Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
Essa não é a hora certa para se apaixonar por mim
Amor, só estou sendo honesto
E sei que minhas mentiras não fariam você acreditar
Que estamos correndo em círculos, por isso
Marley terminava sua sessão de skincare quando Kitty chegou em casa.
Era fácil identificar a chegada de Kitty; era sempre turbulenta e com muitas ordens. Os empregados corriam agitados pela escada, para realizar as ordens de Kitty e todo o clima ficava tenso, caótico.
Marley continuou a alisar o rosto, tentando manter a calma. Será que sempre seria assim? Será que Kitty nunca melhoraria?
Ou a olharia como Quinn olhou Rachel mais cedo?
A cena ainda estava na sua cabeça. A felicidade genuína de Rachel ao ver Quinn cantando pra ela, o jeito que Quinn animou–se ao ver Rachel sorrir. No passado Marley sonhava com aquele amor, o romance de filmes, que superava qualquer coisa.
Sua realidade estava bem distante da sua fantasia…
—Como Rachel é sortuda – comentou em voz alta.
—O que disse? –Perguntou Kitty entrando no quarto.
A postura de Marley mudou, sentava agora ereta como uma arvore.
—Estava só pensando alto, meu amor.
—Pensando em que? Em formas de como gastar meu dinheiro? –Kitty riu de seu comentário.
Marley pegou seu pente e passou em suas madeixas. Apostava que Quinn não se importava com quanto Rachel gastava.
Apesar de Marley ser rica a vida toda era uma tremenda mão de vaca.
—Visitei Rachel hoje – Marley disse, apenas para ter o que conversar com Kitty.
—Que belo desperdício de tempo –Rebateu Kitty aborrecida.
—Quinn não acha –pontuou Marley. –Até mesmo cantou pra ela hoje no instituto.
—Quinn fica encantada por qualquer buceta nova que ela conhece –Kitty parou na frente de Marley e ergueu os ombros. –Logo Quinn se enjoa como aconteceu com as outras.
—Me escute, a Rachel deixou de ser uma coadjuvante na vida da Quinn –Marley levantou e encarou a esposa –Ela não tem só opinião, como é muito influente. Se continuar comprando briga com ela vai perder a amizade de Quinn e pior: vai perder o patrocínio dela.
—Essa nariguda patética! Ela nem é bonita, o que Quinn viu nela?
—Pode ser amor –Marley sugeriu. Ela tinha assistido todo o drama de Quinn com Mercedes e depois disso a loira envolvendo-se com mulheres sem nenhum sentimento, até mesmo com ela.
Mas a maneira como estava tratando Rachel deixava claro que a morena tinha uma importância na vida da Fabray.
—Amor –Kitty se aproximou da esposa, e segurou seu rosto com as duas mãos. Nos olhos de Kitty brilhavam com maldade –Marley, você nunca deixa de ser a garota idiota do Kansas?
—Você não viu o que eu vi, o jeito que Quinn a olhava –Marley explicou, mesmo sentindo-se ofendida –Só o pedido de desculpas que ela fez hoje é uma grande declaração de afeto, e quando soma tudo... Acho que Q está se apaixonando.
—Marley, minha querida Marley–Kitty alisou o lábio dela com o polegar –Gente como eu e Quinn não perdemos tempos com essas banalidades. Somos mulheres de poder porque não somos abaladas por uma coisa tola, como esses sentimentos infantis. Aposto que tudo que Quinn quer é foder com Rachel até se enjoar –Kitty deu um beijo rápido na esposa –Assim como eu fiz com você.
Dizendo isso, Kitty se afastou, procurando algo no closet. Marley continuou ali, parada, absorvendo as palavras. Kitty já não demonstrava sentimento por ela, e Marley não cobrava por isso. Mas ouvir que a esposa tinha se enjoado dela… Ainda machucava seu coração. Ainda lhe trazia uma dor que era difícil superar.
—Mas em uma coisa concordamos, Rachel tem influência sob Quinn e não quero uma questão mal resolvida com a Fabray. Mande flores e uma pequena doação ao instituto ridículo de Rachel. Isso fará a leoa se acalmar um pouco –Kitty saiu do closet e olhou para Marley com frieza. –Você entendeu?
—Entendi –Marley deu um sorriso, o sorriso que treinou durante aquele tempo com Kitty. O sorriso que fingia que tudo estava bem. –Farei isso o quanto antes, esposa.
