Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
Quando nós veremos o final?
Dos dias, que sangramos pelo que precisamos
Para perdoar, esquecer, seguir em frente
Naquela noite, Rachel não conseguiu pregar os olhos depois da briga que teve com Quinn.
Quando assinou o papel do contrato, presumiu que se o casamento realmente acontecesse choraria todas as noites na mansão Fabray. Afinal ela nunca tinha saído de casa, e até onde sabia Quinn era horrível. Imaginava que não teria paz, que aquele lugar nunca seria seu lar... Imaginava uma vida triste e cruel, pois julgava que Quinn tornaria sua vida assim.
Ficou surpresa por perceber que foi o contrário. Que apesar de não ter jurado amor, Quinn era leal, companheira, amante e amiga. As duas eram sinceras com a outra, doa a quem doer, e isso era mais que os seus pais tinham em vinte cinco anos de casamento.
E agora tudo parecia estar perdido... E a culpa era dela.
Quando Quinn subiu depois da discussão, Rachel decidiu que seria melhor deixa–la relaxar um pouco. A loira reagia mal a ser colocada pela parede e Rachel não aguentava mais brigas. Queriam que resolvessem. Por isso esperou na sala até o momento certo.
Esperou e esperou. Até que perto do amanhecer acabou adormecendo no sofá. Alguém –provavelmente Martha – a cobriu enquanto dormia. Logo que amanheceu sentiu a claridade invadindo as vidraças, tornando impossível continuar a dormir.
No momento que abriu os olhos foi até o quarto de Quinn para procura–la.
Odiava sentir aquela angustia. Finn sempre era claro onde estaria. Vivia mandando fotos dos lugares e de coisas que ela iria gostar. As vezes até reclamava o quanto o homem era exposto. Poderia ser perigoso, insistia em dizer. Mas Finn gostava de se expor e no fundo era uma segurança para Rachel saber que ele não escondia nada –ou pelo menos era assim que ela pensava.
Já Quinn era completamente evasiva. As duas se falavam durante o dia caso fosse necessário avisar a outra sobre qualquer compromisso, mas Quinn não ligava ou ficava enviando mensagens.
Até então não tinha incomodado Rachel. Mas sair depois da briga que elas tiveram era no mínimo suspeito. E tratando de Quinn Fabray a suspeita poderia muito bem se tornar um fato.
—Ela avisou onde ia? –Rachel perguntou a Martha, tentando não soar preocupada.
—Não, senhora –Martha a olhou com pena. –Acredito que tenha surgido uma emergência
Se não conseguia dormir sozinha, e Rachel não era uma opção, talvez tenha ido procurar conforto nos braços de alguém...
Só a ideia fazia Rachel estremecer de ódio. E seu coração apertar dentro do peito.
Quinn não seria capaz... Ou seria?
A pergunta rondou Rachel até que ouviu Martha recepcionando alguém na entrada principal. Quando ouviu a voz mandona de Quinn um suspiro aliviado fugiu dos lábios de Rachel. Agora que sabia que ela estava bem, restava tirar a dúvida de onde e com quem ela estava.
Eros desistiu de entretê-la assim que Quinn adentrou a cozinha. O pequeno traidor foi direto na loira mordiscando a canela em busca da atenção. Quinn o acariciou por um tempo.
—Sentiu falta de mim essa noite, garotão? –Quinn acariciou a barriga do cachorro.
Eu senti, Rachel teve vontade de dizer.
Porém não conseguiu dizer nada. Procurou alguma evidencia que delatasse Quinn; chupões pelo corpo, cabelo desgrenhado, olhos carregando culpa.
Mas sua esposa transparecia um olhar preocupado, olheiras abaixo dos olhos e pasta na mão.
—Já está acordada –Quinn comentou sentando a frente de Rachel e bebericando a xicara de café.
—Não consegui dormir –Rachel revelou.
Quinn assentiu em silencio.
—Vai me fazer perguntar? –Rachel mordeu o lábio inferior com ansiedade.
—O que? –Quinn franziu o cenho.
—Onde você esteve? –Rachel sequer pode reconhecer o grunhido de sua própria garganta.
