Rachel. Deixando claro que aquelas palavras era para a esposa, a desculpa que faltou naquela semana e que as afastou tanto. Rachel se mexeu desconfortável na cadeira. Não queria admitir pra si mesma que aquela atitude tinha lhe tocado tanto.
Não só por Quinn ter a coragem de expor seus sentimentos a algumas dezenas de pessoas, mesmo que a maioria nem fosse maior de idade, mas também porque ninguém antes tinha se preocupado tanto com ela a ponto de pedir desculpa por sua ação.
Eu sei que você sabe que eu cometi aqueles erros, talvez uma ou duas vezes
Quando digo uma ou duas, quero dizer talvez umas cem vezes
Então me deixe, oh, me deixe me redimir, oh, redimir, oh, esta noite
Porque eu só preciso de mais uma chance de ter uma segunda chance
Quinn parou na estrofe e olhou para as garotas empolgadas que já cantarolavam a música baixinho:
—Podem me ajudar com a próxima parte? –O sorriso encantador de Quinn convenceu as crianças e logo elas levantaram-se empolgadas.
Todas se colocaram atrás de Quinn, sorrindo de orelha a orelha, e cantaram em coro:
É, é tarde demais agora, para pedir desculpa?
Porque eu sinto falta mais do que só do seu corpo
É tarde demais para pedir desculpa?
É, eu sei que te decepcionei
É tarde demais para pedir desculpa?
Os olhos de Rachel umedeceram com a cena. Qualquer raiva de Quinn dissipava-se dando lugar a ternura daquela cena. Todos estavam tão animados e era impossível não emocionar-se quando via suas crianças tão felizes daquele jeito.
Sentiu os braços de Kurt a embalarem em um abraço, e apoiou sua cabeça no ombro do amigo. Quinn e os outros continuaram a música, e além dos olhares de Quinn a Rachel, também via a loira rir para os pequenos, juntando a voz de todos em cada verso.
Quando terminou um rompante de palmas foi realizado e Quinn levantou-se do banco e cumprimentou cada um por lhe ajudarem, também elogiando as vozes das crianças.
—Ela não é nada que eu pensei que fosse –Kurt sussurrou para Rachel. Ela nem tinha percebido que ele estava o seu lado, acariciando suas costas.
—Não, não é –Rachel respondeu secando as lagrimas.
—Tia Rach – chamou Andrew puxando sua camisa. –A sua esposa é muito legal, né?
—Sim, meu pequeno –Rachel ajoelhou para ficar do tamanho do menino e beijou sua testa. –Ela é muito legal.
—Olha, consegui até um elogio hoje –Quinn estava próxima e escutou toda a cena.
Andrew saiu correndo, tímido pela presença da mulher. Quinn arregalou os olhos e disse:
—Fiz alguma coisa errada?
—Ele é tímido com quem não conhece.
—Mas depois que tem intimidade não sabe como ficar quieto – comentou Kurt. –Foi uma linda apresentação, Quinn.
—Obrigada –Quinn deu um sorriso sem graça. –Geralmente não gosto de cantar na frente de muitas pessoas, mas este era o momento certo. Você gostou, Rach?
—Essa é minha deixa -Kurt se afastou das duas.
Quinn olhou para o chão, e depois para a esposa, evidentemente encabulada.
—Você está envergonhada? –Rachel perguntou quase espantada. Quinn não envergonhava-se por nada.
—É diferente cantar pra alguém especialista de música –Quinn coçou a nuca.
—Eu não sou especialista. E você foi ótima.
—Obrigada –Quinn deu a ela seu melhor sorriso. –E então?
—O que?
—Estou perdoada? –Quinn piscou nervosamente. Se Rachel a rejeitasse depois daquela apresentação não saberia como fazer a morena entender que sentia muito.
—Eu não deveria ter provocado –Rachel respirou fundo. –E depois ter fugido de você em casa. Eu te perdoo, se você me perdoar também.
—Ah não –Quinn negou veemente. –Vai ter que cantar pra mim se quiser meu perdão.
Rachel gargalhou enquanto transferia tapinhas no braço da esposa.
—Acha que é assim fácil? – insistiu a Fabray. –Eu venho, canto pra que você me desculpe e não vou ganhar nada em troca?
—Eu não lembro de nenhuma outra música sobre pedir desculpas agora– contou Rachel dando ombros.
—Então um beijo basta –Quinn segurou Rachel pela cintura e aproximou suas bocas.
Foi um beijo rápido, afinal a sala estava cheia de crianças, que assistindo a cena gritaram e bateram palmas com empolgação. Se tinham dúvidas que a música era para Rachel agora tinham certeza.
E Marley assistia a cena com atenção. Quinn, a poderosa e inatingível Quinn, tão rendida a opinião de Rachel a ponto de desculpar-se em público, cantando! Um sentimento de ternura a envolveu, e um pouco de temor... Até onde ia-se os sentimentos de Quinn sobre Rachel? Até que ponto a morena interferiria na vida da loira?
E será que Rachel era importante o suficiente para fazer Quinn romper com “o clube dos herdeiros?”
Autor(a): blacksweetheart
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