Kitty ficou satisfeita com a resposta, e seguiu para o toalete. Marley desejou do fundo do seu coração que o casamento de Quinn e Rachel nunca ficassem assim.
Que Rachel nunca sentisse tão inferior a Quinn que odiava estar com ela… Mas que infelizmente nunca poderia abandona–lá.
(...)
Um dia depois do pedido de desculpas de Quinn, Rachel aceitou ir jantar com Quinn, no restaurante que a loira escolhesse. Quinn tinha a levado para um dos melhores restaurantes da cidade, depois de ter a certeza que Rachel ainda não o conhecia.
Além de caro era um restaurante bom. E Quinn estava louca pra mostrar que também conseguia ser atenciosa quando queria.
As duas chegaram e o concierge já reconheceu Quinn e as guiaram até a mesa de se sempre. Quinn escutava atentamente Rachel dizendo como foi seu dia enquanto caminhavam pelo lugar.
—A assinatura veio em nome das duas? –perguntou Quinn intrigada.
—Sim. Não é estranho?
Rachel lhe dizia sobre o buque de flores inusitado que recebera naquele dia. Camila levou o buque até a sala de Rachel, com empolgação, afinal a mulher era uma romântica incurável. Mas ao abrirem o cartão havia um bilhete escrito:
“Que esse buque seja o símbolo de um novo laço de amizade. Quinn não poderia ter uma esposa melhor.
Com carinho, Kitty e Marley Wilde.”
Rachel nem mesmo sabia o que fazia com aquelas trezentas rosas. Para a sorte de todos, Camila amava plantas e as levou para casa. Rachel aceitava apenas os lírios, todas as outras flores que recebeu de Quinn foram pra Camila.
E a Cabello amava. A casa dela era um verdadeiro “Santuário pra plantas”
—É só Kitty querendo concertar a merda que fez –Quinn comentou quando chegaram a mesa. –Estranho seria se ela não fizesse isso.
Quinn empurrou a cadeira para Rachel sentar e a morena riu com a atitude. Quinn nunca tinha sido tão educada e atenciosa como estava sendo, e a morena gostava de seu esforço. Quase não lembrava-se das vezes que Quinn lhe deu as costas para dar atenção aos amigos no passado, fazendo Rachel sentir-se que não era digna de sua atenção.
Agora estava ali, tendo os olhos de Quinn em si a noite toda. Um sorriso orgulhoso preencheu seu lábios.
—Por que está sorrindo? –Quinn quis saber.
—Só estou pensando – divagou. –Em como a nossa relação mudou. Que há alguns meses eu pensava que você era a pior companhia que eu era obrigada a ter, e agora, estamos jantando, só nós duas.
—Uau –Quinn tomou um gole de seu vinho.
—O que foi?
—Eu fico surpresa quanto a visão que tinha de mim–Quinn abaixou a taça. –Bem, espero que essa má impressão tenha ficado no passado.
—Você tem que admitir que não era agradável –Rachel bebeu um pouco, sentindo o clima começar a ficar desconfortável. –E honestamente suas ações recentes não tem sido as melhores.
Quinn engoliu seco. Ela estava certa, obvio. Deus nos livre de Rachel Berry não ter a última palavra. Ainda assim o orgulho de Quinn feriu-se com o comentário.
Ela queria que Rachel visse mais do que a arrogância, a ira... Droga, ela queria que sua esposa gostasse dela!
Rachel sentiu–se culpada. Sim, Quinn tinha algumas falhas notáveis, mas era claro o esforço dela em tentar concertar seus erros. Rachel deveria ser mais aberta quanto a isso, e não julgá-la.
—Desculpe – começou as duas juntas. Elas sorriram, embaraçadas, mas foi Rachel que continuou –Essa noite não é pra apontar seus erros, ou para brigarmos. Você está se esforçando, para fazer isso funcionar, nosso casamento –A palavra “casamento” ainda soava estranha em seus lábios. –E eu tenho sido a relutante... Não é justo com você.
—É difícil pra você –Quinn segurou a mão dela. –E desde o começo eu venho me convencendo disso, pra que eu deixe a situação mais confortável possível. Não tinha percebido o quanto é difícil pra mim também, lidar com os sentimentos de outra pessoa que não seja os meus. Me abrir... É um grande desafio.