Mas a raiva e ansiedade era tanta que não conseguia conter.
—Na empresa –Quinn a analisou. Percebeu que os ombros de Rachel relaxaram com sua resposta. –Honestamente Rachel essa sua falta de confiança em mim está começando a me irritar.
—Eu confio em você...
—Cogitando que eu estava a traindo só por que brigamos? –Quinn deu um sorriso sarcástico. –Se eu nem cogitei procurar uma amante enquanto não dormíamos juntas porque faria isso agora?
Rachel abaixou a cabeça, completamente envergonhada.
—Desculpa – pediu baixinho.
—Está tudo bem –Quinn suspirou alto. Mesmo que seu coração estivesse magoado pela desconfiança da esposa sabia que devido a ser quem era uma atitude de traição era esperada.
—O que te fez ficar a noite toda lá? –Rachel bebericou seu chá para disfarçar o nervosismo.
—Os sistemas da filial de New York foram invadidos –Quinn soltou um suspiro longo; cansado. A noite foi cheia de discussões e acionistas desesperados –Fui avisada antes de me deitar –No momento que iria até você, Quinn acrescentou mentalmente.
—Meu Deus, o que eles roubaram? –Rachel estava perplexa.
—Só alguns projetos de lançamento –Quinn deu ombros, mas a pequena parte que perderam fez a Lux sair em prejuízo de quinhentos mil dólares. –Terei que ir pra New York hoje. Acalmar os ânimos, conversar com o pessoal da segurança de dados.
—A filial de New York? –Rachel lembrou da história sobre Terry. De que Quinn nunca mais foi ao prédio depois do que Terry fez. –Quer que eu vá com você?
—Melhor não –A loira terminou seu café –Prefiro que fique aqui. Segura.
—Se está com tanto medo assim deveria me levar com você. Poderíamos ir a Broadway –Rachel colocou sua mão sob a dela, um pouco temerosa.
Não estavam bem. Não tinha como aceitar tudo que Quinn disse a ela tão facilmente. Precisavam de uma conversa seria, como adultas, como um casal.
Mas não conseguia imaginar o que custaria a Quinn viver um trauma tão grande sozinha. E apesar de fingir que essa confusão não a afetava a opacidade de seus olhos demonstrava o oposto. Seu trabalho era tão importante quanto o Instituto a Rachel.
Rachel a ajudaria, acima de qualquer briga.
—Na próxima vez –Quinn sorriu com tristeza. Queria tanto dizer sim... Mas um ataque a sua empresa, depois do que aconteceu com rachel. Algo perigoso a cercava e Quinn não queria arrasta–la para o perigo desconhecido – Só cuide do Eros, tudo bem?
—Ok –Rachel retirou sua mão.
Quinn queria ter tempo para conversar, melhorar tudo. Sentia falta da Rachel brincalhona, das conversas depois do sexo. E do sexo... Deus, como sentia falta de entrar em Rachel.
—Quinn… –Rachel a olhava com seus olhos pidões, preparando pra iniciar uma conversa.
Quinn não queria falar de nada agora. Não quando estava tão preocupada com a Lux que não conseguiria controlar o que iria falar. Não quando estava tão cansada por ficar três noites sem dormir que seu corpo só se mantia em pé a base da cafeína.
—Preciso ir –Quinn se levantou e quase correu pra fora da cozinha.
Outro momento. Elas conversariam em outro momento.
Isso se Rachel não se cansasse de esperar as respostas de Quinn.
(...)
Quinn olhava a sua sala em New York com assombro.
Tudo que aconteceu ali... Terry aos seus pés implorando que Quinn cassasse com ela. Fantasiando sobre um futuro que Quinn nunca quis. Chorando, xingando em alto tom para que Quinn sentisse humilhada por todos os funcionários escutarem a confusão.
Ainda sim Quinn não chamou a segurança, deixou Terry dizer o que ela queria. Não que fosse o jeito que Quinn resolvia as coisas. Se fosse qualquer outra enxotaria dali sem que escutasse duas palavras. Se Terry não carregasse seu filho certamente Quinn faria isso com ela.
