Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
Oh, você não sabe que eu
Você não sabe que eu te quero tanto
E todas as noites eu te chamo?
—Sue – cumprimentou Quinn no primeiro toque.
—Olá Fabray— A voz da mulher soou firme do outro lado da linha.
—Tem noticias?
—Bem, descobri que o assalto não foi um serviço encomendado. Então quem fez tem motivo pessoal para roubar o colar ou assustar você.
A desconfiança de Quinn então tornou-se uma certeza. Era coincidência demais que apenas Rachel fosse atacada aquela noite. Não foi algo aleatório e Quinn sabia em seu coração que não era pelo colar.
Então era por Rachel.
—Nada sobre o colar? – Quinn quis saber.
—Não foi vendido no mercado negro, nem localizado na deep web.
—E sobre Mercedes? –Aquele nome soou amargo em seus lábios.
—Continua com uma residência em Vegas e recebe presente de muitos milionários, mas nenhum encontro suspeito ou algo incriminador.
—Droga –Quinn suspirou emburrada.
—Não está sendo uma investigação fácil, deei–me um tempo— a mulher soou tensa. Pelo que conhecia de Sue sabia que ela também estava frustrada por não terem mais informações.
—Tudo bem. Obrigada, Sue.
—Adeus, Fabray—A loira desligou.
Quinn apoiou o rosto em suas mãos. Estava no escritório examinando a finalização da compra das ações do instituto. Assim que Quinn e Rachel voltaram a compra do instituto era noticia por todo lugar. Muitos prestigiando a ação de Quinn. Como se ela fosse a merda de um super-herói por fazer algo decente.
O pior era ver a diferença que passaram a tratar Rachel depois que Quinn tornou “sua chefe”. Dois convites a reuniões exclusivas foram encaminhado a Rachel e até mesmo os acionistas da Lux a procurou para propor doações.
Todos correndo para agradar Quinn, claro.
Quinn tentou não ficar frustrada. Afinal era bom que as crianças recebessem uma verba alta. O problema era que temia o quanto isso podia afetar o orgulho de Rachel.
Seu projeto, seu nome, sendo estimado apenas por estar associado ao de Quinn. Rachel sendo vista como um meio para chegar a esposa.
E agora uma ameaça velada que surgia nas sombras e que muito provavelmente queria ferir Rachel para atacar Quinn.
Como ainda podiam achar que ser casada com uma Fabray era uma benção?
Rachel adentrou no escritório de Quinn, fazendo com que os pensamentos da loira se desfizessem. Rachel estava linda.
O vestido branco, rendado, com um decote gênero mas calda que esvoaçava na cintura. Uma escolha perfeita para o evento que iria, provavelmente escolhido por Blaine.
Quinn ficou a admirando por alguns minutos.
—Pronto, Karofsky está mais que atualizado. Agora tenho que ir no encontro com as socialites como te falei. Tem certeza que não quer ir comigo? –Rachel fez beicinho.
—Eu passo. Acho que você também deveria ficar –Quinn retirou os óculos e deu um sorriso sugestivo.
—É meu primeiro evento depois da confusão com a venda do instituto. Preciso ir –Rachel insistiu mesmo derretendo–se com o sorriso da esposa. –O que achou do vestido?
—Achei que te deixou deliciosamente estonteante –Quinn lambeu os lábios. –Ainda sim gosto mais quando está sem ele.
—Pare de ser canalha, Quinn! –Rachel riu. –Preciso saber se estou me saindo bem como uma Fabray.
Aquilo fez o sorriso de Quinn morrer na hora.
—Pare com isso – pediu aborrecida. –Não precisa mudar por causa da porcaria de um nome.
—Você deveria se orgulhar, não ficar nervosa –Rachel colocou as mãos na cintura.
—Odeio pensar que quer mudar pra suprir um padrão idiota –Quinn cruzou os braços. –Você é perfeita sendo quem é.