—Podemos nos ajudar, em vez de nos enlouquecermos –Rachel apertou os dedos da esposa.
—Somos Rachel Berry e Quinn Fabray –Quinn deu uma piscadela. –É claro que vamos nos enlouquecer no processo.
As duas gargalharam e o pedido delas chegou. Serviram–se em silencio, saboreando a deliciosa comida do lugar. Rachel até mesmo gemia quando sentia o sabor dos pratos. Aquilo fascinava Quinn... Realmente Rachel não conseguia esconder nada do que sentia, até mesmo em relação a comida.
—Não é nenhum hot-dog do Joe –notou Quinn lembrando do primeiro encontro delas. – mas espero que esteja próximo ao seu agrado.
—Realmente não chega aos pés do podrão do Joe... Mas é um quatro estrelas – Rachel piscou para a esposa.
Voltaram a saborear. Até que Rachel finalizou, e Quinn apreciava o final de sua taça de vinho. Foi Rachel que quebrou o silencio:
—Sem querer estragar o clima –começou enrolando as pontas do cabelo; estava nervosa. Quinn ficou atenta –Marley me contou sobre o aconteceu entre você e Kitty. O porquê de vocês brigarem...
—Imaginei que a visita de Marley no instituto não fosse para conhecer o projeto –Quinn revirou os olhos.
Não que Quinn não gostasse de Marley. A esposa da Kitty fora uma adição após a formação do grupo, e seu bom humor e glamourização da vida que tinham era até charmoso. Foi por isso que Quinn a seduziu no começo e a convenceu de dormir com ela.
Kitty não se importou, ou fora isso que aparentou. Apesar de também conquistar as mulheres de Quinn, toda vez que Marley estava mais próxima de Quinn, Kitty ficava tensa.
E no passado Quinn gostava de estar no jogo perigoso, de ver até onde Kitty suportava.
Isso era antes de estar casada e não querer imaginar alguém tomando Rachel de si. Só a ideia fez Quinn estremecer de raiva.
—Mas eu queria ouvir a sua versão. Por que você me defendeu?
—Não está claro? Você é minha esposa –Quinn respondeu como se a resposta fosse óbvia.
—Ela ofendeu nosso casamento, então? –Rachel juntou as mãos em cima da mesa. –Marley não sabe qual foi a ofensa. Mas achei que Kitty nunca ofenderia a líder dos “clube dos herdeiros”.
—Kitty é uma mimada escrota. E ela não seria doida de dizer nada sobre mim, ela disse que você... – Quinn respirou fundo, controlando o aborrecimento. –Eu não vou dizer, é só um monte de merda.
—Não me surpreende Kitty dizer isso, ela fez coisa pior –Rachel revirou os olhos, tinha um vestido manchado para lembrar–se disso –Mas certamente ela já tinha me ofendido antes. Seus amigos não gostam de mim.
—Eles nunca disseram isso pra mim –Quinn murmurou.
—Não disfarce, Fabray. Eu nunca fui digna o suficiente para entrar no “clube dos herdeiros”. Puck, que não chega ser um herdeiro de fato, foi aceito entre vocês, mesmo eu sendo sua noiva e a herdeira oficial dos Berry –Rachel pontuou.
—Não é um comitê, onde votamos quem é aceito ou não. Só somos amigos, para curtir, torrar grana... Esse não é o tipo de companhia que você deseja ter.
—E você deseja? –Rachel questionou. Estava claro que Quinn não aprovava as atitudes daquelas pessoas e ainda sim considerava seus amigos, apoiava seus projetos. Rachel não entendia porque. –Posso ser franca?
—E quando você não é? –Quinn deu um sorriso sínico.
—O que te faz tão próxima dessas pessoas?
Quinn pensou alguns minutos. Poderia disfarçar, inventar alguma desculpa e convencer Rachel a não encher sobre o assunto. Era o que teria feito, com qualquer outro. Porque Quinn não via como o clube dos herdeiros poderia ser tão prejudicial. Eram elitistas? Sim. Tinham algumas ações criticáveis? Absolutamente. Mas a maioria do tempo se resumia a festas e acordo mútuo entre eles. Ajudavam as empresas um dos outros, criavam parcerias e novos negócios... Quinn podia aceitar a escrotidão que surgia disso pois também se beneficiava.