Mas tudo que a Fabray queria era a segurança daquele bebe. Não era seu sonho ser mãe. Almejava levar a Lux a fama mundial, tornar as empresas um ambiente agradável ao trabalho e orgulhar o nome da família.
Sabia que no futuro teria filhos. Esperava que ela e Rachel se entendessem quanto a este proposito no casamento. Se elas se dessem bem como a maioria dos casais formados na alta sociedade não seria difícil convencê–la a gerar uma criança se garantisse que seu corpo voltaria ao que era antes, ou então uma mansão em seu nome.
Na época não pensava que os pedidos de Rachel seriam tão singelos quanto um cachorro. Nem que precisaria convence–la a deixar que Quinn a ajudasse comprando as ações do instituto.
Enfim, seus planos de ter filhos eram com a pessoa que estava destinada a ser sua esposa.
Mas foi irresponsável e assumiria a criança de Terry com todo o cuidado e atenção.
A única coisa que não aconteceria era o que Terry implorava pra ter: que elas se cassassem.
E quando Terry entendeu que não conseguiria dobrar Quinn...
Uma batida forte soou na porta. Quinn permitiu a entrada e não se surpreendeu quando Sue adentrou em sua sala.
Sue vestia um terno azul piscina, e uma camisa branca aberta. Quinn sempre gostou da moda excêntrica da detetive. Exatamente por ninguém esperar que uma detetive se vestisse de modo tão chamativo. Mas a noite Sue se camuflava como um camaleão.
Quinn demorou um dia para chegar em New York. Mais uma noite sem dormir.
—Onde está a sua esposa? –Sue sentou na cadeira a frente de Quinn.
—Em casa. Segura –Ela recebia relatório de Karofsky de hora em hora.
—É, Fabray, parece que alguém quer um pedaço da sua bunda –Sue deu um sorriso irônico.
—Prefiro que afete as empresas do que a Rachel.
—Julgando que seja o mesmo inimigo. Pode ser duas pessoas querendo acabar com você. Acumulou inimigos por ai –Sue entra a arma que usou contra muito deles.
Espalhando seus podres, pagando para funcionários entrarem em greve... Um jogo sujo que seus colegas na área certamente faziam com ela.
Ou tentavam. Sue era sua garantia de descobrir antes que algo acontecesse.
O que aumenta a suspeita de Quinn que quem quer que seja é muito esperto para ser rastreado tão facilmente.
—Está menos preocupada do que o assunto do colar –Sue notou.
—Porque perder alguns projetos não se compara a perder Rachel –Quinn soou sem emoções, mas Sue viu o vinco de preocupação em sua testa.
—Talvez seja uma mensagem. Aqui é um local importante pra você?
—É –Quinn engoliu seco. Não podia esconder as informações de Sue, mesmo que cada vez que contava essa historia era como reviver o dia repetidamente –Uma namorada minha ficou gravida. Foi aqui que ela perdeu a criança. Pedi que a investigasse há um ano e meio.
—Terry Del Monico–Sue lembrava–se de cada nome e caso –Está casada. Tem uma filha.
—Sim –Quinn ficou feliz em saber que Terry seguiu com a vida. –Ela não perderia tempo com isso. Sequer tem recursos. Já Mercedes...
Nada. Se ela está por trás disso tem agindo com muita descrição.
—O que não faz o tipo dela já que aquela ali não perde um bom show.
—Te mandarei o que descobrir.
—Obrigada, Sue.
A mulher se preparou para sair, provavelmente investigar pela empresa.
—Sue –Quinn chamou antes que ela saísse. –Quero que investigue Jesse St. James e Jane Howard.
—Jesse? Ele também foi listado no caso do colar –Sue falou pensativa. –E trabalha pra você.
—Jane é sua namorada –Quinn explicou. –E por alguma razão tentou me seduzir.
—Investigarei essa mulher–Sue assentiu e depois saiu.
Logo após a saída de Sue o aviso do crachá de Jesse apitou em seu computador. Quinn se arrumou e foi ao encontro do homem.