E ser uma Fabray significa ser uma mentirosa traiçoeira, Quinn quis acrescentar. Assim como a própria Quinn, assim como pai dela... Ser uma Fabray não era o sonho que os tabloides vendiam e a mãe dela era prova disso.
—Pare de me elogiar ou então vou ceder e ficar com você –Rachel brincou. –Sabe que te acho irresistível com esses óculos.
Quinn corou com o elogio.
—Vá ao seu baile –Por mais que Quinn adoraria passar um tempo perdida no corpo de Rachel havia papeis para assinar e se Rachel não comparece–se com certeza seria mal vista pela alta sociedade –Cuide–se.
—Você já garantiu esse cuidado –Rachel inclinou–se na mesa e deu um beijo rápido em seus lábios.
Quinn viu–a indo embora e suspirou alto. O medo de que algo pudesse acontecer, como aconteceu com a mãe...
Quinn tentou focar novamente nos papeis, mas depois de um tempo não conseguiu desfazer–se daquele medo, daquele aperto no peito.
Então decidiu que era hora de sair. Se refugiar em um lugar conhecido por fazê-la perder a consciência de quem é.
(...)
Era estranho que aquele lugar já não lhe parecesse tão confortável. As garçonetes audaciosas que lhe tocavam em qualquer oportunidade, as mulheres buscando chamar sua atenção para que fosse sua companhia... No passado Quinn adorava tudo aquilo. Ela e Noah competiam sobre quem conseguiria mais mulheres, e Quinn era uma vencedora invicta.
Agora ninguém era tão atrativo quanto a risada de Rachel. Ninguém era tão charmoso quanto Rachel lhe dando um sorriso tímido. Era como se seu sistema fosse invadido por Rachel toda vez que olhava pra qualquer outra.
Isso era estranho. Aquela devoção... Quinn pediu seu whisky favorito e sentou na mesa de sempre. Talvez a bebida retirasse o efeito Rachel Berry de seu sistema.
Seus devaneios foram interrompidos com a chegada de alguém na sua mesa. Para sua sorte não era uma mulher. E sim seu amigo, Archie Abrams. Quinn tentou disfarçar a careta. Ao menos se fosse uma mulher seria mais fácil de dispensar.
Não que desgostasse de Archie. Depois de Sam, ele era o mais legal do clube dos herdeiros. A questão era que Quinn já não se via com eles, nem mesmo os procurou depois da última reunião. Toda aquela vida de bebedeira e desperdiçar dinheiro já não era sua vida e sabia que Archie não entenderia isso.
O homem encostou sua cadeira de rodas e lhe deu um sorriso amigável.
—Até estranhei quando me avisaram que estava aqui –Archie serviu-se do whisky de Quinn. –A fase da lua de mel já passou?
—Só estou aproveitando um tempo comigo mesma, Archie –Quinn bebeu um pouco.
—Costumava passar esse tempo conosco –Ele referiu-se ao clube dos herdeiros. –Agora não responde nossos convites, nem aparece em nossas festas.
—Está claro que Rachel não é bem–vinda no grupo. Não tenho intenção de comprometer meu casamento apenas pra agradar vocês –Quinn ergueu os ombros.
—Não te vejo tão dedicada há alguém desde...
—Pare –Quinn o interrompeu antes que dissesse o maldito nome –Não é isso que está acontecendo entre eu e Rachel.
—Bem... Soube que comprou o instituto dela – o tom de Archie foi acusatório. – Não é um investimento que você faria normalmente.
—Não fale como se soubesse o que acontece em meu casamento.
—Desculpa se pareço intrometido –Archie juntou as mãos em cima da mesa –Só temo por sua felicidade. Quando Mercedes foi embora, a situação que ficou, não gostaria que passasse por isso novamente.
—Bem, fico tranquila em dizer que Rachel não vai a lugar nenhum –Quinn virou restante do liquido na boca e depois encheu o copo novamente –E sei o que estou fazendo, Archie.