Rachel iria julgá-la por isso, afinal seu senso de honra era muito apurado. Mas Quinn não queria esconder nada, não mais. Se Rachel era tão sincera a ponto de deixar claro sua crítica quanto ao grupo, merecia uma resposta sincera.
—Eu nunca fui sociável na escola –começou Quinn servindo–se de mais vinho. Revelações sobre sua infância sempre era difícil –Tive dificuldade para entender minha condição intersexual e isso refletiu bastante em minhas interações sociais.
—Você era a excluída? –Rachel apoiou o queixo em sua mão, totalmente atenta a história.
—Era –Quinn fez careta. –E isso pendurou-se por anos. Me tornei uma brilhante aluna em matemática, depois em química já que sabia que herdaria a Lux um dia e trabalharia com maquiagem. E começou que cada escolha acadêmica que fiz foi focada em estar preparada para assumir a cadeira do meu pai um dia. Infelizmente quanto mais inteligente, mais solitária ficada. Fiquei por semanas apenas falando com meus professores na sala e com meus livros no quarto.
Quinn bebeu novamente. Odiava as lembranças daquele período.
—Então conheci Lauren e Santana – um sorriso carinhoso surgiu. –Eram doidas... e leais. Terminamos a escola interna juntas e cada uma foi para sua faculdade. Mesmo mantendo contato voltei a me sentir solitária. Meu pai não quis me transferir para a faculdade que estavam, aos olhos dele era um nível inferior ao meu e ele me queria preparada com o melhor.
—Nem imagino como deve ter ficado frustrada com isso –Rachel comentou.
—Meu pai escolhe o que é prático pra ele –a loira revirou os olhos. –Uma ótima faculdade significava que ele não me ensinaria como liderar a empresa, e pra ele era ótimo. Mas foi lá que eu conheci Sam, Archie... depois ele me apresentou ao Puck e Kitty. Nos tornamos o “clube dos herdeiros” como chama.
Rachel percebeu que não houve menção a Mercedes. Significava que sua adição ao grupo foi após a faculdade. Ou Quinn estava omitindo...
Não... Quinn estava sendo franca sobre tudo. Rachel estava disposta a acreditar eu Mercedes não participou da formação inicial.
—Sinceramente nunca gostei de Kitty, mas dos outros –Quinn deu ombros. –Os meninos são legais. Sempre fui mais próxima de Sam, até mesmo profissionalmente, as ideias dele sempre foram mais interessantes mesmo.
—Depois da faculdade você assumiu a Lux, e veio nosso contrato – Rachel organizava a linha cronológica. –Foi então que passou a se envolver nos negócios deles?
—Corretíssima, esposa –Quinn lhe piscou um olho. –Fui a primeira a ter uma carreira. E apesar da lux ter uma estabilidade, ainda não era uma sensação. Precisei de contatos, cada um me serviu bem neste quesito, então chegou uma hora que precisei retribuir.
—Então é mais do que apenas uma amizade, é uma aliança de interesses – concluiu Rachel. –Eles te usam, e você usa eles.
—Atualmente não preciso tanto deles –Quinn deu ombros. –Mas sou uma pessoa grata e é bom estar em holofote, ter um grupo leal... Considere minha pequena satisfação de adolescente já que não fui famosa na escola.
Rachel assentiu. Agora entendia a motivação de Quinn em tê-los por perto. Era uma questão de negócios, não pessoal, com exceção de Sam a quem Quinn parecia ter um apresso.
Então Rachel decidiu que não seria tão arisca com os amigos de Quinn. Precisava aceita-los, já que fazia parte da vida de Quinn e da sua. Começaria mandando agradecimento a Kitty e Marley e depois contrataria Blaine Anderson, a indicação de Marley, para ajudá-la a lidar com a alta sociedade.
Rachel percebeu que estava adaptando muita coisa para se ajustar a vida de Quinn. Perguntou a si mesma se Quinn faria o mesmo por ela.
E não teve certeza se a resposta era sim.
(...)
Era terça–feira, e Quinn estava no LuCh Pub.
Um clube famoso, e caro, frequentado apenas por membros da alta sociedade. E claro que Quinn era uma cliente prestigiada ali.