Não que ele fosse ajudar em qualquer coisa. Mas alguns projetos eram dele, logo o ligava ao assunto.
Além disso Quinn não queria deixa–lo em Chicago aproveitando que Quinn não estava por perto e procurando um jeito de sondar Rachel.
Assim que Quinn chegou ao piso do setor de T.I encontrou Jesse inclinado sob uma mesa, analisando a listas de projetos roubados. Oito deles já tinha sido anunciado pela concorrência. Quinn não ficou surpresa. O que a concorrência não conseguia comprar eles roubavam.
Agora tinham a vantagem que a Lux não lançou primeiro então pareceriam originais.
—Porra! –Jesse socou a mesa.
—Se está tão irritadiço acho que não foi você –Quinn deu uns tapinhas nas costas do homem.
—Serio mesmo, Fabray? –Jesse quase soltou fogo pelas narinas. O olhar que deu a Quinn era carregado de furia –Eu criei a maioria dessas campanhas. Agora todas estão com as malditas Vults, Mary Key, até aquela cria de Kardashian pegou a campanha de inverno e transformou tudo em linha de aniversário. Céus!
Quinn apenas suspirou. Campanhas pra quase seis meses. As produções já estavam em andamento. Tremeu só de imaginar o prejuízo material que teria que enfrentar.
—Precisamos adiantar a campanha de Rachel. É a única que ainda não estava nos arquivos –Jesse falou quase puxando os cabelos.
Tinha que agradecer a esposa por ter sido teimosa em não enviar o retorno a Sebastian. Sua birra salvou seu lucro bimestral. Pensaria nas cores que poderia encaixar as que Rachel escolhesse e o que sobrasse talvez usar em uma campanha menor...
—Ela ficará linda em Rouge –O pensamento acalmou Jesse e um sorriso discreto surgiu nos lábios do homem.
A situação de lucros não deixou Quinn em fúria, mas o sorriso do babaca sim. Fechou punhos pronta pra tirar o sorriso besta da cara dele.
—Quer voltar pra Europa de novo? –Ameaçou entre dentes.
—Calma. –Jesse ergueu as mãos –Não negue que sua mulher é bonita.
—Isso é um fato –Rebateu esforçando para controlar a voz –Mas é da minha esposa que está falando. Guarde seus pensamentos pra você.
Jesse assentiu com seus sentimentos contidos. Odiou ouvir “minha esposa” saindo da boca de Quinn. Odiou mais ainda não poder rebater porque ela era sua chefe.
—Bem, teremos que reforçar a segurança digital –Quinn falou observando os computadores.
—Isso significa que ficaremos um tempinho aqui –Jesse deu um sorriso sarcástico. –Vai aguentar passar um tempo longe da esposinha?
Quinn preferiu ignorar a provocação e seguiu a procurar seu chefe de TI.
Sim, pensou consigo mesma, sentirei muita saudade de Rachel.
(...)
Uma semana. Quinn já estava fora uma semana.
Rachel já estava angustiada.
Ela deve ter gostado de ficar sozinha. Talvez esteja com alguém. Talvez encontrou com Sue, ou quem sabe Mercedes...
Era difícil lidar com a insegurança. Com a ausência e principalmente com a saudade que sentia da esposa.
As palavras de Quinn não a abandonavam. Admitiu que não soube reconhecer o esforço da loira. Podia ser fechada em certos assuntos, mas Quinn sempre demonstrou atenção e carinho. Escondeu sobre seu pânico noturno, mas talvez nem a própria Quinn soubesse como lidar e não queria sobrecarregar Rachel com isso.
Tinham que ter uma conversa franca, mas era difícil com Quinn em NY, e Rachel não queria continuar sem escutar a voz da esposa.
Por isso decidiu, enquanto estava na sua cama preparando para dormir, ligar pra Quinn.
Foi até a varanda, observando o céu e as estrelas, e discou o número da loira.
—Está tudo bem?—Quinn atendeu no primeiro toque. Seu tom de voz foi desesperado.
—Sim –Rachel corou. –Estou bem. Está tudo bem.
—Que bom—Quinn suspirou aliviada. –Pensei...