—Você já me disse isso antes – o homem rebateu.
E isso levou Quinn ao passado.
—Sei o que estou fazendo, Archie –Quinn garantiu quando contou a Archie sobre propor Mercedes em casamento quando estivessem em Aspen –Mercedes se recusa a firmar um compromisso comigo. Mas depois de ver esse anel duvido que diga não.
—É isso o que quer? Comprar o amor dela? –Archie olhou para o diamante com espanto e receio.
—Só quero que ela me escolha. Estou cansada de compartilhar, e de escolher outras pessoas quando tudo que eu quero é ela! –Quinn estava agitada; desesperada.
—O que fará quanto ao contrato com os Berrys?
—Rachel mal me olha. Aposto que ficará mais aliviada que eu em desmanchar esse compromisso. Posso arcar com a multa –Quinn ergueu os ombros.
Claro que isso arriscaria uma aliança importante e seria mal vista pela alta sociedade durante um tempo. Temeu que Rachel se rescindisse dela, apesar de todas as vezes que se viram a morena deixou bem claro que a despreza. Ainda sim um compromisso de tanto tempo pode ter gerado alguma expectativa em se tornar uma Fabray – um nome de prestigio –se é que Rachel importasse com isso.
Mas nada era mais urgente a Quinn do que Mercedes ao seu lado.
—Quinn pense melhor –Archie pediu –Seja racional. Vale a pena arriscar tudo por uma mulher que não te fez como prioridade?
—Archie eu a amo. Tenho fé que ela vai me amar também. Porque se não for ela, eu não vou amar mais ninguém –Quinn garantiu em tom de promessa.
E Archie não duvidou de nenhuma de suas palavras.
—Não posso jogar a responsabilidade do que Mercedes fez em Rachel –Quinn respirou fundo –Até o momento Rachel não fez nada pra trair minha confiança. Preciso no mínimo lhe dar o benefício da dúvida e se Rachel se mostrar como as outras... O contrato cuidará que nenhuma perca muito se der errado.
Quinn virou o liquido a boca novamente. A ideia de separar–se de Rachel... Foi mais dolorosa do que esperava.
Perigoso. Toda aquela situação... Ao que parece Rachel Berry como sua esposa tinha lhe dado fissuras para seus inimigos lhe atacarem para afeta-la, para que seus amigos desconfiasse de sua sensatez e Quinn lamentar só com o pensamento de perde-la.
Rachel estava a deixando exposta.
E Quinn não gostou nada disso.
(...)
—Foi ótimo tê-la conosco, querida. E direi a Harold sobre o instituto de sua esposa. Um projeto com Quinn Fabray é sempre bem visto –Disse Ana Todd no hall de despedida.
Aquela foi a matrona que ficou em sua mesa o jantar todo. A senhora na casa dos sessenta, com muitas joias e muito assunto. Alugou o ouvido de Rachel por três horas e conversaram sobre os mais diversos assuntos. Por sorte Rachel conseguiu encontrar uma brecha para falar sobre o Instituto e a mulher se mostrou mais que interessada depois de lembrar que o instituto agora era uma empresa de Quinn Fabray.
Rachel engoliu seco quando ouviu aquilo. Aquela frase ainda era difícil de se escutar. O projeto de Quinn, o projeto de Hiram... Nunca o dela.
Ainda sim Rachel lhe deu um grande sorriso amistoso.
—Obrigada, Ana –Rachel beijou–lhe a face. –Estou ansiosa para o próximo encontro.
A mulher mais velha despediu–se com empolgação. E assim que entrou em sua limusine Rachel pode respirar profundamente do lado de fora. Todo aquele fingimento exigiu grande parte de seu controle.
Estava orgulhosa por ter suportado e exausta.
—Projeto de Quinn Fabray? Então ela dominou seu instituto também? –As perguntas vieram nas costas de Rachel.
Rachel virou–se e encontrou Jesse St. James, com as duas mãos no bolso e vestido de forma casual. Rachel sabia que ele não estava no baile, já que era apenas para mulheres.