A maior parte de pertencer a alta sociedade devia–se a sua família, especificamente seu sobrenome. Algum Fabray fez muito dinheiro nos anos 20 e desde então sua família tem sido uma das mais prestigiadas dos EUA. Quase como por tradição Quinn era incluída nesses clubes, convidada em bares e colecionava bajuladores onde fosse.
Claro que ninguém sabia a realidade dos Fabrays. Como sua irmã mais velha rejeitou toda a fama para ter uma vida tranquila com Cassandra, como seu pai, Russel, afogava–se na bebida para esquecer seus erros do passado. E em como Quinn, apesar de estar sempre rodeada, sentia–se constantemente sozinha.
Apesar que depois do casamento era difícil sentir–se assim.
Rachel estava constantemente com ela. E não por obrigação, ambas começaram a gostar da presença uma da outra. Assistiam filmes, passeavam com Eros, jantavam fora…
A Berry era divertida e Quinn tirava proveito dos momentos juntos para toca-la, beija–la e muitas vezes contentava-se em ter somente Rachel em seus braços.
Na verdade era isso que gostaria de estar fazendo, mas Rachel estava ocupada aquela noite. Tinha que montar um orçamento para apresentar ao pai e isso a deixava bastante irritada.
Então lá estava Quinn, em seu velho hábito de solteira, odiando cada segundo. Era interessante como tudo mudou tão rápido.
—Uma boa filha a casa torna –Uma voz surgiu ao lado de Quinn, dando tapinhas em seu ombro.
Quinn virou–se e sorriu para o amigo. Noah Puckermann. De todos do clube, Puck era o único que não herdou nada tecnicamente. A mãe dele era irmã do pai de Rachel, e o pai de Puck era um pobre ferrado que gastou todo o dinheiro com bebida e apostas. Puck não tinha o sobrenome de peso, nem uma empresa que viria a cuidar. Ele dependia de estar nas boas graças do tio e a maioria de suas negociações tinha Quinn como fiadora.
Por isso acabava que ele era o membro que mais precisava da aprovação dela e o homem lutava muito para manter–se em boas graças.
—É bom vê–lo, Puck –Quinn deu um sorriso educado e sinalizou para a cadeira vazia em sua mesa.
Puck sentou–se. E serviu–se de um bom copo de whisky.
—Quinn. Está desaparecida, minha companheira. Minha prima está te prendendo em casa? –Puck lhe deu um sorriso sarcástico.
E o mau humor de Quinn veio na hora. Por que seus amigos continuavam a insistir em comentários infelizes sobre sua esposa?
—Por favor, não. –Alertou com a mandíbula trincada.
Puck não era Kitty, mas Quinn ainda podia acerta–ló com um bom soco antes do segurança separar.
—Calma –Puck ergueu as mãos, em rendição – Eu não sou burro como a Kitty. Ela que está te xingando pra cima e pra baixo.
—Ela que vá se foder –Quinn despejou o líquido em seu copo na boca.
—Beija minha prima com essa boca suja?
—Kitty é uma idiota e se ela estiver falando alguma coisa sobre Rachel...
—Ah, então Rachel foi a razão da briga. Fique tranquila, Kitty é idiota mas nem tanto. Você é uma acionista ativa da rede de tênis dela, não vai correr o risco de te irritar ao ponto de vender suas ações. Ela não vai atrás da sua Sra. Fabray –Puck piscou para amiga.
—Acho bom.
—Q, falando em Rachel... Sabe que ganhou ações na Berry após o casamento, certo? –Puck puxou a cadeira para mais perto.
Quinn sabia reconhecer que quando o amigo fazia isso, o assunto trataria de negócios.
—Tenho ciência disso –Quinn assentiu lentamente.
Estava no contrato e Santana tinha a avisado naquela semana. Mas Quinn não tinha interesse nenhum nas empresas do pai de Rachel, e como Rachel também não tinha, o assunto foi esquecido tanto por Quinn quanto pelo Sr. Berry que sequer a procurou para falar sobre.
Aparentemente Puck não tinha esquecido.
—E ela também tem ações como herdeira. Somadas, tem 10% de poder dentro da empresa. Andei pensando... Você poderia me deixar no encargo –Oa olhos de Puck brilharam com excitação.
Se fosse antes, se fosse apenas pelo nome de Quinn, ela não veria problema algum deixar Puck representa–lá. O amigo era bons com os negócios, apesar de ser impulsivo, e até o momento não tinha lhe trazido prejuízos altos.