—Pensou o que?
—Nada —a voz de Quinn soou mais tranquila.
—Como estão as coisas?
—Complicadas.—Quinn deu um longo suspiro. –E no instituto?
—Bem, os ensaios terminaram. Semana que vem estreia o musical –Rachel hesitou um pouco –Mesmo com a confusão você mandou o orçamento mensal.
Os olhos de Rachel brilharam ao checar o fundo do instituto e encontrar o deposito de Quinn, com uma generosa quantia a mais. Pensou que com toda a confusão, a perda ainda não calculada da Lux, o orçamento seria a última coisa que Quinn se importaria.
E Rachel entenderia se ela não enviasse o orçamento. Sequer teria coragem de lhe pedir que enviasse depois de toda a situação que estava passando.
—Nunca vou deixar de cumprir meu compromisso com o instituto –Quinn garantiu.
Um silencio desconfortável ficou entre as duas. Não estavam acostumadas em pisar em ovos uma com a outra. Também não queriam desligar.
—A lua... A lua está linda, não é? –Rachel começou a conversa, admirando a lua cheia da sacada de seu quarto.
—Sim. Eu estava a admirando também.
—Queria estar aí pra admirar com você –A voz dela ficou mais insegura que gostaria.
Tinha medo de Quinn a rejeitar. De Quinn a empurrar para longe como estava fazendo.
—O que eu mais queria era estar com você agora, Rachel.
—Vejo que sua versão Grinch foi embora –Rachel comemorou. A risada de Quinn fez o corpo dela arrepiar.
—Saiba que ninguém se atreveria a me chamar Grinch—Quinn soou brincalhona. Mais como a Quinn que Rachel gostava.
—É que você nunca teve uma esposa antes.
Antes que Quinn respondesse um latido soou no colo de Rachel. Eros, ansioso, lambia os dedos de Rachel enquanto escutava a voz de Quinn pelo telefone.
—Diz oi pra mamãe –Rachel pediu colocando no viva voz.
Eros latiu com empolgação e passou a pular no colo de Rachel.
—Meu garotão sente falta da mamãe?—Quinn soou tão emocionada que Rachel quase esqueceu que ela não queria Eros no começo.
—Não é só ele –Rachel deixou escapar.
—Então admite que já não consegue viver sem mim—Ronronou Quinn em seu tom sedutor.
—Eros choraminga a noite toda em seu quarto e então tive que aceitar que você é importante nesta casa.
Quinn gargalhou alto.
—Me pergunto como nunca ouvi ele antes? –Rachel questionou.
—Eu e ele escutávamos música no meu quarto enquanto você dormia.
—Eu tenho o sono tão pesado assim? –Rachel ficou chocada.
—Poderia dar uma festa e você nem daria conta.
—Desculpa não ter percebido antes –Rachel ficou triste. Claro que não tinha culpa de ter sono pesado, mas queria ter percebido antes. –E não diga que está tudo bem. Você tem sido atenciosa durante esses meses e eu me sinto péssima por ter deixado isso passar.
—Se te faz sentir melhor, eu perdoo você.—Quinn foi sincera –Também aprendi desde nova a esconder minhas emoções. Nem Frannie saberia me desvendar tão fácil.
—Como funciona? Você nunca dorme? –Rachel soou o mais casual possível. Não queria exigir que Quinn contasse. Mas precisava saber.
—Os remédios me ajudam a adormecer. Tem noites que fico dopada o suficiente pra não sonhar. Agora se eu tomo o medicamento há um tempo e o efeito começa a diluir os pesadelos voltam e daí surge o pânico. Por isso criei um sistema de não dormir algumas noites na semana. Como sou wookholic isso nunca me pareceu um problema.
—E se tem alguém na cama com você?
—O sentimento de estar sozinha não é tão presente. Fica mais fácil. Pode ser que eu tenha um episódio de pânico, mas pelo menos consigo adormecer sem os malditos remédios.
—Como enfrentou isso durante os anos?