—O que faz aqui? –Rachel não conseguiu disfarçar a rispidez.
—Não precisa agir como se eu estivesse te perseguindo, Rach. Vim buscar minha namorada –Jesse apontou para o local com o queixo.
Rachel estranhou, já que Jesse não mencionou a namorada no baile de Antoine. Nem mesmo quando estava dizendo que era com ele que Rachel deveria se casar.
—Ela realmente te colocou uma coleira –Jesse comentou com ressentimento. Ele olhava para além dela.
Rachel seguiu seu olhar e viu Karofsky a postos. Observando os dois com seus olhos de gavião.
—Não é por você. Quinn contratou um segurança depois do baile de Antoine –Rachel explicou – Pra me deixar segura.
—Caramba, isso que é ser controladora –Jesse deu uma risada sarcástica –Parece algo que seu pai faria.
—Ela não é como meu pai. E se realmente me quer como amiga tem que parar de tentar me jogar contra ela –Rachel foi sucinta.
—Desculpa, não farei mais isso. –Jesse engoliu seco –Gostaria de pedir uma coisa.
—O que?
—Posso visitar seu instituto? Sabe que sempre fui fascinado por música, é algo que nos unia.
—Pode, claro –Rachel amoleceu com a menção a infância. Ao tempo que os dois eram apenas duas crianças copiando os shows da Broadway.
—Obrigado. –Jesse olhou para o alto da escadas, onde uma bela mulher sorriu ao vê–lo –Bem, ela chegou.
A mulher era negra, com um lindo cabelo black que esvoaçava enquanto andava. Seu vestido verde destacava o brilho de sua pele e Rachel viu–se encantada com tanta beleza.
—Vamos? –A mulher abraçou Jesse quando o alcançou. E depois olhou diretamente a Rachel –Oh, você é Rachel Berry Fabray, certo?
—Sim –Rachel confirmou com a cabeça.
—Foi o vestido dela que encomendei. Você estava divina na festa de Antoine –A mulher ofereceu sua mão –Sou Jane Hayward.
—É um prazer te conhecer –Rachel deu um sorriso brilhante.
—Jesse fala muito de você –A mulher passou a mão pelo dorso do namorado quando as duas soltaram as mãos –Confesso que antes de você se casar eu até sentia ciúmes.
—Rachel é só uma amiga muito querida. Ela está feliz em seu casamento, certo? –Jesse perguntou erguendo as sobrancelhas.
—Mais que feliz –Rachel confirmou.
—Imagino –Jane deu um sorriso fofo –Vocês são lindas juntas.
—Deveríamos marcar um jantar, que tal? – Jesse sugeriu.
—Por mim está ótimo! –Jane pareceu empolgada.
—Terei que consultar Quinn... –Rachel tinha certeza que a esposa ficaria pouco animada em encontrar Jesse.
—O instituto, o segurança... Agora pede permissão dela também? –Jesse não escondeu o aborrecimento por ver Rachel tão dócil.
—Já disse que não vou ficar no meio do joguinho de vocês! –Rebateu a morena aborrecida.
—Jesse! Rachel, perdoe a indelicadeza do meu namorado –Jane pediu.
—Me diga o dia e estaremos lá –Rachel garantiu, para não deixar Jesse pensando que Quinn a controlava. – Agora, desculpe, mas preciso ir.
—Foi um prazer te conhecer –Jane disse.
—Tchau, RB –Jesse a olhou com atenção –Te mando os detalhes do jantar.
–Tchau, JJ. –Rachel acenou com a cabeça para os dois e depois caminhou em direção ao Karofsky para irem até o carro.
—Ela é muito diferente do que imaginei quando escutava filha de Hiram Berry –Jane comentou com Jesse vendo a mulher partir.
—Esperava uma metida com ego inflado? –Jesse não retirou os olhos de Rachel.
—Exatamente.