Mas então pensou em Rachel, e que parte de suas ações refletiam no Instituto também. Teria que conversar com ela a respeito, ver o que ela achava...
—Não conversei com Rachel a respeito...
—Ela nunca se importou, nem deve saber que ganhou mais ações após o casamento. E além disso está preocupada demais tocando piano pra mendigo o dia todo –Puck revirou os olhos e serviu-se da bebida novamente.
Quinn não gostou de seu tom, nem do descaso dele com o Instituto. Rachel fazia um trabalho incrível. Já acreditava nisso antes, e teve sua confirmação quando a visitou.
Puck deveria ter ao menos conhecimento do que se tratava o Instituto já que quer as ações da dona.
—Se fosse o representante como cuidaria do instituto? Ajudaria Rachel? –Quinn questionou analisando–o.
—Quinn, aquele projeto é furada. Só dá mais prejuízo que lucros. Não sei como meu tio ainda não o cortou por completo. Mas você, a gênia dos negócios, poderia convencê-la a abandonar esse Titanic –Puck deu tapinhas em seu ombro novamente e a loira o respondeu com um sorriso amarelo.
Era pelo instituto que Rachel aceitou se casar, e era pelo que acreditava que segurava Rachel aquele contrato de casamento.
Mas também Puck era seu amigo e Quinn nunca tinha lhe negado nada.
De repente Quinn viu-se sem saber o que fazer, e sem saber que lado deveria agradar.
E pegou-se rindo ao perceber que pela primeira vez não iria pensar como uma CEO, mas sim como esposa ou amiga.
O casamento realmente muda tudo.
(...)
Rachel ficou surpresa quando a Sra. Flowers disse que Quinn estava em casa. Ela tinha esperado a esposa no jantar e como a loira não apareceu jantou sozinha e em silencio. Pensou em ligar, mas não queria parecer grudenta. Então antes de dormir perguntou a governanta se Quinn tinha chegado e a mulher mais velha contou que Quinn estava na academia.
Rachel sequer sabia que a mansão tinha uma academia.
Eram muitos cômodos e além de seu quarto, a sala de jantar e o jardim, nada interessava Rachel.Com as instruções da Sra. Flowers, Rachel encontrou um caminho até a academia e lá encontrou Quinn, socando um saco de areia com toda sua força.
Aparentemente Quinn adorava socar as coisas.
—Olá, Mike Tyson –Rachel brincou se apoiando na lona. –Espero que não seja minha cara que você está imaginando nesse saco de areia.
—Não é –Quinn parou o exercício e limpou o suor com o antebraço.
Rachel gostou de ver Quinn desarrumada, menos perfeita do que o usual.
Mas ainda terrivelmente sexy.
—Te esperei para jantar... –Rachel entrou no ringue, querendo estar próxima de Quinn.
—Não apareceu. Eu nem sabia que tinha uma ala de luta aqui. Acho que vou precisar que faça um mapa desse lugar.
A brincadeira não fez Quinn sorrir, nem mesmo esboçar reação. Sua esposa continuava a olhando com preocupação.
—Tudo bem, o que está te incomodando? –Rachel cruzou os braços.
—Puck e eu conversamos hoje. Sobre nossas ações na Empreiteira Berry. Após o casamento, ganhamos 10% das ações da empresa, você sabia? – começou Quinn um pouco hesitante.
—Sabia, mas as que eu tinha antes já estão sob o controle do meu pai –Rachel deu de ombros. Em sua mente não se passou outra ideia a não ser dar sua parte ao seu pai. Afinal ele sempre controlou tudo. –Não pensei como resolveria sua parte. Irá encaminhar um representante, certo?
—Sim –Quinn coçou a nuca. – E Puck se ofereceu para isso.
Quinn observou o rosto de Rachel, vendo seus sentimentos estampados em sua face. A morena apertou a boca, e seu corpo de retraiu. Era claro que a ideia de Puck falar por Quinn na empresa não a animava.
Rachel sentou no tatame e pensou um pouco, até dizer:
—Ele é seu amigo e meu pai gosta dele –Rachel listou.
—Ele não priorizara o instituto –Quinn preferiu ser direta. Não iria esconder as intenções de Puck. Rachel precisava saber em que mãos poderia ficar seu projeto.