—Nos internato eu já era medicada. No internato sempre tinha pessoas no quarto e tudo ficou mais fácil quando conheci Lauren e Santana. Éramos colegas de quartos até o ultimo dia. Sai de lá passei a me relacionar e... Bem, o período mais longo que fiquei sem companhia noturna foi esses últimos tempos.
—Ficou porque não quis me contar –Resmungou a morena.
—Você provavelmente acharia que era um meio meu de conseguir levar você pra cama.
—Sim. Definitivamente pensaria isso. Agora suspeito que me seduziu só pra dormir com você –Rachel brincou.
—Rachel, sou incrivelmente manipuladora, mas neste caso acho que me endeusou demais—Quinn respondeu com sarcasmo.
—Não sei, Jesse St. James me fez parecer que você é a Rainha da Manipulação.
—Qualquer um faz o St. James de trouxa—Quinn desdenhou. –Ali é muito ego e pouca inteligência.
—Nem quero imaginar o que pensa de mim –Rachel mordeu o lábio inferior.
—Você é inteligente, bondosa, altruísta, verdadeira—Quinn respirou fundo. –Eu sinto muito pelo que disse na noite que soube dos remédios. Não há nada Fabray em você. Me desculpa.
—Pare com isso! –Mandou. –Não há Fabray ou Berry entre nós. Há Quinn e Rachel. Há duas pessoas que estão tentando ser parceiras em uma situação que seria mais fácil darmos as costas a outra e nos tratar com indiferença –Rachel diminuiu o tom. –Quinn, eu não quero ser meus pais. E vejo que não quer ser o seu. Então, que tal prometermos deixar nossas famílias de fora na nossa briga, hein?
—Proxima briga? Já prevê que iremos brigar no futuro?
—Sabemos que sim –Rachel riu. –E se quiser evitar uma briga agora me diz quando pretende voltar.
—Logo. Acredite, estou mais que ansiosa pra sair daqui e espero uma recepção bem calorosa quando eu voltar.
—Eu vou te dar toda atenção que você quer, esposa –Rachel usou a voz mais sexy que conseguiu. –Assim que você voltar pra cá e se desculpar direito.
—Rachel, não fala isso de novo senão eu entro no primeiro voo pra Chicago.
Rachel gargalhou.
Nem tudo estava perdido afinal.
(...)
—Foi bom ter me chamado –Archie balançou a cabeça em negação –Sua rede de segurança está uma lastima. Você teria que ter atualizado esse sistema há seis meses!
Quinn sabia que receberia duras críticas de Archie. O homem era o mestre em computadores. Trabalhou com grandes nomes da tecnologia e sua empresa era especialista no ramo.
—Eu sei... –Lembrando que durante esse período Quinn estava organizando seu casamento e se envolvendo com Rachel.
Deveria ter sido mais atenta.
—Vai dar trabalho, mas eu dou um jeito. Pode levar um tempo... –Archie torceu a boca.
—Pago o dobro se fizer o mais rápido possível.
—Por que a pressa? –Archie apertou o olhar em direção a Quinn –Ah, sua Rachel. Chama ela pra cá.
—O instituto vai estrear o musical –Quinn explicou. –Quero estar em casa antes da estreia.
—Quinn Fabray se preocupando em ir a um teatro infantil? –Archie soou jocoso –Preciso contar a Kitty.
—Vocês precisam parar de cuidar tanto da minha vida –Quinn exclamou rispidamente –Eu não me preocupo com a de vocês.
—Porque é fria e egocêntrica –Archie falou casualmente –Bem, não quando se trata de Rachel e suas criancinhas.
Era assim que seus amigos a viam?
E por que Quinn estava incomodada com isso agora?
Ela nunca se importou se o mundo a enxergava como vadia fria. Sabia que Santana e Lauren gostava dela assim. Que Frannie, na maioria das vezes, aceitava a sua maneira. E só elas importavam.
O clube dos herdeiros era um passatempo. Um dos mais caros que Quinn já teve, mas essa era a verdade. Se queria farrear com belas mulheres chamava Archie e Kitty, se queria beber até cair Puck e Sam. Quando juntava todos era como um Sodoma do século VVI. Foi esse o título que uma revista deu depois do verão de Saint Torine.