—A esposa dela encaixa nesse perfil –Jesse deu um sorriso frio –Não a Rach. Ela é diferente de qualquer pessoa que conheci.
(...)
Rachel estava quase adormecendo no banco traseiro. Karofsky estava ao seu lado, enquanto Ryder dirigia pela estrada. O silencio agradável embalava Rachel e seus olhos fechavam lentamente.
Estava quase entrando no sono profundo quando um motor roncou atrás do carro.
—Ouviram isso? –Rachel olhou através dos vidros, mas tudo que pode flagrar foi uma luz brilhante.
— Sra. Fabray – Karofsky a empurrou para o canto no banco e se colocou entre ela e a janela –Mantenha–se abaixada.
Rachel foi inteligente o suficiente para não questionar, e viu os olhares que Ryder e Karofsky trocaram. O carro continuou a acelera-los, mesmo que não buzinasse, e Ryder tentou ir um pouco mais rápido. Ainda sim era arriscado, o lugar era montanhoso e as pistas íngremes.
O carro de trás não teve tanta paciência e assim que conseguiu uma brecha avançou para frente, obrigando Ryder a jogar o carro para escanteio com rapidez. Se Ryder não fosse habilidoso o carro teria batido. A montanha que os cercavam estava a poucos centímetros da janela de Rachel.
Ainda sim quem estava no outro carro seguiu seu caminho acelerado sem sequer importar com o que poderia ter causado.
—Que babaca! Como pode correr assim em alto estrada?! –Rachel exclamou se endireitando.
—Conseguiu ver a placa? Qual carro era? – Karofsky questionou a Ryder.
—Não senhor. Foi rápido demais –explicou Ryder com a voz tensa, segurando o volante com tanta força que seus dedos ficaram branco.
—Está tudo bem, Karofsky –Rachel tocou no braço do segurança, tentando acalma–lo –Provavelmente é só um babaca riquinho querendo brincar com o carro novo. Com sorte vai acertar algum muro e sofrer alguns cortes.
—E com azar poderia ter acertado nosso carro. –Dave a encarou com intensidade –Ou o de mais alguém.
—Tem razão –Rachel murmurou, um pouco alheia a situação.
Alheia que era a segunda vez que sua vida era colocada em perigo e que mesmo um bêbado sabe o perigo que é dirigir daquela forma em uma estrada íngreme. Quem estava no outro carro tinha a ciência de que um acidente grave poderia ter acontecido.
Um acidente com ela.
Karofsky gostaria de dizer a Rachel que a última coisa que ele queria naquele momento era ter razão.
(...)
Assim que chegou em casa e não encontrou Quinn, Rachel estranhou. A loira não disse nada sobre sair. Mas provavelmente ficou entediada pela demora de Rachel em retornar pra casa.
Rachel decidiu colocar uma serie em dia enquanto esperava a mulher.
Era quase meia noite quando a porta se abriu e um baque foi ouvido.
Quando Rachel chegou no hall Quinn estava sentada no chão.
—Quinn? –Rachel foi até a esposa e a ajudou levantar.
—Rach –Quinn cantarolou o nome dela e tocou no rosto da mulher com carinho –Desculpa, eu sai pra beber com Archie. Acho que me embolei.
—Quis dizer empolguei? –Rachel riu da expressão boba da loira –Vem, eu te levo lá pra cima.
—Minha sexy e deliciosa esposa. Eu amo o seu cheiro. –Quinn enterrou o rosto na curva do pescoço de Rachel e inspirou com força.
—Quando não está bêbada como um gambá eu também amo o seu –Rachel murmurou jogando o braço de Quinn em seu ombro e a guiando pela cintura.
Foi uma batalha levar Quinn para o banheiro sem que a loira conseguisse arrancar suas roupas. Quinn era terrivelmente habilidosa em despir uma mulher, mesmo que estivesse tão bêbada que mal conseguia andar.
Quinn ficou mais empolgada quando Rachel começou a tirar sua roupa. Pensou que iriam tomar banho juntas.