—Ninguém lá dentro fará isso. Mas tudo bem… –A voz de Rachel era de uma pessoa cansada, de quem já não estava disposta a comprar essa briga.
—Não está tudo bem! Você é quem herdará tudo aquilo. E mesmo que não seja presidente, nomeará em seu lugar suas escolhas deveriam ser ouvidas, não silenciada! –Quinn indignou-se e segurou o rosto da esposa com as duas mãos.
Quinn brigava diariamente com os acionistas sobre as diretrizes da sua empresa. Ela não desistia até aqueles velhos acreditarem em sua palavra.
Não conseguia assistir Rachel jogar a toalha tão rápido.
—Ninguém se importa com instituto, Quinn. Meu pai ainda espera que eu desista e tenha interesse na construtora. Já aceitei isso – Rachel já tinha cansado de esperar que alguém da empresa do pai ligasse para seu projeto.
Seu pai mesmo tanto desencorajava que nunca tinha ao menos ido ao instituto. Ele liberava a verba por ela ser sua filha, e para ele, já era um tremendo esforço.
—Pois não deve. Você é incrível com tão pouco. A grandiosidade nisso já é maior do que qualquer projeto infundado do Puck. Não ignore isso, meu amor.
—Você acredita em mim – os olhos de Rachel ficaram marejados.
A emoção em seus olhos era clara que não tinha pessoas que a incentivavam com frequência.
Quinn a beijou, colocando ali sua certeza, seu sentimento de confiança.
—Mas Quinn, Puck é seu amigo –Rachel afastou–se, quebrando o beijo –Se confia que ele vai cuidar do seus interesses eu apoio sua decisão.
—Não é só minha empresa que é importante –Quinn rebateu beijando a testa da esposa –O instituto me importa também e se Noah não é capaz de cuidar dele então acharei quem é.
Rachel não soube o que dizer, no entanto seus olhos refletiriam sua emoção ao ficarem cheios d’agua.
–O que foi? –Quinn ficou preocupada.
–É que fora Kurt e Camila e os professores de lá, ninguém mais se preocupa com o instituto assim.
–O que posso dizer, fui rendida pelos pirralhos –Quinn deu ombros.
Rachel soltou uma risadinha. Porém estava obvio sua preocupação. Ela sabia que Puck não reagiria bem e não queria ser motivo de outra briga com um dos amigos de Quinn.
—Você está tão tensa, me deixe te ajudar, Rach –Quinn passou a mão pelo tronco da morena, e sentiu a tensão em suas costas.
Quinn iniciou então uma massagem no topo dos ombros dela, mantendo–a de frente pra ela. Os olhos de Quinn observavam o rosto de Rachel, a forma como aos poucos a morena curtia as caricias, a maneira que jogou sua cabeça para trás, permitindo–se ser tocada.
Normalmente Quinn não fazia mais preliminares. Porque pra ela era uma coisa intima, algo que requer tempo e atenção, e nenhuma das mulheres que se relacionou merecia isso. Ela só arrancava as roupas e enfiava, e as outras gostavam disso. Imploravam por mais.
Fazia tempo que se importava em agradar alguém, ver completamente satisfeita antes de sua satisfação.
Já Rachel... Era interessante vê–lá tão rendida, gostando de ser tocada por Quinn. Essa cena pareceria impossível há um mês; Quinn sequer imaginava que a mulher nervosinha que na época era sua noiva seria tão interessante de observar.
E agora, Quinn não conseguia tirar seus olhos dela.
A loira abaixou suas mãos até a cintura da esposa, e os apertos se intensificaram. Isso despertou o desejo de Rachel, porque a reação dela foi abrir os olhos e exibir um olhar felino. Rachel tratou de subir no colo de Quinn, e beija–la com intensidade.
Quinn tomou a iniciativa como uma evolução. Rachel buscando seu desejo sem nenhum pudor. Então a loira dedicou–se no beijo, e suas mãos pararam na bunda de Rachel. Apertou com força e Rachel gemia em sua boca.
Quinn então a deitou no tatame com delicadeza, ficando por cima dela. Rachel continuava a toca–lá, em seu cabelo, seu pescoço. A morena chegou a ser mais ousada e tocou o seio de Quinn por cima do top. Aquilo fez Quinn afastar–se.
—Quinn... –Rachel ficou envergonhada pela atitude. Talvez tenha passado o limite. –Me desculpe...