Agora tudo lhe parecia uma forma ridícula de gastar dinheiro. Rachel conseguia mudar a vida de crianças com o dinheiro do jatinho que o clube alugou naquele verão.
Archie acusou de Quinn de ter mudado... Quinn não acreditava que fosse por Rachel. Mas sim, ver a forma como a sua esposa tomava pra si a responsabilidade de vidas em vez de ser apenas uma ignorante privilegiada fizera Quinn repensar suas escolhas.
E ela escolheu não ser mais a vadia egocêntrica de antes.
—Então, Archie, você está com alguém? –Quinn puxou conversa, parecendo amigável.
—Serio, Quinn? –Archie fez uma careta –É uma bela tentativa em demonstrar que se importa. Vamos ver... Tem a Sra. Ninguem, A maravilhosa Coisa Nenhuma. E minha preferida a gostosa Nunca Vou Te Dar Uma Chance Seu Aleijado De Merda.
—Archie...
—Não sei se notou, Quinn, mas não sou uma loira fantástica com uma conta bancaria extensa –Archie apontou para a mulher –meu pai tem míseros hotéis, nada comparado ao império Fabray.
—Vai encontrar alguém...
—Serio, o que Rachel tem te dado pra ter se tornado esse mel? –O homem sorriu com malicia –Imagino o que ela tenha te dado.
—Não é isso Archie –Ele a olhou como descrença. Quinn se corrigiu. –Não só isso. Mas é diferente ter alguém com quem possa compartilhar seu dia. Que não de as costas só porque não fez o que ela pediu ou não a pagou para te bajular –Quinn deu um sorriso singelo –Eu gosto dela.
—Cuidado para não se tornar amor, Fabray.
—Esquece –Quinn revirou os olhos. –Da próxima vez eu só converso com você sobre meus sistemas e mulheres gostosas.
—Ai finalmente vou conversar com minha amiga –Archie deu um sorriso irônico.
Apesar de dizer que não tinha mudado Quinn não gostou da forma que Archie a via no passado.
Será que era mesmo tão ruim? Será que Rachel a via como Archie?
(...)
—Recebi informação segura de que Rachel está sozinha em casa –Falou o homem se posicionando ao lado da mulher.
A mansão Fabray era fortaleza de muros altos. Residindo em um bairro de mansões qualquer vizinho que Quinn viesse a ter estava a uma boa distância da mansão. Era claro que para sair da mansão precisava carro. Para saber
Então foi bom terem aguardado a tarde vigiando Rachel Berry enquanto o chefe apurava as informações. No final da tarde, após chegar do instituto, a mulher saiu da fortaleza Fabray para caminhar com seu cãozinho.
—Bem, não tão sozinha –Comentou a mulher, percebendo o segurança particular seguindo Rachel um pouco mais atrás –Tem aquele brutamontes de guarda. Quinn não deixaria seu precioso brinquedinho completamente indefeso.
—Deve ser ótimo viver assim – o homem soou com raiva. –Tão confortável que pode se dar ao luxo de fazer caminhada pela propriedade sem se preocupar em ser incomodada.
—A vida de uma princesa –A mulher suspirou alto. –Tudo que eu sempre quis.
—Esse trabalho ira nos garantir isso –O homem tocou no ombro da mulher.
—Eu só quero que Quinn sofra – sua voz tremeu de ira. –E se no caminho tiver que matar essa vadia mimada da Rachel Berry terei prazer em fazer isso.
—Já que não podemos tocar em Rachel, deveríamos então deixar um presente –sugeriu o homem com um sorriso maligno nos lábios.
O sorriso da mulher amplificou. Quase sentiu pena de Rachel Berry.
Quase.
Autor(a): blacksweetheart
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Rachel fechou o notebook. Estava prestes a enlouquecer. Duas semanas que Quinn estava ausente e cada noite que passava na mansão sozinha sentia que estava mais próxima de cometer uma besteira e ela mesma ir a New York. Provavelmente teria feito isso se a estreia do musical não fosse daqui a cinco dias e tudo estava caótico. Era normal estarem te ...
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