Rachel estava perto de negar quando Sra. Martha apareceu no cômodo.
—Sra. Fabray –a mulher lhe deu um olhar de desculpas –Há uma visita que deseja falar com sua esposa.
—Ela não vai! –Quinn abraçou a esposa com força e fez cara emburrada.
—Não dá pra pedir pra vir outra hora? –Rachel murmurou tentando afrouxar o aperto de Quinn.
—Sim, farei isso –a governanta assentiu.
Mas Rachel pensou melhor. Talvez fosse algum acionista importante, ou algum advogado da transição do instituto. Apesar de ser tarde Quinn acumulou muito trabalho no final de semana – mesmo que tenha sido uma viagem rápida. E se a pessoa se dispôs a ir ali devia ser importante.
—Não espere. Eu falo com a pessoa –Rachel tentou novamente soltar-se de Quinn.
—Não vou deixar você ir embora –Quinn resmungou como uma criança.
Meu Deus, aquela era a mulher que fazia seus funcionários tremerem?
—Se você não me deixar ir eu não durmo com você hoje –Rachel ameaçou.
No mesmo instante Quinn a largou, com os olhos tão arregalados que até Martha pareceu comovida.
—Não diz isso –Pediu chorosa.
Rachel estranhou tal reação. Por que aquilo parecia ser mais importante do que devia?
—Fique tranquila, Sra. –Martha tocou o ombro de Rachel e deu um sorriso acalentador –Já cuidei muito dela em estados assim. Pode ir tranquila.
—Obrigada –Rachel deixou um beijo na bochecha da mulher e foi para baixo.
Não conseguiu disfarçar o choque ao encontrar seu primo sentado no mini bar de Quinn.
—Noah –Rachel ofereceu sua mão
—Oi Rach –O homem retribuiu com excitação. Da última vez que se falaram ele havia sido rude e acusou Rachel de conspirar contra ele –Quinn está?
—Ela está ocupada. Volte outra hora –Rachel deu as costas.
—Espere –Ele se levantou –Posso conversar com você?
—Comigo? –Rachel não disfarçou a careta.
—Por favor –Ele realmente parecia transtornado.
Isso aguçou a atenção de Rachel. E só por isso decidiu sentar ao lado de Noah e ouvir o que ele tinha a dizer.
—A vovó não está feliz com o seu pai –O homem começou, servindo–se com uma das bebidas expostas. Ao que parecia ele conhecia muito bem a casa. –Até mesmo ameaçou afasta–lo.
—Por que? –Rachel ficou assustada. O cargo de Hiram nunca tinha sido ameaçado antes.
—Porque teme que Quinn não tenha aprovado o que ele fez com seu instituto –Puck decidiu deixar de fora a informação da ameaça. Para saber o que Rachel pensa sobre o assunto.
—Quinn não retaliaria minha família por isso –Rachel negou com a cabeça. –Claro que não ficou feliz com o que meu pai fez. Mas se fosse fazer algo contra os Berrys teria me contado.
—E você teria deixado?
—Não! –Negou com veemência. –A empresa não é só meu pai. Envolve muitas pessoas, funcionários que trabalham lá há anos. Não merecem sofrer por uma briga estupida.
—Hiram não se preocupa com eles –Puck falou com ênfase. –E por isso andei pensando... Se você apertasse vovó, fingisse que está pronta para manchar o nome da família... Então afastariam Hiram e o resto de nós arrumaríamos as coisas.
Rachel gelou. Seu pai sempre comentava nos jantares que todo Berry queria a liderança da empresa, não importava qual era o preço. Apesar de se reunirem em jantares, em compartilharem viagens e gargalhadas, era uma competição constante para decidir quem era o melhor. Quem era o líder.
E por Hiram ser implacável e não ter medo das consequências assim que o vovô Berry morreu ele conquistou o título de líder.
Agora Noah estava sedento para tirar o título dele. Usando Rachel para isso.