—Calada –Quinn colocou seu dedo nos lábios dela. –Sou eu quem vai te tocar hoje.
Quinn voltou a beija–lá, e então desceu para seu pescoço. Suas mãos já trabalhavam na blusa de Rachel, abrindo botão por botão.
Por debaixo da blusa revelou os seios de Rachel, dentro de um sutiã de renda preta.
—Ah, eu amo renda preta –Quinn deixou escapar apreciando por um momento.
Rachel sentiu sua bochecha esquentar um pouco. Agradeceria a Camila por ter escolhido todas as roupas que foram para a mansão, até mesmo as lingeries.
Quinn beijou o seio direito, apertando o esquerdo no processo. Lentamente abaixou o sutiã e deixou os seios de Rachel expostos.
—Você é linda, Rachel –Quinn disse apertando os dois simultaneamente.
Rachel arqueou a coluna, pedindo silenciosamente por mais. Ela queria o toque de Quinn, estava desesperada por ele. Nada se parava em sua cabeça, nem Finn, nem como nunca transou com alguém que não amasse, muito menos que no passado chegou a dizer para si mesma que nunca iria pra cama com Quinn Fabray.
Tecnicamente não era uma cama então estava isenta dessa culpa.
Quinn ficou um bom período, mordiscando, chupando e apertando os seios de Rachel. Sem pressa, com total dedicação. E então, sua mão passou a descer e chegou na barra da saia de Rachel. Aproveitando que Rachel estava inebriada, Quinn ergueu a saia até sua cintura, e encontrou a parte debaixo do conjunto de lingerie.
—Então a minha Sra. Fabray usa lingerie para transar debaixo dessa roupa tão séria –Quinn lhe deu um sorriso safado.
Rachel devolveu o sorriso e pegou–se ainda mais satisfeita por Quinn ter usado seu nome de casada.
Ela pensou em dizer para Quinn parar, para não avançarem aquela etapa. Mas pra que? Estavam casadas, afinal, e Rachel já não conseguiria fingir que não queria Quinn Fabray.
Quinn então abaixou a cabeça até as pernas já abertas de Rachel, e passou a beijar suas coxas. Rachel choramingou o nome de Quinn, enrolando sua mão nos cabelos da loira. Quinn subiu mais um pouco e cheirou a calcinha de sua esposa, já molhada de excitação. Então afastou o tecido para o lado e passou seu nariz na entrada de Rachel.
Aquele cheiro era o paraíso para ela.
Rachel era seu inferno de mulher.
Passou então a usar a língua, sugando com volúpia seu clitóris e sabendo que era boa porque Rachel segurou seus cabelos com força. Quinn usou seus dedos e passou ao redor da fenda, Rachel sussurrou seu nome. Mas naquela noite queria que Rachel gritasse seu nome.
Começou a deda–lá, e usar sua boca. Rachel gemia sem timidez, e isso incentivava Quinn. Continuou esses movimentos até ouvir Rachel dizer:
—Quinn, eu vou...
—Tudo bem, querida. Libere-se.
E foi o que Rachel fez. Seu liquido chegou a boca de Quinn, quente e para Quinn saboroso. Rachel era deliciosa, em todos os sentidos.
A morena desabou na sua frente, respirando com dificuldade. Quinn se ajoelhou na frente dela, para assistir a satisfação no rosto da esposa. Nunca tinha visto Rachel tão linda.
E o sorriso que recebeu depois... Atingiu uma parte do coração de Quinn que pensava estar morta.
Não, Quinn pensou, é só a emoção do sexo. Não é nada de sentimentos.
Após acalmar a si mesma com os pensamentos, Quinn prometeu a Rachel:
—Eu vou resolver tudo por nós. Você confia em mim?
—Eu confio –Rachel respondeu sem nenhuma excitação.
Rachel confiava. Confiava suas ações, seu corpo...
Infelizmente a única coisa que nunca poderia confiar a Quinn era seu coração. E não teve como lamentar por isso.
Autor(a): blacksweetheart
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Eu sou *a maioral dessa porra toda Rachel e Quinn tomavam café em silencio, ninguém sabia por onde começar. O que fizeram na noite anterior foi ótimo... O problema era saber como lidar com isso depois. Foi causal? Fariam de novo? Rachel não surtaria com isso? —A gente precisa conversar sobre o que fizemos ...
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