—Eu não vou participar de uma trama pra derrubar meu pai –A voz de Rachel foi cortante. Sem nenhuma dúvida.
—Mesmo depois do que ele fez com seu instituto? –Puck ficou indignado com sua recusa.
—Exatamente por isso –Rebateu aborrecida. Noah nunca se importou com o instituto, mas estava pronto pra usá-lo em seu favor –Se fizesse isso eu seria exatamente como ele.
—Talvez seja o que ele mereça. –Puck ergueu os ombros –O cara te prendeu a vida toda, comprou seu namorado, te vendeu em um contrato –Rachel engoliu seco. Fazia tempo que não encarava o casamento assim. Noah continuou depois de ver seu incomodo: –Depois de tudo ainda deixou seu projeto à deriva. Não o deia nenhum pouco?
—Não Noah, eu não o odeio –Rachel foi sincera –E não entendo porque ele faz o que faz.
—Porque ele quer poder!
—Assim como você! Assim como qualquer membro dessa família toxica e disfuncional –As bochechas dela esquentaram –Você mesmo é assim. Nunca tivemos uma conversa decente até que eu me casei com sua amiga e agora sou uma pessoa de interesse. Eu não quero ser uma Berry, não se significa tramar a queda de quem mesmo com suas falhas me criou.
—Ele não pensa assim sobre você –Puck a olhou com tristeza. Era triste a forma como Rachel se importava quando claramente Hiram não.
—Ele não é o monstro que todos pensam –Rachel sentiu as lagrimas chegarem aos olhos. A magoa era presente, assim como as memorias do pai que costumava ter antes dele vê–la como uma arma para suas conquistas –Sei o que ele fez. Mais do que qualquer um. Ainda sim tem momentos em minha cabeça, momentos de um pai que amava a filha com devoção. Que brincava comigo, me contava histórias... Não posso trair alguém que já foi tão gentil comigo.
—E essa será sua sina, cara prima. A bondade que transborda em você não pode ser encontrada em Hiram.
—Mas pode ser encontrada em você – Rachel segurou a mão dele –Noah, não cometa os erros de nossos pais. Não perpetue esse ciclo de ódio e traição.
Puck nunca prestou muita atenção em Rachel. Suas irmãs eram fúteis e irritantes, Santana era uma cadela egoísta e manipuladora, agora a prima mais nova dos Berrys era uma coisinha protegida e insignificante para ele. Desdenhou quando ela escolheu construir um instituto aos dezoito anos e riu quando a venderam justo para Quinn Fabray.
Talvez ele tenha a subestimado a vida toda. Rachel foi forte o suficiente para fazer seu projeto sobreviver mesmo com a falta de verba e os boicotes do pai. Ela não se envolveu em nenhuma polemica ao contrário do resto da família e agora Quinn estava tão rendida a ela que se indispôs com a família dele, com ele, para defender sua esposa.
Rachel era maior do que ele podia entender. Maior do que Hiram sequer um dia perceberia.
—Foi bom falar com você, prima –Puck foi franco em suas palavras.
Rachel o fez levantar e então o abraçou com força. Os Berrys eram horrendos e Rachel se irritava quase sempre com o jeito mesquinho deles. Mas eles eram sua família e ela amava a cada um. Puck retribuiu o abraço, apertando–a em seus braços músculos.
—Puck? Por que está com os braços em volta da minha mulher? –A voz desafiadora de Quinn chamou atenção deles.
De cabelo molhado e de roupão, Quinn não parecia nada com a bêbada manhosa de meia hora atrás.
—Ele só está fazendo uma visita rápida, certo Noah? –Rachel deu alguns rapinhas em seu peitoral.
—Sim. Estava de passagem e resolvi dizer um oi –Puck deu um sorriso tímido a amiga.
Nunca vira Quinn o olhar com tanta frieza. Ele temeu que Rachel tivesse contado sua ameaça velada na reunião de família.
—Já disse –Quinn deu passos largos e puxou Rachel de perto de Noah –Agora vá embora. Não aguento mais um membro do clube hoje.
—Com quem você estava? –Puck se ressentiu de Quinn estar com um membro do clube e sequer cogitar em chama–lo.
—Archie –Quinn respondeu apertando Rachel.
Então ficou claro qual era a situação. Quinn estava com ciúmes da esposa. O homem segurou–se para não rir.
—Por isso o cheio de Whisky –Ele brincou.
—Vamos, era pra você estar na cama –Rachel mandou arrumando os cabelos molhados da esposa.
—Não consigo dormir se você não estiver nela –A maneira intensa que Quinn encarou Rachel fez até mesmo Noah ter certeza que cada palavra era verdade.
—Que desculpa mais esfarrapada. –Rachel revirou os olhos. Depois olhou para o primo e apontou –Pense no que eu disse, Noah.
—Tchau, Puck –Quinn mal deu um aceno antes de agarrar a esposa por trás e começar a guia–la para escada.
—Posso chupar você antes de dormirmos? –Quinn perguntou em voz alta.
Mesmo que não pudesse vê-la, Puck sabia que Rachel estaria vermelha como um pimentão. A prima não era tão descarada quanto Quinn Fabray.
—Quinn! –O barulho de um tapa alto soou por toda casa –Você vai chupar o próprio dedo enquanto fica trancada no quarto.
—Não seja malvada, Rachieeeee –Quinn choramingou.
Puck ficou abismado. Aquelas duas realmente se davam melhor que ele poderia apostar. E Quinn parecia a vontade com Rachel.
Ele percebeu que se enganara. Rachel não era só um encanto passageiro de Quinn. Era importante.
E se ele quisesse estar na vida de Quinn teria que tratar Rachel com a devida importância também.
(...)
Noah foi até o clube de sempre depois de sair da casa de Quinn.
Bebendo, sozinho, Noah refletia sobre a família Berry e que talvez Santana e Rachel nunca estiveram erradas em se distanciar.
—Ora, ora, é algo surpreendente flagrar um membro do clube dos herdeiros sozinho –Jesse St. James sugiu ao seu lado, tirando–o de seus pensamentos.
—Soube que Quinn afrouxou sua coleira e você voltou pra cá –Puck sorriu com sarcasmo –Deixa eu adivinhar, minha prima agiu em seu favor?
—Ela sequer sabia que eu trabalhava pra Quinn –Jesse suspirou, frustrado.
—Bom pra Rachel esquecer que você existe –Puck não gostava de Jesse St. James. Nem mesmo quando era apenas um garoto bobão que seguia a prima por todo canto.
Depois que tornou–se adulto se tornou mais odiável possível.
—Acha mesmo que sua prima está segura casada com alguém como Quinn Fabray?
—Rachel nunca esteve segura, com ou sem Quinn. Mas por que isso te importa?
—Gosto da sua prima –A frase de Jesse foi carregada de sentimento.
—Seja esperto e vá atrás de outra. Não vai arrumar nada ali.
—Por que? Acha que não estou à altura de competir com Quinn?
—Acho que Rachel está apaixonada por Quinn, e Quinn por ela. –Puck explicou despejando o restante do liquido na boca –Vai acabar de coração partido e desempregado se mexer com a mulher de Quinn.
—Desafio aceito, caro Noah Puckmann –O sorriso de Jesse era ferino.
Uma guerra, Puck pensou, uma guerra se formaria entre Jesse e Quinn e o premio era Rachel Berry.
Autor(a): blacksweetheart
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Me puxe para fora do desastre —Vai me dizer o que quer ou só vai me assistir a noite toda? –Rachel questionou quando se passou dez minutos e Quinn continuava parada na sua porta. A rotina delas estava uma loucura. Depois que Quinn se tornou dona, o Instituto Berry passou a receber atenção e muita doação. Tanta doa&cced ...
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